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Doenças tubulointerstiçiais Principal função túbulo-intersticial: reabsorção. DOENÇAS TÚBULO-INTERSTICIAIS = EAS rico (he- matúria não dismórfica, proteinúria não nefrótica, piúria). A perda desproporcional da função tubular (reabsorção) em comparação com a função glomeru- lar (filtração) deve levar à suspeita diagnóstica de doença tubulointersticial. NECROSE TUBULAR AGUDA É a segunda causa mais comum de IRA em paci- entes hospitalizados, perdendo para a IRA pré-renal. Em termos histopatológicos, é definida pela perda do epitélio tubular em diversos pontos do parênquima renal, principalmente no TCP e na parte ascendente espessa da alça de Henle, que possuem a maior taxa metabólica. O plug de células mortas impede a des- cida do filtrado glomerular → IRA oligúrica. Como as células tubulares morrem, a função reabsortiva é perdida. Lesão: ↓ reabsorção + ↓ queda filtração = IRA oligúrica. COMO A NTA CAUSA QUEDA NA TFG? 1. Queda na reabsorção de NaCl no TCP lesado au- menta o aporte de cloreto à mácula densa (néfron distal), o que induz a vasoconstricção da artériola aferente. 2. Plugs obstrutivos dificultam o escoamento do fluido tubular. 3. Desnudamento tubular permite esvaziamento do lúmen para o interstício, retornando parte das escó- rias filtradas ao plasma. Causas ISQUÊMICA: choque, contraste iodado, SIRS. TÓXICA: droga (anfotericina B, amicacina), mioglobi- na (rabdomiólise, esmagamento muscular, queimadu- ra elétrica), contraste iodado, hemoglobinúria, aci- dente botrópico. • Aminoglicosídeos: geralmente a partir da 2a se- mana de uso. O risco é maior se hipovolemia. A to- xicidade é preferencialmente no TCP, levando à prejuízo na reabsorção de sódio → hipocalemia em troca do Na reabsorvido no néfron distal. A porção ascendente espessa da alça de Henle é a segunda mais afetada, causando perda urinária de magnésio → hipomagnesemia. • Anfotericina B: quase inevitável quando a dose cumulativa ultrapassa 1 g. Faz hipocalemia, hipo- magnesemia, diabetes insipidus nefrogênico e aci- dose tubular renal tipo I. • Aciclovir: formação de cristais intratubulares de aciclovir. • Indinavir: também forma cristais. • Pentamidina. • Cirurgia cardíaca (CEC). Choque: vasoconstrição periférica leva à hipoperfu- são renal (a partir de uma PAM < 80 mmHg), levando a uma IRA pré-renal. Se a hipoperfusão for grave ou prolongada (> 60 minutos), a NTA pode surgir. Sepse e SIRS: aumento da produção de NO promove vasodilatação generalizada, reduzindo a resistência vascular periférica e levando ao choque séptico. A isquemia renal é consequência de uma vasoconstri- ção renal + vasodilatação sistêmica. A vasoconstrição ocorre porque há lesão do endotélio dos vasos intrar- renais, que bloqueia a síntese de NO e aumenta a de fatores vasoconstritores (endotelina, TxA2). NTA no pós-OP: depleção volêmica, agentes anesté- sicos, hemotransfusão maciça. • + comum na Cx cardíaca, na ressecção de aneu- risma de aorta abdominal e na Cx hepatobiliar. • Cirurgia cardíaca: o principal vilão é a circulação extracorpórea (maior risco se > 2h) – faz SIRS. • Ressecção de aneurisma de aorta abdominal: quando se clampeia a aorta antes da origem das artérias renais. • Cx hepatobiliar: por endotoxinemia (sais biliares degradam a endotoxina dos gram – entéricos). COMO DIFERENCIAR IRA PRÉ-RENAL DE NTA Pré-renal X NTA isquêmica (túbulo reabsorve) X (túbulo não reabsorve) (urina concentrada) X (urina diluída) Pré-renal NTA Naur Baixo (< 20) Alto (> 40) FEna Baixo (< 1%) Alto (> 1%) Osmur Alta (> 500) Baixa (< 350) Relação Ur/Cr Alta (> 40) Baixa (< 20) Cilindros Hialinos Epiteliais A fração excretória de ureia deve ser usada no lugar da FENa em pacientes que fizeram uso recente de diuréticos (natremia). Por exemplo, um paciente com IRA pré-renal por diurético tiazídico terá uma FENa elevada, sugestiva de NTA. Na NTA, é > 50% e na IRAPR é < 35%. Tratamento Não há tratamento específico comprovadamente eficaz contra a NRA. O mais importante é a preven- Maria Eduarda CILINDROS GRANULOSOS E PIGMENTARES Maria Eduarda Excreção de sódio urinária baixa. Maria Eduarda Principais fatores de risco: hipovolemia, DRC, DM, ICC e mieloma múltiplo. Maria Eduarda Costuma se apresentar como IRA não oligúrica Maria Eduarda Administração em dose única diária se relaciona a uma menor toxicidade renal. Maria Eduarda Somente a pré-renal responde imediatamente à prova de volume (bolus 1000 mL). Maria Eduarda Ureia aumenta porque na reabsorção aumentada de sódio e água acaba vindo ureia junto. ção e a suspensão de medicamentos nefrotóxicos. Se o paciente apresentar sinais urêmicos (encefalopatia, sangramento, pericardite, EAP, acidose metabólica, hipertensão grave, hipercalemia), a diálise passa a ser mandatória. • Suporte: recupera em 7-21 dias. • Ideal = prevenção. • Contraste hiposmolar é o menos lesivo ao rim. • Rabdomiólise: hidratação. Manitol e HCO3 não pos- suem evidência. • Letalidade de 80%. Nas fases iniciais (primeiras 48h), o uso de furo- semida pode aumentar o débito urinário, transfor- mando uma IRA oligúrica em não oligúrica. Em teoria, poupa energia das células na porção ascendente espessa da alça de Henle ao inibir a reabsorção trípli- ce Na/K/2Cl e melhora o fluxo tubular distal, lavando plugs obstrutivos. Estudos clínicos não mostram bene- fício em relação à sobrevida. Prevenção – pessoas com mais risco de nefropatia por contraste (diabéticos, por exemplo): • Contraste hiposmolar ou isosmolar (quanto maior a osmolaridade, maior o risco de agressão tubular). • Hidratação: acelera o fluxo tubular e minimiza o tempo de contato com o agente tóxico. • Acetilcisteína e HCO3 não possuem tanta evidência. Rabdomiólise Síndrome causada por necrose da musculatura esquelética. É responsável por 5-10% dos casos de NTA. O trauma por esmagamento e a intoxicação alcoólica são as causas mais comuns de rabdomiólise. ESTATINAS: causam rabdomiólise em < 0.1% em geral após semanas ou meses do início da terapia. O uso de fibrato junto aumenta a chance para 6%. Se ne- cessário, preferir associar com fenofibrato do que com gemfibrozil. Outras drogas que devem ser evita- das são a ciclosporina, eritromicina, itraconazol e inibidores da protease. Recomenda-se a suspensão das estatinas caso a CPK ultrapasse 10x o LSN. QUADRO CLÍNICO: mialgia generalizada, fraqueza muscular, elevação de enzimas musculares e mioglobinúria. Pode ocorrrer febre, náuseas, vômitos, mal-estar, coloração púrpura da pele nas áreas de mioedema. • CPK elevada, hiperK+, hiperfosfatemia, hipocalce- mia, hiperuricemia, acidose metabólica com AG elevado (ácido lático e ácido úrico), mioglobinúria. COMPLICAÇÕES: Precoces: hipercalemia, hiperfosfatemia, hipocalce- mia, disfunção hepática, acidose metabólica. Tardias: IRA aguda (após 24-48h), CIVD, síndrome compartimental. Tardio: hipercalcemia de rebote. DIAGNÓSTICO: mioglobinúria, biópsia muscular. Maria Eduarda Não muda desfechos primários importantes Maria Eduarda Sempre que estivermos diante de uma análise da urina que mostra fita reagente positiva para sangue, porém com o sedimento sem hemácias, devemos pensar na possibilidade de rabdomiólise. Maria Eduarda Efeitos da mioglobina: vasoconstrição, lesão celular direta e obstrução. São potencializados com o pH ácido. Maria Eduarda Dosagem sérica de mioglobina é pouco sensível!!!!!!! Maria Eduarda Por precipitação de fosfato de cálcio no músculo lesado. Maria Eduarda Quando houver suspeita de miopatia metabólica hereditária. TRATAMENTO: vigorosa hidratação com salina isotô- nica nas primeiras 24-48h, adicionando bicarbonato e manitol depois. O manitol mantém um alto fluxo tubular, para lavar a mioglobina e reduz o edema tubular. Pode haver hipercalcemia de rebote.Síndrome da lise tumoral A rápida destruição de células neoplásicas duran- te um tratamento de neoplasias malignas agressivas lança na corrente sanguínea uma grande quantidade de ácido úrico, fosfato e potássio. Costuma se mani- festar dentro de 7 dias após o início da Qt. Cristais de ácido úrico e/ou fosfato de cálcio podem se formar no sistema, causando IRA oligúrica. PREVENÇÃO: alopurinol e rasburicase nos pacientes de alto risco, além de hidratação. NECROSE CORTICAL AGUDA Fruto de uma injúria renal gravíssima, em geral em contexto de sepse e complicações obstétricas. É bem mais rara. O mecanismo fisiopatológico parece envolver uma lesão endotelial extrema acompanhada de vasoconstrição e trombose na musculatura renal, com posterior destruição da citoarquitetura vascular. • Complicações obstétricas causadoras: DPP, pla- centa prévia, embolia amniótica, síndrome HELLP, aborto séptico. QUADRO CLÍNICO: anúria, hematúria e lombalgia. USG: hipoecogenicidade no córtex. TC: hipodensidade. Passados 1 a 2 meses, ambos os exames mostram calcifi- cação cortical distrófica. Tem prognóstico ruim, com evolução para falên- cia renal crônica e dependência de diálise ou trans- plante. Tratamento suportivo. NEFRITE INTERSTICIAL AGUDA Caracteriza-se por um infiltrado inflamatório mononuclear em todo o interstício renal, sobretudo no córtex. Ocorre um importante edema intersticial. Leucócitos começam a invadir o espaço renal, infla- mando o interstício. Ocorre compressão tubular pelo edema = oligúria + febre + rash. Etiologias A principal causa é alergia medicamentosa (be- ta-lactâmico, sulfa, AINES, rifampicina). Quadro clínico A apresentação clínica típica é a súbita instala- ção de IRA. O paciente pode ser previamente assin- tomático. Também é comum a ocorrência de dor lombar (distensão da cápsula renal pelo edema). Na maioria dos casos, o padrão é oligúrico, por- que há compressão tubular pelo edema. Pode ocorrer hematúria não dismórfica e proteinúria subnefrótica. • Eosinofilúria, eosinofilia e aumento de IgE. • Proteinúria subnefrótica e hematúria ñ dismórfica. • Cilindros leucocitários. • Rash urticariforme. • Artrite e serosite no LES. Maria Eduarda Visando uma diurese de 200 mL/h Maria Eduarda Maior risco: linfoma de Burkitt e LLA. Maria Eduarda Bicarbonato só se houver acidose Maria Eduarda AINES fazem NIA com síndrome nefrótica Maria Eduarda Sem relação entre a dose administrada e o desenvolvimento da lesão renal. Maria Eduarda Para identificar, coloração de Hansel. USG: hiperecogenicidade do córtex renal e discreto aumento do tamanho renal. Suspeitar de NIA em todo paciente com IRA de ori- gem obscura que apresente rins de tamanho normal ou aumentado, onde se possa demonstrar na USG um aumento da ecogenicidade central. Padrão ouro de Dx: biópsia. Em geral, não se faz. NIA FARMACO-INDUZIDA: tipo mais comum, cursa com febre, rash cutâneo, eosinofilia, hematúria não dismórfica, oligúria, piúria (Eosinofilúria) e aumento de IgE sérica. • Em geral 2 semanas após início da terapia. NIA ASSOCIADA ÀS INFECÇÕES: pielonefrite bacte- riana é uma causa clássica. NIA ASSOCIADA ÀS DOENÇAS SISTÊMICAS: LES, granulomatose de Wegener, sarcoidose, rejeição de transplante renal. Tratamento Eliminar a causa. Corticoide pode ser feito nos casos refratários (sem melhora em 3-7 dias). Se não houver resposta ao corticoide, ciclofosfamida. NEFROPATIAS TUBULOINTERST. CRÔNICAS O grupo é caracterizado pela fibrose do interstí- cio renal, com atrofia e perda dos túbulos. Pode resul- tar da persistência ou progressão das várias formas de NIA ou mesmo desenvolver-se sem uma fase pre- cedente identificável de lesão aguda. A obstrução crônica das vias urinárias é a princi- pal etiologia de NIC. Também pode ocorrer por anal- gésicos (++ fenacetina) e por chumbo. Os pacientes que desenvolvem NIC ou se apre- sentam com sinais e sintomas que refletem a perda das funções tubulares (acidose tubular renal, poliúria) ou então abrem o quadro em azotemia. O desenvolvimento de anemia (normo/normo) costuma ser precoce, pela destruição das células tubulares, responsáveis pela produção de eritropoie- tina. A acidose metabólica pode se instalar já na fase inicial por perda da capacidade de produzir amônia. Pode ocorrer poliúria porque o néfron distal perde a capacidade de concentrar a urina. A hipertensão arterial é encontrada em metade dos casos. O EAS pode mostrar hematúria não dismórfica, proteinúria subnefrótica e piúria. NEFROPATIA ANALGÉSICA: uso prolongado em larga escala de combinações de analgésicos, em especial fenacetina + AAS, resulta em uma nefrite intersticial crônica que frequentemente é acompanhada de ne- crose de papila. Só está bem estabelecida para o uso de misturas de fenacetina com outras drogas, porque as outras drogas potencializam a fenacetina. NECROSE DE PAPILA RENAL Se necrosar a papila, ela acaba se desprendendo da estrutura tubular. Ela cai no trato urinário e fica ali como um corpo sólido, no meio da urina. A manifesta- ção clínica lembra a de um cálculo renal. • A papila é a última parte perfundida. Causas Pielonefrite: 65 a 100% dos casos. Maria Eduarda Cintilografia com gálio tb. Maria Eduarda É precoce, diferente da DRC, porque há uma desproporção na agressão ao TCP. Maria Eduarda Amônia é fundamental para eliminar H+ liberado diretamente no metabolismo corpóreo. Hemoglobinopatia S (anemia falciforme). Obstrução urinária. Diabetes. Analgésico (abuso). Após a necrose, a papila lesada tem três cami- nhos a seguir: (1) descamar e ser eliminada na urina; (2) permanecer no local e ser reabsorvida, deixando uma cavidade em seu lugar; (3) permanecer no local e sofrer calcificação, servindo de nicho para o desen- volvimento de nefrolitíase. Quadro clínico Dor lombar do tipo cólica renal. Hematúria. Febre. Disúria. Retenção azotêmica se IRA clinicamente manifesta. Eventualmente o paciente elimina na urina o tecido papilar necrótico. Leucocitose. Proteinúria. Há 3 formas evolutivas na NP: 1. Desenvolver um curso fulminante, com necrose di- fusa bilateral, septicemia e IRA. 2. Assumir um curso insidioso, experimentando episó- dios sintomáticos recorrentes, de intensidade variá- vel, por meses ou anos. 3. Desenvolver necrose de papila assintomática. Diagnóstico Urografia excretora: sombras em anel (ring sha- dows). Tratamento Eliminar a causa ou os fatores contribuintes. Casos refratários podem necessitar de nefrectomia de urgência. Tratar infecção do trato urinário: é o fator que mais influencia no prognóstico da insuficiência renal. DISTÚRBIOS TUBULARES ESPECÍFICOS Distúrbio do túbulo proximal O túbulo proximal reabsorve muitos solutos (2/3), com destaque para glicose, ácido úrico, fosfato e bicarbonato. GLICOSÚRIA RENAL: toda a glicose que chega do filtrado é reabsorvida, tornando seus valores urinários quase indetectáveis. Em condições em que há muita glicose, como no DM, os mecanismos saturam e ocor- re glicosúria. Na glicosúria renal, uma condição ge- ralmente herdada, a glicosúria ocorre independente da hiperglicemia. Ela é completamente assintomática e os indivíduos afetados não apresentam poliúria, polidipsia ou hipoglicemia. Não tem tratamento espe- cífico. Pensar quando há glicosúria sem ↑ da glicemia. AMINOACIDÚRIA RENAL: são distúrbios hereditários dos néfrons proximais que os tornam capazes de reabsorver de forma adequada um aminoácido espe- cífico. Alguns carreadores que transportam os AA no néfron proximal também existem no TGI, assim, mui- tas vezes a deficiência de reabsorção de um grupo de AA no néfron é acompanhada da má absorção dele. Para o diagnóstico deaminoacidúria, primeiramente deve ser excluído um nível elevado plasmático de aminoácidos. Cistinúria (aminoacidúria básica): condição patoló- gica caracterizada por perda urinária de cistina e de aminoácidos básicos. Pode haver formação de cálcu- los de cistina. Os cálculos de cistina são amarelados, radiopacos e podem ter dimensões coraliformes. O tratamento é com aumento da ingesta hídrica, alcali- nização da urina e abstinência de metionina, precur- sor da cistina. Se falha, D-penicilamina. Suspeitar em todo paciente que desenvolva nefrolití- ase de repetição, mesmo quando a composição for de oxalato de cálcio. Doença de Hartnup (aminoacidúria neutra): distúr- bio hereditário do túbulo proximal caracterizado pela incapacidade de reabsorção do grupo dos aminoáci- dos neutros. O triptofano é um desses aminoácidos, e ele é precursor de niacina (vitamina B3) -> pelagra (rash crostoso avermelhado, ataxia cerebelar, diar- reia, distúrbios psiquiátricos). O diagnóstico pode ser confirmado por cromatografia da urina e o tratamen- to é com suplementação de nicotinamida. FOSFATÚRIA RENAL: causa hipofosfatemia crônica, que leva ao raquitismo em crianças e osteomalácia em adultos. A principal síndrome relacionada à exis- tência de fosfatúria é genética, o raquitismo hipofos- fatêmico ligado ao X (raquitismo resistente à vitami- na D). • Raquitismo: retardo no crescimento, flacidez mus- cular, deformidades ósseas (rosário raquítico, sul- co diafragmático de Harrison, peito de pombo, es- coliose torácica, alargamento das epífises). • Fosfatúria, hipofosfatemia, calcemia normal. • Tratamento: fosfato neutro + calcitriol. ACIDOSE TUBULAR RENAL TIPO 2 OU PROXIMAL: o néfron é responsável pela reabsorção de quase todo o bicarbonato filtrado no glomérulo. A ATR2 é um defeito do néfron proximal em reabsorver o HCO3-, levando a bicarbonatúria e acidose metabólica hi- perclorêmica. A acidose metabólica crônica leva a déficit de crescimento e distúrbio da mineralização óssea. • Nas fases iniciais, a bicarbonatúria deixa a urina alcalina. Assim que se desenvolve a acidose, a perda urinária de bicarbonato cessa, deixando a urina ácida. A urina fica pobre em bicarbonato. • O potássio sérico fica diminuído, porque mais po- tássio é jogado para fora junto com o bicarbonato. • Afastar outras causas de acidose metabólica hi- perclorêmica: diarreia crônica e uso abusivo de la- xativos (perda de bicarbonato nas fezes) → calcu- lar o ânion gap urinário. Ânion gap urinário: NaU + KU – ClU. o AGu normal é levemente negativo. Nas ATR, o AGu é positivo ou neutro. Isso porque há uma queda na produção tubu- lar de NH3, o que faz com que caia também o Clu. • Teste do bicarbonato: administração de NaHCO3 para normalizar os níveis plasmáticos de bicarbo- nato. Apenas na ATR2 haverá uma bicarbonatúria importante (calcula-se a FEHCO3). • Tratamento com citrato de potássio. • Sempre investigar causa secundária. A ATR2 deve ser suspeitada em todo paciente que se apresentar com acidose metabólica hiperclorêmica e hipocalêmica com bicarbonato entre 15-20 e pH < 5,5. SÍNDROME DE FANCONI Distúrbio generalizado das funções reabsortivas do néfron proximal, normalmente caracterizada pela presença simultânea de glicosúria, aminoacidúria, bicarbonatúria (ATR2) e uricosúria. Também faz parte a deficiência de calcitriol. Manifesta-se por um quadro de doença óssea (raquitismo em crianças, osteomalácia em adultos) + anorexia, náuseas, vômi- tos, fraqueza muscular, poliúria e polidipsia. Em adul- tos, deve-se suspeitar primeiro de discrasias plasmo- citária, em especial o mieloma múltiplo. O tratamento se baseia na reposição de fosfato neutro, calcitriol e bases. A reposição de fosfato e calcitriol é contraindicada no MM. Distúrbio da alça de Henle A função da alça de Henle é concentrar a urina = a porção final apenas puxa soluto e a parte descen- dente é muito permeável à água. SÍNDROME DE BARTTER: disfunção autossômica re- cessiva da porção ascendente espessa da alça de Henle. Apresenta-se em crianças < 6 anos e cursa com retardo de crescimento, poliúria, polidipsia, alca- Maria Eduarda Furosemida lose metabólica, hipocalemia, hipercalciúria e hipo- calcemia. A hipocalcemia é grave e não é corrigida pela reposição de KCl. A suspeita ocorre quando há uma criança com atraso no crescimento, fraqueza muscular, cãibras, poliúria e noctúria. O defeito genético mais característico é a perda definitiva da função do carreador luminal Na-K-2Cl (que é inibido pela furosemida). • A perda do mecanismo de concentração do inters- tício medular reduz a capacidade de concentra- ção urinária, levando à formação de urina aquosa, poliúria e polidipsia. • Fica mais sódio no DC, logo, libera mais aldostero- na = hipocalemia e alcalose. • Perda urinária de cálcio pelo aumento do aporte de sódio ao TCD (Na ou Ca trocador). • Um achado clássico é o aumento da produção de prostaglandina E2 pelo rim. Tratamento: inibição da síntese de prostaglandinas renais e bloqueio da secreção de potássio no néfron distal. AINES + espiro ou amilorida. Distúrbios do túbulo distal O néfron distal é composto pelo túbulo contorci- do distal, túbulo coletor cortical e túbulo coletor me- dular. No DC cortical age a aldosterona, que faz a reabsorção de sódio em troca de potássio ou H+. Em todo o túbulo coletor age o ADH, que estimula a reab- sorção de água. • Reabsorve sódio ou cálcio. SÍNDROME DE GITELMAN: disfunção hereditária do carreador Na-Cl, o mesmo inibido pelos diuréticos tiazídicos. Ocorre em crianças acima de 6 anos ou adolescentes. Diferente da síndrome de Bartter, não há defeito na concentração urinária, portanto, não há poliúria e polidipsia. • Alcalose metabólica, hipocalemia, sem poliúria e polidipsia. Isso porque chega mais Na no final. • Ao contrário da síndrome de Bartter, há hipocalci- úria (não reabsorve sódio, reabsorve cálcio), hi- permagnesiúria e hipomagnesemia. • Tratamento com reposição de potássio e magné- sio. Túbulo coletor cortical Aldosterona: troca sódio por K+ ou H+. ACIDOSE TUBULAR RENAL TIPO 1 (distal): caracteri- za-se pela incapacidade das células tubulares do néfron distal em secretar H+ para a urina. Todo o sódio reabsorvido é trocado pelo potássio, não pelo H+. Logo, ocorre também hipocalemia. • Acidose hiperclorêmica e hipocalêmica (como a ATR2). • Excreção de NH4+ é prejudicada pois há pouco H+ para se ligar ao NH3 luminal. • Associação muito forte com nefrolitíase e nefro- calcinose. A acidose crônica aumenta a liberação de cálcio e fosfato do osso (como forma de tam- ponamento). Há também hipocitratúria pelo au- mento da reabsorção de citrato no TCP. • Hipercalciúria e hiperfosfatúria = mais chance de nefrolitíase e nefrocalcinose. • Tratamento com reposição de álcali (citrato de potássio ou bicarbonato em baixas doses). Quando suspeitar de ATR1: em todo paciente com acidose metabólica hiperclorêmica e hipocalêmica com pH urinário > 5,3. A história de nefrolitíase é mui- to comum ACIDOSE TUBULAR RENAL TIPO 4: surge quando a aldosterona não consegue atuar no néfron distal. Joga menos hidrogênio para fora por conta disso. Com isso, também há hipercalemia. Nefropatia per- dedora de sal. É a que ocorre com o uso de diuréticos poupadores de potássio. Síndrome de Liddle (pseudo-hiperaldosteronismo): hiperatividade do néfron distal em reabsorver sódio e secretar potássio e H+, caracterizando-se por hiper- tensão, alcalose metabólica, hipocalemia e hipoaldos- teronismo. Espironolactona é ineficaz. Tratamento com amilorida ou triantereno. Túbulo coletor medular Túbulo coletor resistente ao ADH: diabetes insipidus nefrogênico – poliúria, hipostenúria (urina pouco concentrada), polidipsia. O DI nefrogêniconão res- ponde à desmopressina (dDAVP), um análogo da va- sopressina, diferente do DI central. O tratamento baseia-se na diminuição da ingesta de sal e proteínas. Se só isso não for suficiente, faz-se tiazídico. Maria Eduarda Tiazídicos Maria Eduarda Mas não hipercalcemia, porque há mais mecanismos de controle da homeostase do cálcio que apenas o rim. ATR2 (proximal) Perda de HCO3 Hipocalemia AG normal Urina com pH < 5,5 Mieloma múltplo ATR1 (distal) Retenção de H+ Hipocalemia AG normal Urina com pH > 5,5 Nefrolitíase Síndrome de Sjogren Problema na aldosterona ATR4 Hipercalemia Nefropatia perdedora de sal AG normal Nefropatia perdedora de sal: pacientes com DRC se tornam incapazes de excretar o excesso de sódio ingerido. As nefropatias perdedoras de sal ocorrem quando a perda urinária de sal é maior que 6 g/dia. Ocorre tipicamente nas doenças tubulointersticiais crônicas. Doenças tubulointersticiais Causas Tratamento Rabdomiólise Síndrome da lise tumoral Etiologias Quadro clínico Tratamento Causas Quadro clínico Diagnóstico Tratamento Distúrbio do túbulo proximal Distúrbio da alça de Henle Distúrbios do túbulo distal Túbulo coletor cortical Túbulo coletor medular
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