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Parasitologia Básica Helmintos de transmissão oral – Nematódeos ➢ Ascaris lumbricoides Filo Nematoda Classe Secernentea Ordem Ascaridida Família Ascarididae Gênero Ascaris Espécie Ascaris lumbricoides Causa a doença chamada ascaridíase, sendo comumente conhecidas como lombrigas além de ser a helmintíase mais frequente e na maioria dos casos produzem infecções leves e benignas. Aproximadamente 25% da população mundial está infestada por esse parasito e ocorrem comumente em áreas de clima tropical e subtropical. A prevalência não é tão alta no Brasil, chegando ate de 5 a 24,9% no país como um todo. • Formas evolutivas a. Ovos: são originalmente brancos e mudam para coloração amarelada devido ao contato com as fezes, tendo tamanho de 50x60um e possui cerca de 3 membranas importantes na resistência no ambiente e durante a infecção. - Membrana mamilonada: secretada pela parede uterina e formada por mucopolissacarídeos e esta membrana é responsável pela adesão do ovo. - Membrana média: muito espessa, hialina, lisa e formada por substâncias quitinóicas e proteicas. - Membrana interna: fina, delgada, impermeável a água, sendo formada de 25% de proteínas e 75% por lipídeos. - Massa de células germinativas: onde se tem a produção das larvas. Contudo, existem os ovos inférteis, quando as fêmeas jovens e ainda não fecundadas começam a ovopor e a proporção de fêmeas é maior que a de machos. Algumas infecções unissexuais só por fêmeas (número de helmintos reduzidos, em zona de baixa endemicidade. O ovo infértil se diferencia do fértil porque este primeiro é mais alongado e não tão esférico como o fértil, sua membrana mamilonada se torna mais delgada/fina e por último o citoplasma do infértil é mais granuloso. Em alguns casos, a membrana mamilonada acabe desaparecendo, estes se chamam ovos decorticados. b. Vermes adultos: longos, cilíndricos com extremidades afiladas, cutícula lisa e brilhante com finas estriações anulares, cor variando do branco- marfim à rosado. Boca na extremidade anterior contornada por 3 fortes lábios (boca trilabiada) com serrilhas de dentículos grandes, possuem poupas papilas sensoriais. Esôfago musculoso, cilíndrico, continuando com intestino retilíneo e achatado, já o reto é envolvido por músculos depressores comunicando-se com ânus em forma de fenda transversal. - Macho: mede de 20 a 30 cm por 2 a 4 mm de largura, apresentando um testículo filiforme e enovelado, possuindo 2 espículos e na extremidade posterior se tem uma porção fortemente encurvada. - Fêmeas: mede de 30 a 40 cm por 3 a 6 mm de largura, apresentando dois ovários filiformes e enovelados, possuindo uma única vagina que se exterioriza pela vulva e a sua extremidade posterior é retilínea. • Transmissão: Através da ingestão de água e/ou alimentos com ovos contendo larva L3 ou de poeiras, aves e insetos (moscas e baratas) que veiculam mecanicamente os ovos. Porque a membrana mamilonada, se tem a aderência necessária para veicular em várias superfícies de poeira e animais. Os ovos férteis com temperatura de 25 a 30°C com umidade mínima de 70% e oxigênio em abundância tornam-se embrionados em 15 dias e após isso, conseguem sobreviver no ambiente até cerca de 2 meses. • Ciclo biológico Os ovos contendo larva L contaminam água e/ou alimentos e assim, se tem a ingestão dos alimentos contaminados e a passagem do ovo pelo estômago e liberação de larva L3 no intestino delgado. Em seguida se tem a penetração das larvas na parede intestinal e então as larvas são carreadas pelo sistema porta até os pulmões. Então essas larvas L3 mudam para L4 e após isso, rompem os capilares e caem nos alvéolos, se transformando de L4 para L5, que sobem para a faringe, podendo ser expulsas pela expectoração ou resultando na deglutição delas. Essas larvas quando deglutidas, chegam até o duodeno, se transformando em adultas e então as fêmeas iniciam a cópula e após isso a ovoposição. Após isso se tem a eliminação dos ovos pelas fezes e contaminação do ambiente com os ovos que podem sofrer evolução até se tornarem ovos férteis e posteriormente larvados com L3. Alguns fatores são importantes no ciclo biológico, como os agentes redutores, pH, temperatura, sais e CO2 porque estes estimulam a eclosão dos ovos e a liberação das larvas. • Patogenicidade A. Invasão larvária (causada apenas por larvas): é assintomática quando se tem um baixo número de larvas, mas quando sintomática, pode causar distúrbios no fígado como pontos hemorrágicos, inflamação, necrose e aumento do volume hepático. Já no pulmão pode causar uma infecção com focos hemorrágicos, edema inflamatório, pneumonia difusa e broncopneumonia. Além disso, pode causar a Síndrome de Löeffer que é acompanhada de tosse, febre, manifestações inflamatórias e eosinofilia sanguínea. B. Infecção intestinal: quando assintomática se percebe também a relação com a baixa quantidade de vermes, mas quando estes estão em valores de 30 a 40 vermes se tem as manifestações clínicas, como o desconforto abdominal, perda de apetite, diarreia e emagrecimento. Sintomas como má digestão, náuseas, bruxismo, irritabilidade e alterações no sono, além da deficiência nutricional em crianças. Complicações podem acontecer, como a peritonite, perfuração no intestino, obstrução intestinal (volvo-torção de uma alça do intestino). C. Áscaris errático: em localizações ectópicas em que o verme sofre uma ação irritativa e se desloca para algumas áreas, como o apêndice cecal causando a apendicite aguda, duto pancreático causando a pancreatite, o duto colédoco e traqueia causando a obstrução de ambas as regiões e o abscesso hepático, região do ouvido (causando otites), canal lacrimal, boxa e narinas, que tem como principais causas a febre, alimentos muito condimentados e o uso incorreto de medicamentos como os antiprotozoários. • Diagnóstico Clínico: descrição de sintomas, hábitos de vida e das condições de saneamento. É de difícil realização, em virtude dos sintomas pouco específicos, comuns em outras patologias Laboratorial: parasitológico, envolvendo a pesquisa de ovos nas fezes utilizando métodos de enriquecimento, em que o mais utilizado é o de Hoffman, que é de sedimentação espontânea e possui alta sensibilidade devido a densidade relativamente alta dos ovos. Outros métodos como o Willis e o Kato-Katz são utilizados, contudo o segundo envolve características epidemiológicas. O diagnóstico parasitológico, mais especificamente nas infecções com vermes fêmeas, todos os ovos expelidos são inférteis e nas infecções com vermes machos, o exame de fezes será negativo. • Tratamento A droga de primeira escolha é o Albendazol, como benzamidazóis com amplos espectro antiparasitário, além de ser dose única de 400mg, possui ação contra ovos, larvas e vermes adultos. Seu mecanismo de ação envolve a ligação seletiva nas tubulinas inibindo a tubulina polimerase e impedindo a formação de microtúbulos e assim, a divisão celular. Age inibindo a captação de glicose e inviabiliza a formação de ATP. • Profilaxia Repetidos tratamentos em massa com drogas ovicidas (antes se usavam lamavinol) dos habitantes das áreas endêmicas, tratamento das fezes humanas que eventualmente possam ser usadas como fertilizantes, saneamento básico e educação para a saúde. • Trichuris trichiura Filo Nematoda Classe Adenophorea Ordem Trichuridae Família Trichuridae Gênero Trichuridae Espécie Trichuris trichiura Espécie antiga e capaz de causar infecções silenciosas e manifestações são encontradas em pacientes com díade inferiores a 15 anos, o habitat natural é o intestino grosso (ceco e apêndice), tal como a maioria das infecções causadas por geo-helmintos que é mais prevalente em regiões de clima quente e úmido e com condições sanitárias precárias.• Formas evolutivas a. Ovos: Medem de 50 a 54 um de comprimento por 22 um de largura. Formato elíptico característico com poros salientes e transparentes em ambas as extremidades. b. Vermes adultos: a parte delgada anterior é mais longa que a posterior, lembrando pequenos chicotes, já na extremidade anterior está a boca, que é uma abertura simples e sem lábios, onde se observa um pequeno estilete. Em seguida, há um esôfago bastante longo e delgado, que ocupa 2/3 do comprimento total do verme e a parte posterior (cerca de 1/3 do corpo), compreende a porção alargada, onde se localiza o sistema reprodutor simples e o intestino que termina no ânus. Estes são dioicos e com dimorfismo sexual, vivendo cerca de 3 a 4 anos. - Macho: mede 4 cm, possui testículo único, seguido por canal deferente ejaculador. A extremidade posterior recurvada ventralmente com espículo protegido por uma bainha recoberta por pequenos espinhos. - Fêmea: mede 5 cm, observa-se ovário seguido de útero, que se abre na vulva e o aparelho reprodutor localiza-se na proximidade da junção entre o esôfago e intestino. • Transmissão Via fecal-oral, através de alimentos e água contaminados, além da veiculação por insetos como moscas, baratas e formigas. • Ciclo biológico • Patogenia A infecção pode ser leve quando se tem menos de 1000 ovos/g de fezes, moderada quando se tem de 1000 – 9999 ovos/g de fezes e grave quando se tem mais de 10000 ovos/g de fezes. Fatores como idade, estado nutricional e distribuição dos vermes adultos pelo intestino influenciam na patogenia. O prolapso retal pode ser percebido quando se tem a migração de vermes para o reto, causando a inflamação e formação do edema na mucosa retal que geram o reflexo para a defecação. Mesmo na ausência de fezes, o esforço continuado pode causar alterações nas terminações nervosas locais e podem conduzir ao prolapso retal.
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