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Alfabetização e Letramento

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Alfabetização e letramento: a questão dos 
métodos
APRESENTAÇÃO
Cultivar um ambiente alfabetizador é fundamental para o sucesso da atividade de habilitar os 
educandos para a leitura e para a escrita. Além do domínio do código (alfabetização), é 
importante a valorização do funcionamento da língua (letramento).
No contexto brasileiro, é possível afirmar que houve um avanço no sentido de entender que a 
sala de aula deve ser um espaço de estímulo para a aprendizagem. Para isso, a sala de aula deve 
promover um conjunto de situações de uso da leitura e da escrita. Assim, incluindo e 
valorizando a participação do educando, uma vez que ele não é passivo no processo de 
aprendizagem.
Um ambiente alfabetizador deve ser entendido como um espaço em que diferentes tipos de 
textos podem ser visitados e manuseados pelos alunos, incluindo a função social de cada texto. 
Assim, é fundamental que as atividades propostas para as crianças sejam significativas e estejam 
coerentes com a realidade delas. Para isso, é importante que as atividades sejam estruturadas de 
forma contextualizada. Logo, métodos de alfabetização podem ser utilizados, mas com base 
nesses pressupostos.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá a temática alfabetização e letramento: a 
questão dos métodos. Para isso, alguns métodos de alfabetização serão apresentados e os 
conceitos de alfabetização e letramento serão tratados com um maior detalhamento, incluindo a 
aplicação deles no ensino.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar os métodos de alfabetização e os seus pressupostos teórico-metodológicos.•
Distinguir alfabetização de letramento.•
Apresentar a evolução do conceito de letramento e a sua aplicação no ensino.•
DESAFIO
Para efetivar o processo de alfabetização, é possível utilizar diferentes atividades em sala de 
aula. Podem ser utilizadas brincadeiras, atividades em grupo, desafios individuais, etc.
Considerando essa situação, reflita e elabore brevemente algumas alternativas de trabalho com 
os nomes próprios, de forma a praticar, no ensino, alfabetização e letramento.
INFOGRÁFICO
Entender o percurso da alfabetização no contexto brasileiro é importante para o entendimento 
dos movimentos educacionais mais modernos, os quais reforçam a necessidade do trabalho com 
os gêneros textuais em sala de aula e defendem a valorização das diferentes expressões da 
língua. Portanto, é possível cultivar um ensino que respeite as diferenças e traduza um 
sentimento de pertencimento para todos, no momento em que este valoriza todas as formas de 
expressão escrita e falada de uma sociedade.
Para isso, é fundamental que o trabalho em sala de aula esteja centrado no processo de 
letramento, em conjunto com a alfabetização. Entende-se que o processo de letramento acontece 
antes mesmo do ingresso na escola e permanece se desenvolvendo mesmo depois que os sujeitos 
já são alfabetizados. Uma prática de ensino pautada no letramento representa uma forma efetiva 
de capacitar os indivíduos para que leiam, interpretem e possam agir nos contextos sociais mais 
diversos. Assim, efetivamente, podem ser considerados como alfabetizados, capazes de operar 
com as mais variadas formas de expressão oral e escrita.
Neste Infográfico, conheça o percurso histórico da alfabetização no Brasil e entenda a 
importância da valorização do letramento no contexto de ensino.
CONTEÚDO DO LIVRO
A alfabetização, atualmente, é entendida como um processo que não está mais limitado apenas a 
ler e escrever os sinais gráficos do alfabeto de determinada língua. Para a tarefa de alfabetizar, 
foram criados métodos, que se dividem em sintéticos e analíticos, os quais auxiliam os 
educadores. Mas, hoje, essa tarefa envolve, também, a compreensão acerca do funcionamento da 
estrutura da língua e as formas nas quais ela pode ser utilizada, fator motivado pela introdução 
do conceito de letramento no ensino.
Dessa forma, entende-se que aprendizagem da leitura e da escrita representa um processo 
dinâmico, o qual se desenvolve a partir de dois eixos: um técnico, representado pela 
alfabetização; e, outro, prático, que se relaciona com o uso social da língua, denominado 
letramento.
No capítulo Alfabetização e letramento: a questão dos métodos, da obra Fundamentos e 
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa, você verá uma reflexão sobre alfabetização e 
letramento, com o objetivo de conhecer alguns métodos, a história do conceito de letramento e a 
aplicação dele para o ensino.
Boa leitura.
FUNDAMENTOS 
E METODOLOGIA 
DO ENSINO 
DE LÍNGUA 
PORTUGUESA 
Nadia Studzinski Estima de Castro
Alfabetização e letramento: 
a questão dos métodos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar os métodos de alfabetização e os seus pressupostos 
teórico-metodológicos.
  Distinguir alfabetização de letramento.
  Apresentar a evolução do conceito de letramento e a sua aplicação 
no ensino.
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar a alfabetização e o letramento, com foco 
na questão dos métodos. Para tanto, você vai conhecer alguns métodos de 
alfabetização, considerando seus pressupostos teóricos e metodológicos.
Nesse contexto, é necessário diferenciar alfabetização de letramento, 
de modo que você possa agir com base em um conhecimento específico 
e reflexivo sobre cada um desses conceitos. Assim, você vai conhecer a 
evolução do conceito de letramento. A ideia é que você observe, nesse 
percurso, de que forma acontece a aplicação do letramento no (e para 
o) ensino.
Métodos de alfabetização
Para esta leitura, considere que a alfabetização é um processo que está além 
da codifi cação e da decodifi cação dos códigos de determinada língua. Alfa-
betizar signifi ca habilitar o aluno para agir nos contextos de mundo. Portanto, 
a alfabetização compreende conhecimento de mundo, além de conhecimento 
do código da língua.
No geral, o processo de alfabetização se inicia antes do ingresso da criança 
na escola, pois ela já tem contato com o meio social em que está inserida e 
age em relação a ele. Na interação com esse meio, ela amplia os seus conheci-
mentos de mundo e inicia o seu processo de desenvolvimento da linguagem. 
Conforme explica Ferreiro (1996, p. 24), “[...] o desenvolvimento da alfabe-
tização ocorre, sem dúvida, em um ambiente social. Mas as práticas sociais, 
assim como as informações sociais, não são recebidas passivamente pelas 
crianças [...]”. A criança não é passiva no processo de aprendizagem; ela, na 
verdade, observa, questiona, aplica o seu conhecimento simbólico e, nesse 
movimento, vai construindo o seu mundo e a sua forma de aprender, inclusive 
desenvolvendo a linguagem.
A alfabetização, no contexto da escola, significa a ampliação desse saber 
no sentido de capacitar a criança para a leitura e para a escrita da palavra, 
de forma que ela possa agir no mundo. Para que isso aconteça, existem dife-
rentes métodos de alfabetização, os quais podem ser divididos em sintéticos 
e analíticos.
Os métodos sintéticos podem ser do tipo: alfabético, silábico e fônico. 
O método alfabético opera da seguinte forma: a criança é apresentada aos 
nomes das letras e depois é incentivada a realizar combinações silábicas 
para construir palavras. Em seguida, a criança passa a ler sentenças curtas, 
de forma que esse processo vai se tornando mais complexo, até que ela leia 
histórias completas. Esse processo também é conhecido como soletração, pois 
o alfabetizando soletra as letras, depois as sílabas, até ser capaz de reconhecer 
a palavra. Por exemplo: “p”; “a”; “p” + “a”; “pa”; “t”; “o”; “t” + “o”, “to”; logo, 
“pato”. Esse é um método marcado pela utilização de cartilhas e está baseado 
no processo de decorar. Por esse motivo, ele recebe muitas críticas. Inclusive, 
é caracterizado pela não valorização dos conhecimentos prévios da criança.
O método silábico,outro método sintético de alfabetização, de acordo 
com Frade (2005, p. 27), funciona da seguinte forma: “No desenvolvimento 
do método, geralmente é escolhida uma ordem de apresentação, feita segundo 
princípios calcados na ideia ‘do mais fácil para o mais difícil’, ou seja, das 
sílabas ‘simples’ para as ‘complexas’ [...]”. Nessa prática de alfabetização, são 
apresentadas palavras centrais, as quais são utilizadas para se trabalhar com 
as sílabas, que são destacadas das palavras e estudadas em famílias de sílabas, 
que por sua vez são parte de novas palavras. Esse método é caracterizado por 
ser um aprendizado mecânico, centrado na atividade de decorar sílabas para 
que seja possível reconhecê-las em novas palavras. Observe, na Figura 1, um 
exemplo de cartilha que utiliza o método silábico de alfabetização.
Alfabetização e letramento: a questão dos métodos2
Figura 1. Método silábico: exemplo da cartilha 
de Sodré.
Fonte: Sodré (1965, p. 9 apud FRADE, 2005, p. 29).
Contudo, esse método apresenta pontos positivos em relação ao método 
alfabético, pois trabalha com a unidade silábica e, como você sabe, quando 
os sujeitos falam, eles não produzem sons separados, mas sílabas. Logo, a 
etapa complexa de transformar letras (fonemas) em sílabas é superada por 
meio desse método.
Outro método classificado como sintético é o fônico. O método fônico é 
caracterizado pela operação com o som das letras, ou seja, com os fonemas 
de dada língua. Com esse método, o alfabetizando aprende pela associação 
do som às palavras. Logo, o som é representado graficamente pelas letras. 
Nesse método, as vogais são ensinadas inicialmente; depois, parte-se para as 
consoantes e, em seguida, para as sílabas e para as palavras. A dificuldade 
está na pluralidade de grafias para os mesmos sons, tais como: “s”, “z”, “ç”, 
“ss”, entre outros. Na língua portuguesa, há muitas palavras com mesmo som 
e grafias diferentes; por exemplo: cheque e xeque, cessão e sessão. Isso pode 
gerar dificuldades de aprendizagem, sobretudo com relação ao registro escrito, 
quando se utiliza um método que associa um registro escrito com um som.
3Alfabetização e letramento: a questão dos métodos
Além dos métodos sintéticos, existem os métodos analíticos. São eles: 
palavração, sentenciação e método global. Nessas estratégias, parte-se do 
todo para unidades menores. Ou seja, trabalha-se com unidades completas 
de linguagem para, em seguida, dividi-las em partes menores. Assim, por 
exemplo, a criança aprende primeiro a frase para depois dividi-la em unidades 
mais simples, como sílabas.
A palavração, então, como método analítico de alfabetização, pressupõe a 
palavra. Assim, existe primeiro um contato com a palavra e um envolvimento 
com todos os sons da língua. Depois, a partir da aquisição de certo número 
de palavras, os alfabetizandos partem para a formação de frases.
Na sentenciação, outro método analítico, a unidade inicial de aprendizagem 
está centrada na apropriação das frases. Logo, depois do domínio das frases, 
o alfabetizando parte para a análise das palavras, das quais são extraídas as 
sílabas para conhecimento e formulação de novos vocábulos.
Por último, no método global, o alfabetizador utiliza o conto e a história 
para efetivar o processo de alfabetização. Esse método é composto por vários 
espaços de leitura, nos quais se destaca início, meio e fim. Essas três etapas 
são interligadas por frases que formam, no conjunto, um enredo de interesse.
Leia o artigo de Mortatti (2006) “História dos métodos de alfabetização no Brasil”, 
disponível no link a seguir.
https://qrgo.page.link/KShtF
Alfabetização e letramento
Para iniciar esta refl exão, considere estas questões: um sujeito alfabetizado é, 
necessariamente, um sujeito letrado? E o que signifi ca ser alfabetizado e letrado?
A alfabetização está relacionada com o processo de aquisição de deter-
minada língua, seja ela oral ou escrita. O letramento, no entanto, pressupõe 
o processo de desenvolvimento da língua oral e escrita. Isso quer dizer que 
uma pessoa pode ser alfabetizada, mas não ter desenvolvido as habilidades 
pressupostas pelo letramento. Ou seja, ela domina o código de determinada 
Alfabetização e letramento: a questão dos métodos4
língua e é capaz de codificar e decodificar esse código (ou seja, sabe ler e 
escrever em determinada língua), mas, quando solicitada a interpretar e agir 
perante determinado texto, ela não se sente habilitada e não consegue fazê-lo.
Essa é a principal diferença entre alfabetização e letramento. Em con-
junto com essa reflexão, emerge o conceito de analfabeto funcional, aquele 
indivíduo que sabe ler e escrever, mas não é capaz de interpretar ativamente 
um texto. Ele não entende uma bula de remédio e não sabe responder a uma 
pergunta que solicite justificativa; ou seja, não sabe elaborar as suas próprias 
reflexões quando desafiado por determinado texto.
Para Soares (2004, p. 14),
[...] no quadro das atuais concepções psicológicas, linguísticas e psicolinguís-
ticas de leitura e escrita, a entrada da criança (e também do adulto analfabeto) 
no mundo da escrita ocorre simultaneamente por esses dois processos: pela 
aquisição do sistema convencional de escrita — a alfabetização — e pelo 
desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema em atividades de leitura 
e escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua escrita — o letramento.
Dessa forma, a alfabetização está relacionada com a aquisição do sistema 
convencional de escrita de determinada língua, ou seja, com o domínio 
do código necessário para que seja possível codificar e decodificar os 
sinais de dado idioma. O letramento, por sua vez, considera a capacidade 
do indivíduo de utilizar esse sistema em atividades sociais que envolvam 
leitura, escrita e ação no contexto de inserção. Ou seja, é a capacidade de 
interpretar o contexto e utilizar os textos mais adequados para as neces-
sidades emergentes dele. Isso, portanto, está além do domínio do código, 
pois trata da língua em uso.
Pense, por exemplo, em um manual de orientações para a realização de um 
exame médico; a alfabetização possibilita que as orientações sejam lidas, mas a 
habilidade de agir de acordo com o que está prescrito nas orientações depende 
da capacidade de interpretar o que é lido. Outro exemplo é a realização de uma 
receita culinária; há uma lista de ingredientes e uma sequência de execução; 
logo, não basta ler os itens, mas é preciso agir com essa informação para 
obter um resultado positivo. O mesmo acontece com a produção de texto, por 
exemplo, em que o aluno é desafiado a elaborar uma sequência argumentativa. 
Ele precisa, além de codificar, construir um texto coeso e coerente para que o 
leitor compreenda as ideias apresentadas. Para isso, o autor deve respeitar as 
exigências do tipo de discurso desenvolvido, o que varia conforme o gênero 
textual empregado (conto, narrativa, piada, poema, trabalho acadêmico, etc.). 
Para além do domínio do código, é preciso conhecimento desse código em ação.
5Alfabetização e letramento: a questão dos métodos
É possível afirmar, então, que a alfabetização representa o domínio do 
sistema alfabético e ortográfico de determinada língua. Já o letramento implica 
o desenvolvimento das habilidades de uso desse sistema. Ou seja, para cada 
situação, a utilização do código é singular. Isso, portanto, exige do alfabeti-
zando capacidade de leitura do contexto e adequação da utilização do código.
A alfabetização não é um evento, mas um processo. Além disso, ela não consiste 
somente em ler e escrever os signos do alfabeto; implica também compreender o 
funcionamento da estrutura da língua e o modo como ela é utilizada. Logo, a apren-
dizagem da leitura e da escrita é um processo dinâmico. Tal processo é realizado por 
duas vias: uma técnica, que é a alfabetização, e outra vinculada ao âmbito social, que 
é o letramento (LOPES; ABREU; MATTOS, 2010).
O letramento aplicado ao ensino
O conceito de letramento, de acordo com Soares (2004),surge devido à ne-
cessidade de reconhecer e estabelecer um nome para as práticas sociais de 
leitura e escrita. Tais práticas são mais complexas do que aquelas derivadas 
da aprendizagem do sistema de escrita. Dessa forma, no início dos anos 1980, 
tem-se a invenção da palavra “letramento” no Brasil. Isso ocorre de forma 
simultânea em diversas partes do mundo.
De acordo com Soares (2004), tem-se illettrisme na França e literacia em 
Portugal. Todas essas palavras passam a ser utilizadas, então, para nomear 
fenômenos distintos daquele denominado “alfabetização” (alphabétisation). 
Nos Estados Unidos e também na Inglaterra, de acordo com a autora, a palavra 
literacy já estava registrada nos dicionários desde o final do século XIX, mas 
é no final dos anos 1990 que ela passa a ser entendida como a nomeação de 
um fenômeno distinto. O conceito, então, passa a estar relacionado com o 
nível de competência dos alunos frente aos processos de leitura e de escrita.
Nesse contexto, diferenciam-se os conceitos de alfabetização e letramento. 
O primeiro é um processo marcado pela aprendizagem do sistema de escrita; e 
o segundo é um processo centrado nas práticas sociais de escrita e leitura. Essa 
diferenciação emerge nas sociedades sobretudo pela constatação de que “[...] 
Alfabetização e letramento: a questão dos métodos6
a população, embora alfabetizada, não dominava as habilidades de leitura e 
de escrita necessárias para uma participação efetiva e competente nas práticas 
sociais e profissionais que envolvem a língua escrita [...]” (SOARES, 2004, p. 6).
Portanto, pressupõe-se que, além de serem alfabetizados, os indivíduos devem 
ser capazes de ler, escrever e utilizar a leitura e a escrita (SOARES, 2004). Mas 
de que forma é possível efetivar essa prática no contexto da sala de aula?
Para o desenvolvimento do letramento, no sentido de capacitar os indivíduos 
para o uso da leitura e da escrita nos diferentes contextos, é necessário um 
processo de ensino centrado no trabalho com os gêneros textuais, sejam eles 
orais ou escritos. Quanto mais contato com os diferentes gêneros o aluno tiver, 
mais habilitado estará para atuar no contexto social. Isso ocorre, primeiro, 
porque ele saberá ler e interpretar a informação que está sendo compartilhada 
e, segundo, porque ele vai reconhecer as exigências para a apresentação de 
determinado gênero, de forma a ser capaz de produzir os seus próprios textos 
de acordo com essas exigências.
Para Soares (2004, p. 14), “[...] a concepção “tradicional” de alfabetização, 
traduzida nos métodos analíticos ou sintéticos, tornava os dois processos in-
dependentes [...]”. De um lado, a alfabetização era entendida como a aquisição 
do sistema convencional de escrita, o aprender a ler como decodificação e a 
escrever como codificação. Esse processo precedia o letramento, marcado pelo 
desenvolvimento de habilidades textuais de leitura e de escrita, que possibili-
tariam o convívio com tipos e gêneros variados de textos e de portadores de 
textos, assim ampliando a compreensão das funções da escrita. Alfabetização 
e letramento, até então, eram entendidos como conceitos separados, que ope-
ravam isoladamente e em momentos distintos.
Com a evolução do entendimento dos dois conceitos e a prática deles em 
sala de aula, surgiu uma concepção mais atual, segundo a qual “[...] a alfabeti-
zação não precede o letramento, [mas] os dois processos são simultâneos [...]” 
(SOARES, 2004, p. 15). Assim, conservam-se os dois termos a partir do enten-
dimento de que eles denominam processos “[...] interdependentes, indissociáveis 
e simultâneos [...]”, mas “[...] são processos de natureza fundamentalmente 
diferente, envolvendo conhecimentos, habilidades e competências específicos, 
que implicam formas de aprendizagem diferenciadas e, consequentemente, 
procedimentos diferenciados de ensino [...]” (SORES, 2004, p. 15).
Assim, com o avanço e a inserção do conceito de letramento no âmbito 
escolar, observa-se que é possível praticá-lo a partir da familiarização do aluno 
com a cultura escrita. Ou seja, para praticar o letramento na sala de aula, é 
necessário possibilitar variadas experiências de leitura e de escrita, promovendo 
“[...] conhecimento e interação com diferentes tipos e gêneros de material 
7Alfabetização e letramento: a questão dos métodos
escrito [...]” (SOARES, 2004, p. 15). Agora, afirma-se que o letramento e a 
alfabetização ocorrem de forma simultânea. Assim, o professor pode trabalhar 
com ambos os conceitos nas mesmas situações. Ele pode destacar questões 
relacionadas com “[...] consciência fonológica e fonêmica, identificação das 
relações fonema–grafema, habilidades de codificação e decodificação da língua 
escrita, conhecimento e reconhecimento dos processos de tradução da forma 
sonora da fala para a forma gráfica da escrita [...]” (SOARES, 2004, p. 15).
Alfabetização e letramento são conceitos que se somam. Na prática de sala de aula, 
o professor deve considerar os seguintes eixos (LOPES; ABREU; MATTOS, 2010):
  compreensão e valorização da cultura escrita;
  apropriação do sistema de escrita;
  leitura;
  produção de textos escritos;
  desenvolvimento da oralidade.
FERREIRO, E. Alfabetização em processo. São Paulo: Cortez, 1996.
FRADE, I. C. A. S. Métodos e didáticas de alfabetização: história, características e modos 
de fazer de professores: caderno do professor. Belo Horizonte: Ceale, 2005.
LOPES, J. R.; ABREU, M. C. M.; MATTOS, M. C. E. Caderno do educador: alfabetização e 
letramento 1. Brasília: Ministério da Educação, 2010. (Programa Escola Ativa).
SOARES, M. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação, 
Rio de Janeiro, n. 25, p. 5–17, 2004.
Alfabetização e letramento: a questão dos métodos8
Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de 
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
Leituras recomendadas
AIUB, T (org.). Português: práticas de leitura e escrita. Porto Alegre: Penso, 2015. (Série 
Tekne).
FAVERO, L. L. Oralidade e escrita: perspectivas para o ensino da língua materna. São 
Paulo: Cortez, 2000.
KOCH, I. V. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo: Contexto, 2010.
MORTATTI, M. R. L. História dos métodos de alfabetização no Brasil. 2006. Disponível em: 
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/alf_mortattihisttextalfbbr.pdf. 
Acesso em: 15 dez. 2019.
SARAIVA, J. A. (org.). Literatura e alfabetização: do plano do choro ao plano de ação. 
Porto Alegre: Artmed, 2008. E-book.
VIANA, F. L.; RIBEIRO, I.; BARRERA, S. D. (org.). DECOLE - Desenvolvendo competências de le-
tramento emergente: propostas integradoras para a pré-escola. Porto Alegre: Penso, 2017.
9Alfabetização e letramento: a questão dos métodos
DICA DO PROFESSOR
Alfabetização e letramento podem ser propostos de forma conjunta em sala de aula. Com os 
avanços do entendimento sobre métodos e metodologias de alfabetização, abordagens mais 
recentes passaram a valorizar métodos que estejam para além da repetição, da memorização e do 
processo de decorar, para habilitar os sujeitos para a leitura e para escrita.
Desta forma, é possível trabalhar com cinco eixos para o ensino da leitura e da escrita, em um 
contexto de valorização do processo de letramento. Ou seja, um entendimento que valorize o 
uso social da língua e que entenda que, mesmo antes do domínio do código, a criança já opera 
com (e para) a língua.
Nesta Dica do Professor, conheça os cinco eixos de trabalho para integralizar, na prática, uma 
ação que esteja pautada nos dois processos – alfabetização e letramento.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
1) Sobre o conceito dealfabetização, sendo entendido de forma mais ampla, Ferreiro 
(1996) destaca que: “o desenvolvimento da alfabetização ocorre, sem dúvida, em 
___________________. Mas as práticas sociais, assim como as informações sociais, 
_______________________________________ pelas crianças”. 
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do texto:
A) sala de aula, apenas - práticas sociais, assim como as informações sociais, não são 
recebidas passivamente
B) um contexto social - práticas sociais, assim como as informações sociais, não são 
recebidas passivamente
C) um contexto social - práticas de repetição, que são recebidas passivamente
D) um contexto restrito de leitura - práticas sociais, assim como as informações sociais, não 
são recebidas passivamente
E) um contexto social - práticas de leitura que são recebidas passivamente
2) A prática de levar para a sala de aula diferentes gêneros textuais e expor a criança ao 
contato com esses gêneros, mesmo antes do domínio do código da língua, é uma 
forma de efetivar qual(is) conceito(s)?
Assinale a alternativa correta: 
A) Codificação como processo único de leitura.
B) Alfabetização, passível com aplicação do método alfabético.
C) Decodificação como processo único de leitura.
D) Letramento em conjunto com alfabetização.
E) Alfabetização, com aplicação do método silábico.
3) Com relação aos métodos de alfabetização que podem ser uitlizados no espaço da sala 
de aula, assinale V, para afirmação verdadeiras, e F, para falsas:
( ) método sintético; por exemplo: alfabético.
( ) método analítico; por exemplo: silábico.
( ) método sintético; por exemplo: fônico.
A) F - F - F.
B) V - V - V.
C) F - F - V.
D) F - V - F.
E) V - F - V.
4) Existem diferentes métodos de alfabetização que podem ser utilizados em sala de aula 
para habilitar os alunos para a leitura e para a escrita. Esses métodos podem ser 
divididos em sintéticos e analíticos.
Qual é a denominação para o método que utiliza como unidade inicial de 
aprendizagem aquela centrada em uma unidade de significado mais completa que 
está além da sílaba e dos sons? Neste método, o aluno deve conhecer e reconhecer os 
sentidos dessas unidades mais complexas, para depois analisar as partes menores.
A) Método silábico.
B) Método global.
C) Sentenciação.
D) Alfabético.
E) Palavração.
Alfabetização e letramento são conceitos que se somam; cada um deles contribui para 
a formação dos sujeitos, no sentido de capacitar para atividades de leitura e escrita.
5) 
Com relação à prática do letramento em sala de aula, assinale a alternativa correta:
A) Para efetivar o ensino centrado no letramento, é necessário manter o foco nos processos de 
decodificação e codificação, que ocorrem de forma isolada do texto.
B) Para efetivar o ensino centrado no letramento, é necessário manter o foco no processos 
conhecimento das sílabas (método silábico), que ocorre de forma isolada do texto.
C) Para desenvolvimento do letramento, é necessário um processo de ensino centrado no 
trabalho com os gêneros textuais, sejam eles orais ou escritos.
D) Para desenvolvimento do letramento, é necessário um processo de ensino centrado no 
trabalho com cartilhas que apresentem o código (método de silabação), de forma 
dissociada do texto e do contexto.
E) Para desenvolvimento do letramento, no sentido de capacitar os indivíduos para o uso da 
leitura sem relação com contextos, é necessário um processo de ensino centrado no 
trabalho os sinais gráficos, apenas.
NA PRÁTICA
Para desenvolver as competências propostas pelo letramento, é necessário um trabalho 
diferenciado em sala de aula. Porém, de que forma essa atividade pode ser desenvolvida para 
que alfabetização e letramento atuem de forma conjunta e capacitem os sujeitos para leitura, 
escrita e operação desse saber para ação social?
Acesse este Na Prática, para refletir sobre alfabetização e letramento na sala de aula, 
considerando a questão dos métodos e da análise das situações e dos contextos.
SAIBA +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Métodos de alfabetização - Magda Soares
Em uma entrevista para o Canal Futura, Magda Soares trata dos métodos de alfabetização. 
Acesse o link a seguir e reflita, em conjunto com a autora, sobre a questão dos métodos e a 
necessidade de valorização dos contextos sociais.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Alfabetização e letramento
Assista este vídeo e descubra quais os conhecimentos necessários que o professor deve ter sobre 
esses conceitos para a alfabetização.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Quer saber um pouco mais sobre letramento na prática? Acesse o material a seguir e 
desenvolva a leitura reflexiva sobre desenvolvimento de competências de letramento 
emergente:

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