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SAI II – Urologia Aula 3 Cecilia Antonieta 82 A 1 DOENÇAS DA PRÓSTATA Do nascimento até a puberdade há pouca alteração nas dimensões da próstata. A partir da puberdade há rápido aumento em suas dimensões até os 30 anos de idade. O crescimento prostático, nessa fase é ao redor de 1,6 g/ano até alcançar aproximadamente 20 g. Após essa fase, esse crescimento decresce marcadamente para 0,4 g/ano até os 90 anos. HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA Distúrbio comum caracterizado clinicamente por au- mento da glândula e obstrução do fluxo de urina e pato- logicamente pela proliferação de glândulas e estroma. Mais frequente na Europa Ocidental e nos EUA e menos comum no Oriente. 75% dos homens acima de 80 anos apresentam algum grau de hiperplasia prostática. Raro antes do 40 anos. PATOGENIA Células da próstata possuem receptores sensíveis à testosterona e ao estrógeno, com a idade, há desequilíbrio que estimula a produção de fatores de crescimento celular, originando o progressivo aumento de tamanho, que pode ser variável dependendo de outros fatores. A hiperplasia estromal nodular inicia na ZT (zona de de transição – para dentro da bexiga) e comprime a luz uretral. Formação de nódulos em decorrência de hiperplasia do lobo médio da próstata. Aos cortes, o tecido é branco-amarelado e borrachoso, com formação de nódulos. A uretra prostática fica estreitada dificultando a eliminação de urina. Há hipertrofia da parede da bexiga e sinais de cistite com mucosa eritematosa e edemaciada. Células do estroma – produção de mediadores induzindo o crescimento de tecido glandular na ZT – compressão. O aumento da pressão intravesical provoca alteração da composição da arquitetura da bexiga (colágeno tipo I e III) – dificulta armazenamento (diminui complacência) e esvaziamento miccional. FISIOLOGIA MICCIONAL barorreceptores detectam a pressão da bexiga e enviam sinal para o cérebro – mic- ção. A bexiga suporta até 400 ml – 35 cm H2O sem que haja desorganização da arquitetura muscular e proteica. Reto abdominal, assoalho do períneo e raiz da coxa – prensa para micção. ALFA-RECEPTORES mecanismo de proteção contração autônoma, banhado na região do colo vesical. Relaxam musculatura do colo vesical e da próstata. Aumento da próstata desequilibra – receptores mais sensitivos – menor contração autônoma da bexiga, hiperatividade – sintomas irritativos. Niciutira, poalciuria – barroreceptor (irritativo) – anticolinérgico, antidopaminérgico. Urgência, urgeincotinência, disúria – alfa-receptor. Pdetrusão = Pabdominal – Pintravesical. CLÍNICA Manifestações são oscilantes, com períodos interca- lados de remissão e de piora espontânea dos sintomas. Em cerca de um terço dos casos o quadro clínico se deteriora, tornando necessária a realização de tratamento clínico ou cirúrgico. Nos pacientes não tratados, a evolução do processo obstrutivo pode favorecer o aparecimento de complicações, como: retenção urinária, IRA obstrutiva, litíase vesical. DIAGNÓSTICO HISTÓRIA CLÍNICA – SINTOMAS IRRITATIVOS disuria, polaciuria, urgência miccional, nictúria. OBSTRUTIVOS diminuição do jato urinário, jato intermitente, gotejamento pós-miccional, sensação de esvaziamento vesical incompleto. EXAME FÍSICO toque retal – volume, limites, sensibilidade, superfície, mobilidade e consistência (fibroelástica – HPB, firme – prostatite, duro – CA), além SAI II – Urologia Aula 3 Cecilia Antonieta 82 A 2 da presença de nódulos, que podem significar a presença de câncer de próstata também presente. AVALIAÇÃO CLÍNICA história clínica LUTS (Lower Urinary Tract Symptoms) – jato urinário fraco e intermitente, dificuldade ou demora para iniciar a micção, presença de sangue na urina, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga. Quantificação dos sintomas I-PSS 0-7 leve – tratamento medicamentoso. 8-18 moderado – sintomas mistos, fazer estudo urodinâmico. >19 sintomas graves – cirurgia. *Qualidade de vida não entra na contagem. EXAMES COMPLEMENTARES determinar com maior precisão o grau de obstrução e de esvaziamento vesical e planejar o tratamento. Urianálise, exames bioquímicos (ureia e creatinina, glicemia, sódio, potássio), PSA, urodinâmica ou urofluxometria, USG dos rins vias urinárias e próstata com resíduo pós-miccional. Fluxo < 15 ml/s – favorece o refluxo – operar. TRATAMENTO Observação vigilante. MEDICAMENTOSO pacientes com IPSS baixo e/ou sintomas predominantemente irritativos. FITOTERÁPICOS Pygeum Africanum e Serenoa Repens. Mecanismo de ação desconhecido. Meta-análises demonstram efeitos terapêuticos similares aos bloqueadores alfa-adrenérgicos e inibidores da 5alfa-redutase. INIBIDORES DA 5ALFA-REDUTASE Finasterida (Combodart®) ação 5-alfa redutase tipo 2, inibição de 70% da DHT sérica e 90% na próstata. Dutasterida ação na 5alfa-redutase tipo 1 e 2, inibição de 90% da DHT sérica. Efeitos terapêuticos e colaterais similares. ALFA-BLOQUEADORES predomínio de receptores alfa-1ª no tecido prostático, uretra e colo vesical. Tem ação de curto período. Não-seletivos fenoxibenzamina. Alfa1-seletivos prazosina, alfuzosina, indoramina. Alfa1-seletivos de longa ação terazosina, doxazosina, alfuzosina SR. Alfa1-super-seletivos (alfa1a) tamsulosina. CIRÚRGICO sintomas obstrutivos ou IPSS elevado. INDICAÇÕES Absolutas hidronefrose e uremia, infecção urinária redicivante, hematúria persistente, incontinência paradoxal, retenção urinária, cálculo e grandes divertículos vesicais. Relativas sintomas moderados, litíase e divertículo vesical, resíduo urinário significativo, fluxo urinário reduzido. TÉCNICAS Ressecção de próstata videoendocópica transuretral limitações: habilidade do cirurgião, próstata até 60 gramas de volume, tempo cirúrgico < 2h. Prostatectomia transvesical via de acesso cirúrgico abdominal retropubica. Próstatas volumosas. Cálculo de bexiga, divertículos. Impossibilidade para RTU. % baixa dos casos na atualidade. Via de ação dos componentes esteroides (sinstoesteroi- des e fitoesteroides) diminuem a colesterolemia, inibindo a formação de prostaglandinas, dificultando a conversão de testosterona. Hormonioterapia uso de bloqueadores da 5alfa-redutase para promover a queda seletiva dos níveis séricos e intraglandulares de DHT sem alterar a produção de testosterona. Procura-se diminuir o volume da próstata sem afetar a libido ou a potência sexual. Resíduo pós-miccional Até 50 desprezível. 50-70 leve 70-100 > 100 SAI II – Urologia Aula 3 Cecilia Antonieta 82 A 3 CÂNCER DE PRÓSTATA Neoplasia maligna mais comum nos homens. A escolha do tratamento deve ser individualizada, com base nas condições de saúde, em comorbidades e na preferência do paciente. Predisposição genética é um fator muito importante. Raramente ocorre antes dos 45 anos e tem seu pico aos 70 anos. ETIOPATOGENIA Androgênios dão os primeiros sinais para síntese de DNA e a divisão celular normal das células prostáticas. Os androgênios provocam a liberação de fatores de crescimento que por sua vez atuam sobre os proto- onocogenese, ocorrendo o crescimento e a diferenciação das células epiteliais. Zona periférica, projeta lateralmente. QUADRO CLÍNICO PRECOCES nenhum. INTERMEDIÁRIO miccionais, impotência (compressão de vasos e uretra). TARDIOS perda de peso, dor óssea (metástase). DIAGNÓSTICO EXAME FÍSICO toque retal – endurecimento prostático periférico – 90%. Tardio – globalmente. EXAMES COMPLEMENTARES RNM PARAMÉTRICA DA PRÓSTATA PI Rads 3 e 4. PET CT PSMA. BIÓPSIA DE PRÓSTATA único exame conclusivo e documento que se pode indicar em tratamento. PSA detecção precoce do câncer de próstata, monitorização do tratamento. PSAT alta sensibilidade em jovens e alta especificidade em idosos. Faixa etária PSAT (ng/ml)40-49 < 2,5 50-59 < 3,5 60-69 < 4,5 70-79 < 6,5 PSA Livre/Total < 10%. > 20% – HPB em 80% dos casos. Velocidade de PSA T aumento de até 0,75 por ano. Densidade de PSA (PSAT/Vpróstata) > 15 – aumenta chance de CA. Indicação homens de 50 anos ou mais, assintomáticos, sem história familiar. Homens de 40 anos ou mais, que possuam história familiar ou negros. No câncer o PSA é ligado. PSA L – benigna. Possíveis causas de alteração dos níveis séricos câncer de próstata, hiperplasia benigna, prostatites, isquemias, infartos prostáticos, manipulação (biópsia prostática, C, cistoscopia), inibidores de 5alfa-redutase e antiandrogênicos. O exame de toque retal aparentemente não interfere de modo significativo nos níveis séricos de PSA (elevações muito discretas). Alguns estudos recomendam sua coleta somente após 48 horas do exame retal. GRADUAÇÃO HISTOLÓGICA DE GLEASON Baseia-se em: diferenciação glandular, padrão de crescimento em relação ao estroma. Não se consideram atipías nucleares. GRAU HISTOLÓGICO 1-5. CONTAGEM FINAL 2-10. Considera-se o padrão predominante e o secundário. *Se o grau histológico for o mesmo em toda área repete-se o número na contagem. Até 6 – tumor leve 4-7 – tumor de agressividade moderada 8-10 – agressivo. ESTADIAMENTO T – PRIMÁRIO I achado incidental. Diagnóstico por PSA ou biópsia, não é palpável, limitado à próstata. É curável, especialmente se for Gleason de grau baixo. Atributos de um marcador tumoral ideal alta sensibilidade, alta especificidade, dosagem fácil, baixo custo, utilidade no diagnóstico, estadiamento, monitorização do tratamento. SAI II – Urologia Aula 3 Cecilia Antonieta 82 A 4 5% ou menos do ressecado – acompanhamento a cada 6 meses. > 5% tratamento como CA localizada. III não chega a tecidos adjacentes, localmente avançado. II pode ser detectado no exame retal, limitado à próstata, muitos são curáveis. III extensão além da cápsula, dentro de órgãos ou tecidos, sem metástases. IV extensão para linfonodos, ossos ou outros locais. CONDUTA ESTÁGIO 1 se tecido de ressecção for menor que 5% de comprometimento, pode-se realizar observação vigilante. Prostatectomia radical complementar. ESTÁGIO 2 prostatectomia radical (1ª opção sempre) ou RDT ou braquiterapia. ESTÁGIO 3 conduta igual à do tumor localizado. ESTÁGIO 4 bloqueio hormonal – cirúrgico ou químico (LH-RH), quimioterapia. TRATAMENTO Câncer Prostático Clinicamente Localizado CIRURGIA – PROSTECTOMIA RADICAL padrão ouro. Para pacientes com excelente estado de saúde e com expectativa de vida superior a 10 anos. Retirada de toda a próstata além de alguns tecidos adjacentes, incluindo as vesículas seminais. TIPOS retropúbica, perineal, por laparoscopia e por laparoscopia assistida por robótica. EFEITOS COLATERAIS – INCONTINÊNCIA URINÁRIA diferentes graus, afetam o homem não só fisicamente como emocional e socialmente. De estresse urina escapa a um movimento repentino como tossir, rir ou espirar. Por transbordamento quando a bexiga não é totalmente esvaziada. De urgência necessidade súbita de urinar. RADIOTERAPIA não invasivo. Pode ser usada como primeira opção terapêutica com intuito curativo ou após o tratamento cirúrgico da próstata. Também é usada para aliviar as dores ósseas provocadas pela disseminação da doença. Focada sobre a glândula da próstata a partir de uma fonte de radiação externa. As principais técnicas utilizadas são: radioterapia conformacional 3D, IMRT, IGRT e arcoterapia volumétrica modulada (VMAT). EFEITOS COLATERAIS problemas intestinais e na bexiga, incontinência urinária, impotência, sensação de cansaço, linfedema e estreitamento uretral. QUIMIOTERAPIA tratamento sistêmico IV ou VO. Recomendado para tratar cânceres em estágio avançado ou que não respondem à hormonioterapia. Os medicamentos usados no tratamento do câncer de próstata incluem: docetanel, cabaritanel, mitoxantrona, estramustina, doxorrubicina, eoposido, vimblastina, paclitaxel, carbopaltina, vinorelbina. EFEITOS COLATERAIS alopecia, inflamações na boca, perda de apetite, náuseas, vômitos, diarreia, infecções, hemorragias ou hematomas, fadiga e reações alérgicas. BRAQUITERAPIA praticamente em desuso, na prática é pouco aplicada. CONSERVADOR pacientes com expectativa de vida menor que 10 anos, tumor de baixo grau. Dosar o PSA a cada 6 meses. Se aumentar ou surgir sintomas, pode ser instituído o tratamento. TERAPIA HORMONAL bloqueador RH-LH visa reduzir os níveis séricos de testosterona, para suprimir o crescimento do câncer. REFERÊNCIAS https://portaldaurologia.org.br/medicos/wp- content/uploads/2015/09/Hiperplastia-Prost%C3%A1tica- Benigna-Tratamento-Medicamentoso-2017.pdf https://portaldaurologia.org.br/medicos/wp- content/uploads/2017/08/guideline_AUA_SBU-ilovepdf- compressed.pdf https://portaldaurologia.org.br/medicos/wp-content/uploads/2015/09/Hiperplastia-Prost%C3%A1tica-Benigna-Tratamento-Medicamentoso-2017.pdf https://portaldaurologia.org.br/medicos/wp-content/uploads/2015/09/Hiperplastia-Prost%C3%A1tica-Benigna-Tratamento-Medicamentoso-2017.pdf https://portaldaurologia.org.br/medicos/wp-content/uploads/2015/09/Hiperplastia-Prost%C3%A1tica-Benigna-Tratamento-Medicamentoso-2017.pdf
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