DIREITO ADMINISTRATIVO - Instrumentos dos administradores para execução de suas atividades - Poder-dever ou dever-poder: não é mera faculdade, são deveres que devem ser exercidos (se não exercidos, responde por omissão) -> se em uma prova vier, por ex, “O poder de polícia é uma faculdade que tem o administrador para limitar, condicionar ou restringir direitos individuais”, “faculdade” não significa opção, mas sim um poder-dever administrativo de limitar direitos da sociedade - Poderes: Disciplinar, de Polícia, Hierárquico, Regulamentar/Normativo; Discricionário, Vinculado ABUSO DE PODER - Abuso pode ocorrer pela omissão (mais provável de ocorrer na espécie desvio) - ESPÉCIES: 1) Pelo excesso: violação do elemento “competência” do ato administrativo; um ato é praticado além das atribuições do cargo ou prática de um ato para o qual não tem atribuição 2) Pelo desvio: violação do elemento “finalidade” do ato administrativo; pode se dar de duas maneiras a. fim pessoal: por ex remoção de servidor por interesse próprio b. fim diverso do previsto em lei: por ex remoção como forma de punição (remoção não é forma de punição, e sim de deslocamento de servidor) DEVERES DOS AGENTES PÚBLICOS Probidade (agir de acordo com a moralidade) Eficiência Prestar contas (aos órgãos de controle que fiscalizam) Agir (não pode ser omisso) PODER DISCIPLINAR - Poder de punir SERVIDORES (infrações funcionais) ou PARTICULARES QUE TENHAM SUJEIÇÃO ESPECIAL (particulares que tem vínculo ou relação ou supremacia especial) - DISCRICIONARIEDADE: escolha da sanção (grau de liberdade para escolher a sanção a ser aplicada, dentro das possibilidades da lei – não há liberdade para criação de sanções ou para a escolha entre punir ou não, pois uma infração sempre deve ser punida – a liberdade é para escolher a sanção a partir de valorações com base na gravidade do ato) e atipicidade do fato (no direito administrativo as infrações são descritas de modo mais genérico; nem todas as infrações estão taxativamente previstas em lei, havendo liberdade para enquadrar os fatos nos conceitos abertos/conceitos jurídicos indeterminados previstos em lei) - Se não houver vínculo especial, a punição decorrerá do poder de polícia - Particular contratado por licitação pode ser punido pelo poder disciplinar. Ex: contratado que descumpre o contrato; punição dada ao preso pelo Diretor do Presídio; punição dada ao aluno de Universidade pública - Antes de se aplicar a sanção, deve-se analisar a gravidade, os antecedentes funcionais e os danos para a adm. pública - Súmula 611 STJ: Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância, é permitida a instauração de processo administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em face do poder-dever de autotutela imposto à Administração. - Obs: no direito administrativo, o prazo para a prescrição da infração começa a contar após o fato se tornar conhecido - Súmula Vinculante 5 STF: A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição. -> o servidor pode trazer advogado, caso queira; mas caso o servidor seja intimado do processo, não havendo advogado, o processo tramita normalmente; caso o servidor não faça sua defesa, será nomeado outro servidor como defensor dativo - Art. 126 Lei 8.112/90: A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria. -> quando um servidor pratica uma conduta em sua função, ele pode responder nas 3 esferas (administrativa, civil e penal). A regra é a independência das instâncias e os três processos podem tramitar ao mesmo tempo. Caso na esfera penal ocorra absolvição por negativa do fato ou negativa de autoria, o servidor será também absolvido DIREITO ADMINISTRATIVO nas esferas administrativa e civil; e se o servidor tiver sido demitido, ele será reintegrado pela via administrativa e terá direito a indenização. Caso a absolvição penal seja por outro motivo, como prescrição penal ou por falta de provas, ele pode ainda ser condenado nas esferas administrativa e civil. -> ou seja, o único caso em que há interferência entre as esferas é no caso de absolvição penal por negativa de fato ou negativa de autoria, que repercutirá na absolvição nas demais esferas PODER HIERÁRQUICO - Poder de se estabelecer relação de hierarquia entre os órgãos e os agentes públicos - Relação hierarquizada para que a administração funcione com eficiência - Consequências: poder de comando/de dar ordens; poder de fiscalização; poder de revisão (superior pode anular/revogar ato de um subordinado); poder de delegar e avocar (avocação deve ser temporária e somente em casos excepcionais); poder de punir -> o poder de punir decorre do poder hierárquico (de uma relação hierarquizada); quando um servidor recebe uma punição, essa punição decorre do poder disciplinar de forma imediata e do poder hierárquico de forma mediata; mas a punição é do âmbito disciplinar - Nem toda relação administrativa tem hierarquia! Casos em que não há hierarquia: entre administração direta e indireta (a relação é de vinculação); entre os poderes do Estado; entre entes federativos; entre funções típicas do Poder Legislativo e Poder Judiciário (não há hierarquia entre órgãos e agentes – por ex: não há hierarquia entre Câmara e Senado, entre parlamentares, entre juiz TJ STJ. Mas há hierarquia no Legislativo e Judiciário nas funções administrativas – por ex: presidente do TJ organiza administrativamente, Presidente da Câmara organiza administrativamente) PODER REGULAMENTAR/NORMATIVO - Hely Lopes Meirelles: poder regulamentar é a competência privativa do chefe do Poder Executivo de fazer decretos (decretos normativos). Quando uma autoridade faz um ato normativo (por ex, quando o chefe de um setor edita um ato disciplinando regras para certa conduta), é ato regulamentar - Atualmente existem outros atos normativos que possuem essa função, como resolução, portaria, instrução normativa - Maria Sylvia Zanella di Pietro: “poder regulamentar” não resume toda a competência normativa da administração pública. A autora utiliza “poder normativo”, que é a competência de toda administração pública de fazer atos normativos visando a correta aplicação da lei - Portanto, “poder regulamentar” está dentro de “poder normativo” - Algo que antes era tratado por lei passa a ser tratado por ato administrativo - Por ex: art. 84, VI da CF Art. 84 CF Compete privativamente ao Presidente da República: VI - dispor, mediante decreto, sobre: ... - Por ex: lei 8.666, que estabelece que os valores das modalidades são atualizados por decreto ≠ - Regulação/poder regulatório é o poder do Estado de intervir na atividade econômica para promover sua ordenação/normalização. É uma função do Estado, de intervir em setores da economia para promover equilíbrio na atividade econômica (intervencionismo na atividade econômica). A regulação se faz por meio de atos/leis, mas é um poder estatal. - “O Estado procura, por meio da regulação, prevenir o abuso de poder econômico em setores nos quais características técnico-econômicas dificultam a existência de concorrência, seja ela efetiva (de empresas já estabelecidas) ou mesmo potencial (de empresas que poderiam entrar no mercado)” PODER DE POLÍCIA - Poder de restringir/condicionar/limitar o exercício de bens, direitos ou atividades - Em benefício do próprio Estado e de toda a coletividade - Atua em diversas áreas, como trânsito, relações de consumo, saúde, profissões, construção, meio ambiente e segurança pública. Ex: limitação ao livre exercício de profissões (Estado coloca condições/requisitos para o exercício); limitação ao direito de propriedade ao limitar número de andares de um prédio ou proibir comércio em determinada DIREITO ADMINISTRATIVO área residencial;