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Resumo Completo Mecanismos Gerais da Resposta Imune e Reações de Hipersensibilidade

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1 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 
Alergia e Imunologia 
MECANISMOS GERAIS DA 
RESPOSTA IMUNE 
Introdução: 
O sistema imunológico é formado por um 
conjunto de órgãos, células e moléculas 
responsáveis pela defesa de nosso 
organismo contra doenças. A resposta imune 
pode ser classificada em resposta imune 
inata e resposta imune adaptativa. 
A imunidade inata representa a primeira 
defesa do organismo contra agentes 
estranhos (antígenos), apresentando baixa 
especificidade. Os principais componentes 
da imunidade inata são os fagócitos 
(monócitos/macrófagos e neutrófilos), as 
células NK, os mastócitos e o sistema 
complemento. 
A imunidade adaptativa representa a defesa 
tardia do organismo contra agentes 
estranhos (antígenos), apresentando alta 
especificidade e memória. Os principais 
componentes da imunidade adaptativa são 
os linfócitos B, os linfócitos T, as citocinas e 
as imunoglobulinas. 
Sistema Imune Inato: 
Devido à baixa especificidade da imunidade 
inata, as células do sistema imune inato 
apresentam receptores de reconhecimento 
de padrão do tipo toll like receptors, que 
identificam os PAMPS (padrões moleculares 
específicos associados aos patógenos), ou 
seja, identificam padrões moleculares 
associados a um determinado grupo de 
microrganismos, mas não a um antígeno 
específico, apresentando baixa 
especificidade e, portanto, capacidade 
limitada de eliminação do antígeno e de 
resolução da infecção, havendo necessidade 
do sistema imune adaptativo. 
Os principais componentes do sistema 
imune inato são as barreiras epiteliais 
mucosas do trato respiratório, do trato 
gastrointestinal e do trato genitourinário, as 
células efetoras da imunidade inata (células 
apresentadoras de antígenos, 
monócitos/macrófagos, neutrófilos, 
eosinófilos, basófilos, mastócitos, células 
NK), as proteínas efetoras da imunidade 
inata (proteínas do sistema complemento) e 
algumas citocinas. 
Sistema Imune Adaptativo: 
As principais características da imunidade 
adaptativa são a especificidade e a memória. 
Os principais componentes do sistema 
imune adaptativo são os órgãos linfoides 
primários (medula óssea e timo) e 
secundários (baço e linfonodos), o sistema 
imune cutâneo e o sistema imune associado 
à mucosa, as células efetoras da imunidade 
adaptativa (linfócitos B e linfócitos T), as 
proteínas efetoras da imunidade adaptativa 
(anticorpos ou imunoglobulinas) e as 
citocinas. 
Os órgãos linfoides primários representam 
os locais de maturação dos linfócitos B 
(medula óssea) e dos linfócitos T (timo), os 
órgãos linfoides secundários representam os 
locais de ativação dos linfócitos B e T e de 
produção de anticorpos. Os linfócitos T 
auxiliares são responsáveis por secretar 
citocinas que estimulam a ativação de 
macrófagos e a proliferação e diferenciação 
de linfócitos B. 
Os linfócitos T auxiliares (LTH) dividem-se 
em três subgrupos, os LTH1, os LTH2 e os 
LTH17. Os LTH1, por meio da secreção de 
IFN-γ, são responsáveis por ativar 
macrófagos para fagocitar e destruir 
microrganismos e por estimular a produção 
de anticorpos IgG pelos linfócitos B. Os 
LTH17, por meio da secreção de IL-17, são 
responsáveis por recrutar leucócitos, 
principalmente neutrófilos, para os locais da 
infecção e por induzir inflamação. Os LTH2, 
por meio da secreção de IL-4, IL-5 e IL-13, 
são responsáveis por ativar mastócitos e 
eosinófilos e estimular a produção de 
anticorpos IgE pelos linfócitos B. 
Os linfócitos T citotóxicos são responsáveis 
por destruir células que expressam 
moléculas estranhas ao organismo 
(antígenos), como células infectadas por 
microrganismos e células tumorais, os 
linfócitos T regulatórios são responsáveis por 
inibição da resposta imune, especialmente 
quando há o reconhecimento de 
autoantígenos, induzindo tolerância 
imunológica. Os linfócitos B são 
responsáveis pela produção de anticorpos. 
Os anticorpos são proteínas/moléculas 
 
2 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 
responsáveis por neutralização e 
opsonização de microrganismos e por 
ativação do sistema complemento. 
Há dois tipos de respostas imunes 
adaptativas, denominadas imunidade celular 
(mediada por linfócitos T) e imunidade 
humoral (mediada por anticorpos). 
Reações de Hipersensibilidade: 
As reações de hipersensibilidade 
caracterizam-se por resposta imunológica 
adaptativa não controlada, que ocorre de 
forma exacerbada ou inadequada, 
resultando em prejuízos ao organismo. As 
reações de hipersensibilidade dependem de 
memória imunológica e classificam-se em 4 
tipos. Os 3 primeiros tipos de 
hipersensibilidade são mediados por 
anticorpos e o último tipo é mediado por 
células. 
Reações de Hipersensibilidade 
Característica Tipo I Tipo II 
Antígeno Exógeno Células 
Anticorpo IgE IgM e IgG 
Mediador 
Imunológico 
Anticorpo Anticorpo 
Tempo de 
Resposta 
15-30 minutos Minutos a horas 
Lesão Alergia 
Lise celular e 
necrose 
Histologia 
Basófilos e 
eosinófilos 
Anticorpos e 
complemento 
Clínica 
Asma, rinite 
alérgica, dermatite 
atópica, alergia 
alimentar, anafilaxia 
Anemia 
hemolítica 
autoimune 
Característica Tipo III Tipo IV 
Antígeno Solúvel Intracelular 
Anticorpo IgM e IgG Ausente 
Mediador 
Imunológico 
Imunocomplexo Linfócito T 
Tempo de 
Resposta 
3-8 horas 48-72 horas 
Lesão Eritema e edema Eritema duro 
Histologia 
Células 
polimorfonucleares 
e complemento 
Macrófagos e 
linfócitos 
Clínica 
Glomerulonefrite, 
LES 
Granulomas, 
dermatite de 
contato 
 
Reações de Hipersensibilidade Tipo I: 
As reações de hipersensibilidade tipo I são 
mediadas por anticorpos IgE, apresentam 
início rápido e associam-se a quadros de 
exposição prévia ao antígeno/alérgeno, que 
resultam na produção de anticorpos IgE 
específicos para o alérgeno que 
permanecem circulando no plasma 
sanguíneo de forma que a exposição 
repetida ao mesmo alérgeno resulta em sua 
ligação aos anticorpos IgE e em ativação das 
células envolvidas na reação de 
hipersensibilidade tipo I (linfócitos TH2, 
mastócitos, basófilos e eosinófilos). As 
reações de hipersensibilidade tipo I são as 
reações alérgicas. 
Para que um indivíduo desenvolva a reação 
de hipersensibilidade tipo I a um determinado 
alérgeno, ele deve ser exposto a esse 
alérgeno de forma persistente e repetida 
para que ocorra a polarização para uma 
resposta TH2, a produção de anticorpos IgE 
específicos para o alérgeno e a 
sensibilização dos mastócitos por meio da 
ligação de IgE aos receptores FcεRI na 
superfície dessas células, de forma que uma 
nova exposição ao mesmo alérgeno resulte 
em ativação e degranulação imediata dos 
mastócitos. 
Os linfócitos TH2 secretam as citocinas IL-4, 
IL-5 e IL-13, que trabalham em associação 
com mastócitos e eosinófilos para promover 
respostas inflamatórias a alérgenos nos 
tecidos. As células TH2 são encontradas em 
maiores quantidades no sangue de 
indivíduos atópicos do que no sangue de 
indivíduos não atópicos. Em pacientes 
atópicos, as células TH2 alérgeno-
específicas também produzem mais IL-4 por 
célula do que em indivíduos normais. 
Os mastócitos, quando ativados pela ligação 
do complexo alérgeno-IgE ao receptor FcεRI, 
secretam diferentes mediadores que são 
responsáveis pelas manifestações clínicas 
das reações alérgicas. Os mastócitos são 
divididos em dois subtipos, os mastócitos da 
mucosa e os mastócitos teciduais. Os 
mastócitos da mucosa localizam-se 
predominantemente na mucosa do trato 
 
3 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 
respiratório e do trato gastrointestinal e não 
produzem grandes quantidades de 
histamina. Os mastócitos teciduais 
localizam-se predominantemente na pele, na 
submucosa do trato gastrointestinal, no 
coração, na conjuntiva e nos tecidos 
perivasculares e produzem grandes 
quantidades de histamina. Assim, é provável 
que os mastócitos da mucosa estejam 
envolvidos nas reações de 
hipersensibilidade tipo I que envolvem as 
vias respiratórias, como a asma, e que os 
mastócitos teciduais sejam responsáveispelas reações de hipersensibilidade tipo I na 
pele, como a dermatite atópica. 
Os basófilos são células com semelhanças 
estruturais e funcionais em relação aos 
mastócitos. Assim como os mastócitos, eles 
também expressam o receptor FcεRI em sua 
superfície celular, ligam-se aos anticorpos 
IgE e são ativados pela ligação do alérgeno 
à IgE. Além disso, os basófilos secretam 
muitos dos mesmos mediadores produzidos 
pelos mastócitos e apresentam capacidade 
de serem recrutados para os tecidos onde o 
alérgeno está presente, contribuindo para as 
reações de hipersensibilidade tipo I. 
Entretanto, visto que os basófilos estão 
presentes em pequenas quantidades nos 
tecidos, a significância de sua contribuição 
para as reações de hipersensibilidade tipo I 
não é totalmente esclarecida. 
A ativação do mastócito ocorre apenas 
mediante a ligação cruzada do mesmo 
antígeno alergênico a duas moléculas de IgE 
ligadas à superfície celular do mastócito por 
meio do receptor FcεRI. Quando o alérgeno 
se liga ao anticorpo, o receptor FcεRI ativa 
uma cascata de transdução de sinal 
intracelular que ativa o mastócito. Além da 
ligação cruzada dos receptores FcεRI, as 
baixas temperaturas e o exercício físico 
intenso também podem desencadear a 
ativação e a degranulação dos mastócitos, 
mas os mecanismos envolvidos não são 
conhecidos. O mastócito ativado apresenta 3 
funções. A primeira função, que ocorre 
poucos segundos após a ligação cruzada do 
FcεRI, responsável pela ativação do 
mastócito, é a degranulação por exocitose do 
conteúdo de seus grânulos pré-formados, 
principalmente histamina. A segunda função, 
que ocorre poucos minutos após a ativação 
do mastócito, é a síntese e a secreção de 
mediadores lipídicos derivados do 
metabolismo do ácido araquidônico, 
principalmente prostaglandinas e 
leucotrienos. A terceira função, que ocorre 
poucas horas após a ligação cruzada do 
FcεRI, é a síntese e a secreção de citocinas, 
principalmente IL-4, IL-5 e IL-13. 
A histamina, liberada pela degranulação dos 
mastócitos, apresenta efeitos 
predominantemente vasculares, de curta 
duração, pois a histamina é rapidamente 
removida do meio extracelular através de 
sistemas de transporte específicos. A ligação 
da histamina ao endotélio causa a contração 
das células endoteliais, resultando em 
aumento dos espaços interendoteliais, 
aumento da permeabilidade vascular e 
vazamento de plasma sanguíneo para os 
tecidos. A histamina também estimula as 
células endoteliais a produzirem relaxantes 
do músculo liso vascular, como prostaciclina 
e óxido nítrico, que causam vasodilatação. A 
histamina também causa a contração da 
musculatura lisa intestinal e brônquica, 
contribuindo para o aumento do peristaltismo 
e do broncoespasmo associado a alérgenos 
ingeridos e inalados, respectivamente. 
Entretanto, a broncoconstrição na asma é 
mais prolongada do que os efeitos da 
histamina, sugerindo que outros mediadores 
secretados pelos mastócitos também são 
importantes em algumas formas de 
hipersensibilidade tipo I. 
O principal mediador lipídico derivado do 
ácido araquidônico produzido pela via da 
ciclo-oxigenase (COX) nos mastócitos é a 
prostaglandina D2 (PGD2). A PGD2 liberada 
liga-se aos receptores de células do músculo 
liso, promovendo broncoconstrição e 
vasodilatação, e promove inflamação e 
quimiotaxia de neutrófilos com seu acúmulo 
no local da inflamação. Os principais 
mediadores lipídicos derivados do ácido 
araquidônico produzidos pela via da 
lipoxigenase nos mastócitos são os 
leucotrienos. Os leucotrienos são produzidos 
pelos mastócitos das mucosas, mas não 
pelos mastócitos teciduais, e ligam-se a 
receptores específicos nas células lisas da 
musculatura brônquica, promovendo 
broncoconstrição prolongada. Eles são os 
mediadores mais importantes da 
 
4 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 
broncoconstrição asmática. Um terceiro tipo 
de mediador lipídico produzido pelos 
mastócitos é o fator de ativação plaquetária 
(PAF), que tem ação broncoconstritora 
direta, além de causar aumento da 
permeabilidade vascular e vasodilatação. 
Entretanto, o PAF é hidrofóbico e é 
rapidamente destruído no plasma 
sanguíneo, o que limita suas ações 
biológicas. 
Os eosinófilos são granulócitos presentes 
em alta quantidade nos infiltrados 
inflamatórios das reações de 
hipersensibilidade tipo I e estão envolvidos 
em muitos dos processos patológicos das 
doenças alérgicas. As citocinas produzidas 
pelos linfócitos TH2, em especial a IL-5, 
promovem a ativação dos eosinófilos e o seu 
recrutamento para o local da inflamação na 
reação de fase tardia. Uma vez ativados, os 
eosinófilos secretam proteínas granulares, 
principalmente proteína básica principal e 
proteína catiônica principal, que são tóxicas 
para helmintos e causam lesões no tecido 
normal. Quanto ao FcεRI em eosinófilos, não 
está claro o quão eficientemente essas 
células degranulam em resposta à ligação 
cruzada do anticorpo IgE ao receptor. Os 
eosinófilos também são capazes de produzir 
mediadores lipídicos, como prostaglandinas 
e leucotrienos, contribuindo para a fase 
imediata da reação de hipersensibilidade tipo 
I. 
As reações alérgicas ou de 
hipersensibilidade tipo I dividem-se em duas 
fases, a reação de fase imediata, que ocorre 
a partir da degranulação de mastócitos 
alguns minutos após o contato com o 
alérgeno e duram menos de 1 hora, e a 
reação de fase tardia, que ocorre entre 2 a 4 
horas após a exposição ao alérgeno e 
caracteriza-se pela secreção de citocinas por 
mastócitos e linfócitos TH2, com inflamação 
máxima após 24 horas. Devido aos 
mastócitos estarem presentes em tecidos 
conjuntivos e sob epitélios, a pele, o trato 
gastrointestinal e o trato respiratório são os 
locais mais comuns de reações de 
hipersensibilidade imediata. Elas 
manifestam-se de formas diferentes, 
dependendo dos tecidos afetados, incluindo 
erupções cutâneas na pele, congestão nasal, 
constrição brônquica, dor abdominal, diarreia 
e choque sistêmico. As formas mais comuns 
de doenças alérgicas são as rinites alérgicas, 
a asma brônquica, a dermatite atópica 
(eczema) e as alergias alimentares. 
 
 
A atopia é a tendência hereditária que o 
indivíduo apresenta de sensibilizar-se a 
alérgenos ambientais com produção 
contínua de anticorpos IgE alérgeno-
específicos, podendo ou não desenvolver a 
doença alérgica. Há significativa associação 
entre o DNA mitocondrial e os níveis séricos 
de IgE. Como o DNA mitocondrial é de 
transmissão exclusivamente materna, há 
evidências de que mães atópicas tenham 
maior capacidade de transmissão da atopia 
a seus filhos do que pais atópicos. 
Reações de Hipersensibilidade Tipo II: 
As reações de hipersensibilidade tipo II são 
reações citotóxicas mediadas por anticorpos 
IgM ou IgG. Os anticorpos IgM ou IgG 
reagem contra antígenos expressos na 
membrana celular de determinadas células 
circulantes no plasma sanguíneo, 
principalmente eritrócitos, e de determinados 
tecidos do organismo. A ligação antígeno-
anticorpo causa ativação do sistema 
complemento, resultando em inflamação e 
recrutamento de fagócitos 
(monócitos/macrófagos e neutrófilos) com 
consequente morte celular e destruição 
tecidual onde o antígeno está expresso. A 
maioria das doenças autoimunes são 
 
5 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 
exemplos de reações de hipersensibilidade 
tipo II. 
As reações de hipersensibilidade tipo II 
caracterizam-se por produção de anticorpos 
IgM ou IgG específicos que atacam 
antígenos/proteínas próprios do organismo, 
expressos em células sanguíneas, como 
eritrócitos, resultando em morte celular 
(hemólise) mediada por ativação do sistema 
complemento, e em determinados tecidos do 
organismo, resultando em destruição 
tecidual também mediada por ativação do 
sistema complemento. 
A doença hemolítica do recém-nascido é um 
exemplo de reação de hipersensibilidade tipo 
II. A doença ocorre quando a mãe/gestante 
Rh-negativa produz anticorpos IgG anti-Rh 
positivo contra o feto Rh-positivoque 
atravessam a barreira placentária e causam 
destruição das hemácias fetais (hemólise), 
resultando em quadros de anemia, 
hepatoesplenomegalia, icterícia e 
sangramento fetal. A mãe torna-se 
sensibilizada aos antígenos eritrocitários, 
especialmente ao fator Rh-positivo, durante 
o parto do primeiro filho Rh-positivo e produz 
anticorpos IgG anti-Rh positivo, que 
permanecem circulantes no sangue 
materno. 
Outro exemplo de reação de 
hipersensibilidade tipo II é a anemia 
hemolítica associada a determinados 
medicamentos. As drogas ligam-se à 
membrana celular formando novos epítopos, 
que são interpretados como antígenos pelo 
sistema imunológico, resultando na 
produção de anticorpos IgM ou IgG 
específicos contra o novo epítopo criado pelo 
medicamento. O complexo antígeno-
anticorpo, muitas vezes, alcança o meio 
intracelular das hemácias e, como a ligação 
antígeno-anticorpo causa a ativação do 
sistema complemento, as proteínas do 
complemento promovem a destruição das 
hemácias contendo os imunocomplexos por 
lise celular, resultando em anemia 
hemolítica. 
Outro exemplo de reação de 
hipersensibilidade tipo II é a Miastenia 
Gravis, doença caracterizada por produção 
de anticorpos IgG específicos contra o 
receptor de acetilcolina na placa 
neuromuscular. A ligação do anticorpo IgG 
ao receptor de acetilcolina impede a ligação 
do neurotransmissor ao seu receptor e, 
consequentemente, a contração muscular 
mediada por acetilcolina. Na Miastenia 
Gravis, não há ativação do sistema 
complemento e, portanto, não há lesão 
celular/tecidual. 
A Doença de Graves é outro exemplo de 
reação de hipersensibilidade tipo II na qual 
não há ativação do sistema complemento. A 
doença caracteriza-se por produção de 
anticorpos IgG específicos contra o receptor 
de TSH nas células da tireoide (anticorpos 
TRAB). A ligação dos anticorpos IgG aos 
receptores de TSH estimula a ativação dos 
receptores, resultando em hiperatividade das 
células tireoidianas que aumentam a 
secreção dos hormônios T3 e T4 da tireoide, 
causando hipertireoidismo. 
 
Reações de Hipersensibilidade Tipo III: 
As reações de hipersensibilidade tipo III são 
mediadas por imunocomplexos, que são 
complexos formados por antígeno + 
anticorpo IgM ou IgG. Os imunocomplexos 
geralmente depositam-se em tecidos, como 
articulações, glomérulos renais e vasos 
sanguíneos, causando ativação do sistema 
complemento e consequente inflamação 
 
6 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 
destes locais, resultando em artrites, 
glomerulonefrites e vasculites, 
respectivamente. 
Os imunocomplexos grandes rapidamente 
precipitam-se e tendem a se localizar nos 
locais de entrada do antígeno, onde são 
fagocitados por fagócitos recrutados por 
ativação do sistema complemento. Os 
imunocomplexos pequenos geralmente são 
solúveis e permanecem na circulação 
sanguínea até se depositarem em tecidos 
como articulações, glomérulos renais ou 
vasos sanguíneos, não sendo fagocitados 
por fagócitos, mas ativando o sistema 
complemento e causando inflamação local 
(artrite, glomerulonefrite ou vasculite). 
As reações de hipersensibilidade tipo III são 
comuns após episódios infecciosos, nos 
quais a resposta imunológica do paciente 
contra microrganismos produz anticorpos 
específicos que, ao ligarem-se aos 
antígenos, formam imunocomplexos 
solúveis circulantes. Os imunocomplexos 
tendem a se depositar em determinados 
tecidos, causando ativação do sistema 
complemento e consequente inflamação 
local, com sintomas como febre, artrite, 
glomerulonefrite e vasculite. 
 
A glomerulonefrite pós-estreptocócica é um 
exemplo de reação de hipersensibilidade tipo 
III. A doença caracteriza-se por produção de 
anticorpos específicos contra 
antígenos/proteínas de estreptococos β-
hemolítico do grupo A, principalmente anti-
estreptolisina O (ASLO), após episódio de 
faringoamigdalite estreptocócica, formando 
imunocomplexos que se depositam nos 
glomérulos renais, causando ativação do 
sistema complemento e, consequentemente, 
glomerulonefrite aguda. A 
imunofluorescência direta do tecido renal 
demonstra a presença de depósitos 
glomerulares de antígenos estreptocócicos, 
anticorpos IgM ou IgG e proteínas do 
complemento. 
O lúpus eritematoso sistêmico (LES) também 
é um exemplo de reação de 
hipersensibilidade tipo III. 
Reações de Hipersensibilidade Tipo IV: 
A reação de hipersensibilidade tipo IV é 
mediada por linfócitos T efetores antígeno-
específicos, sendo caracterizada por 
ativação de linfócitos T e secreção de 
citocinas pró-inflamatórias, que resultam em 
inflamação sem ativação do sistema 
complemento. 
A reação de hipersensibilidade tipo IV é 
tardia, ocorrendo entre 48 e 72 horas após a 
exposição ao antígeno. Os linfócitos T de 
memória migram da circulação sanguínea 
para o tecido no qual se localiza o antígeno. 
Ali, células apresentadoras de antígeno 
apresentam o antígeno via MHC II ao 
linfócito T CD4+ de memória, que é ativado, 
prolifera-se e secreta IL-2, IFN-γ e TNF-α, 
citocinas que causam ativação do endotélio, 
vasodilatação, extravasamento de fluido 
intravascular, de linfócitos T CD4+ efetores e 
de fagócitos, que migram para o tecido no 
qual se localiza o antígeno. Os linfócitos T 
CD4+ secretam citocinas pró-inflamatórias, 
que aumentam a inflamação e causam 
potencialização da ativação dos fagócitos, 
resultando em destruição dos antígenos e 
lesão celular/tecidual sem o envolvimento de 
anticorpos ou de complemento. 
Os principais exemplos de reação de 
hipersensibilidade tipo IV são a dermatite de 
contato e a reação granulomatosa da 
tuberculose, doenças que causam 
inflamação crônica mediada por linfócitos T.

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