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LOCIMAR QUEIXAS ESCOLARES - REVISANDO A PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA

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QUEIXAS ESCOLARES: REVISANDO A PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA DE 
COLLARES & MOYSÉS 
 
 
Locimar Massalai1 
 
 
Resumo 
 
 
O presente artigo tem o objetivo de fazer uma revisão da produção de Collares e Moysés a 
partir das provocações feitas nas leituras para seleção do Mestrado Acadêmico em Psicologia 
da Universidade Federal de Rondônia/2011. Utilizamos como base de busca, o Google. O 
encontro com cada artigo possibilitou encontrar outros a partir da consulta de suas referências 
bibliográficas. Encontramos 32 trabalhos publicados em forma de capítulos de livros, livros 
inteiros, em revistas e online. Os primeiros textos foram publicados em 1985 e os últimos em 
2010. Todos os trabalhos foram lidos e após análise foram agrupados nas seguintes 
categorias: a)Educação e Saúde, b)Medicalização da Aprendizagem, c)Merenda, desnutrição 
e Fracasso Escolar, d)Testes de Inteligência, Diagnósticos e Laudos; e)Conhecimento e 
Formação Continuada. Percebemos que as ideias defendidas pelas pesquisadoras e seus 
colaboradores continuam atuais no sentido de lutar por políticas educacionais que promovam 
o acesso e a permanência dos alunos na escola com qualidade social, a partir de olhar atento 
sobre o processo de escolarização como elemento principal desta qualidade. 
 
Palavras-chave: Queixas escolares. Processos de escolarização. Produção do conhecimento. 
 
 
 
INTRODUÇÃO: O ENCANTAMENTO PRIMEIRO COM A PRODUÇÃO DE 
COLLARES E MOYSÉS 
 
 
A primeira vez que ouvi falar em medicalização da aprendizagem foi quando estava 
procurando um artigo sobre dificuldade de aprendizagem no Google e encontrei um texto 
sobre a educação medicalizada. Este encontro marcou o início de um novo olhar sobre o 
fracasso escolar. Até então minha visão sobre tal problemática era justificada muito mais por 
 
1Atua como Orientador Educacional em Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio. Pedagogo com 
Habilitação em Magistério do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental e Educação Infantil. Pedagogo com 
Habilitação em Orientação Educacional e Magistério. Especialista em Administração e Planejamento para 
Docentes. Especialista em Tecnologias e Educação pela PUC/RIO em parceria com a SEED/MEC. Bacharel em 
Serviço Social e Mestrando do Programa de Pós-graduação de Psicologia da Universidade Federal de Rondônia. 
E-mail: locimassalai@gmail.com 
 
mailto:locimassalai@gmail.com
 2 
questões pessoais dos alunos, desestrutura familiar e problemas metodológicos por parte dos 
professores. Neste sentido, a formação inicial que recebi não me possibilitou outras leituras do 
fracasso escolar e a inserção em uma escola real intensificou um olhar estereotipado do 
mesmo. Dentro deste contexto, Collares e Moysés abordam esta questão no texto chamado 
“O profissional de saúde e o fracasso escolar: compassos e descompassos”, quando falam de 
como os professores entrevistados em pesquisa realizada em escolas municipais de Campinas 
em 1992, justificaram suas explicações para o fracasso escolar ou a não aprendizagem de seus 
alunos: 
Interessava-nos uma aproximação maior com as formas de pensamento do professor; 
por isso, a cada criança apontada como futura retenção, perguntávamos qual a causa 
e, para cada causa, tentávamos identificar o que era entendido sob aquele nome, 
onde havia estudado sobre o assunto, se havia tido algum contato durante a 
graduação, enfim, onde havia aprendido sobre aquilo que considerava causa da não 
aprendizagem. [...] Todas referem que jamais estudaram o assunto e que aprenderam 
com a prática, com a experiência e com o senso comum. (COLLARES; MOYSÉS, 
1997, p.140-141) 
 
Ao entrar em contato com questões voltadas para a formação inicial e continuada de 
professores e lendo os textos de Collares e Moysés·, fui questionando minha formação inicial: 
onde estavam todas estas teorias e explicações críticas sobre o fracasso escolar quando da 
primeira formação em Pedagogia (Séries Iniciais e Educação Pré-Escolar), iniciada em 1990 e 
finalizada em 1994? Da mesma forma me questionava sobre a ausência das mesmas teorias e 
discussões em minha segunda graduação em Pedagogia (Orientação Educacional – 1998 a 
2001). 
Provocado por estas novas leituras do fracasso escolar fui fazendo relações com minha 
prática como Orientador Educacional em uma escola pública e analisando os discursos das 
professoras e os meus, sob os argumentos apresentados por Collares e Moysés. 
Interessante ressaltar que em minha segunda graduação em Pedagogia – Orientação 
Educacional, um dos referenciais mais utilizados sobre psicologia escolar foi o livro de Célia 
Silva Guimarães Barros – “Pontos de Psicologia Escolar” que apresenta didaticamente 
teóricos da psicologia e sua aplicação na educação e logo em seguida aponta as dificuldades 
de comportamento e de aprendizagem, desvinculados de qualquer contexto social, como se 
existisse uma criança abstrata e universal descolada de seu tempo. Com estes referenciais, 
aprendi a olhar para as dificuldades de aprendizagem, como se fossem da única 
responsabilidade dos alunos e suas famílias. 
O segundo encontro com as produções de Collares e Moysés foi marcado pelas 
leituras dos textos recomendados à seleção do Mestrado Acadêmico em Psicologia/2011 pela 
 3 
Universidade Federal de Rondônia. Textos estes, juntamente com os de Patto (2002), 
provocaram em mim entusiasmo e, ao mesmo tempo, assombro diante daquilo que 
desconhecia sobre a produção do fracasso escolar na história da educação brasileira em 
especial o livro Preconceito no cotidiano escolar: ensino e medicalização. A dinâmica do 
mestrado e suas provocações já começavam a surtir seus efeitos sobre o alargamento de nosso 
campo de visão sobre a educação e seus percalços. 
Escolher as produções de Collares e Moysés para fazer uma revisão não é apenas uma 
curiosidade diletante. A partir do momento em que tive contato com suas pesquisas e estudos, 
percebi que estas poderiam ajudar na compreensão das queixas escolares ou 
encaminhamentos escolares2 que são levados às Orientadoras Educacionais, temática central 
do projeto de pesquisa em desenvolvimento para dissertação do Mestrado em Psicologia. 
A partir de tais sentimentos e percepções defendo a importância deste trabalho de 
revisão produtiva de Collares e Moysés porque nos coloca frente a frente com questões 
temporais e discussões de 20 anos atrás, por exemplo, que continuam extremamente atuais e 
pertinentes e que aqui são compiladas para futuro aprofundamento e análise mais completa. 
Penso ser importante apresentar alguns dados das autoras para situar de quem estarei 
falando porque acredito que fazemos a história e somos feitos por ela. 
Cecília Azevedo Lima Collares é graduada em Pedagogia – Orientação Educacional – 
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Possui mestrado em educação também 
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo cuja dissertação é sobre a Introdução de 
Orientação Educacional em Entidade de Iniciação Profissional de Menores. É doutora em 
Sociologia e Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, cuja tese é 
sobre a Influência da Merenda Escolar no Rendimento em Alfabetização. Também possui o 
título de Livre Docente pela Universidade Estadual de Campinas com a tese sobre o 
Preconceito Escolar Patologizado. Tese que gerou o livro Preconceito no cotidiano escolar: 
ensino e medicalização, que se tornou um marco na discussão da medicalização da 
aprendizagem. Trabalhou como professora universitária e pesquisadora na Pontifícia 
Universidade Católica de Campinas de 1971 a 1972 e na Universidade Estadual de Campinas 
como professora universitária e pesquisadora de 1972 a 1998 onde é professora aposentada. 
Quanto à Maria Aparecida Affonso Moysés Possui graduação em Medicina pela 
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Tem doutorado em Medicina pela 
 
2 Denominamos “encaminhamentosescolares” ao invés de “queixas escolares” porque assim são chamados os 
encaminhamentos que os professores das escolas estaduais de Rondônia encaminham aos Orientadores 
Educacionais sobre as dificuldades dos alunos nas suas mais diversas formas e conteúdos. 
 4 
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e Livre-Docência em Pediatria Social 
na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Atualmente é Professora Titular em Pediatria 
da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas. Sua atuação em 
ensino e pesquisa é na área de Atenção à Saúde do Escolar, em especial nos campos de 
medicalização do comportamento e da aprendizagem, avaliação cognitiva; aprendizagem e 
desenvolvimento. Coordena o Laboratório de Estudos sobre Aprendizagem, Desenvolvimento 
e Direitos, no CIPED (Centro de Investigações em Pediatria) da UNICAMP. Publicou livros e 
vários artigos em periódicos científicos das áreas de Medicina, Psicologia e Educação; é 
autora do livro A institucionalização invisível: crianças que não aprendem na escola. É 
membro fundador do Fórum de Estudos sobre Medicalização de Crianças e Adolescentes, que 
tem articulado discussões, eventos e ações sobre a medicalização da vida e da educação. 
 
 
 
 
FALANDO DO CAMINHO E DAS BUSCAS 
 
 
Fiz uma verdadeira incursão no mundo dos textos de Collares e Moysés. O primeiro 
texto lido foi o do livro Preconceito no cotidiano escolar: ensino e medicalização. Uma 
atitude que sempre ajudou no processo de pesquisa foi olhar com cuidado as referencias 
bibliográficas no final da obra ou de artigos. Com este cuidado, consegui encontrar 
verdadeiras pérolas. Por exemplo, o texto “Rotular, classificar, diagnosticar: a violência dos 
laudos” escrito em 2002 no Jornal Tortura Nuca Mais, do Rio de Janeiro. Mandei e-mail, 
telefonei e consegui acesso ao mesmo. Conforme Zibetti (2011), o sucesso de uma pesquisa 
vem exatamente do saber onde encontrar os dados. 
A partir das inquietações advindas das leituras primeiras de Collares e Moysés, fui à 
busca de outras produções das autoras. Os textos apresentados na tabela 01 foram encontrados 
da seguinte forma: revista impressa, capítulos de livros em parceria com outros autores, em 
livro produzido por Collares e Moysés e online em diversos sites. Foram classificados por 
categorias e ano em que foram escritos. 
 5 
A princípio tomei o caminho mais simples, aquele que tantas pessoas percorrem 
cotidianamente quando querem pesquisar algo na rede: acessei o www.google.com.br. Esta 
busca auxiliou muito a encontrar outros textos das pesquisadoras. 
 Ao procurar os textos percebi que Pozo (2008) tem razão quando defende que a nova 
cultura da aprendizagem requer cinco capacidades para a gestão metacognitiva do 
conhecimento, a saber: competências para aquisição da informação, competências para 
interpretação da informação, competências para a compreensão da informação e finalmente, 
competências para comunicação da informação. 
Nesta busca encontrei 32 textos: 09 foram encontrados na forma de revistas impressas, 
07 textos foram publicados como artigos em livros, 02 como livros completos e finalmente, 
14 artigos foram na versão encontrados online. Os textos mais antigos são de 1985 e os mais 
recentes, de 2010. 
 
Tabela 1 – Textos organizados por categorias de análise e a partir do ano em que foram escritos 
 
EDUCAÇÃO E SAÚDE 
1. Educação ou saúde? Educação x saúde? Educação e Saúde! Cecília de Azevedo Lima Collares e 
Maria Aparecida Affonso Moysés – 1985 
2. Carências Nutricionais - Maria Aparecida Affonso Moysés - 1985 
3. Educação, saúde e formação da cidadania na escola. Cecília de Azevedo Lima Collares e Maria 
Aparecida Affonso Moysés – 1989 
4. O renascimento da saúde escolar legitimando a ampliação do mercado de trabalho na escola. Cecília 
Azevedo Lima Collares e Maria Aparecida Affonso Moysés -1992 
5. O profissional da saúde e o fracasso escolar: compassos e descompassos – Cecília Azevedo Lima 
Collares e Maria Aparecida Affonso Moysés - 1996 
MEDICALIZAÇÃO DA APRENDIZAGEM 
1. O papel do pediatra nas dificuldades escolares – Maria Aparecida Affonso Moysés, Ana Cecília 
Silveira Lins Sucupira e H. Maria Dutih Novaes - 1986 
2. Diagnóstico da medicalização do processo ensino-aprendizagem na 1ª série do 1º grau no município 
de campinas - Cecília Azevedo Lima Collares e Maria Aparecida Affonso Moysés – 1992 
3. A história não contada dos distúrbios de aprendizagem. Maria Aparecida Affonso Moysés e Cecília 
Azevedo Lima Collares. 1992 
4. Ajudando a Desmistificar o Fracasso Escolar – Cecília Azevedo Lima Collares - 1992 
5. O cotidiano escolar patologizado: espaços de preconceitos e práticas cristalizadas. Cecilia Azevedo 
Lima Collares – 1994 
6. A Transformação do Espaço Pedagógico em Espaço Clínico - Cecília Azevedo Lima Collares e 
Maria Aparecida Affonso Moysés - 1994 
7. Preconceito no cotidiano escolar: ensino e medicalização – Cecília Azevedo Lima Collares e Maria 
Aparecida Affonso Moysés – 1996 
8. Medicalização: elemento de desconstrução dos direitos humanos – Cecília Azevedo Lima Collares 
e Maria Aparecida Affonso Moysés – 2006 
9. A Institucionalização invisível: crianças que não aprendem na escola – Maria Aparecida Affonso 
Moysés - 2008 
10. A medicalização na educação infantil e no ensino fundamental e as políticas de formação docente: a 
medicalização do não-aprender-na-escola e a invenção da infância anormal - Maria aparecida 
Affonso Moysés e Cecília de Azevedo Lima Collares – 2008 
11. Dislexia e TDAH: uma análise a partir da ciência médica – Maria Aparecida Affonso Moysés e 
Cecília Azevedo Lima Collares – 2010 
12. Preconceitos no cotidiano escolar: a medicalização do processo ensino-aprendizagem – Cecília 
http://www.google.com.br/
 6 
Azevedo Lima Collares e Maria Aparecida Affonso Moysés – 2010 
13. Dislexia existe? – Questionamentos a partir de estudos científico - Maria Aparecida Affonso 
Moysés e Cecília de AzevedoLima Collares – 2010 
14. Conhecimento científico, medicalização e os saberes escolares em saúde – Maria de Lourdes 
Spazziani e Cecília Azevedo Lima Collares – 2010 
MERENDA, DESNUTRIÇÃO E FRACASSO ESCOLAR 
1. Programa de Merenda Escolar – Cecília Azevedo Lima Collares – 1985 
2. Saúde escolar e merenda: desvios do pedagógico? Cecília Azevedo Lima Collares, Maria Aparecida 
Affonso Moysés e Gerson Zanetta de Lima – 1985 
3. Desnutrição, fracasso escolar e merenda: uma questão artificial? Cecília Azevedo Lima Collares e 
Maria Aparecida Affonso Moysés– 1986 
4. Aprofundando a discussão das relações entre desnutrição, fracasso escolar e merenda- Cecília 
Azevedo Lima Collares e Maria Aparecida Affonso Moysés - 1995 
5. Desnutrição, fracasso escolar e merenda – Cecília Azevedo Lima Collares e Maria Aparecida 
Affonso Moysés – 1997 
TESTES DE INTELIGÊNCIA,DIAGNÓSTICOS E LAUDOS 
1. Respeitar ou submeter: a avaliação de inteligência em crianças em idade escolar- Cecília Azevedo 
Lima Collares e Maria Aparecida Affonso Moysés – 1997 
2. Inteligência abstraída, crianças silenciadas: as avaliações de inteligência– Maria Aparecida Affonso 
Moysés e Cecília de Azevedo Lima Collares – 1997 
3. Rotular, classificar, diagnosticar: a violência dos laudos – Maria Aparecida Affonso Moysés e 
Cecília Lima Collares – 2002 
CONHECIMENTO E FORMAÇÃO CONTINUADA 
1. Construindo o sucesso na escola: uma experiência de formação continuada com professores da rede 
pública. Cecília Azevedo Lima Collares e Maria Aparecida Affonso Moysés – relato de experiência 
– 1995 
2. O buraco negro entre o conhecimento científico e o mundo real: um objeto essencial de pesquisa. 
Cecília Azevedo Lima Collares e Maria Aparecida Affonso Moysés - 1996 
3. Educação continuada: a política das descontinuidades - Cecília Azevedo Lima Collares, Maria 
Aparecida Affonso Moysés e João WanderleyGeraldi – 1999 
4. As aventuras do conhecer: da transmissão à interlocução – Maria Aparecida AffonsoMoysés , João 
Wanderley Geraldi e Cecília Azevedo Lima Collares 
5. Compaginar concepções: ciência e formação no horizonte de possibilidades de um projeto coletivo 
– Cecília Azevedo Lima Collares, Maria Aparecida Moysés e João WanderleyGeraldi – 2006 
 
 
DISCUTINDO AS PRODUÇÕES 
 
 
Em cada categoria, escolhi textos que me pareceram mais representativos para a 
discussão o que não significa empobrecê-la. É que diante vasta produção das pesquisadoras, 
precisei fazer esta opção. 
 
 
Merenda, desnutrição e fracasso escolar 
No texto “Programa de merenda escolar”, de 1985, as autoras fazem uma distinção 
esclarecedora entre fome e desnutrição. Antes de analisar o texto, é interessante considerá-lo 
no contexto em que foi escrito e a partir da realidade pela qual passava o Brasil. 
 7 
Descontextualizando-o perderia sua força de provocação. Tomando como base, elementos da 
análise de conjuntura, podemos dizer que os anos 80 foram considerados pelos analistas 
econômicos como a “década perdida” caracterizada por um quadro de profunda desigualdade 
social. Oliveira (1985) caracterizou bem esta situação chamando-a de regulação Keysiana sem 
direitos sociais, identificando o Brasil deste período como o “Estado do Mal-Estar” com 
desenvolvimento econômico sem participação da população nos benefícios sociais. Percebe-
se que Collares tratou da merenda a partir deste contexto. Inicialmente ela diz que fome é 
uma situação transitória ou potencialmente transitória e que não dificulta qualquer atividade, 
inclusive as escolares. E a desnutrição é uma situação crônica, fruto de um empobrecimento 
gradual e perverso da população brasileira, e se ela “tem uma determinação econômica, 
somente mudanças nas políticas econômicas e sociais poderão combatê-la efetivamente” 
(1985, p.50). A autora também chama a atenção sobre a superficialidade dos discursos 
governamentais em relação à situação social em que vive a população brasileira: 
 
É importante ressaltar que não estamos preconizando uma ampliação do programa 
em termos de aporte nutricional a cada criança, mas demonstrando a irrealidade de 
muitos discursos que exaltam a merenda escolar como medida capaz de resolver o 
grave problema da desnutrição entre os escolares brasileiros. Tais discursos 
escamoteiam a realidade em dois níveis. Um, quando omitem os determinantes 
econômicos da desnutrição e a necessidade de transformações da sociedade; outro, 
quando preconizam a merenda como medida capaz de resolver também o fracasso 
escolar, isentando a escola de responsabilidades e impossibilitando esta mesma 
escola de se autocriticar. (1985, p. 50-51). 
 
 Mais uma vez, a criança e a família são culpabilizadas por seus fracassos cuja causa 
principal é a ignorância na qual vive a população resultando desta visão propostas 
governamentais conservadoras e obsoletas quando se trata da educação nutricional. Collares 
destaca que em países como França, Inglaterra e Japão, a merenda não é vista como carência 
alimentar e sim para que as crianças que ficam muitas horas na escola não passem fome. Ao 
contrário do Brasil, em que a merenda é encarada como suplementação alimentar e 
mecanismo político camuflador das condições de vida da população. 
Aponta ainda alguns mecanismos políticos para que a merenda ganhe credibilidade: 
desvincular a merenda de outras verbas que vem para a educação para que se tenha clareza do 
que se está investindo na educação em geral e na merenda, porque do contrário haveria um 
inchamento artificial “escamoteando o pequeno orçamento destinado realmente à educação”; 
e a importância de se vincular a merenda às atividades pedagógicas. A atualidade da discussão 
desenvolvida pela autora no referido texto evidencia-se também na recomendação que fazia 
em 1985 para que fossem estabelecidas parcerias com produtores rurais da região para que se 
 8 
respeitassem os hábitos alimentares da população. Esta prática está hoje sendo implementada 
como política de governo para estimular a agricultura familiar e melhorar a qualidade da 
merenda escolar. 
Vemos o texto onde ela fala desta parceria necessária para que se respeite a riqueza 
dos hábitos culinários de cada região: 
Assumindo-se a importância da inserção da merenda ao pedagógico, a utilização de 
alimentos in natura regionais teria duplo objetivo: intra e extra-escolares. Os 
objetivos intra-escolares estariam ligados a uma melhor qualidade nutricional que 
possibilitaria a criação de um cardápio que respeitasse os hábitos alimentares da 
região, além de subsidiar discussões em sala de aula sobre produção agrícola, 
alimentação, saúde e higiene. Quanto aos objetivos extra-escolares, que estão 
relacionados à integração da escola com a comunidade, pois a aquisição dos 
produtos naturais necessários deveria ser feita prioritariamente na própria região, 
aproximando a escola da produção. (1985, p.54) 
 
Percebemos na citação acima que autora defende a vinculação da merenda ao 
pedagógico da escola, postulado que ainda hoje, sonhamos ser concretizado em nossas escolas 
públicas. 
No outro texto de 1985 de autoria de Collares, Moysés e Lima, intitulado “Saúde escolar e 
merenda: desvios do pedagógico?” algumas ideias são retomadas em relação ao texto 
anterior. Apontam como fenômeno crescente a tendência de explicar através de causas 
biológicas e respostas médicas problemas eminentemente sociais. O discurso político e 
científico que defendia a merenda escolar como instrumento capaz de resolver tanto a 
desnutrição como o fracasso escolar é criticado pelas autoras. Apontam a necessidade de 
considerar a desnutrição integrante de um “complexo social”, em que um grande número de 
variáveis se relacionam de maneira extremamente complexa tornando imperativo desmascarar 
o discurso hegemônico que, desloca subliminarmente através de propaganda oficial, a questão 
da desnutrição como uma irresponsabilidade e incapacidade da família de “saber comer”. 
Desfazer essas relações tão simplistas e revelar os aspectos estruturais mais complexos 
que as permeiam é uma das tarefas que se impõem ainda hoje à Educação. É preciso entender 
bem a importância da merenda escolar em nosso país, não como a responsável pela 
erradicação ou mesmo a minimização da desnutrição infantil, mas sim, como uma medida de 
intervenção que é capaz de matar a fome de escolares num período de aproximadamente 
quatro horas. Que a criança escolar é virtualmente desassistida; são raros os centros de saúde 
em que são atendidas de forma rotineira pela desarticulação entre os programas de educação, 
saúde e assistência social. Constato que neste ínterim, as reflexões das autoras continuam 
(tristemente) atuais. 
 9 
 
 
 
 
Educação e saúde 
 
 
Ao tratar de questões relacionadas à “educação e saúde”, as grandes discussões das 
autoras perpassam pela formação em primeiro lugar dos professores e também dos médicos 
ou outros especialistas da saúde. No texto “Educação ou saúde? Educação x Saúde? 
Educação e Saúde” aparecem críticas a uma formação deficitária: 
 
A ausência de contato com questões sociais dentro de uma perspectiva crítica e 
histórica, a valorização exagerada das especialidades no mercado de trabalho, a 
formação baseada em literatura inglesa sem a necessária revisão de conceitos para 
nossa realidade, a falta de discussões sistematizadas sobre o papel social da 
medicina, tornam o médico bastante receptivo, acriticamente à difusão de novas 
teorias sobre novas doenças. (COLLARES; MOYSÉS, 1985, p. 10) 
 
Ou quando busca encontrar na criança, uma causa orgânica que justifique seu mau 
rendimento na escola. Visão esta preconceituosa e estreita e profundamente a – histórica: 
 
[...] esta criança é encaminhada a um serviço médico, geralmente com recursos 
precários, onde é atendida por um médico imbuído dos mesmos preconceitos da 
professora. Um médico que, embora na maioria dos casos sem formaçãoadequada, 
não hesita em atribuir à criança, sem a mínima avaliação, um retardo mental. E 
justifica esse retardo pela desnutrição. Para a criança pobre, assim, fracasso escolar é 
sinônimo de deficiência intelectual. (COLLARES; MOYSÉS, 1985, p.11) 
 
E propõem que esta discussão seja feita nos cursos de formação tanto de professores, 
quanto de médicos e outros especialistas da saúde a partir de uma abordagem interdisciplinar: 
 
Parece-nos chegado o momento de a educação assumir que estas questões são 
importantes e pertinentes também à escola, incluindo-as dentro de uma perspectiva 
histórica nos cursos de formação de professores. Frente a todo o exposto, 
consideramos fundamental que profissionais da Educação e da Saúde com uma 
percepção mais crítica destas questões se unam em um trabalho conjunto, para a 
construção de um corpo específico de conhecimentos, relativos a esta área 
interdisciplinar. (COLLARES; MOYSÉS, 1985, p.15-16) 
 
Acreditamos que se nos cursos de formação fossem discutidos estes temas, teríamos 
certamente outro olhar sobre as queixas escolares. 
 10 
Apontam que a escassez de uma produção científica e crítica sobre as relações entre 
educação e saúde colaboram com a formação acrítica do médico e sua percepção 
medicalizada do fracasso escolar. Criticam a forma como o setor da saúde incorpora 
elementos e discursos da educação e esta, da saúde, aplicando-lhe seu raciocínio clínico 
tradicional, privilegiando relações causais lineares e explicações fisiopatológicas. O resultado 
mais gritante é a medicalização do fracasso escolar. É a partir deste círculo vicioso que 
explicam o processo de medicalização da aprendizagem: 
 
Consiste na busca de causas e soluções médicas, a nível organicista e individual, 
para problemas de origem eminentemente social. Este processo ocorre na educação 
quando, frente às altas taxas de fracasso escolar, tenta-se localizá-lo na própria 
criança, explicando-o através de doenças. Isentam-se, assim, de responsabilidade a 
instituição escolar e o sistema social. A medicalização é uma resposta que atende a 
uma demanda da própria sociedade e é exatamente por isso e por seu caráter 
simplificador que se difunde tão rapidamente. (COLLARES; MOYSÉS, 1985 p.10-
11). 
 
 Assim, médicos e professores acreditando que as crianças não aprendem por doenças, 
físicas ou emocionais, as encaminham para os serviços de saúde. E daí, desloca-se o eixo das 
discussões de um viés institucional e coletivo para aquele que culpabiliza a criança e sua 
família por sua situação de pobreza, miséria, sujeita e dificuldade de aprender na escola. 
Essa prática ocorre porque a figura do médico, a fala do médico em nossa sociedade 
ter um peso imenso. Interessante lembrar que nos primeiros cursos de psicologia alguns 
professores eram médicos e como tais, considerados os donos do saber. 
 O texto “O profissional de saúde e o fracasso escolar: compassos e descompassos”, 
publicado em 1997, no livro “Educação especial em debate”, discute também a questão da 
inserção do psicólogo na educação e de como ela deveria ser feita da seguinte maneira: 
 
Compartilhamos da posição defendida dentro da própria psicologia de que, para que 
esse profissional possa atuar adequadamente em um ambiente, na dinâmica das 
relações interpessoais, é essencial que não esteja diretamente vinculado a esse 
ambiente. Para trabalhar as relações em uma escola, o psicólogo não pode estar 
lotado na própria escola; o distanciamento é condição primordial para sua atuação. 
(COLLARES; MOYSÉS, 1997, p.154) 
 
 As autoras defendem no texto acima citado, que a discussão da inserção ou não do 
psicólogo diretamente no espaço escolar não pode ficar apenas na luta pela ampliação de 
espaços de trabalho ofuscando assim as discussões relacionadas ao fracasso escolar a partir de 
um olhar contextualizado. 
 11 
Aparece com clareza a crítica feita a uma expropriação daquilo que deveria ser papel e 
função do professor: “Qualquer um é competente para solucionar o problema, menos o 
professor, na verdade o único profissional com condições reais de transformar sua própria 
prática pedagógica, em busca do sucesso escolar. Um profissional que está sendo expropriado 
da competência e área de atuação.” (COLLARES E MOYSÉS, 1997, p. 156). 
Estas ideias, de uma forma ou de outra, perpassaram todos os textos em que foram 
tratadas as relações entre “saúde e educação” e que, por força de provocar reflexões, mostram 
o grau de sua validade. 
 
 
 
A Educação Medicalizada 
 
 
O elemento central que mais aparece nesta categoria é a discussão voltada para a 
questão da medicalização da aprendizagem via diagnósticos. Duas grandes questões aparecem 
nos textos: de que maneira ocorre a patologização do fracasso escolar? Como diferenciar uma 
criança disléxica, ou com qualquer outra dificuldade de aprendizagem, daquela mal 
alfabetizada? 
O texto mais antigo, “Diagnóstico da medicalização do processo ensino-
aprendizagem na 1ª série do 1º Grau no Município de Campinas”, de 1992 é uma pesquisa 
com professores de escolas estaduais de Campinas e o mais atual, “Dislexia e TDAH: uma 
análise a partir da ciência médica” questiona a existência ou não da dislexia desde o olhar da 
ciência e é de 2010. 
Algumas ideias comuns perpassam todos os textos, como por exemplo: A escola 
espera por um aluno ideal, sem qualquer dificuldade. Para a criança concreta, real, os 
professores parecem considerar muito difícil, se não impossível, ensinar. O fracasso escolar é 
motivado por questões referentes à criança e à sua família. 
Não existem dúvidas, não existem opiniões divergentes. Ninguém questiona 
problemas de ordem pedagógica, por exemplo. E daí a razão do deslocamento do eixo das 
questões político-pedagógicas para questões biológicas, médicas e de saúde gerando o que as 
autoras chamam de patologização da aprendizagem porque os professores e diretores 
consideram que a presença de doenças prejudica a aprendizagem. 
 12 
Da mesma forma, todos os médicos, psicólogos e fonoaudiólogos afirmam que a saúde 
é fundamental para a aprendizagem. Fala-se também, como na categoria anterior da 
precariedade da formação inicial e continuada dos professores que os condiciona a olhar a 
criança e sua família, de forma preconceituosa e superficial, atribuindo-lhes a total 
responsabilidade pelo fracasso: 
 
Cursos compactados, voltados a uma aplicação rápida das novas teorias; o 
imediatismo e a ingenuidade de pretender vencer um grave problema estrutural 
como o fracasso escolar através de medidas emergenciais; a transformação de teorias 
científicas em soluções mágicas, em redenção para a escola pública brasileira; a 
transformação de um problema político-pedagógico em mera questão de método... 
De tudo isso, decorrem cursos de reciclagem mais voltados à resolução imediata dos 
problemas do que à melhoria do nível de conhecimentos na área pedagógica. Na 
maioria das vezes, nesses cursos o objetivo não é permitir ao professor o contato e o 
domínio de novas teorias científicas, mas o domínio do "método" correspondente à 
teoria. E surgem, assim, sem que os próprios autores nomeados saibam, o "método 
Montessori", o "método Piaget", o "método da Emília Ferrero"... Ao transformar 
teorias em simples métodos, nega-se ao professor a possibilidade de, pelo 
conhecimento e entendimento de uma teoria, modificar efetivamente sua prática 
pedagógica. Enquanto "métodos", todos são iguais. (COLLARES E MOYSÉS, 
1992, p. 19) 
 
Então, o processo pedagógico que deveria ser objeto de reflexão e mudança, fica 
mascarado pelos diagnósticos feitos e tratados de forma singularizada, uma vez que o mal está 
sempre localizado no aluno. E o processo de culpabilização da vítima é a persistência de um 
sistema educacional perverso, com alta eficiência ideológica. O trabalho pedagógico, 
desqualificado, cede terreno para o trabalho de outros profissionais,estimulados pela 
necessidade de mercado de trabalho. O espaço escolar, voltado para a aprendizagem, para a 
normalidade, para o saudável, transforma-se em espaço clínico, voltado para os erros e 
distúrbios. Estes olhares aparecem nos documentos oficiais, nas políticas públicas e vão 
causando estragos por onde passam, contribuindo para a propagação de informações 
equivocadas para a população em geral. 
Em nossa visão, um dos textos mais provocadores dentro desta categoria é a 
“Medicalização: elemento de desconstrução dos direitos humanos”, de 2006, que faz toda 
uma análise a partir de Foucault (1980) sobre o poder do discurso médico sobre o corpo a 
partir de uma estratégia biopolítica. 
 
A medicalização desloca problemas coletivos para a esfera do individual; problemas 
sociais e políticos para o campo médico. E o que significam esses deslocamentos? A 
biologização e, conseqüentemente, a naturalização desses problemas.. Esse 
paradigma, ainda hegemônico em todos os campos da ciência, enxerga, cada vez 
mais, o ser humano quase como um corpo apenas biológico, determinado por seus 
genes. A esse paradigma, contrapõe-se um outro, em que o social é concreto, 
histórico, construído pelos homens, portanto mutável; nele, o processo saúde e 
 13 
doença é apreendido como resultante da inserção social das pessoas, da qualidade 
(ou falta de) de suas vidas. Aqui não há espaço para a medicalização; tenta-se 
combatê-la, ou ao menos minimizá-la, com todos os desafios postos pelo fato de 
que, como já apontado, uma crítica à medicalização costuma significar um ato 
medicalizante, especialmente se realizado por um profissional da saúde. 
(COLLARES; MOYSÉS, 2006, p. 14) 
 
Olhando cuidadosamente vamos perceber então que a medicalização é um processo 
perverso e altamente ideológico de desconstrução dos direitos humanos. E como a 
constituição dos direitos humanos é uma questão história, também sua desconstrução. 
Os textos sobre dislexia vêm acompanhados de algumas questões provocadoras: O 
polo das pessoas que têm maior dificuldade para aprender é reflexo da diversidade dos seres 
humanos ou consequência de uma doença neurológica chamada dislexia?Quais as evidências 
científicas de que exista essa doença neurológica chamada dislexia?Qual é a definição oficial 
da dislexia? O que caracteriza esta doença? Como ela é diagnosticada?Como se identifica a 
criança que não consegue ler e escrever bem, por doença neurológica, no meio de outras cem 
que também não conseguem ler e escrever bem? Em outras palavras, como se faz o 
diagnóstico de uma doença neurológica cuja única manifestação é a dificuldade para lidar 
com a leitura e a escrita? E a estas provocações, os textos vão dando respostas dizendo que 
existem algumas doenças comprovadas, que podem comprometer muitos aspectos da vida da 
pessoa, com conseqüências claras, perceptíveis, facilmente detectadas e que podem dificultar 
também a aprendizagem. Como existem pessoas que aprendem com a maior facilidade e 
pessoas que aprendem com muita dificuldade. 
 
Eu só quero chamar a atenção que o que está posto aí como características dessa 
doença neurológica são elementos detectáveis por meio da leitura e da escrita, 
exclusivamente, e são elementos que vão aparecer em toda pessoa que tiver 
dificuldade com leitura e escrita. Toda pessoa mal alfabetizada vai ter isso, 
dificuldade de fluência, dificuldade de decodificação, tudo isso só adquirimos 
quando não aprendemos a ler bem, quem não sabe ler bem ou tem qualquer 
dificuldade para ler, vai se enquadrar nessas características. (COLLARES; 
MOYSÉS, 2010, p.11) 
 
Na dinâmica acima citada, nega-se a possibilidade de que a pessoa humana aprende de 
várias formas. Cada um tem lá sua estratégia, seu jeito de aprender: “não somos todos 
absolutamente iguais, padronizados, robotizados”. E as autoras lembram também que uma 
doença neurológica não pode ser apenas diagnosticada com leitura e escrita. E questionam a 
existência da doença chamada dislexia: 
 
 14 
[...] a existência dessa doença chamada dislexia é muito questionada pela própria 
Medicina, desde o início; não é tranquilo nem inquestionável, e não é apenas no 
Brasil, é em todo o mundo; aliás, no Brasil é onde tem menor questionamento. A 
quantidade de publicações e de autores no mundo todo questionando é muito grande; 
trata-se de uma das questões mais controvertidas na medicina. (COLLARES; 
MOYSÉS, 2010, p.13) 
 
Defendem finalmente, após todas as críticas, o direito que as crianças têm de aprender 
e que a escola seja capaz de identificar, conhecer as crianças e conhecer também quais os 
processos cognitivos que usam para aprender e que a escola e as professoras sejam capazes de 
avaliar as possibilidades e as necessidades de cada criança, acolher e ajudá-las a superar os 
seus próprios limites. 
 
 
 
 
Testes de inteligência, diagnósticos e laudos 
 
 
O primeiro texto que vou trabalhar nesta categoria que trata de questões relacionadas 
com o processo de avaliação psicoeducacional é “Respeitar ou submeter: a avaliação de 
inteligência em crianças em idade escolar”, escrito em 1997 e publicado no livro Educação 
Especial em Debate, assinado por Moysés e Collares. O texto tem o objetivo maior de aportar 
reflexões sobre como as crianças são avaliadas intelectualmente. Logo no início, as autoras 
nos trazem algumas questões provocadoras: é possível avaliar o potencial intelectual de 
alguém? Como avaliar a inteligência descontextualizada da vida, isto é, tornada abstrata? 
E a partir delas, seguem dando respostas e provocando. Apontam como em outros 
textos sobre a patologização da aprendizagem, que nas pesquisas educacionais em geral o 
fracasso escolar foi tratado essencialmente como culpa do aluno e de sua família. Desde esta 
base questionam os testes de inteligência. 
Afirmam que os testes padronizados trazem equívocos conceituais decorrentes de sua 
própria concepção, ou seja, a crença na possibilidade de se avaliar o potencial intelectual de 
uma pessoa em particular, elegendo uma única forma de expressão que merece ser 
considerada, desconsiderando que da mesma forma que o desenvolvimento das possibilidades 
é histórico, o olhar dirigido às possibilidades de pensamento de uma criança necessita ser 
historicamente focalizado. 
 15 
 
Não se pode ignorar que tudo a que temos acesso, também no campo de inteligência, 
cognição, aprendizagem, resume-se a expressões. Expressões que trazem em si, 
indeléveis, as marcas da história de vida da pessoa e de sua inserção social. Ao 
assumir que as expressões das classes sociais privilegiadas são as superiores, as 
corretas, o que se está assumindo é uma determinada concepção de sociedade e de 
homem, fundada na desigualdade e no poder, em que alguns homens são superiores 
a outros, algumas raças são superiores a outra. (COLLARES; MOYSÉS, 2010, p. 
128-129) 
 
Após terem feito estas considerações, as autoras passam a dizer como os profissionais 
deveriam agir em relação ao trato com as questões das avaliações psicoeducacionais. 
Afirmam que seria preciso: 
 
Em vez de buscar o defeito, a carência da criança, o olhar procura o que ela já sabe e 
o que teme o que pode aprender a partir daí. O profissional tenta mais que 
tudo,encontrar o prisma pelo qual a criança olha o mundo, para ajustar seu próprio 
olhar. Sabendo que existem limites para seu olhar, que está sujeito a erros, pois não 
está lindando com verdades absolutas. (COLLARES; MOYSÉS, 2010, p. 132) 
 
Finalizam o texto argumentando que esta proposta de avaliação exige profissionais 
muito mais competentes e com conhecimentos mais sólidos e profundos sobre o 
desenvolvimento da criança, conceitos de normalidade, por exemplo. Profissionais que 
considerem que todos os homens são de fato iguais, tornados desiguais por uma sociedade 
dividida em classes. Profissionais que compartilhem o respeito por cada homem, por seusvalores, por sua vida. E que profissionais com esta formação são também capazes de perceber 
a relação entre a criança e eles com uma relação entre dois sujeitos historicamente 
determinados. 
O segundo texto “Rotular, classificar, diagnosticar: a violência dos laudos”, 
publicado em 2002 fala da violência dos laudos, e aponta como em outros textos, a má 
formação dos profissionais para olhar a pessoa em seu contexto e em sua complexidade: 
 
E os profissionais, com sua formação acrítica e a - histórica, exercem, a maioria sem 
se dar conta, seu papel de vigilantes da ordem. Crentes nas promessas de 
neutralidade e objetividade da ciência moderna, não sabem lidar com a vida, quando 
se defrontam com ela. Sem disponibilidade para olhar o outro, protegem-se se 
ancorando em instrumentos padronizados de avaliação. Sem preocupação com as 
conseqüências de seus laudos para a vida do outro, o profissional nem mesmo se 
permite perceber que a classificação não decorre do diagnóstico, e este de uma 
avaliação adequada, como lhe ensinaram. Os rótulos se urdem já nas primeiras 
impressões, no olhar preconceituoso; rótulos que classificam e embasam 
diagnósticos que os confirmam. (COLLARES; MOYSÉS, 2010, p. 2-3) 
 
O que as autoras evidenciam nesses textos é que os testes só têm servido para classificar e 
rotular crianças absolutamente normais e com este procedimento elas acabam ficando doentes 
 16 
mesmo. Fundamentados numa visão eugenista tratam os sujeitos como seres abstratos, 
descontextualizados e baseando-se quase que unicamente sobre os defeitos das crianças. 
 
 
Conhecimento e formação continuada 
 
 
Os textos desta categoria tocam na questão da formação dos professores que já foi 
muito criticada por elas em outros textos, ou seja, a má formação inicial e continuada que 
recebem. Se lá elas são contundentes em afirmar que a má qualidade da formação dos 
professores resulta em uma prática estereotipada e preconceituosa em relação à aprendizagem 
de seus alunos, aqui elas apontam soluções para esta formação e o fazem a partir de um olhar 
crítico de como isto aconteceu nas políticas educacionais. 
O texto intitulado “Educação continuada: a política da descontinuidade”, publicado 
em 1999 e assinado por Collares, Moysés e Geraldi ajuda a refletir sobre as concepções de 
sujeito e de conhecimento que estão por trás das propostas de educação continuada de 
professores e o caráter de descontinuidade das políticas brasileiras para este setor da educação 
básica. 
Com muita firmeza, Collares, Moysés e Geraldi falam que as políticas de formação 
continuada possuem um elemento forte de descontinuidade porque estão começando sempre 
“do tempo zero”: 
 
Embora a expressão ‘continuada’ recoloque a questão do tempo – e nesse sentido 
poderia enganosamente remeter à irreversibilidade e à história –, pratica-se uma 
educação continuada em que o tempo de vida e de trabalho é concebido como um 
“tempo zero”. Zero porque se substitui o conhecimento obsoleto pelo novo 
conhecimento e recomeça-se o mesmo processo como se não houvesse história; zero 
porque o tempo transcorrido de exercício profissional parece nada ensinar. A cada 
ano letivo, uma nova turma, um novo livro didático, um novo caderno intacto. 
Zerado o tempo, está-se condenado à eterna repetição, recomeçando sempre do 
mesmo marco inicial. (COLLARES, MOYSÉS; GERALDI, 1999, p. 211) 
 
Ao longo do texto, os autores apontam algumas alternativas para romper com este 
continuísmo: ajudar os professores a aproximar conhecimentos apreendidos na formação 
inicial às vivências da prática pedagógica. Possibilitar-lhes espaços para que narrem suas 
experiências para que assumam lugares de enunciadores e, consequentemente, “estabelecerem 
uma relação de construção de interpretações e compreensões sobre o que lhes acontece. 
Assumir o lugar de onde se fala é constituir-se como sujeito, múltiplo, polifônico e único”. 
 17 
Gestar uma política pública de educação contínua não como suplência de carências e sim 
como direito. 
O texto “Compaginar concepções: ciência e formação no horizonte de possibilidades 
de um projeto educativo”, escrito pelos mesmos autores do texto anterior, retomam algumas 
de suas idéias, aprofundando outras. Alargam a abrangência do texto e não se referem mais a 
formação continuada de professores apenas, mas acrescentando neste, a formação dos 
profissionais da saúde: 
 
Especificamente na área educacional, a geração de professoras e professores que 
iniciou suas atividades nas escolas públicas a partir de meados dos anos 70 talvez 
tenha sido aquela que mais foi chamada a “qualificar-se”. Na saúde, este movimento 
tendeu a ocorrer posteriormente e em menor intensidade, adquirindo maior 
significação à medida que as questões de saúde deixaram de ser um campo de 
conhecimento ocupado por profissionais "acima de qualquer suspeita" e novas vozes 
se fizeram ouvir no terreno de seus discursos. (COLLARES, MOYSÉS; GERALDI, 
2006, p. 48). 
 
Apresentam a necessidade de se contrapor o caráter coletivo das instituições ao 
individual e afirmam que as formas de avaliação dos programas de formação continuada 
privilegiam a individualização e a conseqüente culpabilização de cada um, ou seja, 
profissionais, alunos e pacientes. Entendem que por detrás deste processo de culpabilização se 
escondem intenções de se destruir projetos coletivos. Defendem os projetos coletivos onde os 
profissionais tanto da área da educação quanto da saúde se percebam como sujeitos históricos 
em processo e inconclusos. Quanto aos processos formativos os autores apontam a 
necessidade de: 
Redefinir radicalmente o modo de relação do sujeito com o conhecimento e dos 
sujeitos entre si, de modo a introduzir no conceito de formação a fluidez dos 
processos constitutivos. Como nem sujeito nem conhecimento são fixos e a-
históricos, é preciso tomar o constante movimento – a história – como lugar de 
constituição de ambos. (COLLARES, MOYSÉS; GERALDI, 2006, p.60). 
 
 
Conclamam todos os responsáveis pela formação inicial e continuada em educação e 
saúde que sejam capazes de desafiar futuros profissionais e aqueles que já estão no mercado 
de trabalho a aprender a lidar com a complexidade de nosso tempo, respeitando os saberes da 
experiência e de aliar questões do mundo das ciências aos imprevistos e acontecimentos que 
fazem a vida fluir no tempo. 
 
 
PARA CONCLUIR A PROSA 
 
 18 
 
Como Orientador Educacional e também Mestrando em Psicologia, fazer esta incursão 
nos textos de Collares e Moysés foi importante porque possibilitou perceber a evolução da 
produção destas pesquisadoras e sua relação com a história da educação brasileira e suas 
políticas, provocando questionamento em relação ao papel da escola e o lugar que ela ocupa 
na produção do conhecimento. Possibilitou-me compreender melhor a escola enquanto 
instituição atravessada por questões nem sempre claras, mas profundamente marcantes no 
sentido de promoção ou não de cidadania, vida e crescimento na vida das crianças e 
adolescentes. 
Percebi que as duas autoras buscaram sustentar seus discursos desde uma base teórica 
sólida. Utilizam Ariés para tratar da história da infância a partir do livro História social da 
criança e da família. Outro autor que tem destaque em seus textos é Foucault tratando do 
poder dos discursos nos laudos e diagnósticos. Os livros mais utilizados de Foucault são: A 
ordem do discurso, Vigiar e Punir, O nascimento da Clínica e Microfísica do Poder. Quando 
tratam do cotidiano, utilizam Agnes Heller com seu livro, O cotidiano e a história. A teoria 
de Heller permite olhar a historicidade da vida na escola enquanto realidade complexa, 
intersubjetiva e concreta. Aponta um individuo real, que pode se alienar ou subverter a ordem 
do cotidiano. Ajuda perceber o sujeito social fazendo história e sendo feito por ela. Os 
postulados de Heller são elementos de quepossibilitam o estudo da vida cotidiana com local 
privilegiado de apreensão dos processos históricos. Outra referência que aparece muito 
principalmente nos primeiros textos das autoras é Patto, pioneira nas discussões sobre a 
produção do fracasso escolar. 
Seus primeiros textos publicados em 1985 falam da relação entre saúde, educação e 
merenda escolar dentro do contexto da época. Apresentam a escola como local que só 
consegue trabalhar com alunos “normais” e que vai justificando tal escolha por uma série de 
questões relacionadas sempre ao indivíduo ou a sua família, não dando conta de lidar com as 
diferenças e tampouco considerando que tais dificuldades são geradas pelas condições sociais 
de vida mesmo fruto também de um empobrecimento acentuado da população. 
Os textos publicados nos anos 90 vão falar aberta e claramente sobre a medicalização 
da aprendizagem e de como este processo foi sendo construído na educação e na saúde. Falam 
da má formação dos profissionais nestas duas instituições e ponderam que, se fosse feita uma 
formação inicial mais interdisciplinar, certamente tais profissionais olhariam para as 
dificuldades de aprendizagem com outros ‘óculos’. Os textos também explicam como 
historicamente, problemas sociais foram transformados, via processo de culpabilização em 
 19 
problemas de pessoas, das famílias, colocando a culpa do fracasso escolar tão só e unicamente 
nos alunos não questionando a escola enquanto produtora de tais fracassos. 
Quanto aos textos mais recentes, as pesquisadoras continuam falando do processo 
perigoso, doloroso e excludente que é a medicalização de crianças e adolescentes através dos 
diagnósticos de dislexia e TDAH. 
 Interessante dizer que em todos os textos, duas reflexões se repetiram, acentuando seu 
caráter de urgência e atualidade: a necessidade de compreender a escola, os processos de 
escolarização e as políticas públicas desde um olhar contextualizado e a necessidade de se 
repensar a formação inicial e continuada dos profissionais destas áreas. 
Entrar em contato com os textos de Collares e Moysés foi sem dúvida um grande 
desafio por duas razões: em primeiro lugar, localizá-los e em segundo lê-los e interpretá-los 
organizando-os por categorias de análise, porque em muitas situações, uma categoria caberia 
bem dentro da outra. As categorias organizadas como estão neste texto, foi uma opção minha. 
O arranjo das categorias bem poderia ser diferente. Procurar ler todos os textos e fazer de fato 
uma incursão não somente nos discursos das autoras, bem como situá-los no contexto onde 
foram escritos e situá-los dentro da realidade da educação brasileira e suas políticas não foi 
tarefa fácil. 
Pondero que um dos grandes ganhos deste trabalho foi a tentativa de organizar as 
produções das autoras, favorecendo, assim, uma visibilidade didática das mesmas e, desta 
forma, evidenciar a riqueza de seus arrazoados para se entender a história da educação 
brasileira, principalmente quando se trata dos processos de escolarização em suas relações 
com as Políticas Educacionais. Como atividade de análise tem suas fragilidades e certamente 
poderia ter sido mais aprofundada principalmente quando se trata de evidenciar o contexto 
histórico e político das produções. Esta é uma possibilidade para aprofundamento de outros 
pesquisadores. A provocação foi feita. Optei por alguns textos que para mim eram mais 
significativos. Foi uma escolha subjetiva, certamente. Outro pesquisador escolheria outros 
textos e faria outras combinações que provocariam outras análises. O caminho está começado! 
Deixo como palavra final uma provocação das pesquisadoras em sua teimosa luta por 
denunciar o que se esconde por detrás das doenças do não-aprender e do comportamento: 
“resistir é preciso, pois viver é preciso”. 
 
 
 
 20 
 
 
QUEIXAS ESCOLARES: REVISANDO A PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA DE 
COLLARES & MOYSÉS 
 
 
 
Resumo 
 
 
O presente artigo tem o objetivo de fazer uma revisão da produção de Collares e Moysés a 
partir das provocações feitas nas leituras para seleção do Mestrado Acadêmico em Psicologia 
da Universidade Federal de Rondônia/2011. Utilizamos como base de busca, o Google. O 
encontro com cada artigo possibilitou encontrar outros a partir da consulta de suas referências 
bibliográficas. Encontramos 32 trabalhos publicados em forma de capítulos de livros, livros 
inteiros, em revistas e online. Os primeiros textos foram publicados em 1985 e os últimos em 
2010. Todos os trabalhos foram lidos e após análise foram agrupados nas seguintes 
categorias: a)Educação e Saúde, b)Medicalização da Aprendizagem, c)Merenda, desnutrição 
e Fracasso Escolar, d)Testes de Inteligência, Diagnósticos e Laudos; e)Conhecimento e 
Formação Continuada. Percebemos que as ideias defendidas pelas pesquisadoras e seus 
colaboradores continuam atuais no sentido de lutar por políticas educacionais que promovam 
o acesso e a permanência dos alunos na escola com qualidade social, a partir de olhar atento 
sobre o processo de escolarização como elemento principal desta qualidade. 
 
Palavras-chave: Queixas escolares. Processos de escolarização. Produção do conhecimento. 
 
 
Referências3 
 
 
BARROS, Célia Silva Guimarães. Pontos de psicologia escolar. 3ª Ed.. São Paulo: Ática, 
1993. 
 
COLLARES, C.A.L. Programa de merenda escolar. São Paulo: Cortez/Cedes, nº 15, p.48-
54, 1985. 
 
COLLARES, C.A.L.; MOYSÉS, M.A.A. Educação ou saúde? Educação x Saúde? 
Educação e Saúde. São Paulo: Cortez/Cedes, nº 15, p.7-16, 1985. 
 
___________. Saúde escolar e merenda: desvios do pedagógico? São Paulo: 
Cortez/Educação e Sociedade, nº 20, Jan./Abril de 1985. 
 
 
3 Para não deixar o texto muito extenso, optei por citar somente a referência dos textos nos quais me detive com 
mais particularidade. Os interessados nos demais textos fazer contato pelo e-mail: locimassalai@gmail.com 
mailto:locimassalai@gmail.com
 21 
___________.Diagnóstico da medicalização do processo de ensino-aprendizagem na 1ª 
série do 1º grau no Município de Campinas. Em Aberto, n. 53, ano 11, Brasília, Jan/Mar, p. 
23-28, 1992. 
 
___________. Preconceitos no cotidiano escolar: ensino e medicalização. São Paulo: 
Cortez/Unicamp, 1996. 
 
____________.O Profissional de Saúde e o Fracasso Escolar: Compassos e Descompassos. 
In: MACHADO, Adriana Marcondes. (Org.). Educação especial em Debate. São Paulo: 
Casa do Psicólogo, 1997. 
 
___________. Respeitar ou submeter: a avaliação de inteligência em crianças em idade 
escolar. In: MACHADO, Adriana Marcondes. (Org.). Educação especial em Debate. São 
Paulo: Casa do Psicólogo, 1997. 
 
___________. Educação continuada: a política da descontinuidade. São Paulo: Cortez/ 
Educação e Sociedade, ano XX, nº 68, p. 202-19, 1999. 
 
____________. Rotular, classificar, diagnosticar: a violência dos laudos. Jornal do GTNM-
RJ (Grupo Tortura Nunca Mais), agosto 2002. 
 
___________. Dislexia e TDAH: uma análise a partir da ciência médica. In: Conselho 
Regional de Psicologia de São Paulo; Grupo Interinstitucional Queixa Escolar (Orgs.). 
Medicalização de Crianças e Adolescentes: conflitos silenciados pela redução de questões 
sociais a doenças de indivíduos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. 
 
 
___________. Medicalização: elemento de desconstrução dos direitos humanos. In: CRP-RJ 
(Org.). Direitos Humanos: O que temos a ver com isso? Rio de Janeiro: CRP-RJ, 2006. 
Disponível em: < http://www.crprj.org.br/documentos/2006-palestra-aparecida-moyses.pdf>. 
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COLLARES, C.A.L.; MOYSÉS, M.A.A. ; GERALDI, J. W. Compaginar concepções: 
ciência e formação no horizonte de possibilidades de um projeto educativo. Cuiabá: 
EduFMT/Revista Polifonia, nº 01, p. 47-64, 2006. 
 
 
FOUCAULT, Michel. O nascimento da clínica. 2.ed. Rio de Janeiro: Forense, 1980. 
 
PATTO, Maria Helena Souza. A produção do fracasso escolar:histórias de submissão e 
rebeldia. 2.ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002. 
 
POZO, Juan Ignacio. A sociedade da aprendizagem e o desafio de converter informação 
em conhecimento. In: SALGADO, Maria Umbelina Caiafa. ; AMARAL, Ana Lúcia. (Orgs.). 
Tecnologias na Educação: ensinando e aprendendo com as TIC. Brasilia: MEC, 2008. 
 
 
 
 
http://www.crprj.org.br/documentos/2006-palestra-aparecida-moyses.pdf
 22