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Traumas na dentição permanente Os tecidos bucais podem ser acometidos por diversos tipos de lesões traumáticas dentoalveolares, podendo ocorrer de forma isolada ou concomitante. Fraturas dentárias e do osso alveolar ➔ Todo esforço deve ser realizado para preservar a vitalidade pulpar em um dente permanente traumatizado com rizogênese incompleta, a fim de garantir a continuidade do desenvolvimento radicular ➔ Dentes permanentes com rizogênese incompleta demonstram uma considerável capacidade de reparo após lesões traumáticas dentoalveolares com exposição pulpar ➔ O tamanho da exposição pulpar e o tempo decorrido do momento do acidente ao atendimento de URGÊNCIA são fatores importantes a serem considerados antes de se decidir sobre a abordagem terapêutica da polpa exposta. Nesta situação, surge um dilema sobre em que profundidade o tecido pulpar deve ser removido. Isso deve ser julgado pelo tamanho da exposição pulpar, pelo tempo da exposição pulpar ao meio bucal e pela avaliação clínica do tempo de sangramento pulpar, que deve ser controlado em 3 a 5 minutos sob a leve pressão de uma bolinha de algodão embebida em soro fisiológico a 0.9%. ➔ Para pequenas exposições, logo após a ocorrência do acidente (nas primeiras 24 horas) recomenda-se o capeamento pulpar. ➔ Nos casos de exposições maiores em que o tempo de exposição pulpar for maior que 24 horas se recomenda a pulpotomia parcial efetuada a uma profundidade de 2mm, seguida do uso de hipoclorito de sódio (NaOCl) nas concentrações de 0.5 a 2.5% para conter a hemorragia, desinfectar a superfície do tecido pulpar exposto, remover aparas de dentina, fibrina e coágulos. Se não ocorrer sangramento ou se o sangramento for excessivo (incontrolável) e de cor escura, o status pulpar deve ser considerado NÃO SAUDÁVEL. Nestas situações considerar os procedimentos de pulpotomia total ou pulpectomia. Trinca: ● Achados clínicos: Será observada fratura incompleta (crack) de esmalte, sem perda de estrutura dentária e ausência de sensibilidade à percussão; A ocorrência simultânea de lesão de luxação ou fratura radicular deverá ser avaliada se o dente apresentar sensibilidade (se o paciente relatar sensibilidade à mastigação, lesões de luxação ou fratura radicular podem estar presentes). ● Achados radiográficos: Não são observadas alterações nas radiografias periapicais; Se outros sinais ou sintomas estiverem presentes, você deverá realizar radiografias adicionais. ● Tratamento: O tratamento será necessário apenas em situações de trincas visíveis. Nestes casos, você deverá realizar a aplicação de ácido/adesivo e o selamento com resina composta para prevenir a descoloração das linhas das trincas. Caso contrário, nenhum tratamento é necessário. ● Acompanhamento: Nenhum acompanhamento é necessário, a não ser que essas lesões estejam associadas a lesões de luxação ou a outros tipos de fratura; Para dentes com fratura coronária e subluxação concomitante, use o cronograma de acompanhamento da luxação. ● Prognóstico favorável: Ausência de sintomatologia; Resposta pulpar positiva; Em casos de dentes com rizogênese incompleta, deverá ser observada a continuidade do desenvolvimento radicular. ● Prognóstico desfavorável: Presença de sintomatologia; Resposta pulpar negativa; Sinais clínicos e radiográficos de lesão periapical; Interrupção do desenvolvimento radicular em casos de dentes com rizogênese incompleta. Nesses casos, deverá ser realizada a terapia endodôntica apropriada, de acordo com o estágio de desenvolvimento radicular. Fratura de esmalte ● Achados clínicos:Será observada fratura de esmalte sem dentina exposta; O teste de percussão será negativo; Se apresentar sensibilidade à mastigação, avaliar a possível ocorrência simultânea de lesão de luxação ou fratura radicular; Teste de mobilidade normal; Teste de sensibilidade pulpar geralmente é positivo. ● Achados radiográficos: Você observará perda de esmalte; As radiografias recomendadas para esse tipo de trauma são: periapical, com exposições em diferentes angulações; e uma oclusal, a fim de verificar a presença de fratura radicular ou de lesões de luxação; Radiografias de lábios e bochechas para localização de fragmentos dentários ou objetos estranhos. ● Tratamento: Se o fragmento dentário estiver presente, o mesmo pode ser reposicionado (colagem do fragmento);Recontorno ou restauração com resina composta, de acordo com a extensão e a localização da fratura. ● Acompanhamento: Exame clínico e radiográfico após 6-8 semanas; Exame clínico e radiográfico após 1 ano; Para dentes com fratura coronária e subluxação concomitante, use o cronograma de acompanhamento da luxação. ● Prognóstico favorável: Ausência de sintomatologia; Resposta pulpar positiva; Em casos de dentes com rizogênese incompleta, deverá ser observada a continuidade do desenvolvimento radicular;Continuidade da ausência de sintomas nas consultas de acompanhamento. ● Prognóstico desfavorável: Presença de sintomatologia; Resposta pulpar negativa; Sinais clínicos e radiográficos de lesão periapical; Interrupção do desenvolvimento radicular em casos de dentes com rizogênese incompleta. Nesses casos, deverá ser realizada a terapia endodôntica apropriada, de acordo com o estágio de desenvolvimento radicular. Fratura de esmalte e dentina: ● Achados clínicos: Será observada fratura envolvendo esmalte e dentina com perda de estrutura dentária, mas sem exposição pulpar; Ausência de sensibilidade à percussão; Se apresentar sensibilidade à mastigação, avaliar a possível ocorrência simultânea de lesão de luxação ou fratura radicular; Mobilidade normal; Teste de sensibilidade pulpar normalmente positivo. ● Achados radiográficos:Você observará perda de esmalte e dentina; As radiografias recomendadas para este tipo de trauma são: periapical, com exposições em diferentes angulações; e uma oclusal, a fim de verificar a presença de deslocamento ou de fratura radicular; Radiografias de lábios e bochechas para localização de fragmentos dentários ou objetos estranhos. ● Tratamento: Se o fragmento dentário estiver presente, o mesmo pode ser reposicionado (colagem do fragmento); Se não, realizar um tratamento provisório, recobrindo a dentina exposta com ionômero de vidro ou fazer uma restauração com maior durabilidade, utilizando um agente de união e resina composta ou outro material restaurador; Se a exposição dentinária for de até 0.5 mm de distância da polpa (rosa, sem sangramento), você deve colocar uma base de hidróxido de cálcio. Caso haja possibilidade, pode incluir ionômero de vidro antes de finalizar a restauração com resina composta. ● Acompanhamento: Exame clínico e radiográfico após 6-8 semanas; Exame clínico e radiográfico após 1 ano; Para dentes com fratura coronária e subluxação concomitante, use o cronograma de acompanhamento da luxação. ● Prognóstico favorável: - Ausência de sintomatologia; Resposta pulpar positiva; Em casos de dentes com rizogênese incompleta, deverá ser observada a continuidade do desenvolvimento radicular; Continuidade da ausência de sintomas nas consultas de acompanhamento. ● Prognóstico desfavorável: Presença de sintomatologia; Resposta pulpar negativa; Sinais clínicos e radiográficos de lesão periapical; Interrupção do desenvolvimento radicular em casos de dentes com rizogênese incompleta. Nesses casos, deverá ser realizada a terapia endodôntica apropriada, de acordo com o estágio de desenvolvimento radicular. Fratura de esmalte, dentina e polpa: ● Achados clínicos: Será observada fratura envolvendo esmalte e dentina com perda de estrutura dentária e exposição pulpar; Ausência de sensibilidade à percussão; Se apresentar sensibilidade à mastigação, avaliar a possível ocorrência simultânea de lesão de luxação ou fratura radicular; Teste de mobilidade normal; Polpa exposta sensível a estímulos. ● Achados radiográficos: Você observará perda de esmalte e dentina; As radiografias recomendadas para este tipo de trauma são: periapical, com exposições em diferentes angulações; e uma oclusal, a fim de verificara presença de deslocamentos ou de fratura radicular; Radiografias de lábios e bochechas para localização de fragmentos dentários ou objetos estranhos. ● Tratamento: Para dentes com rizogênese incompleta, você deve preservar a vitalidade pulpar por meio de capeamento pulpar direto ou pulpotomia parcial (utilizar hidróxido de cálcio). Esse tratamento também é indicado em dentes com rizogênese completa de pacientes jovens. Em dentes com rizogênese completa, geralmente a pulpectomia é o tratamento de escolha, embora o capeamento pulpar ou a pulpotomia parcial também possam ser realizados (se for observado tecido pulpar firme e resistente ao corte, sangramento com coloração vermelho-rutilante e tempo de coagulação de até 5 minutos); Se o fragmento dentário estiver presente, o mesmo pode ser reposicionado (colagem do fragmento). O tratamento para a coroa fraturada pode ser a restauração com outros materiais restauradores, de forma similar ao descrito para fratura de esmalte-dentina sem exposição pulpar. ● Acompanhamento: Exame clínico e radiográfico após 6-8 semanas; Exame clínico e radiográfico após 1 ano; Para dentes com fratura coronária e subluxação concomitante, use o cronograma de acompanhamento da luxação. ● Prognóstico favorável: Ausência de sintomatologia; Resposta pulpar positiva; Em casos de dentes com rizogênese incompleta, deverá ser observada a continuidade do desenvolvimento radicular; Ausência de sintomas nas consultas de acompanhamento. ● Prognóstico desfavorável: Presença de sintomatologia; Resposta pulpar negativa; Sinais clínicos e radiográficos de lesão periapical; A interrupção do desenvolvimento radicular em casos de dentes com rizogênese incompleta. Nesses casos, deverá ser realizada a terapia endodôntica apropriada, de acordo com o estágio de desenvolvimento radicular. Fratura corono-radicular sem exposição pulpar: ● Achados clínicos: Será observada fratura envolvendo esmalte, dentina e cemento com perda de estrutura dentária, mas sem exposição pulpar; Fratura coronária estendendo-se abaixo da margem gengival; Dor à percussão; Mobilidade do fragmento coronário; Teste de sensibilidade pulpar geralmente é positivo para o fragmento apical. ● Achados radiográficos: Nem sempre será possível visualizar a extensão apical da fratura; As radiografias recomendadas para este tipo de trauma são: periapical, com exposições em diferentes angulações; e uma oclusal, a fim de verificar a presença de linhas de fratura na porção radicular. ● Tratamento: Tratamento de Urgência - Como tratamento de urgência, uma estabilização temporária do fragmento coronário com mobilidade pode ser realizada até que um plano de tratamento definitivo seja elaborado; Alternativas de planejamento para tratamento posterior - Remoção do fragmento: Remoção do fragmento coronário e restauração subsequente do remanescente apical, o qual deve estar visualmente exposto acima do nível gengival; Remoção do fragmento e gengivectomia (às vezes, osteotomia): Remoção do fragmento coronário, tratamento endodôntico e restauração com pino e coroa. Esse procedimento deve ser precedido por gengivectomia e, às vezes, por osteotomia com osteoplastia; Extrusão ortodôntica do fragmento apical: Remoção do fragmento coronário com subsequente tratamento endodôntico e extrusão ortodôntica do remanescente radicular, com tamanho suficiente para suportar posterior restauração com pino e coroa; Sepultamento radicular: A colocação de implante pode ser planejada; Extração: Extração com implante imediato ou planejado ou prótese fixa convencional. A extração é inevitável em casos de fraturas corono-radiculares com grave extensão apical. ● Acompanhamento: Exame clínico e radiográfico após 6-8 semanas; Exame clínico e radiográfico após 1 ano; Para dentes com fratura coronária e subluxação concomitante, use o cronograma de acompanhamento da luxação. ● Prognóstico favorável: Ausência de sintomatologia; Resposta pulpar positiva; Em casos de dentes com rizogênese incompleta, deverá ser observada a continuidade do desenvolvimento radicular; Ausência de sintomas nas consultas de acompanhamento. ● Prognóstico desfavorável: Presença de sintomatologia; Resposta pulpar negativa; Sinais clínicos e radiográficos de lesão periapical; Interrupção do desenvolvimento radicular, em casos de dentes com rizogênese incompleta. Nesses casos, deverá ser realizada a terapia endodôntica apropriada, de acordo com o estágio de desenvolvimento radicular. Fratura corono-radicular com exposição pulpar: ● Achados clínicos: Será observada fratura envolvendo esmalte, dentina e cemento com perda de estrutura dentária e exposição pulpar; Mobilidade do fragmento coronário; Dor à percussão. ● Achados radiográficos: Nem sempre será possível visualizar a extensão apical da fratura; As radiografias recomendadas para este tipo de trauma são: periapical e oclusal. ● Tratamento: Tratamento de Urgência - Como tratamento de urgência, pode ser realizada uma estabilização temporária do fragmento com mobilidade nos dentes adjacentes até que um plano de tratamento definitivo seja elaborado; Em dentes com rizogênese incompleta, deve-se preservar a vitalidade pulpar por meio da realização de capeamento pulpar ou pulpotomia parcial. Esse tratamento também é indicado em dentes com rizogênese completa de pacientes jovens. Nesses casos, o tratamento endodôntico também pode ser realizado. Alternativas de planejamento para tratamento posterior - Remoção do fragmento e gengivectomia (às vezes, osteotomia): Remoção do fragmento coronário, tratamento endodôntico e restauração com pino e coroa. Esse procedimento deve ser precedido por gengivectomia e, às vezes, por osteotomia com osteoplastia. Essa opção de tratamento é indicada somente em casos de fraturas corono-radiculares com extensão subgengival para região palatina; Extrusão ortodôntica do fragmento apical: Remoção do fragmento coronário com subsequente tratamento endodôntico, e extrusão ortodôntica do remanescente radicular suficiente para suportar posterior restauração com pino e coroa; Extrusão cirúrgica: Remoção do fragmento coronário com mobilidade e reposicionamento cirúrgico da porção radicular em uma porção mais coronal; Sepultamento radicular: Durante o planejamento de um implante, o fragmento radicular deverá permanecer in situ; Extração: Extração com implante imediato ou planejado, ou prótese fixa convencional. A extração é inevitável em casos de fraturas corono-radiculares com severa extensão apical. ● Acompanhamento: Exame clínico e radiográfico após 6-8 semanas; Exame clínico e radiográfico após 1 ano; Para dentes com fratura coronária e subluxação concomitante, use o cronograma de acompanhamento da luxação. ● Prognóstico favorável: Ausência de sintomatologia; Resposta pulpar positiva; Em casos de dentes com rizogênese incompleta, deverá ser observada a continuidade do desenvolvimento radicular; Ausência de sintomas nas consultas de acompanhamento. ● Prognóstico desfavorável: Presença de sintomatologia; Resposta pulpar negativa; Sinais clínicos e radiográficos de lesão periapical; Interrupção do desenvolvimento radicular em casos de dentes com rizogênese incompleta. Nesses casos, deverá ser realizada a terapia endodôntica apropriada, de acordo com o estágio de desenvolvimento radicular. Fratura radicular: ● Achados clínicos: O fragmento coronário pode estar com mobilidade ou deslocado; O dente pode estar sensível à percussão; Pode ser observado sangramento via sulco gengival; Teste de sensibilidade pulpar pode ser negativo inicialmente, indicando dano neural transitório ou permanente; Recomenda-se o monitoramento da condição pulpar; Pode ocorrer descoloração coronária transitória (avermelhada ou acinzentada). ● Achados radiográficos: A fratura envolve a porção radicular e pode estar em um plano horizontal ou oblíquo; Fraturas horizontais podem ser detectadas por meio de radiografia periapical com o centro do feixe de raios-X incidindo na angulação horizontal perpendicular ao dente em questão. Isso comumenteocorre em casos de fraturas radiculares no terço cervical; Quando o plano de fratura é oblíquo, o que é mais comum no terço apical, uma radiografia oclusal ou radiografias periapicais com variações na angulação horizontal são mais indicadas para mostrar a fratura, incluindo as localizadas no terço médio. ● Tratamento: Reposicionar o fragmento coronário, nos casos em que há deslocamento; Checar a posição radiograficamente; Estabilizar o elemento com contenção flexível por quatro semanas. A contenção flexível, ao permitir um leve movimento do dente, promove uma reorganização e reinserção periodontal mais rápida; Se a fratura for próxima da região cervical, a contenção pode ser mantida por um período maior (até 4 meses); Inicialmente, não requer tratamento endodôntico. Contudo, é recomendado monitorar a vitalidade pulpar por pelo menos 1 ano. Se ocorrer necrose pulpar, o tratamento endodôntico do fragmento coronário até a linha de fratura está indicado para preservar o dente. ● Acompanhamento: Em 4 semanas: remoção de contenção, exame clínico e radiográfico; Em 6-8 semanas: exame clínico e radiográfico; Em 4 meses: remoção de contenção nas fraturas do terço cervical, exame clínico e radiográfico; Em 6 meses: exame clínico e radiográfico; Em 1 ano: exame clínico e radiográfico; Em 5 anos: exame clínico e radiográfico. ● Prognóstico favorável: Resposta pulpar positiva aos testes de sensibilidade (falso negativo é possível até 3 meses).Sinais de reparo entre os fragmentos; Continuidade da ausência de sintomas nas consultas de acompanhamento; Fraturas horizontais ou oblíquas na região apical têm um melhor prognóstico. ● Prognóstico desfavorável: Resposta pulpar positiva aos testes de sensibilidade (falso negativo é possível até 3 meses); Sinais de reparo entre os fragmentos; Continuidade da ausência de sintomas nas consultas de acompanhamento; Fraturas horizontais ou oblíquas na região apical têm um melhor prognóstico. Sempre que houver evidência de reabsorção radicular inflamatória externa (caracterizada pela perda progressiva ou transitória de cemento ou cemento/dentina), a terapia de canal radicular deve ser iniciada imediatamente. O uso de hidróxido de cálcio como medicamento intracanal é preconizado graças a sua ação na área reabsortiva, reduzindo a atividade osteoclástica e estimulando o reparo. Fratura alveolar: ● Achados clínicos: Fratura envolvendo o osso alveolar, podendo se estender ao osso adjacente; Observa-se mobilidade e deslocamento do segmento com vários dentes em movimento ao mesmo tempo; Alteração oclusal em decorrência do desalinhamento do alvéolo fraturado é comumente observada; Testes de sensibilidade podem ou não ser positivos. ● Achados radiográficos: Linhas de fratura podem ser localizadas em qualquer nível, desde o osso marginal até o ápice radicular; Além de radiografias periapicais nas três diferentes angulações e de radiografia oclusal, as radiografias panorâmicas podem ser úteis para determinar o trajeto e a posição das linhas de fratura. ● Tratamento: Reposicionamento de qualquer segmento deslocado seguido de contenção*; Estabilização do segmento por 4 semanas; Sutura de laceração gengival, quando presente. ● Acompanhamento: - Em 4 semanas: remoção de contenção, exame clínico e radiográfico; Em 6-8 semanas: exame clínico e radiográfico; Em 4 meses: exame clínico e radiográfico; Em 6 meses: exame clínico e radiográfico; Em 1 ano: exame clínico e radiográfico; Em 5 anos: exame clínico e radiográfico. ● Prognóstico favorável: Ausência de sintomatologia; Resposta pulpar positiva; Em casos de dentes com rizogênese incompleta, deverá ser observada a continuidade do desenvolvimento radicular; Ausência de sintomas nas consultas de acompanhamento. ● Prognóstico desfavorável: Presença de sintomatologia; Resposta pulpar negativa; Sinais clínicos e radiográficos de lesão periapical; Interrupção do desenvolvimento radicular em casos de dentes com rizogênese incompleta. Nesses casos, deverá ser realizada a terapia endodôntica apropriada, de acordo com o estágio de desenvolvimento radicular. Luxações Concussão: ➔ Achados clínicos: O dente não apresentará deslocamento ou mobilidade; O dente se torna sensível à mastigação e à percussão; Em geral, respondem normalmente ao teste de sensibilidade pulpar térmico ou elétrico. ➔ Achados radiográficos: Ausência de alterações radiográficas. ➔ Tratamento: Nenhum tratamento é necessário. Monitorar a vitalidade pulpar ➔ Acompanhamento: Realizar exame clínico e radiográfico em: 4 semanas, 6-8 semanas, 1 ano ➔ Prognóstico favorável: Ausência de sintomatologia. Resposta pulpar positiva ao teste de sensibilidade. Falso negativo possível por pelo menos 3 meses. Continuidade da formação radicular nos casos de dentes com rizogênese incompleta. Integridade de lâmina dura. ➔ Prognóstico desfavorável: Presença de sintomatologia. Resposta pulpar negativa aos testes de sensibilidade. Falso negativo possível por pelo menos 3 meses. Interrupção da formação radicular nos casos de dentes com rizogênese incompleta e sinais clínicos e radiográficos de lesão periapical. Indicação de terapia endodôntica apropriada, de acordo com o estágio de desenvolvimento radicular. Subluxação ➔ Achados clínicos: O dente apresentará sensibilidade à percussão e mobilidade aumentada, porém sem apresentar deslocamento. Você poderá observar sangramento do sulco gengival. Testes de sensibilidade pulpar podem ser inicialmente negativos, indicando dano pulpar transitório. Monitorar a resposta pulpar até que seja possível estabelecer um diagnóstico definitivo da condição pulpar. ➔ Achados radiográficos: Rotineiramente, alterações radiográficas não são encontradas. ➔ Tratamento: Normalmente, nenhum tratamento é necessário. No entanto, em caso de mobilidade acentuada, uma contenção flexível para estabilizar o elemento dentário e proporcionar conforto ao paciente pode ser indicada por até 2 semanas. ➔ Acompanhamento: Realizar exame clínico e radiográfico em: 2 semanas; 4 semanas; 6-8 semanas; 6 meses; 1 ano; Realizar remoção de contenção em: 2 semanas ➔ Prognóstico favorável: Ausência de sintomatologia. Resposta pulpar positiva aos testes de sensibilidade. Falso negativo possível por pelo menos 3 meses. Continuidade da formação radicular nos casos de dentes com rizogênese incompleta. Integridade de lâmina dura. ➔ Prognóstico desfavorável: Presença de sintomatologia à mastigação, palpação e/ou percussão vertical. Resposta pulpar negativa aos testes de sensibilidade. Falso negativo possível por pelo menos 3 meses. Reabsorção inflamatória externa. Interrupção da formação radicular nos casos de dentes com rizogênese incompleta e sinais de lesão periapical. Indicação de terapia endodôntica apropriada, de acordo com o estágio de desenvolvimento radicular. Luxação extrusiva ➔ Achados clínicos: O dente estará deslocado para fora do alvéolo e apresentará excessiva mobilidade. Tanto o suprimento neurovascular da polpa, como o ligamento periodontal são rompidos. Testes de sensibilidade pulpar normalmente com resposta negativa. ➔ Achados radiográficos: Aumento do espaço do ligamento periodontal apical. ➔ Tratamento: Reposicionar o dente, inserindo-o delicadamente no alvéolo. Estabilizar o dente por 2 semanas usando contenção flexível. O tratamento endodôntico é indicado em dentes com rizogênese completa ou incompleta, nos quais a necrose pulpar ocorre precocemente por rompimento do suprimento neurovascular da polpa ou quando os sinais e sintomas indicarem necrose pulpar. ➔ Acompanhamento: Realizar exame clínico e radiográfico em: 2 semanas; 4 semanas; 6-8 semanas; 6 meses; 1 ano; Anualmente por 5 anos. Realizar remoção de contenção em: 2 semanas ➔ Prognóstico favorável: Ausência de sintomatologia. Sinais clínicos e radiográficos normais ou em processo de reparo. Resposta pulpar positiva aos testes de sensibilidade (resultados falso negativos podem ser observados até 3 meses). Altura do osso marginal deverá corresponder à mesma observada radiograficamente apóso ➔ Prognóstico desfavorável: Sintomas e sinais radiográficos consistentes com lesão periapical. Resposta negativa aos testes de sensibilidade (resultados falso negativos podem ser observados até 3 meses). Se a integridade do osso marginal for perdida, realizar contenção adicional por 3-4 semanas. Reabsorção radicular inflamatória externa. Luxação lateral ➔ Achados clínicos: O dente se encontrará deslocado, geralmente no sentido palatino/lingual ou labial. O dente estará imóvel e apresentará um som metálico à percussão (dente travado no osso), semelhante aos casos de anquilose. Fratura do processo alveolar presente. Testes de sensibilidade pulpar apresentam resultados negativos. ➔ Achados radiográficos:Aumento do espaço do ligamento periodontal é observado em exposições radiográficas oclusais ou periapicais excêntricas. ➔ Tratamento: Reposicionar o dente digitalmente ou com fórceps para deslocá-lo do osso e reposicioná-lo suavemente em seu local de origem. Estabilizar o dente durante 4 semanas, utilizando uma contenção flexível. Monitorar a vitalidade pulpar (rompimento de feixe neurovascular da polpa). Se ocorrer a necrose pulpar, o tratamento endodôntico é indicado para evitar a reabsorção radicular. ➔ Acompanhamento: Realizar exame clínico e radiográfico em: 2 semanas; 4 semanas; 6-8 semanas; 1 ano; Anualmente por 5 anos. Realizar remoção de contenção em: 4 semanas ➔ Prognóstico favorável: Ausência de sintomatologia. Sinais clínicos e radiográficos normais ou em processo de reparo periodontal. Resposta pulpar positiva aos testes de sensibilidade (resultados falso negativos podem ser observados até 3 meses). Altura do osso marginal deverá corresponder à mesma observada radiograficamente após o ➔ Prognóstico desfavorável: Sintomas e sinais radiográficos consistentes com lesão periapical. Resposta negativa aos testes de sensibilidade (resultados falso negativos podem ser observados até 3 meses). Se a integridade do osso marginal for perdida, realizar contenção adicional por 3-4 semanas. Reabsorção radicular inflamatória externa (?) Luxação intrusiva ➔ Achados clínicos: Dente deslocado axialmente em direção ao interior do alvéolo. Dente imóvel e à percussão apresentará um som metálico (dente travado no osso), semelhante aos casos de anquilose. Testes de sensibilidade pulpar com resultados negativos. ➔ Achados radiográficos: O espaço do ligamento periodontal pode estar ausente em parte ou em toda a porção radicular. Junção cemento-esmalte localizada mais apicalmente no dente intruído, em comparação aos dentes adjacentes, às vezes abaixo do nível do osso marginal. ➔ Tratamento: Rizogênese incompleta - Permitir a reerupção sem intervenção. Se nenhum movimento for observado dentro de poucas semanas, iniciar o reposicionamento ortodôntico. Se o dente intruiu mais do que 7mm, reposicionar cirurgicamente ou ortodonticamente. Rizogênese completa - Permitir reerupção em dentes que intruíram menos que 3mm. Sem movimentação após 2-4 semanas: reposicionar com cirurgia ou ortodontia, antes de uma anquilose. Se o dente intruiu mais que 7mm, reposicionar cirurgicamente. A polpa sofrerá necrose em dentes com rizogênese completa. Assim, o tratamento endodôntico com utilização de hidróxido de cálcio é recomendado. ➔ Acompanhamento: Realizar exame clínico e radiográfico em: 2 semanas; 4 semanas; 6-8 semanas; 6 meses; 1 ano; Anualmente por 5 anos. Realizar remoção de contenção em: 4 semanas ➔ Prognóstico favorável: Dente no local adequado ou em reerupção. Lâmina dura intacta. Ausência de sinais de reabsorção. Continuidade da formação radicular, nos casos de dentes com rizogênese incompleta. ➔ Prognóstico desfavorável: Dente anquilosado. Sintomas e sinais radiográficos consistentes com lesão periapical. Reabsorção radicular inflamatória externa ou reabsorção por substituição. Indicação de terapia endodôntica apropriada, de acordo com o estágio de desenvolvimento radicular. Avulsão A avulsão de dentes permanentes é uma das lesões traumáticas dentárias mais graves. Manejo terapêutico imediato realizado na consulta de urgência é fundamental para um prognóstico favorável ao dente. O reimplante é o tratamento de escolha, mas nem sempre poderá ser realizado. Em algumas situações, o reimplante não é indicado, por exemplo: ● Dentes com presença de lesões de cárie profundas ou de doença periodontal; ● Em pacientes que não cooperam com o tratamento ou que apresentam dificuldades em realizar a higiene oral ● Em pacientes portadores de condições sistêmicas graves (como imunossupressão e patologias cardíacas severas). Recomendações imediatas: ● Peça para o paciente encontrar o dente e segurá-lo pela coroa (parte branca), evitando tocar na porção radicular. ● Se o dente estiver sujo, peça para o paciente lavá-lo rapidamente por, no máximo, 10 segundos, em água corrente fria e reposicionar o dente. Tente encorajar o paciente ou seu responsável a reimplantar o dente. Uma vez que o dente foi reimplantado, peça para o paciente morder um lenço para mantê-lo em posição. ● Se isso não for possível, peça ao paciente ou seu responsável para colocar o dente em um copo de leite e levar à Unidade de Saúde da Família (USF). Quando não houver disponibilidade de leite no local, então: (1) o dente poderá ser transportado na boca, mantendo-o nos lábios ou bochechas, caso o paciente esteja consciente ou, (2) se o paciente for muito jovem, é aconselhável orientá-lo a cuspir em um recipiente, onde será colocado o dente. ● Armazenamento em água deve ser evitado! Se no local do acidente, houver acesso a meios especiais de transporte ou armazenamento, por exemplo, em meio de cultura de células e solução balanceada de Hanks, devem ser preferencialmente utilizados. ● Procurar tratamento odontológico de urgência imediatamente. Em casos de avulsão , a escolha do tratamento depende do grau de formação radicular (ápice aberto ou fechado) e da condição de viabilidade das células do ligamento periodontal. É importante avaliar a viabilidade do ligamento periodontal porque a perda de células e o dano ao cemento estão associados à ocorrência de anquilose e reabsorção radicular externa. Dessa forma, não se esqueça de avaliar estes dois fatores antes de realizar o reimplante dentário! ➔ As células do ligamento periodontal estão provavelmente viáveis - Quando o dente foi reimplantado imediatamente ou após um tempo muito curto no local do acidente. ➔ As células do ligamento periodontal podem estar viáveis, mas comprometidas - Quando o dente foi mantido em meio de armazenamento (por exemplo, soro, leite ou saliva) e o tempo extra-alveolar total foi < 60 minutos. ➔ As células do ligamento periodontal não estão viáveis - Quando houver relato de que o tempo extra-alveolar total foi > 60 minutos, independente se o dente foi armazenado ou não em um meio de armazenamento adequado. Após avaliar a condição do ligamento periodontal e da formação radicular, você deverá instituir o tratamento mais apropriado. Conduta em casos de rizogênese completa O reimplante tardio tem um prognóstico desfavorável a longo prazo. O objetivo do reimplante tardio é a manutenção do contorno do osso alveolar, além das razões estéticas, funcionais e psicológicas. No entanto, o prognóstico esperado é de anquilose e reabsorção radicular com eventual perda do elemento dentário. Conduta em casos de rizogênese incompleta Reimplante dentário ➔ Contenção flexível e de curta duração: A contenção deve ser colocada na superfície vestibular do dente para permitir a higiene bucal adequada e o acesso endodôntico. A contenção semirrígida ou flexível é recomendada porque permite o movimento fisiológico dos dentes, já que os estímulos funcionais auxiliam na cicatrização. Além disso, tem sido mostrado que os dentes reimplantados estavam clinicamente firmes após uma semana de contenção, o que indicou uma necessidade de menor tempo de imobilização. O tipo de contenção flexível ideal é aquele feito com resina composta e fio ortodôntico (diâmetro não superior a 0,3-0,4 mm),ou resina composta e fio de nylon. O comprimento do fio influencia a rigidez. ➔ Tratamento endodôntico: Em casos em que há indicação de tratamento endodôntico em dentes com ápice fechado e ligamento periodontal viável, este deve ser iniciado dentro de 7 a 10 dias após o reimplante. O uso do hidróxido de cálcio como medicamento intracanal por até um mês é recomendado com a finalidade de evitar a reabsorção inflamatória externa, seguido pela obturação do canal radicular. Mas, se o dente ficou fora do alvéolo em meio seco por mais de 60 minutos (ligamento periodontal considerado inviável), o tratamento endodôntico pode ser feito extraoral, antes do reimplante. Nos dentes com ápices abertos, que foram reimplantados imediatamente ou mantidos em meio de armazenamento apropriado por um tempo extra-alveolar inferior a 60 minutos, é possível que ocorra a revascularização pulpar. ➔ Prescrição de antibióticos: Não há estudos clínicos que comprovem a necessidade de prescrição de antibióticos em casos de avulsão. No entanto, estudos experimentais mostram um efeito benéfico da utilização de antibióticos sobre o reparo periodontal e pulpar, possivelmente reduzindo a ocorrência de reabsorção radicular. ➔ Prognóstico: Você deve alertar ao paciente ou ao responsável sobre a importância das consultas de acompanhamento nas situações de traumatismos dentoalveolares. Nessas consultas, será observado se os tecidos traumatizados cicatrizaram, ou seja, se o tratamento teve sucesso. Além disso, os pacientes e/ou seus responsáveis devem ser aconselhados a respeito dos cuidados necessários durante o tratamento e a cicatrização. O início imediato do manejo da avulsão na dentição permanente é fundamental, pois o atendimento rápido e a realização das condutas imediatas são cruciais para determinar o sucesso do reimplante dental. É necessário realizar educação em saúde contínua para que o usuário saiba quais condutas deve adotar nos primeiros minutos e quais as principais portas de entrada do Sistema Único de Saúde para esse atendimento. Na avaliação clínica do paciente na unidade de saúde, o cirugião-dentista deve avaliar o grau de formação radicular do dente avulsionado (rizogênese completa ou incompleta), quanto tempo o dente ficou fora do alvéolo e qual foi o meio de conservação utilizado para transportar o dente. Por meio da consideração de todos esses fatores e seguindo as diretrizes de tratamento para dentição permanente avulsionada da Associação Internacional de Traumatologia Dentária (IADT), o profissional deve avaliar a melhor conduta. Para o reimplante dental, o cirurgião-dentista deve escolher qual técnica se aplica melhor ao caso e quais os recursos disponíveis na unidade de saúde, podendo ser realizada contenção semirrígida ou flexível podendo ser realizada a contenção semirrígida ou flexível e o tratamento endodôntico, se for necessário. Além da avaliação clínica e do tratamento odontológico inicial, o cirurgião-dentista também é responsável pelo acompanhamento após o término do tratamento e, para tal, é importante o trabalho multiprofissional na unidade de saúde
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