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Corticosteroides Corticosteroides 1)Introdução -São potentes na supressão da inflamação, e, em virtude de seu uso nas doenças inflamatórias e autoimunes, estão entre as classes de fármacos prescritos com mais frequência – o que deve ser feito com cautela devido seus efeitos adversos intensos. Ainda são usados em transplante de órgãos -Possui característica esteroidal, que engloba aspectos farmacocinéticos da sua lipofilicidade e seu diferente modo de ação. Os corticosteroides e seus derivados sintéticos biologicamente ativos diferem nas suas atividades metabólicas (glicocorticoides) e de regulação dos eletrólitos (mineralocorticoides), seu perfil de ação é dividido em maior atividade em um ou outro. -Córtex suprarrenal atua de maneira fisiológica secretando esteroides derivados do colesterol (pelo metabolismo da pregnenolona) com atividades glicocorticoides e mineralocorticoides, em 3 regiões: Zona glomerulosa: secreta o mineralocorticoide aldosterona; Zona fasciculada: secreta o glicocorticoide cortisol; Zona reticular: sintetiza androgênios. -E a regulação é feita pelo eixo hipotálamo-hipófise- suprarrenal + Fatores estimulatórios; – Fatores inibitórios; Hormônio de liberação da corticotropina (CRH) e Hormônio adenocorticotrópico (ACTH). CORTISOL -Cortisol tem efeito imunossupressor, contra autoanticorpos que contribuem para patogênese. Além disso, ele é um fator estimulante para produção de sintomas depressivos. -É um glicocorticoide endógeno, seus níveis aumentam por: estresse por exercício vigoroso, estresse psicológico, traumatismo agudo, cirurgia, medo, infecção grave, hipoglicemia e dor. -No adulto normal, e na ausência de estresse, são secretados 10 a 20 mg de cortisol por dia. A velocidade de secreção segue um ritmo circadiano, governado por pulsos de ACTH que alcançam um pico nas primeiras horas da manhã e após as refeições – por isso, a dosagem é feita ao acordar. *Inibição da lipólise e altera regulação da glicose aumenta o peso. -Essas ações fisiológicas iniciam quando o cortisol na forma não ligada se difunde pela membrana plasmática para o citosol das células-alvo, ao chegar, liga-se a um receptor citosólico: glicocorticoides (GR) ou os mineralocorticoides (MR). -Os fármacos mimetizam a ação do cortisol, logo, fazem os mesmos efeitos fisiológicos, inibindo ou ativando uma resposta. 2)Metabolismo e Mecanismo de Ação -90% do cortisol circulante estão ligados a proteínas plasmáticas, principalmente: Globulina de ligação dos corticosteroides (CBG, também denominada transcortina) – uma α-globulina secretada pelo fígado, que possui alta afinidade pelos esteroides. Albumina. O fígado e os rins constituem os principais locais de metabolismo periférico do cortisol, feito por enzimas com isoformas diferentes 11β-hidroxiesteroide desidrogenase (11β-HSD 1 e 2), que confere especificidade de ação corticosteroide, uma vez que a aldosterona e o cortisol ligam-se aos MR com afinidade igual. -Todavia, no rim, os MR são “protegidos” do cortisol pela ação da enzima 11β-HSD2, que converte o cortisol em cortisona inativa, assegurando que, em níveis fisiológicos, o cortisol não exerça efeitos mineralocorticoides. Já a 11β-HSD1 catalisa a reação inversa, que converte a cortisona inativa em cortisol ativo em tecidos como o fígado e a gordura. -Mecanismo de ação: elementos promotores de genes, designados como elementos do receptor de glicocorticoides (GRE), que ao se ligarem modificam a transcrição gênica para intensificar ou inibir a expressão de genes específicos. As ações geradas podem ser divididas em efeitos metabólicos e efeitos anti-inflamatórios. -Principais efeitos dos corticosteroides: Mantêm a homeostasia energética durante a resposta ao estresse, assegurando, assim, um suprimento contínuo de nutrientes aos órgãos críticos, como o cérebro. Ações anti-inflamatórias, mediante ação do cortisol de regular negativamente a liberação de citocinas das céls do sistema imune, inibindo o fator nuclear κB (FN-κB) – fator de transcrição envolvido no controle da expressão de diversos genes ligados à resposta inflamatória. O cortisol exerce efeitos imunossupressores profundos, ao inibir a liberação de citocinas inflamatórias pelos macrófagos. Ponto negativo: pode obter outras infecções em consequência. Obs.: caso de uso prolongado de corticoide na covid- 19 que gerou aspergilose pulmonar. Desmame deve ser feito com cautela. 3)Classes Farmacológicas • Cortisol e análogos de glicocorticoides -Para formulação são feitas 4 modificações na estrutura do cortisol e possuem duas finalidades principais: Como terapia de reposição, nos casos de insuficiência suprarrenal. Em doses farmacológicas para suprimir a inflamação e as respostas imunes associadas a certos distúrbios: asma, artrite reumatoide e rejeição de órgãos após o transplante. -Efeitos em níveis farmacológicos: Inibem a liberação de citocinas e diminuem, portanto, a ação da IL-1, da IL-2, da Il-6 e do TNF- α. Pois ocorre a formação do complexo glicocorticoide com seu receptor que afeta a expressão gênica, inibindo a transcrição de proteínas inflamatórias. Bloqueiam a síntese de metabólitos do ácido araquidônico ao inibir a ação da fosfolipase A2 de transformar os fosfolipídios, logo, não produz leucotrienos, prostaglandinas e outros. Eles possuem potências relativas diferentes, como: Obs.: DEXAMETASONA E COVID-19 – efeito positivo no tratamento, diminuindo tempestade de citocinas na fase crítica da doença. Contudo, os resultados preliminares constataram que houve redução da mortalidade apenas em pacientes com COVID-19 sob ventilação mecânica ou suporte de oxigênio ao se ministrar 6 mg de dexametasona (por via oral ou endovenosa) 1x/dia por 10 dias. A duração de ação é variável, e depende de alguns fatores: 1. O grau de ligação às proteínas plasmáticas constitui um determinante da duração de ação do fármaco. A proteína de ligação (CBG) possui afinidade relativamente alta pelo cortisol e por alguns de seus congêneres sintéticos, e baixa afinidade pela aldosterona. Com isso, apenas as moléculas de cortisol que não estão ligadas às proteínas (a denominada fração livre) são biodisponíveis. 2. Afinidade do fármaco pela 11β-HSD 2: os glicocorticoides que apresentam afinidade mais baixa pela 11β-HSD 2 têm meia-vida plasmática mais longa, uma vez que esses fármacos não são transformados tão rapidamente em metabólitos inativos. 3. Capacidade lipofílica do fármaco: seu aumento promove a distribuição do fármaco nas reservas do tecido adiposo. Logo, a consequente redução de metabolismo e excreção do fármaco prolonga sua meia-vida plasmática. 4. Afinidade do fármaco pelo receptor de glicocorticoides eleva a duração de ação do fármaco, pois os agentes glicocorticoides com maior potência anti-inflamatória (glicocorticoide) apresentam maior duração de ação. 4)Tratamento da Insuficiência Suprarrenal I. Doença de Addison fornece um exemplo de insuficiência suprarrenal primária -Ocorre uma destruição seletiva do córtex suprarrenal, mais comumente em decorrência da reação autoimune mediada pelas células T. Resulta em diminuição na síntese de todas as classes de hormônios adrenocorticais – hipoaldosteronismo. -Causas: infecção, infiltração, câncer ou hemorragia, tuberculose. Pacientes apresentam fadiga, falta de apetite, perda de peso, tontura em posição ortostática e náuseas. Além de ser caracteriza por: hipotensão, conc. de pigmentos nos seios, dobras e cicatrizes. -Observa-se a necessidade de reposição tanto de mineralocorticoide como de glicocorticoide II. Insuficiência suprarrenal secundária -Diminuição dos níveis de ACTH provoca redução na síntese de hormônios sexuais e cortisol, porém não interfere na síntese de aldosterona, pois é controlada pelo sistema renina-angiotensina-aldosterona – por essemotivo, a reposição é apenas de glicocorticoide, de escolha temos a hidrocortisona oral. -Causas: distúrbios hipotalâmicos ou hipofisários ou da interrupção muito rápida dos corticosteroides após supressão do eixo HHSR por terapia prolongada. *sempre fazer desmame de qualquer corticoide* 5)Efeitos indesejáveis dos glicocorticoides a. O aumento da suscetibilidade à infecção – efeito potencial da imunossupressão a longo prazo pelos glicocorticoides exógenos. b. Elevam os níveis plasmáticos de glicose c. Inibem a absorção de cálcio mediada pela vitamina D d. Pode causar retardo do crescimento, diminui a velocidade de crescimento linear do osso em crianças e. Pode ocorrer baixa estatura em pacientes que fazem uso de glicocorticoides da infância até adolescência. f. Suspensão do tratamento com glicocorticoides Os níveis plasmáticos elevados dos glicocorticoides suprimem a liberação de CRH e ACTH, resultando em atrofia do córtex suprarrenal. A interrupção abrupta pode precipitar a insuficiência suprarrenal aguda, pois são necessários vários outros meses para que o córtex suprarrenal comece a secretar o cortisol em níveis fisiológicos. Logo, o tratamento crônico com glicocorticoides deve ser reduzido lentamente, com doses gradualmente decrescentes. A recuperação de função do eixo (hipotálamo-hipófise-supra renal) pode levar até 1 ano após a interrupção. g. Exacerbação dos efeitos fisiológicos dos glicocorticoides Síndrome de Cushing: de origem endógena, é um estado clínico resultante da exposição crônica ao excesso de cortisol circulante, que se caracteriza pela perda do feedback negativo do eixo hipotálamo- hipófise-adrenal e do ritmo circadiano da secreção do cortisol. Costuma resultar de hiperplasia suprarrenal bilateral secundária a um adenoma hipofisário secretor de ACTH, mas em menor número por essa causa. As manifestações são aquelas associadas a presença crônica de glicocorticoides em excesso. Um deles, é a deposição excessiva de gordura na nuca (giba de búfalo) e na face (fácies de lua cheia). 6)Mais Informações -Aplicações diagnóstica da Dexametasona por um teste de supressão formal com dexametasona é utilizado no diagnóstico diferencial da síndrome de Cushing, como? o A dexametasona, mesmo em baixas doses, inibe a secreção de ACTH e, consequentemente, do cortisol plasmático e salivar em indivíduos normais, o mesmo não ocorre na síndrome de Cushing independentemente da etiologia. A supressão do cortisol plasmático para menos de 1,8 μg/dL sugere fortemente a ausência de síndrome de Cushing. -Glicocorticoides inalados (fluticasona, beclometasona, flunisolida e triancinolona), que inibem a resposta inflamatória local, que constitui um componente crítico da fisiopatologia da asma. Efeito adverso: candidíase orofaríngea, pois resulta em imunossupressão local e possibilita a ocorrência de infecção por micro-organismos oportunistas. -Glicocorticoides cutâneos (hidrocortisona, metilprednisolona e dexametasona) contra psoríase e dermatite atópica. -O fármaco de escolha na gravidez é a prednisona, pois mesmo que o fígado materno ative a prednisona em prednisolona, a 11β-HSD 2 placentária converte novamente a prednisolona em prednisona inativa, e como o fígado não funciona durante a vida fetal, o feto, por sua vez, não é capaz de ativar a prednisona. -Outro ponto é o uso de dexametasona para maturação dos pulmões do feto, reduzindo a incidência da síndrome do desconforto respiratório em prematuros. 7)Mineralocorticoides -A aldosterona é um hormônio esteroide de 21 carbonos derivado do colesterol. Sua secreção é estimulada por angiotensina II, concentração sanguínea de potássio e ACTH. Desempenham importantes papéis na regulação da reabsorção de sódio no rim, no cólon e nas glândulas sudoríparas e salivares. -Cronicamente, o hiperaldosteronismo provoca hipertensão, ao passo que a deficiência de aldosterona pode levar à hipotensão e ao colapso vascular. Isso ocorre porque a aldosterona eleva secundariamente a reabsorção de sódio e a secreção de potássio pelo epitélio luminal do néfron. • Agonistas dos receptores de mineralocorticoides -Análogo do cortisol: a fludrocortisona, sofre metabolismo hepático de primeira passagem. -Apresenta alta razão entre potência mineralocorticoide e glicocorticoide. • Antagonistas dos receptores de mineralocorticoides Espironolactona, pode resultar em hiperpotassemia significativa ao bloquear a aldosterona, poupando o potássio. Também consegue causar natriurese (eliminação de sódio na urina).
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