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Bronquiolite 1 Bronquiolite Ficha de Atendimento no Pronto Socorro Infantil: Criança de 6 meses do sexo masculino é trazido ao PSI com história de “tosse e chiado no peito há 2 dias”. (quadro agudo) (6 meses = lactente - até 2 anos) (Cuidado com a interpretação do chiado) Refere que no início do quadro há 5 dias o bebê acordou com tosse seca, coriza hialina, febre medida de 37,8°C. Foi medicada com antitérmico, rinosoro e inalação com soro fisiológico. Há 2 dias, porém o problema se agravou com aparecimento de picos febris de 38°C, tosse produtiva, cansaço e chiado no peito. Refere que é a primeira vez que a criança “chia”. (chiado = sibilância —> confirmar no exame físico!!!) (Tosse e chiado —> IVAS que evoluiu para IVAI) Não está se alimentando bem e encontra se irritado. Nega outras queixas. Parece que é um resfriado, de modo que seja um quadro de IVAS. Há um perigo nesse quadro, que é a criança não estar comendo nada. Esse é um quadro clínico padrão de bronquiolite. Inicialmente era um resfriado simples, de vias aéreas superiores, depois agravou e foi pra vias aéreas inferiores. Antecedentes Pessoais: Nascido de Parto normal a termo, com P= 3,5 Kg, sem intercorrências. Nega patologias até o momento. Nega tabagismo domiciliar. Recebe leite materno. Exame Físico: Regular Estado Geral, desidratado, acianótico, taquidispneico com FR = 64 rpm (respiração acelerada) taquicardíaco com FC = 130 bpm; T axilar = 36,5°C. Com tiragem de fúrcula, subdiafragmática e intercostal (demonstra dificuldade para respirar) Ausculta Cardíaca: BRNF S/S (bulha rítmicas normofonéticas sem sopro) Ausculta Pulmonar: MV (passagem do ar da via aérea para os pulmões - É NORMAL!) presente bilateralmente com sibilos expiratórios (vc ausculta na fase Bronquiolite 2 EXPIRATÓRIA) e estertores difusos (demonstra que pulmão está com secreção) Há presença de sibilos porque acomete vias aéreas inferiores, principalmente brônquios e bronquíolos. Abdome: globoso, sem visceromegalias, indolor FR normal para 6 meses= 25-45 rpm FC normal para 6 meses= 80-120 bpm O paciente encontra-se desidratado porque não está se alimentando, porque está suando por conta da febre (ou seja, febre contribui para a desidratação). Essa desidratação resseca o muco dificultando sua saída. Insuficiência respiratória: tempo expiratório maior que o inspiratório (visto na inspeção dinâmica), o que revela uma dificuldade do ar sair. Possível de ver tiragens (visto na inspeção estática) Ronco ocorre devido à secreção nas vias aéreas superiores (brônquios), podendo se modificar na tosse. Estertores Subcrepitantes (barulho de fricção de cabelo), estão relacionados às vias aéreas inferiores (bronquíolos e alvéolos) EXAMES DOS PULMÕES INSPEÇÃO Inspeção estática - não leva em conta a respiração Inspeção dinâmica do tórax - leva em conta a respiração Relação entre tempo inspiratório/tempo expiratório —> nesse caso, há um tempo muito maior de expiração do que de inspiração Obstrução de vias aéreas baixas geralmente é tempo maior de expiração Obstrução de vias aéreas altas geralmente é tempo maior de inspiração Presença de tiragens: depressão dos espaços intercostais à inspiração (é quando a musculatura não acompanha o aumento da caixa torácica; é um sinal de deficiência respiratória importante) Inspeção do pescoço: uso da musculatura acessória - tiragens Bronquiolite 3 Ouvir Gemido Ver Batimento de asas do nariz Tiragem intercostal Retração esternal Sincronização AUSCULTA PULMONAR Murmúrio vesicular Sons pulmonares adventícios Descontínuos Estertores crepitantes (som do cabelo) ou finos Estertores grossos ou bolhosos (secreção - pode mudar com a tosse, a secreção muda de lugar) Contínuos Sibilos (sons agudos, mais expiratórios) Os sibilos nunca diminuem (asma) som de baleia Roncos (brônquio/traqueia) Os roncos podem diminuir com a tosse/fisioterapia.... Ausculta da voz Difícil em criança Sibilos nessa faixa etária (menores de 2 anos) é patognomônico para a bronquiolite (pulmão em formação). Bronquiolite 4 Adulto não tem bronquiolite!!!! Introdução Inicia com quadro de IVAS e evolui para sibilância. (quadro agudo de obstrução de vias aéreas inferiores) Primeiro evento de sibilancia associado a uma infecção por vírus em crianças menores de 2 anos. é a mais frequente causa de sibilo em lactentes Quadro agudo de obstrução de vias aérea inferiores É uma das mais frequentes afecções do aparelho respiratório em lactentes Acometimento respiratório variável, podendo ser de grau leve/moderado/grave (a grande maioria possui leve) É uma das principais causas de internação de lactentes < 2 anos Mais prevalente no sexo masculino Crianças não amamentadas tem mais chances de desenvolver Maior gravidade: prematuros, broncodisplásicos, cardiopatas, imunodeprimidos e em crianças com contato com fumantes Epidemiologia Pico de incidência dos primeiros 6 meses de vida Outono/ Inverno (maio/ junho - SP) 0,5 a 2% dos infectados pelo vírus sincicial respiratório necessitam de internação (hígidos). Desses cerca de 1% tem indicação de UTI É um vírus muito contagioso/epidemias. Etiologia Bronquiolite 5 É causada por vírus. > 50% dos casos causado por vírus sincicial respiratório (VSR). Outros vírus: Metapneumovírus Parainfluenza Bocavírus Adenovírus Influenza Rinovírus (2o mais frequente) Coinfecção: VSR + rinovírus Mycoplasma Pneumoniae OBS: também pode ocorrer coinfecção entre o metapneumovírus e o VSR. Patogênese Vírus Sincial Respiratório: Contato com Secreções Respiratórias Via Respiratória Superior e Inferior Necrose e proliferação do epitélio bronquiolar processo inflamatório/edema/muco Obstrução dos Bronquíolos e Alvéolos Sibilos/estertores subcrepitantes/taquidispneia Raio-X hiper insuflação/atelectasia (obstrução total da passagem de ar, evolução da hiperinsuflação) normalmente não se pede RX, só nos casos de muita duvida Diagnóstico —> clínico e epidemiológico Bronquiolite dá margem maior para desenvolver asma, principalmente as mais graves e que a causa foi VSR Bronquiolite 6 Resumo da Patogênese Como pega? Contato direto com secreções respiratórias com VSR através da mucosa nasal e conjuntiva Período de Incubação 3/4 a 5 dias Replicação Replicação na nasofaringe Disseminação Disseminação para trato respiratório superior e inferior Sinais/Sintomas Inicialmente coriza 1 a 3 dias após o acometimento do pulmão Quadro Clínico Início como um Resfriado Comum: espirros, coriza e tosse Após 48 a 72 horas, piora com taquidispnéia e sibilância - vai das vias aéreas superiores para as inferiores em 3 dias Menores de 2 anos Febre pode estar presente Vômitos após tosse Dificuldade para alimentação Exame Físico: Taquipneia, tiragem, sibilância, crepitações e tempo expiratório prolongado. Cianose pode estar presente. Lactentes Jovens: apneia (crises causadas pela doença)- pode ser sinal de bronquiolite mas não é única patologia que causa Fatores de Risco para Maior Gravidade: prematuridade, doença pulmonar (broncodisplasia), cardiopatias e baixa idade Bronquiolite 7 História Inicialmente quadro de IVAS: rinorréia transparente e espirros Pode haver febre Evolução para tosse/sibilos /cansaço (1-3 dias) Diminuição do apetite Apneia: < 2 meses ou prematuros (centro respiratório não está desenvolvido) Exame Físico Ausculta pulmonar com sibilos difusos e/ou estertores finos Se não tiver murmúrio --> atelectasia grave Expiração prolongada Taquipnéia/taquidispnéia Batimento de asa de nariz Tiragem Cianose em casos mais graves Avaliar hidratação Complicações Pacientes hospitalizados Atelectasia Pneumotórax Raro! Diagnóstico O DIAGNÓSTICO É BASEADO EM DADOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS!! Bronquiolite 8 Pródomos de IVAS seguido de sibilância associado a infecção viral em crianças de 2 anos. (primeira crise de sibilância) Se o lactente já teve bronquiolite e depois ocorre mais crises de sibilânciao bebê pode ser um lactente sibilante e posteriormente pode desenvolver asma. A doença é autolimitada na maioria dos casos. RX: somente em pacientes que necessitem de internação: encontra-se hiperinsuflação (com arcos costais mais retinhos/atalectasias/ pneumotórax). Não pedir como rotina Hemograma: padrão inespecífico de uma infecção viral Diagnóstico Etiológico: pesquisa de vírus para dados epidemiológicos (Não há sinais clínicos que discriminem claramente a bronquiolite da pneumonia viral. Às vezes, o diagnóstico clínico-radiográfico pode mostrar sinais digestivos de bronquiolite e, simultaneamente, consolidações mais densas, que obrigam considerar em complicações bacterianas da bronquiolite) Apesar de não ser habitual, o aspirado de nasofaringe, o swab nasal e o lavado nasal possibilitam a obtenção de amostras adequadas para a detecção viral. Secreção de Nasofaringe Imunofluorescência Indireta: VSR, adeno, infl A e B, parainfl 1, 2 e 3; resultado em aproximadamente 4 horas Teste Rápido (15 min) Detecção qualitativa do Antígeno VSR. Sensibilidade: 90% e Especificidade: 98,8% rt- PCR: Maior sensibilidade, caro Cultura para VSR� meios Hela, hep 2, nhci Cultivo lento Bronquiolite 9 Tratamento Casos Leves Tratamento Domiciliar: sintomático Hidratação e fluidificação das secreções respiratórias Casos Moderados a Graves (graves internados) Hospitalização Medidas de Suporte: hidratação e oxigênio (saturação entre 92 a 94%) Critérios para Internação Dificuldade para se alimentar Desidratação Dificuldade Respiratória: Batimento de asa de nariz Retração intercostal FR ≥ 70 por minuto Crises de apnéia Hipoxemia: saturação de O2 < 95% em ar ambiente Broncodilatadores: não usar de rotina. Teste terapêutico� avaliar depois de 1 hora. Corticoide: não está indicado (pois pode agravar o caso - baixa imunidade!!) Inalação com NaCl 3%: teste terapêutico. Tratamento de Suporte Oferecer oxigênio para manter a saturação de O2 ≥ 92% Garantir hidratação adequada (primordial� fluidificar secreção; melhorar sistema imunológico) Bronquiolite 10 Fisioterapia respiratória não está indicada de rotina, exceto para atelectasia Aspiração nasal Prevenção Evitar contato com pessoas com doença aguda do trato respiratório superior. Evitar exposição passiva ao fumo. Lavagem constante da mão. Imunização Ativa: Influenza Imunização Passiva