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1 AV1 – Pneumologia – Prof.ª Raquel – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 22/02/2022 – Aula 4 – Parte 2 Imagens para exercitar... 1 – Radiografia de tórax em PA, sem alteração, de um mulher. 2 – Radiografia de tórax em PA com cardiomegalia. Pedir ecocardiograma para complementar. 3 – Radiografia de tórax em PA com presença de hipotransparencia homogênea em terço médio e inferior do pulmão direito. Hipótese diagnóstica: derrame pleural, atelectasia, pneumonia. Pedir radiografia em Laurell direito. 4 -Área de rerefação, cavitação com nível hidroaéreo em terço superior do pulmão esquerdo. HD: abscesso pulmonar. 5 – Área de cavitação com área de rarefação sem nível hidroaéreo. HD: Tuberculose. Bronquiectasia 2 AV1 – Pneumologia – Prof.ª Raquel – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 6 – Radiografia de tórax em PA com hipertransparência avascular em pulmão esquerdo. HD: pneumotórax. 7 – Radiografia de tórax em PA com hipotransparência homogênea ocupando o terço médio e inferior do pulmão direito. HD: pneumonia. 8 – Raiografia de tórax em PA com hipotransparência heterogênea ocupando o terço inferior do pulmão direito. Bronquiectasia - Definição Dilatação do brônquio de forma permanente e irreversível por destruição dos tecidos musculares e elásticos de sustentação da parede com alteração da mucosa. Temos que ser capazes de determinar a localização, tamanho, extensão da bronquiectasia. A bronquiectasia altera o mecanismo mucociliar e altera a secreção do muco também, o muco começa a se acumular. O lúmen do brônquio fica reduzido por causa do acúmulo de secreção. Isso tudo ocorre pela alteração da mucosa. 3 AV1 – Pneumologia – Prof.ª Raquel – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Figura 1: Pode-se observar a alteração do lúmen brônquico. Dependendo da quantidade de secreção em estase a bronquiectasia pode evoluir para pneumonia, infecções e outras complicações. Podemos escutar falar também do termo pseudobronquiectasia, mas pelo prefixo pseudo- já se tem a ideia que este não se refere à bronquiectasia exatamente. Esse termo se refere a uma alteração do parênquima pulmonar e dos tecidos que constituem o brônquio quando há alguma doença instalada nestes, mas quando a doença é tratada os brônquios retornam as configurações originais, sem alteração e/ou destruição da mucosa, musculo liso e tecido elástico. Assim, pode-se pensar em pseudobronquiectasia em uma pneumonia, por exemplo, mas quando essa patologia é tratada o brônquio retorna ao seu diâmetro original. Círculo ou ciclo vicioso Fisiopatologia presente no paciente com bronquiectasia e com pneumonia de repetição, por exemplo. Paciente nasce com defeito genético (alteração do mecanismo mucociliar, alteração da depuração de muco), o que leva ao aumento de secreção naquele local, permite a seleção de bactéria, há instalação da infecção. Com o processo infeccioso ocorre o desenvolvimento de inflamação crônica com destruição das paredes brônquicas de maneira permanente e irreversível, levando a sua dilatação e bronquiectasia. Esse ciclo representa a fisiopatologia da bronquiectasia, e o paciente pode entrar em qualquer momento do ciclo. Se o paciente permanecer no ciclo e este tornar-se vicioso o paciente irá apresentar alterações irreversíveis e permanentes na estrutura brônquica, desenvolvendo assim a bronquiectasia. Como romper esse cilco vicioso? Hidratação, fisioterapia respiratória, vacinas específicas para a prevenção de infecção. Classificação morfológica A determinação da classificação morfológica atualmente é realizada através da TC. Cilíndrica/fusiforme = brônquios uniformemente dilatados. Cística/sacular = bronquios dilatados somente em determinado ponto de seu diâmetro. Varisoca = dilatação que se alterna com segmentos normais. A morfologia mais grave é a varicosa quando comparada as outras morfologias de mesma extensão. É importante ressaltar que a extensão da bronquiectasia está diretamente relacionada à gravidade do quadro. Processo inflamatório crônico + destruição das paredes brônquicas = dilatação Alteração do mecanismo mucociliar Aumento do muco + seleção de bactérias Infecções 4 AV1 – Pneumologia – Prof.ª Raquel – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Figura 2: Podemos observar que a bronquiectasia cística está acometendo uma extensão maior em comparação as outras imagens de bronquiectasias apresentadas, por isso pode-se considerar que neste caso a bronquiectasia cística teria alto grau de gravidade quando comparada às demais (menor extensão acometida). Localização Lobo inferior esquerdo → dificil drenagem e recuperação mais lenta. Geralmente, porque ele é menos calibroso. Lobo médio e inferior direito → mais comum (alguns autores acreditam...), devido à anatomia do broncofonte direito (mais verticalizado) Difuso → causas sistêmicas e/ou genéticas. Normalmente, o acometimento desse tipo de bronquiectasia é bilateral. Não existe localização mais comum ou preferencial para bronquiectasia. Quadro clínico Tosse produtiva pela manhã (caacterísitica mais comum, mas não está presente em todos os casos), dispnéia (depende do tamanho da bronquiectasia) e hemoptise (pode ocorrer por conta da distorção das arteríolas causadas pela dilatação do brônquio). Vale ressaltar que não são todos os pacientes que vão ter a apresentação do quadro clínico completo. Os achados também podem ser individuais. Quando a tosse pode ser seca?? Na bronquiectasia seca, gerada pela sequela da tuberculose. Causas Infecciosas: sarampo (perguntar em anamnese dirigida porque o paciente não vai lembrar), Klebsiella, estafilococo, pseudomonas, gripe, TB, fungos... As doenças infecciosas grifadas em vermelho são as principais!! Obstrução brônquicas: broncoaspiração (crianças, idosos), neoplasia obstruindo o lúmen brônquico. Síndromes genéticas: Mounier Kunh (paciente nasce com um problema na cartilagem, traqueobronquiomegalia, paciente tem excesso de cartilagem, o que altera o epitélio brônquico gerando a bronquioectasia, bronquios de 1ª a 4ª ordem), Williams Campbell (deficiência de cartilagem de 4ª a 6ª ordem, preservando a traqueia e os bronquios principais), fibrose cística (mucovicidose → deficiência na glândulas exócrina do pâncreas e algumas estruturas do sistema mucociliar – teste do pezinho e teste do suor), deficiência de alfa 1 antitripsina (deficiência de antiprotease que bloqueia a protease, assim o paciente pode desenvolver bronquioectasia pela falta de antiprotease → a protease vai causar destruição descotrolada levando ao quadro), deficiência de Ig (se o paciente já possui deficiência no sistema imune ele está suceptível à processos infecciosos (pseudomonas ou sarampo). Figura 3: Pode-se observar uma dilatação na carina (área de bifurcação da traqueia nos brônquios fonte direito e esquerdo) provocada pela deficiência de cartilagem presente na Síndrome de Mounier Kuhn. Figura 4: Aumento da traqueia em paciente com Mounier Kuhn. Discinesia ciliar (síndrome de Kartagener, paciente que nasce com ictus inverso, bronquiectasia e sinusite crônica, com cílios imóveis ou com funcionamento parcial). → tríade 5 AV1 – Pneumologia – Prof.ª Raquel – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 presente no paciente com discinesia ciliar = pansinusite crônica +bronquiectasia e ictus inverus (dextrocardia). ABPA, sigla que significa aspergilose bronquiopulmonar alérgica, que também tem potencial de causar bronquiectasia. Paciente que, provavelmente, tem asma e que foi infectado pelo aspergillus (fungo), que é um fungo muito difícil de tratar. Paciente que tem asma a resposta dele e começa a fazer bronquioespasmo, aumenta a produçaõ de secreção, e se você não tirar ele da crise, ele com certeza vaiter pneumonia de repetição (entra no ciclo vicioso da fisiopatologia da bronquiectasia). Alterações do sistema imune (disfunções dos glóbulos brancos, alterações auto imunes como a AR). Síndrome de Young (azoospermia obstrutiva) é uma das síndromes de discinesia ciliar – rinossinusite crônica + teste do suor normal + cílios imóveis, porém sem alterações estrturais. Paciente, normalmente, descobre na tentativa de gravidez. Figura 5: Observam-se bolhas que correspondem a dilatações no parênquima, indicativas de bronquiectasias. Também se observa dilatação da traqueia e em brônquios fonte direito e esquerdo. Figura 6: Doenças genéticas tendem a ter alterações bilaterais. Na Figura observa-se TC em corte axial com bronquiectasia nos dois pulmões (doença de Williams Campbell). Diagnóstico Broncografia → não se usa mais!!! Isso é coisa antiga. Radiografia de tórax não confirma diagnóstico de bronquiectasia. TC → PEDIR INDISCUTÍVELMENTE, inclusive para definir a morfologia, extensão e localização. Padrão ouro! Outros: de acordo com a apresentação clínica, testes genéticos, teste do suor (pilocarpina) para fibrose cística (FC). Espirometria (só pede para o paciente que tem dispneia; é a prova para função pulmonar) e gasometria (depende do quadro clínico do paciente, se o paciente tiver mais grave, com saturação de oxigênio menor que 94%). Sempre perguntar ao paciente se ele tem doenças genéticas!!! Se o paciente afirmar que tem doenças genéticas com desdobramentos no sistema respiratório é mandatório o pedido de um radiografia de tórax em PA e perfil, caso não hajam achados no exame de imagem compatóveis com a clínica do paciente é fundamental pedir uma TC para fechar o diagnóstico com tranquilidade. Independente da causa da bronquiectasia o tratamento é o mesmo. Radiografia em favo de mel → para se referir a bronquiectasia em imagem de raio X. TC com imagem de anel sinete = brônquio dilatado + vaso sanguíneo ligado à ele. Figura 7: Observa-se bronquiectasia predominando em apenas um pulmão, sugestivo de causas infeciosas. Caso o acometimento fosse bilateral poderíamos pensar em causas genéticas. Tratamento Objetivo: melhorar os sintomas, reduzir ou evitar a progressão da doença, já que a bronquiectasia é uma doneça irreversível e permanente. O tratamento depende de cada sintoma do paciente. 6 AV1 – Pneumologia – Prof.ª Raquel – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 O paciente pode não sentir nada ou pode ter uma bronquiectasia exuberante. Você conduz o tratamento do paciente conforme os sinais e sintomas de cada paciente. Tratamento é clínico, na maior das vezes. Podemos evitar a progessão da doença evitando que o paciente desenvolva novas infecções. Sabe-se que o paciente com bronquiectasia já tem um ambiente propício e repleto de muco, que é um fator predisponente para o desenvolvimento de pneumonias, podemos pensar no controle de microorganismos no local, com o uso de antibióticoprofilaxia, por exemplo. Antibióticos – tem a função de evitar infecções. “antibióticoprofilaxia” com uso de antibiótico regular: azitromicina em dias alternados, por 6 meses/ vida toda/, dependende do paciente. Lembrar que a azitromicina (macrolídeo) tem um efeito anti-inflamatório importante. Na prova, quando se coloca um quadro de bronquiectasia e o paciente esta apresentando uma exacerbação da bronquiectasia, não quer dizer que o tratamento é antibiótico profilaxia, quer dizer que voce precisa tratar a pneumonia momentaneamente, que geralmente ocorre por infecção. Quem toma a decisão de antibióticoprofilaxia é o pneumologista, não é o clínico. Fisioterapia – “higiene brônquica” Depende muito do paciente, mas essa fisioterapia ajuda na expectoração de muco. Hidratação Quanto mais líquido for oferecido ao paciente mais fluída a secreção de muco vai ficar, ajudando na expectoração. Atenção ao paciente com comorbidades (renal cronico, cardíaco) Broncodilatadores Exacerbação + dispneia = tratar como asma Corticóides Exacerbação + dispneia = tratar como asma Tratamento sintomático para dispneia. Solicita a espirometria, se a espirometria vier alterada deve- se tratar com broncodilatador, podendo, em alguns casos, associar ao corticóide inalatório. Mucolíticos, xantinas (mais raro o uso). Outras coisas que precisam ser pensadas... Vacina contra influenza (vacina anual contra a influenza) e pneumococo (pneumococ 23 e Prevenar 13) → na grande maioria dos paciente tenta-se evitar a infecção pelo uso de vacinas. Cirurgia? Em casos selecionados. Quando o tratamento clínico não é eficaz, deve-se pensar em cirurgia após testes (espirometria, teste de caminhada). Quem faz esse procedimento é o cirurgião torácico. A diferença da bronquiectasia adquirida para a bronquiectasia congênita. - extensão? - acometimento? - bilateral? Tudo pode variar!!! Prestar atenção na clínica e no exame de imagem!
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