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SAI II – Urologia Aula 5 Cecilia Antonieta 82 A 1 NEFROLITÍASE FATORES PREDISPONENTES INFECÇÃO URINÁRIA pode tanto ser a causa quanto uma consequência. MATRIZ CALCULOGÊNICA distúrbio metabólico (eliminação urinária elevada de cálcio, eliminação urinária de proteínas e fatores de agregação). ALTERAÇÃO DE FATORES PROMOTORES urina concentrada. INIBIDORES DA CRISTALIZAÇÃO citrato. FATORES EPIDEMIOLÓGICOS ambientes secos e quentes, que favorecem uma maior transpiração; raça branca (caucasianos). HÁBITOS ALIMENTARES alta ingestão de sal, consumo excessivo de proteína animal com metabolismo das purinas (maior eliminação de ácido úrico). ALTERAÇÕES DE PH URINÁRIO alcalinização – deposição de fosfato de cálcio. ALTERAÇÕES ANATÔMICAS estenose da junção ureteropélvica, ou qualquer alteração que provoque estase urinária. CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO RADIOPACIDADE MUITO RADIOPACOS apresentam cálcio: oxalato de cálcio (85%) e fosfato de cálcio. POUCO RADIOPACOS cálculos de baixa densidade: estruvita, apatita e cistina. RADIOTRANSPARENTES não aparecem em radiografias. O mais comum é formado por ácido úrico. Há os formados urato de amônia, xantinas e “drug stones” (medicamentos). TIPOS DE CÁLCULOS – LITÍASE COM CÁLCIO oxalato de cálcio e fostato de cálcio. PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES METABÓLICAS hiper- calciúria (40-75%), hiperuricosúria (10-50%), hipocitra- túria (10-50%), hiperoxalúria (<5%) e hipomagnesúria. Citrato e magnésio evitam a agregação dos cristais. ETIOLOGIA Normocalciúria hiperoxalúria, hiperuricosúria, hipocitratúria. Hipercalciúria absortiva (tipo I ou II), renal ou reabsortiva (hiperparatireoidismo primário). SEM CÁLCIO – PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES METABÓLICAS ÁCIDO ÚRICO pH urinário baixo (5%). ESTRUVITA cálculo infeccioso (15%). CISTINA cistinúria (1-2%). TRATAMENTO CONSERVADOR X INTERVENCIONISTA CONSERVADOR a maioria dos pacientes (≈ 80%) que tem uma crise renal elimina os cálculos espontânea- mente. Cálculos inferiores a 0,5 cm possuem uma grande chance de serem eliminados espontaneamente. INTERVENCIONISTA – QUANDO ESCOLHER TAMANHO DO CÁLCULO > 0,5 cm, progressivamente começa a diminuir a possibilidade de eliminação espontânea. OBSTRUÇÃO URINÁRIA cálculo pode não ser muito grande, mas ele está localizado em regiões mais suscetíveis e leva à obstrução e hidronefrose importante, havendo necessidade de intervenção. ITU quadro concomitante de cálculo e infecção urinária. SINTOMATOLOGIA o limiar de dor é individual, portanto, alguns pacientes podem necessitar de uma intervenção pois não suportam mais aquela dor, passando várias vezes por serviços por esse motivo. PROCEDIMENTOS LITOTRIPSIA EXTRACORPÓREA (LECO) procedimento ambulatorial em que uma onda de choque de fora do corpo o penetra e fragmenta o cálculo. O cálculo é localizado através do raio-X e a mesa é móvel para que o cálculo seja deixado no ponto focal da máquina onde as ondas convergentes farão essa fragmentação. Resolução varia de acordo com o tamanho dos cálculos. CONTRAINDICAÇÕES cálculos > 2,0 cm, cálculo corali- forme, cálculos em divertículo (muito estreito), cálculo renal com obstruções distais, cálculo com IRA associada Cálculos na gestante não há estudos, portanto é uma medida de segurança. SAI II – Urologia Aula 5 Cecilia Antonieta 82 A 2 Distúrbios de coagulação pode haver sangramentos. Cálculos em rins malformados dificuldade de drenagem, pois somente ocorrerá a fragmentação do cálculo, e não a eliminação. Aneurisma abdominal ou renal aneurisma calcificado de artéria renal pode ser rompido com a LECO (apesar da falta de evidências científicas), sendo uma medida de segurança. Arritmias e marcapassos piora da arritmia através das ondas. Obesidade mórbida dificuldade técnica para se colocar o cálculo no ponto focal da máquina, além do risco de a mesa não suportar o peso. Cálculos de cistitina e oxalato monohidratado cálculos de alta densidade, dificilmente são quebrados. COMPLICAÇÕES ITU pode-se fazer antibioticoterapia profilática. Rua de Cálculo (LECO) em caso de cálculos maiores que 2 cm há a chance que fiquem depositados fragmentos de cálcio pelo ureter. Obstrução por fragmentos do cálculo. Hematúria no local de fragmentação do cálculo, causa lesão renal temporária. Hipertensão arterial temporária pacientes que possuem tendência. Cólica renal até a eliminação de todos os fragmentos, pode-se ter cólica. Hematoma perirrenal pode ocorre se o indivíduo tiver algum distúrbio de coagulação. ENDOUROLÓGICO aparelhos finos em que se consegue passar pela uretra ou ureter e chegar até o rim. NEFROLITOTRIPSIA PERCUTÂNEA (NPC) passagem de um cateter pela uretra até o rim, ficando posicionado na pelve. Injeta-se contraste para que seja realizada a punção do cálice a ser trabalhado, podendo realizar mais de uma punção para que seja finalizado o procedimento. Na maioria das vezes, o principal acesso é o cálice inferior, onde pode-se subir até a parte mais superior (a depender da anatomia do rim). Após a realização da pielografia e a punção, é feita a dilatação pelo fio com dilatadores progressivos ou balões. Por conta da dilação, consegue-se inserir o nefroscópio, que será responsável pela realização da fragmentação, tirando os fragmentos maiores. Após a retirada do cálculo, pode-se deixar uma nefrosto- mia para realizar a drenagem de urina. Necessita-se do acompanhamento de uma estrutura cirúrgica. LAPAROSCÓPICO CIRURGIA CONVENCIONAL assim como a laparoscópica, se abre a pelve/ureter para retirada do cálculo. É necessária a identificação das vias de acesso para o rim e o terço superior do ureter. Lombotomia – incisão vertical posterior Depois de acessado o rim, há técnicas cirúrgicas que po- dem ser utilizadas, a depender do tamanho do cálculo. São elas: pielolitotomia e pielolitotomia ampliada. INDICAÇÕES Falta de tecnologia para tratamento de cálculos grandes. Cálculos complexos (coraliformes). Falha na LECO e/ou Endourologia. Estenose de JUP (junção ureteropélvica) o cálculo, mesmo fragmentado, não seria eliminado. Deve-se resolver a estenose através de plástica, para durante do procedimento retirar o cálculo. Obesidade mórbida. Comorbidade contraindica outros procedimentos. COMPLICAÇÕES fístula e estenoses. TOPOGRAFIA E ABORDAGENS RENAL – CÁLCULO CORALIFORME “desenha” a pelve renal como se fosse um coral. CIRURGIA PERCUTÂNEA (PC) + LECO padrão-ouro. LECO exceção, faz-se quando está num serviço em que só tem ela, aconselha-se que haja a implantação de um cateter duplo “J”, pois à medida que se fragmenta o cálculo, forma-se uma “roa” de cálculos em volta. SAI II – Urologia Aula 5 Cecilia Antonieta 82 A 3 NEFROLITOTOMIA ANATRÓFICA abre-se a pelve renal e parênquima, retira-se o cálculo e sutura o parênquima novamente. É uma cirurgia traumática, com risco de infecções e fístulas. < 2CM caso haja uma anatomia favorável, sem obstrução associada, a LECO é a melhor opção. Possui chance de resolução de 57 a 90%. DE CÁLICE INFERIOR há discussões na literatura, já que ele dependerá do ângulo do ureter, visto que em caso de ser mais aberto, a chance de eliminação é maior, e caso seja mais fechado, haverá mais dificuldade. LECO 25 a 85% de resolução. CIRURGIA PERCUTÂNEA (NPC) 66 a 100%. URETERORRELITRIPSIA FLEXÍVEL (URS) 96%. URETERAL LECO a depender da localização. URETEROLITOTRIPSIA TRANSURETEROSCÓPICA cirurgi- a endourológica, utilizando um aparelho fino. URETEROLITOTOMIA CONVENCIONAL LAPAROSCÓPICA URETEROSCOPIA utiliza-se: ureteroscópio de fino calibre, pinças extratoras, dormia, fontes para fragmentação do cálculo, arco em “C”. Fio guia metálico e hidrófilo. Não se faz a ureteroscopia sem um fio guia flexível que ultrapassa o cálculo e fica na pelve renal,como uma forma de realizar o procedimento com segurança (implantar um cateter em caso de necessidade). Balão dilatador, cateteres ou sondas olivares para necessidade de dilatação de ureteres finos, dentre outras aplicações. URETER DIFÍCIL forma em que se consegue passar o aparelho para entrar dentro do ureter, dificultado por dobras ou “kinks”, bloqueando a subida do aparelho. Nesses casos, pode-se utilizar: Colocar o fio guia até a pelve renal. Passagem do fio guia com visão direito pelo ureteroscópio. Uso de 2 fios guias para ureter tortuoso, com a finalidade de retificar o ureter. Cateter duplo “J” é um cateter que ficará enrolado na pelve renal, desce pelo ureter e fica enrolado na bexiga. À medida que o fio é retirado, ele tem uma memória, enrolando dentro da pelve e enrola dentro da bexiga. Com isso, ele faz uma drenagem interna, desobstruindo e diminuindo o edema, possibilitando a volta num segundo momento. O ureter é muito fino, então muitas vezes necessita-se a dilatação dele para que se consiga subir com o ureteroscópio. Caso haja muita dificuldade técnica, com muito edema, é aconselhado que não se realize todo o procedimento num só tempo (implante o cateter e depois volta para realizar o restante do procedimento), visto que isso pode levar a perigo de perfuração no ureter. A imagem abaixo demonstra a visualização durante a realização do procedimento. VESICAL LECO a depender do tamanho. LIPOTRIPSIA TRANSCITOSCÓPICA aparelho mais “robusto”, usando ondas de fragmentação mais potentes (ultrassônica), laser ou até mesmo a pinça. CISTOLITOTRIPSIA CONVENCIONAL é realizada incisão umbilicar para abrir a bexiga, retira-se a pedra e fecha. URETRAL Pode se transformar numa urgência pela retenção urinária, apresentando muito desconforto. Para solucionar a emergência, pode-se empurrar o cálculo com auxílio de sonda até a bexiga, realizado com uma sonda de médio/grosso calibre, com xilocaína. Após isso, solucionando a urgência, encami-nha-se o paciente para realizar a litotripsia mecânica. CÁLCULO NA GRAVIDEZ Há dificuldades técnicas, inclusive em relação ao diag- nóstico, já que no primeiro trimestre deve-se evitar a radiação ionizante para a realização da tomografia sem contraste. Pode ser usado o ultrassom ou a ressonância, que apesar de ter dificuldades de apresentar o cálculo, pode mostrar a presença de uma dilatação. MEDIDAS UTILIZADAS ANTIBIOTICOTERAPIA curativa ou profilática. NÃO OBSTRUTIVO conduta expectante, esperar a conclusão da gravidez para resolver. OBSTRUTIVO Cateter Duplo “J” e levar a gravidez a termo e depois resolver. SAI II – Urologia Aula 5 Cecilia Antonieta 82 A 4 Nefrostomia Percutânea em casos em que não se consegue ultrapassar o cálculo com o cateter duplo “J”, já que se encontra muito impactado, pode-se utilizar a nefrostomia (com anestesia local). Após a realização, deixa-se o cateter para drenar o rim e depois da gravidez toma-se uma medida mais invasiva. CÁLCULO NA CRIANÇA RENAL apesar de possuir o ureter mais fino, a criança elimina o cálculo com muito mais facilidade. CÁLCULO PEQUENO LECO. CÁLCULO GRANDE NPC. CASOS ESPECIAIS cirurgia aberta convencional. URETER pelo ureter da criança ser bastante complacente, realiza-se: ureterorenoscopia, LECO, laparoscopia, cirurgia aberta. AVALIAÇÃO METABÓLICA A incidência de nefrolitíase vem aumentando nos últimos anos e um dos fatores é a mudança da dieta da população (menos natural, e com mais sódio, enlatados e proteínas de origem animal). Percebeu-se, em 1994 que cerca de 60% dos indivíduos que tiveram litíase pela primeira vez, recidivam se man- tiver somente a terapia conservadora (aumentar ingesta hídrica e evitar excessos na dieta). Vários trabalhos na literatura demonstraram sucesso com a terapia com diuréticos tiazídicos, para diminuir a excreção de cálcio, e citrato de potássio. E, além disso, apresenta muito menor custo que um tratamento cirúrgico. Previne recorrências, tratamento é efetivo e menos custoso. INDICAÇÕES ABSOLUTA litíase renal bilateral, litíase renal recorrente, história familiar de litíase, crianças com nefrolitíase (pesquisa de hiperparatireoidismo), pacientes negros com nefrolitíase que fujam da faixa etária, litíase em rim solitário (evitar que o indivíduo fique anúrico e precise de diálise), litíase em condições predisponentes (gota, sarcoidose, doenças ou cirurgias intestinais, osteoporose, fraturas patológicas). RELATIVA primeira litíase em homem branco com idade < 20 ou > 50 anos, litíase com tratamento difícil, pacientes imunodeprimidos, primeira litíase em mulher, pacientes com litíase infecciosa (estruvita), piloto com litíase ou outras profissões. Não é necessário realizar a avaliação metabólica em homem branco com litíase solitária primária de idade entre 20 e 50 anos. Nesses casos, apenas orienta-se as medidas gerais. EXAMES URINA DE 24 HORAS dosagem de creatinina, sódio, oxalato, ácido úrico, citrato e cálcio. EXAME DE SANGUE dosagem de cálcio, ácido úrico, sódio, potássio, creatinina e PTH (principalmente em casos de hipercalciúria ou cálcio elevado no sangue – detectar hiperparatireoidismo). SIMPLIFICADO ácido úrico, citrato e cálcio.
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