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1 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Lesões Pré-Neoplásicas do Colo Uterino Introdução Considerando que o colo uterino é revestido por tecido pavimentoso estratificado, na qual há 3 camadas: superficial, intermediária (rica em glicogênio) e a profunda (logo abaixo possui a membrana basal). - As células superficiais são eosinofílica (rosas) e as intermediárias basofílicas (azuis, com núcleo maior). O canal endocervical é revestido por tecido pavimentoso estratificado/glandular simples ciliado. A separação entre o tecido pavimentoso estratificado e o epitélio glandular simples é a JEC: junção escamocolunar. Definição: As lesões pré-neoplásicas são aquelas que não atravessaram a membrana basal. Desse modo, num colo com lesão pré- neoplásica, a membrana precisa estar íntegra. Reepitelização normal: O colo ideal é aquele em que a JEC esteja na entrada do orifício externo, processo que ocorre com início da puberdade. Contudo, os processos inflamatórios que acometem a vagina, fazem com que esse tecido glandular se exteriorize, ou seja, vá para o ectocérvice, o que chamamos de ectopia. O tecido glandular que foi exteriorizado sofre muitas agressões, dessa forma, o tecido pavimentoso estratificado passa a recobrir essa área de tecido glandular, promovendo a reepitelização normal, que na Colposcopia recebe o nome de zona de transformação normal. - O processo de reepitelização normal é um processo de metaplasia direta, onde células são convertidas de células colunares para células pavimentosas estratificadas. Esse processo continua até atingir a metaplasia completa. - Os elementos da reepitelização normal são: Ovos/cistos de Naboth: manchinhas esbranquiçadas; Ovos de Naboth ou Cistos de Naboth. Orifícios glandulares; Ilhotas de ectopia: orifícios maiores que conseguimos ver o tecido glandular. Reepitelização anormal: As características que nos fazem suspeitar da reepitelização anormal são: - Presença de manchas acetobrancas; - Padrão em mosaico; - Alterações em Pontilhados; - Vasos atípicos: calibrosos. Nesses casos as células serão iodo negativas e Schiler positivo, sendo necessário encaminhar para Colposcopia para realizar uma biopsia. 2 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP - Lembre-se que o iodo tem afinidade por glicogênio, ligando- se a essa molécula, mas em contrapartida, não possui afinidade por glicose. Nesse contexto, células neoplásicas possuem necessidade de muita glicose, não sendo necessário estoque de glicogênio. Logo, um colo iodo positivo significa um colo rico em glicogênio, já um colo iodo negativo significa um colo pobre em glicogênio e rico em glicose, portanto não corado. Fatores predisponentes para lesões pré-neoplásicas do colo uterino Os principais fatores de risco são: - Vida sexual precoce; - Primaparidade precoce; - Multiparidade; - Promiscuidade sexual; - Infecções por HPV, Herpes ou CMV; - Tabagismo; - Deficiência imune: muito importante; - Uso prolongado de ACO: principalmente de alta dosagem, pois impedem a reabsorção de ácido fólico, que é importante para a reepitelização; - Deficiência de vitamina A, C e D. Histologia Evolução das lesões precursoras de CA de colo uterino: 1- Colo uterino normal, possuindo espessura de 0,5 mm, bem fino; 2- Comprometimento que se inicia na parte basal; 3- 2/3 do epitélio comprometido, mas sem ruptura da membrana basal. OBS: O câncer do colo uterino: todo epitélio é comprometido, com ruptura da membrana basal. Classificação de Bethesda Segundo Citologia: - ASC-US: presença de células escamosas atípicas de significado indeterminado, possivelmente não neoplásicas; - ASC-H: presença de células escamosas atípicas, não se podendo descartar uma lesão de alto grau; - ACG-US: presença de células glandulares atípicas de significado indeterminado; - ACG-H: Presença de células glandulares atípicas, de significado indeterminado, não podendo excluir lesão intraepitelial de alto grau; - LIEBG: Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau apenas as células superficiais alteradas; - LIEAG: lesão intraepitelial escamosa de alto grau lesões de mais de uma camada de células. OBS: Para diagnóstico de LIEBG/LIEAG é preciso da citologia (avaliação das células), da Colposcopia (avaliar se há reepitelização anormal) e da histologia (informa o grau do comprometimento tecidual). Classificação histológica - LIEBG= NIC 1: 1/3 da camada epitelial está comprometida. Representa a expressão citomorfológica de uma infecção transitória do HPV. Atualmente não se considera lesão como precursora de CA do colo uterino, especialmente em mulheres com menos de 30 anos. - LIEAG= NIC 2: 2/3 da camada epitelial está comprometida. - LIEAG: NIC 3: toda camada epitelial comprometida. OBS: A conduta para NIC II E III podemos utilizar os marcadores histoquímicos ki67 e P16, que se positivos significa que poderá progredir. OBS1: O tratamento para NIC 2 e 3 é a conização, que inicialmente é um cone diagnóstico (afastar câncer). Rastreamento O método de rastreamento do câncer do colo uterino e de suas lesões precursoras é o exame citopatológico. 3 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP - Os 2 primeiros exames devem ser realizados com intervalo anual, e se ambos forem negativos, os próximos devem ser realizados a cada 3 anos. - Importante salientar que o início da coleta deve ser aos 25 anos de idade para mulheres que já tiveram ou têm atividade sexual e os exames periódicos devem seguir até os 64 anos (ou seja, mulheres virgens e menores de 25 anos não devem fazer rastreamento). - Para mulheres sem história prévia de doença neoplásica pré- invasiva, devem ser interrompidos quando essas mulheres tiverem pelo menos 2 exames negativos consecutivos nos últimos 5 anos. - Já para as mulheres com mais de 64 anos que nunca se submeteram ao exame citopatológico, deve-se realizar 2 exames com intervalo de 1 a 3 anos e se ambos forem negativos essas mulheres podem ser dispensadas dos exames adicionais. Condutas Para ASC-US: - < 24 anos: repetir com 3 anos; Se em 3 anos permanecer anormal encaminhar para Colposcopia. - > 25 anos: repetir com 6 meses se anormal realizar Colposcopia. OBS: Colposcopia: é um exame que serve para complementar o exame ginecológico comum. É realizado quando o preventivo apresenta alteração sugestiva de lesão pré-neoplásica ou quando durante o exame ginecológico, a ginecologista reconhece alguma lesão suspeita na mucosa vaginal ou do colo uterino. Logo, a Colposcopia é utilizada para que possa se realizar uma biopsia da região suspeita. Para ASC-H: - Colo com JEC visível + achado anormal (reepitelização anormal): encaminhar para biopsia; - Colo com JEC não visível + achado anormal: encaminhar para biopsia com avaliação do canal endocervical, pois a lesão pode estar dentro do canal endocervical; - Colo com JEC não visível + sem achado anormal: encaminhar para avaliar canal endocervical, pois provavelmente a lesão estará dentro do canal endocervical. Histerectomizadas: Para mulheres submetidas à histerectomia com história de tratamento prévio para NIC 2 ou 3 apresentam risco de desenvolver neoplasia intraepitelial vaginal. Por isso, recomendamos citologia em 6 e 12 meses após a histerectomia devido NIC 2 ou 3 com margens livres. - Se ambos os exames forem negativos, o rastreamento citológico deverá ser a cada 3 anos, independente da idade. Já em casos de margens comprometidas ou na ausência dessa informação, o seguimento deverá ser feito com a citologia e Colposcopia semestrais nos primeiros 2 anos. Após esse período, o seguimento deverá ser feito a citologia isolada anualmente até 5 anos. Após esse período, assegurada a inexistência de lesão residual, a mulher deverá retornar o rastreamentoa cada 3 anos na UBS, independente da idade. Resumindo:
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