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Soren Kierkegaard: Vida e Pensamento

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SOREN Kierkegaard
"Algum dia até, não somente os meus escritos, mas a minha vida e todo o complicado segredo do seu mecanismo serão minuciosamente estudados."
Isso foi o que Kierkegaard disse de si mesmo. E a profecia tornou-se verdadeira com o existencialismo contemporâneo, que se propôs explicitamente como uma Kierkegaard - Renaissance, trazendo novamente ao primeiro plano, no palco da filosofia, o pensamento daquele filósofo solitário que foi Soren Aabye Kierkegaard, nascido e crescido no restrito ambiente cultural da Dinamarca.
Kierkegaard veio ao mundo em 5 de maio de 1813, em Copenhagem. Seu pai, comerciante, desposara em segunda núpcias sua própria doméstica. Ao contrário do primeiro casamento, que fora infértil, o segundo foi fecundo de nada menos que sete filhos. 
Soren Kierkegaard foi o último dos sete filhos, tendo nascido quando o pai já tinha ciquenta e seis anos e a mãe quarenta e quatro. Por isso, ele se definiu "filho da velhice". Somente Pedro, que depois tornou-se bispo luterano, lhe sobreviveu.
Em sua família, sobretudo no pai, Kierkegaard viu a marca de trágico destino misterioso. Falando de obscura culpa do pai, ele afirma que a revelação dessa culpa constituiu para ele o "grande terremoto" de sua vida. 
Talvez a culpa secreta do pai tenha sido a "maldição" que lançara, quando menino, contra Deus e que ainda não esquecera com a idade de oitenta e dois anos. Ou então o "pecado com Betsabéia", cometido com a doméstica poucos meses depois da morte da primeira mulher. Seja como for, a imprevista revelação da culpa do pai representaria para Kiekegaard uma lâmpada no escuro, que lhe permitiria a compreensão profunda do mistério de sua vida.
Escreveu ele: 
"Foi então que tive a suspeita de que a avançada idade do meu pai não fosse uma bênção divina, mas muito mais uma maldição, e que os eminentes dons de inteligência de nossa família nos houvessem sido dados só para que se extirpassem um ao outro. Então senti o silência da morte crescer em torno de mim: meu pai apareceu-me como condenado a sobrevivier a todos nós, como cruz funérea plantada sobre o túmulo de todas as suas próprias esperanças. Alguma culpa devia pesar sobre a família inteira, pois um castigo de Deus pendia sobre ela: ela devia desaparecer, derrubada ao solo pela divina onipotência, cancelada como tentativa malograda(..)"
A relação de Kierkegaard com o pai e com a família é uma "cruz", uma dolorosa relação religiosa vivida sob a marca do castigo de Deus. É relação voltada para algo de culpado e pecaminoso, que impediu-o de casar com Regina Olsen ou de tornar-se pastor. 
Sua relação com Regina foi a sua "grande relação". E, no entanto, ele não conseguiu concluir o noivado: "Pedi uma conversa com ela, que aconteceu na tarde de 10 de setembro. Não disse uma palavra sequer para iludi-la: Mas, no dia seguinte, no meu íntimo, vi que me tinha enganado. Um penitente como eu, com a minha vida ante acta e a minha melancolia... já devia ser o bastante. Naquele momento, sofri penas indescritíveis(...). O rompimento definitivo ocorreu cerca de dois meses depois. Ela se desesperou(...)"
Na opinião de Kierkegaard, um penitente, alguém que abraçou o ideal cristão da vida, com toda aquela tremenda seriedade que o cristianismo comporta, não pode viver a tranquila existência de homem casado. Ele não pode aceitar o compromisso mundano e a gratificante inserção na ordem constituída. Regina não poderia tornar-se sua esposa "porque Deus tinha a precedência". 
Kierkegaard contribuiu com a idéia original do existencialismo de que não existe qualquer predeterminação com respeito ao homem, e que esta indeterminação e liberdade levam o homem a uma permanente angústia.
Segundo Kierkegaard, o homem tem diante de si várias opções possíveis, é inteiramente livre, não se conforma a um predeterminismo lógico. A verdade não é encontrada através do raciocínio lógico, mas segundo a paixão que é colocada na afirmação e sustentação dos fatos: a verdade é subjetividade. A conseqüência de ser a verdade subjetiva é que a liberdade torna-se ilimitada. Consequentemente não se pode, também, fazer qualquer afirmativa sobre o homem. 
O pensamento fundamental de Kierkegaard, e que veio a se constituir em linha mestra do Existencialismo, é este: inexiste um projeto básico, para o homem verdadeiro, uma essência definidora do homem porque cada um se define a si mesmo e assim é uma verdade para si. Qualquer projeto para o homem representaria uma limitação à sua liberdade, e que esta liberdade é, portanto, incompatível com a malha lógica em que caem todos os fatos e também as ações humanas, e mais ainda que a liberdade gera no homem profunda insegurança, medo e angústia. Não existe uma essência definidora do homem. Nenhum projeto básico. 
Esse pensamento de Kierkegaard foi mais tarde traduzido por Sartre na frase "no homem, a existência precede a essência".
Sua crença na necessidade de que cada indivíduo faça uma escolha consciente e responsável tornou-se outro pilar do movimento existencialista.
No caminho da vida há várias direções, vários tipos de vida a escolher, dentro de três escolhas fundamentais: o modo de vida estético, do indivíduo que não busca senão gozar a vida em cada momento; o modo ético, do indivíduo que é maquinalmente correto com a família e devotado ao trabalho, e o modo religioso dentro de uma consciência de fé.
A liberdade, segundo ele, gera no homem a angústia que pode levá-lo, de várias formas, ao desespero. Então, cada decisão é um risco, o que deixa a pessoa mergulhada na incerteza, pressionada por uma decisão que se torna angustiante. Como no modo de vida estético, ele escolhe fugir dessa angústia e do desespero. Outra forma de fuga é ignorar o próprio eu, tornar-se um autômato, apegar-se a um papel, como no modo de vída ético.
Existencialismo. Ao pensador objetivo, Kierkegaard opõe o indivíduo único, subjetivo. A verdade repousa na subjetividade, e, assim como a verdade, a verdadeira existência é alcançada por meio da intensidade dos sentimentos. Logo, a realidade de que temos mais conhecimento é a nossa própria realidade, a única que interessa de fato (realidade singular concreta)  “A subjetividade é a verdade, a subjetividade é a realidade”  o universal não passa de mera abstração do singular
Sem paixão não há movimento para o pensador. Existir, em contraste com simplesmente ser, envolve um relacionamento infinito consigo mesmo e uma ligação apaixonada com a vida. Nós não encontramos a verdade por via de uma "objetividade" destacada mas através de um profundo engajamento com o mundo. 
Assim, por simplesmente aprender as coisas "objetivamente", nos esquecemos o que é existir. O indivíduo realmente existente (a) está em uma relação infinita consigo mesmo e tem um interesse infinito em si e no seu destino; (b) Sempre sente a si mesmo em um "vir a ser", com uma tarefa diante de si; e (c) Está apaixonado, inspirado com um pensamento apaixonado. Ele chama a isto "paixão de liberdade". Com este pensamento Kierkegaard abre as portas do Existencialismo.
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