Buscar

Defeitos do desenvolvimento da Região Oral e Maxilofacial

Prévia do material em texto

Nathalia Pereira de Paula 
 
Diagnóstico 
 
 
Defeitos do desenvolvimento da Região Oral e Maxilofacial 
 
Þ GRÂNULOS DE FORDYCE 
Os grânulos de Fordyce são glândulas sebáceas que ocorrem na mucosa oral. As 
glândulas sebáceas são consideradas estruturas dérmicas anexas, por isso, quando 
encontradas na cavidade oral, são muitas vezes consideradas “ectópicas”. Entretanto, 
como os grânulos de Fordyce são relatados em mais de 80% da população, sua 
presença deve ser considerada uma variação anatômica normal. 
CARACTERÍSTICAS CLINICAS: Múltiplas pápulas amareladas ou branco-amareladas, mais 
frequentemente encontradas na mucosa jugal e na porção lateral do vermelhidão do 
lábio superior. 
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO: Como os grânulos de Fordyce consistem em uma variação anatômica normal e são 
assintomáticos, nenhum tratamento é indicado. Em geral, o aspecto clínico é característico e a biópsia não é necessária 
para o diagnóstico. 
Þ LEUCOEDEMA 
O leucoedema é uma condição comum da mucosa oral de etiologia desconhecida. 
Ocorre mais frequentemente em indivíduos negros do que em brancos, sustentando 
a probabilidade de predisposição genética para o seu desenvolvimento. O 
leucoedema tem sido relatado em 70% a 90% dos adultos negros e em 50% das 
crianças negras. A diferença da predileção pela raça pode ser explicada pela 
presença de uma pigmentação na mucosa em indivíduos negros que torna mais 
visível a alteração edematosa. 
CARACTERÍTISTICAS CLÍNICAS: O leucoedema caracteriza-se pela aparência difusa, 
opalescente e branco-acinzentada cremosa da mucosa. A superfície apresenta-se 
frequentemente pregueada, resultando em estrias esbranquiçadas ou rugosidades. As 
lesões não são destacáveis. Em geral, o leucoedema acomete a mucosa jugal 
bilateralmente e pode estender-se até a mucosa labial. Em raras ocasiões, pode 
haver envolvimento do soalho bucal e dos tecidos palato-faringeanos. O leucoedema 
pode ser facilmente diagnosticado clinicamente, porque o aspecto esbranquiçado 
diminui muito ou até mesmo desaparece quando a mucosa é evertida e distendida. 
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO: O leucoedema é uma condição benigna e 
nenhum tratamento é necessário. O aspecto clínico característico de lesão branco-
acinzentada opalescente na mucosa jugal, que desaparece após o estiramento, auxilia a distingui-lo de outras lesões 
brancas comuns, como a leucoplasia, a candidíase e o líquen plano. 
 
Þ TIREOIDE LINGUAL 
De todas as tireoides ectópicas, 90% são encontradas nesta região. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Com base nos estudos de necrópsia, pequenos 
remanescentes assintomáticos de tecido tireoidiano podem ser encontrados na porção posterior do 
dorso lingual em cerca de 10% tanto dos homens quanto das mulheres. Entretanto, as tireoides 
linguais evidentes clinicamente ou sintomáticas são muito menos comuns e são quatro a sete vezes 
mais comuns em mulheres, talvez por causa das influências hormonais. Os sintomas geralmente 
surgem durante a puberdade, adolescência, gestação ou menopausa. Em 70% dos casos, essa 
glândula ectópica é o único tecido tireoidiano do paciente. 
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO: Nenhum tratamento é necessário para a tireoide lingual 
assintomática, a não ser um acompanhamento periódico. Nos pacientes sintomáticos, a terapia 
supressiva com suplemento de hormônio tireoidiano pode, frequentemente, reduzir o tamanho da 
lesão. Alguns autores aconselham a realização deste tratamento também em pacientes 
assintomáticos, para prevenir um possível aumento posterior do tamanho. Quando a terapia 
hormonal não elimina os sintomas, a remoção cirúrgica ou ablação com iodo radio- ativo-131 são 
indicadas. Se o aumento de volume for excisado cirurgicamente, pode-se tentar o autotransplante 
para outra parte do corpo, a fim de manter o tecido tireoidiano funcional e prevenir o 
hipotireoidismo. 
 
 
 Nathalia Pereira de Paula 
 
Diagnóstico 
 
 
Þ SÍNDROME DE EAGLE (SÍNDROME ESTILOIDE; SÍNDROME DA ARTÉRIA CAROTÍDEA; ESTILALGIA) 
O processo estiloide é uma projeção óssea fina que se origina da 
superfície inferior do osso temporal, medial e anteriormente ao forame 
estilomastoideo. Ele está conectado ao corno inferior do osso hioide pelo 
ligamento estilo- hioideo. A artéria carotídea externa e a carotídea interna 
localizam-se de cada lado do processo. O alongamento do processo 
estiloide ou a mineralização do complexo ligamentar estilo-hioideo não é 
incomum, sendo relatado em 18% a 40% da população em algumas 
revisões de radiografias. Essa mineralização geralmente é bilateral, porém 
pode afetar apenas um lado. A maioria dos casos é assintomática; 
entretanto, um número reduzido destes pacientes apresenta os sintomas 
da síndrome de Eagle, causada por colisão ou compressão dos vasos 
sanguíneos ou nervos adjacentes. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E RADIOGRÁFICAS: A síndrome de Eagle 
afeta preferencialmente adultos. O paciente apresenta dor facial vaga, 
principalmente quando deglute, quando vira a cabeça ou abre a boca. 
Outros sintomas que podem estar presentes são disfagia, disfonia, otalgia, 
cefaleia, tontura e síncope transitória. O alongamento do processo 
estiloide ou a mineralização do complexo ligamentar estilo-hioideo pode ser observado na radiografia panorâmica ou 
radiografia lateral da mandíbula.. A mineralização do complexo ligamentar estilo-hioideo pode ser palpada na região de 
fossa amigdaliana, promovendo muitas vezes a dor. A síndrome de Eagle ocorre classicamente após uma 
amigdalectomia. O desenvolvimento de tecido cicatricial na área da mineralização do complexo ligamentar estilohioideo 
resulta em dor cervicofaringeana na região dos nervos cranianos V, VII, IX e X, principalmente durante a deglutição. 
Alguns autores reservam o termo síndrome de Eagle apenas para os casos onde a ossificação da cadeia estilo-hioidea 
tenha ocorrido pela amigdalectomia ou por outro trauma no pescoço. Uma segunda forma desta condição que não está 
relacionada à amigdalectomia é chamada algumas vezes de síndrome da artéria carótida ou síndrome estiloide. O 
complexo mineralizado alongado é atritado na artéria carótida interna ou externa e fibras nervosas simpáticas associadas. 
O paciente pode se queixar de dor no pescoço quando vira a cabeça, e essa dor pode se irradiar para outras regiões da 
cabeça ou pescoço. A síndrome de Eagle traumática também tem sido relatada, na qual os sintomas desenvolvem-se 
após fratura do ligamento estilo-hioideo mineralizado. 
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO: O tratamento da síndrome de Eagle depende da gravidade dos sintomas. Nos casos 
leves, geralmente nenhum tratamento é necessário (exceto tranquilizar o paciente). Algumas vezes, injeções locais de 
corticosteroides causam alívio. Nos casos mais graves, a excisão cirúrgica parcial do processo estiloide alongado ou do 
ligamento estilo-hioideo mineralizado é necessária. Geralmente, o acesso para essa cirurgia é intraoral, embora um acesso 
extraoral também possa ser utilizado. O prognóstico é bom. 
 
Þ DEFEITO DE STAFNE (CISTO ÓSSEO DE STAFNE; DEPRESSÃO MANDIBULAR LINGUAL DA GLÂNDULA 
SALIVAR; CISTO ÓSSEO LATENTE; CISTO ÓSSEO ESTÁTICO; DEFEITO ÓSSEO ESTÁTICO; DEFEITO DA 
CORTICAL LINGUAL MANDIBULAR) 
Relatos subsequentes de lesões semelhantes mostraram que esta condição representa uma concavidade focal do osso 
cortical na superfície lingual da mandíbula. Na maioria dos casos, a biópsia revela tecido de glândula salivar 
histologicamente normal, sugerindo que estas lesões representem defeitos do desenvolvimento que contêm uma 
porção da glândula submandibular. Entretanto, há relatos de alguns poucos casos de defeitos desprovidos de conteúdo 
ou contendo músculo, tecido conjuntivo fibroso, vasos sanguíneos, gordura ou tecido linfoide. Defeitos semelhantes da 
cortical lingual também já foram observados mais 
anteriormente na mandíbula, na região dos incisivos, caninos e 
pré-molares. Estes defeitos raros foram relacionados à glândula 
sublingual outecido de glândula salivar aberrante. Além disso, 
um relato apontou a glândula parótida como a causa de um 
defeito cortical aparente no ramo ascendente da mandíbula. 
Portanto, todas as glândulas salivares maiores parecem ser 
capazes de causar essas concavidades corticais. Em raros 
exemplos, foi relatado o defeito radiolúcido cercado totalmente 
 
 
 Nathalia Pereira de Paula 
 
Diagnóstico 
 
por osso intacto. Estes casos talvez possam ser explicados pelo aprisionamento de tecido embrionário de glândula salivar 
nos ossos maxilares. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E RADIOGRÁFICAS: O defeito de Stafne clássico apresenta-se como uma lesão radiolúcida 
assintomática, abaixo do canal mandibular, na região posterior da mandíbula, entre os molares e o ângulo da mandíbula. A lesão é 
tipicamente bem-circunscrita e apresenta uma margem esclerótica. Em geral, o diagnóstico é alcançado com base na clínica, pela 
localização radiográfica característica e ausência de sintomas. Quando existem dúvidas no diagnóstico clínico, este pode ser 
confirmado pela tomografia computadorizada (TC), imagem por ressonância magnética (IRM) ou sialografia. A TC e a IRM mostram 
uma concavidade bem- definida na superfície lingual da mandíbula. A sialografia pode demonstrar a presença de tecido de glândula 
salivar na área do defeito. 
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO: Para os defeitos de Stafne localizados na região posterior de mandíbula, não há 
necessidade de tratamento, e o prognóstico é excelente. Como o defeito lingual anterior da glândula salivar pode ser difícil de 
reconhecer, a biópsia pode ser necessária para exclusão de outras lesões. 
 
Cistos do Desenvolvimento 
 
Þ CISTOS PALATINOS DO RECÉM-NASCIDO (PÉROLAS DE EPSTEIN; NÓDULOS DE BOHN) 
Pequenos cistos de desenvolvimento são comuns no palato de crianças 
recém-nascidas. Pesquisadores especulam que estes cistos de “inclusão” 
podem originar-se de duas maneiras. Na primeira, quando os processos 
palatinos se encontram e se fusionam na linha média, durante a vida 
embrionária para formar o palato secundário, pequenas ilhas epiteliais 
podem ficar aprisionadas por baixo da superfície tecidual ao longo da 
rafe palatina e formar cistos. Na segunda, estes cistos poderiam surgir de 
remanescentes epiteliais oriundos do desenvolvimento de glândulas 
salivares menores do palato. Como descritas originalmente, as pérolas de 
Epstein ocorrem ao longo da rafe palatina mediana e provavelmente 
surgem de epitélio aprisionado ao longo da linha de fusão. Os nódulos de 
Bohn estão espalhados pelo palato duro, muitas vezes próximo à junção 
entre os palatos, e acredita-se que sejam derivados de glândulas salivares 
menores. Entretanto, estes dois termos têm sido confundidos na 
literatura e também, muitas vezes, têm sido utilizados para descrever os cistos gengivais do recém-nascido, lesões com 
aparência semelhante que se originam da lâmina dentária. Portanto, o termo cistos pala- tinos do recém-nascido deve ser 
preferido para ajudar a distingui-los dos cistos gengivais do recém-nascido. Além disso, como estes cistos são mais 
comuns próximos a linha média da junção entre o palato duro e o palato mole, é difícil afirmar clinicamente se eles se 
originam do epitélio aprisionado pela fusão dos processos palatinos ou de restos epiteliais de glândulas salivares menores. 
CARACTERÍSITCAS CLÍNICAS: Os cistos são pequenos, variando de 1 a 3 mm, apresentando-se na forma de pápulas 
brancas ou branco-amareladas que aparecem preferencialmente ao longo da linha média, na junção do palato duro e 
mole. Às vezes, podem ocorrer em uma localização mais anterior ao longo da rafe ou posteriormente, lateral à linha 
média. É observado em um grupo de dois a seis cistos, embora as lesões também possam ocorrer isoladamente. 
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO: Os cistos palatinos do recém-nascido são lesões inócuas, e nenhum tratamento é 
necessário. 
 
Þ CISTO DO DUCTO NASOPALATINO (CISTO DO CANAL INCISIVO) 
O cisto do ducto nasopalatino é o cisto não odontogênico mais comum da 
cavidade oral, ocorrendo em cerca de 1% da população. Acredita-se que ele 
se origine de remanescentes do ducto nasopalatino, uma estrutura 
embrionária que liga a cavidade nasal e oral na região do canal incisivo. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E RADIOGRÁFICAS: O cisto do ducto 
nasopalatino pode se desenvolver praticamente em qualquer idade, porém 
ele é mais comum na quarta a sexta décadas de vida. Apesar de ser um 
cisto do “desenvolvimento”, o cisto do ducto nasopalatino é raramente 
observado durante a primeira década de vida. A maioria dos estudos mostra 
uma preferência pelo gênero masculino. Os sinais e sintomas mais comuns 
incluem tumefação da região anterior do palato, drenagem e dor. Às vezes, 
os pacientes relatam uma história longa destes sintomas, provavelmente 
 
 
 Nathalia Pereira de Paula 
 
Diagnóstico 
 
devido à sua natureza intermitente. Contudo, muitas lesões são assintomáticas, 
sendo identificadas em radiografias de rotina. Raramente, um cisto grande pode 
produzir uma expansão “completamente” flutuante, envolvendo a região 
anterior do palato e a mucosa alveolar. As radiografias geralmente demonstram 
uma lesão radiolúcida bem-circunscrita próxima ou na linha média da região 
anterior de maxila, entre os ápices dos incisivos centrais. A reabsorção radicular 
é raramente notada. A lesão em geral é redonda ou oval, com uma margem 
esclerótica. Alguns cistos podem ter um formato de pera invertida, 
possivelmente devido à resistência das raízes dos dentes adjacentes. Outros 
casos podem exibir o formato clássico de coração, como resultado da 
sobreposição da espinha nasal ou pelo chanframento causado pelo septo nasal. 
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO: Os cistos do ducto nasopalatino são 
tratados por enucleação cirúrgica. A biópsia é recomendada, porque a lesão 
não é diagnosticada por radiográfia e existem outras lesões benignas e 
malignas semelhantes ao cisto do ducto nasopalatino. O melhor acesso cirúrgico 
é realizado com um retalho palatino rebatido após uma incisão ao longo da 
margem gengival lingual dos dentes anteriores superiores. A recidiva é rara. A transformação maligna tem sido relatada 
em alguns casos escassos, mas esta é uma complicação rara. 
 
Þ CISTO PALATINO (PALATAL) MEDIANO 
O cisto palatino mediano é um cisto fissural raro, que teoricamente se desenvolve do epitélio 
retido ao longo da linha de fusão embrionária dos processos palatinos laterais da maxila. Este 
cisto pode ser difícil de ser diferenciado de um cisto do ducto nasopalatino. Na verdade, a 
maioria dos “cistos palatinos medianos” pode representar cistos do ducto nasopalatino 
localizados posteriormente. Em decorrência de os ductos nasopalatinos terem um trajeto 
superior e posterior, conforme se estendem do canal incisivo para a cavidade nasal, um cisto 
do ducto nasopalatino que se origine de remanescentes posteriores deste ducto próximo à 
cavidade nasal pode ser confundido com um cisto palatino mediano. Por sua vez, se um cisto 
palatino mediano verdadeiro se desenvolver na porção anterior do palato, ele será facilmente 
confundido com um cisto do ducto nasopalatino. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E RADIOGRÁFICAS: O cisto palatino mediano apresenta-se 
como uma tumefação firme ou flutuante na linha média do palato duro, posterior à papila 
incisiva. A lesão aparece mais em adultos jovens. Muitas vezes, a lesão é assintomática, porém 
alguns pacientes queixam-se de dor ou expansão. O tamanho médio deste cisto é de 2 cm, porém algumas vezes pode 
se tornar maior. As radiografias oclusais revelam uma lesão radiolúcida na linha média do palato duro. Ocasionalmente, 
alguns relatos têm mostrado a divergência dos incisivos centrais, apesar de ser difícil, nestes casos, excluir o cisto do 
ducto nasopalatino. 
Para diferenciar o cisto palatal mediano de outras lesões císticas da maxila, Gingell e colaboradores sugeriram os 
seguintes critérios diagnósticos: 
● Aparência grosseiramentesimétrica ao longo da linha média do palato duro 
● Localização posterior à papila palatina 
● Formato circular ou ovoide na radiografia 
● Ausência de associação íntima de um dente não vital 
● Ausência de comunicação com o canal incisivo 
● Ausência de evidências microscópicas de feixes neurovasculares, cartilagem hialina, ou glândulas salivares menores na 
parede cística 
Deve-se ressaltar que um cisto palatal mediano verdadeiro deve apresentar clinicamente um aumento de volume no 
palato. Uma área radiolúcida na linha média sem evidência clínica de expansão é provavelmente um cisto do ducto 
nasopalatino.		
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO: O cisto palatal mediano é tratado por remoção cirúrgica. A recidiva não ocorre. 
 
 
 
 
 
 
 
 Nathalia Pereira de Paula 
 
Diagnóstico 
 
Þ CISTOS FOLICULARES DA PELE 
Os cistos foliculares da pele são lesões comuns com cera- tina no seu 
interior, que surgem de uma ou mais porções do folículo piloso. O tipo mais 
frequente é derivado do infundíbulo folicular, sendo chamado de cisto epider- 
moide ou cisto infundibular. Tais cistos desenvolvem-se após uma inflamação 
localizada do folículo piloso e provavelmente representam uma proliferação 
não neoplásica do epitélio infundibular resultante do processo de cicatrização. 
O termo cisto sebáceo algumas vezes é usado erroneamente como 
sinônimo tanto do cisto epidermoide como de outros cistos do couro 
cabeludo, conhecidos como cisto triquilemal, cisto pilar ou cisto do istmo 
catagênico. No entanto, como o cisto epidermoide e o cisto pilar são 
derivados do folículo piloso e não da glândula sebácea, o termo cisto sebáceo 
deve ser evitado. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Os cistos epidermoides (infundibulares) 
representam quase 80% dos cistos foliculares cutâneos e são mais comuns 
em áreas propensas ao desenvolvimento de acne na cabeça, pescoço e 
costas. Eles são raros antes da puberdade, exceto quando estão associados à 
síndrome de Gardner. Os adultos jovens tendem a apresentar cistos na face, 
enquanto que os mais velhos têm maior propensão para cistos nas costas. Os 
homens são mais afetados. 
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO: O cisto epidermoide e o cisto pilar 
geralmente são tratados por excisão cirúrgica conservadora e a recidiva é 
incomum. A transformação maligna já foi relatada, porém é raríssima.		
 
Þ CISTO DERMOIDE 
Tal cisto é revestido por epitélio semelhante à epiderme, e na parede contém anexos cutâneos. Geralmente, o cisto epidermoide é 
considerado uma forma cística benigna do teratoma. 
O termo cisto teratoide é utilizado para descrever uma forma cística de teratoma que contém uma variedade de derivados dos 
folhetos germinativos: 
1- Anexos cutâneos, incluindo folículos pilosos, glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas. 
2- Elementos do tecido conjuntivo, tais como músculo, vasos sanguíneos e osso. 
3- Estruturas endodérmicas, como o revestimento gastrointestinal. 
Raramente, os cistos orais podem ser revestidos completamente pelo epitélio gastrointestinal. Tais cistos gastrointestinais orais 
heterotópicos (enterocistomas, cistos de duplicação entérica) são geralmente considerados coristomas ou tecido histologicamente 
normal encontrado em uma localização ectópica. Entretanto, tais lesões provavelmente podem ser incluídas no grupo de lesões 
teratomatosas, especialmente porque são às vezes encontradas em associação com os cistos dermoides. 
Os cistos dermoides são mais simples na estrutura que os teratomas complexos ou cistos teratoides. Embora não contenham tecido 
dos três folhetos germinativos, provavelmente representam uma forma frustra de um teratoma. Na cavidade oral podem ser 
observados cistos semelhantes revestidos por epitélio idêntico à epiderme, porém anexos cutâneos não são observados na parede 
do cisto. Tais lesões foram chamadas de cistos epidermoides e representam a menor expressão do espectro do teratoma. Estes 
cistos epidermoides intraorais não devem ser confundidos com a forma mais comum, cisto epidermoide da pele (ver ante- 
riormente), uma lesão não teratomatosa que se origina do folículo piloso. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E RADIOGRÁFICAS: Os cistos dermoides ocorrem mais na linha média do soalho bucal, 
ainda que ocasionalmente se localizem lateralmente do soalho bucal ou em outras localizações. Quando o cisto se desenvolve abaixo 
do músculo gênio-hioideo, uma tumefação sublingual pode deslocar a língua superiormente e causar dificuldades na alimentação, na 
fonação ou até na respiração. Os cistos que surgem acima do músculo gênio-hioideo produzem, muitas vezes, uma tumefação 
submentoniana, com aparência de “queixo duplo”. Os cistos dermoides da cavidade oral podem variar de poucos milímetros até 12 
cm de diâmetro. Eles são mais frequentes em crianças e adultos jovens; 15% dos casos relatados são de origem congênita. Em geral, 
a lesão cresce lentamente sem provocar dor, apresentando-se como uma massa borrachoide ou pastosa, que frequentemente 
retém a marca dos dedos sob pressão digital. Infecção secundária pode acontecer, e a lesão pode drenar para o interior da cavidade 
oral ou para a pele. Para delinear a extensão da lesão, a IRM, a TC ou radiografias com utilização de contraste podem ser úteis. 
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO: Os cistos dermoides são tratados por remoção cirúrgica. Aqueles localizados acima do 
músculo gênio-hioideo podem ser removidos por incisão intraoral, e os situados abaixo do músculo gênio-hioideo podem necessitar 
de um acesso extraoral. A recidiva é incomum. São raros os relatos de transformação maligna em carcinoma de células escamosas. 
 
 
 
 Nathalia Pereira de Paula 
 
Diagnóstico 
 
Þ CISTO LINFOEPITELIAL ORAL 
O cisto linfoepitelial oral é uma lesão rara da cavidade oral, que se desenvolve dentro do tecido 
linfoide oral. É microscopicamente semelhante ao cisto da fenda bran- quial (cisto linfoepitelial 
cervical), porém de tamanho muito menor. O tecido linfoide é normalmente encontrado na 
cavidade oral e faringe, consistindo, principalmente, no anel de Waldeyer, o qual inclui as 
amígdalas linguais e palatinas e as adenoides faringianas. Além disso, amígdalas orais acessórias 
e agregados linfoides podem ocorrer no soalho bucal, superfície ventral de língua e palato 
mole. O tecido linfoide oral tem uma estreita relação com o epitélio de revestimento da 
mucosa. Este epitélio apresenta invaginações para o tecido amigdaliano, resultando em bolsas 
cegas ou criptas amigdalianas que podem estar preenchidas com restos de ceratina. As criptas 
amigdalianas podem se tornar obstruídas ou estreitadas na superfície, produzindo um cisto 
preenchido por ceratina dentro do tecido linfoide, logo abaixo da superfície mucosa. Também 
é possível que os cistos linfoepiteliais orais possam se desenvolver de epitélio da mucosa de 
superfície ou do epitélio de glândula salivar que ficou retido no tecido linfoide durante a 
embriogênese. Foi sugerido ainda que estes cistos possam surgir de ductos excretores da 
glândula sublingual ou de glândulas salivares menores, e que o tecido linfoide associado 
representa uma resposta imunológica secundária. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: O cisto linfoepitelial oral apresenta-se como uma massa 
submucosa pequena, geralmente menor que 1 cm de diâmetro; raramente a lesão pode ser 
maior que 1,5 cm. O cisto pode ser firme ou mole à palpação, e a mucosa de revestimento é 
macia e não ulcerada. Caracteristicamente, a lesão é branca ou amarela e muitas vezes 
contém em sua luz ceratina com aspecto caseoso ou cremoso. O cisto geralmente é 
assintomático, embora, ocasionalmente, alguns pacientes queixem-se de tumefação ou 
drenagem. A dor é rara, porém pode ocorrer secundariamente a um traumatismo. 
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO: O cisto linfoepitelial oral é em geral tratado pela excisão cirúrgica e a recidiva geralmente 
não ocorre. Pelo fato de a lesão ser assintomática e inócua, a biópsia nem sempre é necessária, desde que a lesão seja 
característicao bastante para o diagnóstico ser feito com base na clínica.

Outros materiais