Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MEDICINA INGRID MARQUES 1 Hemostasia e coagulação sanguínea Composição do sangue O sangue representa 7% do peso corporal, em torno de 6 a 7 litros dependendo da constituição da pessoa. O componente sanguíneo tem uma parte celular (hemácias, plaquetas, leucócitos) e temos o plasma que esta dissolvida em água, parte não celular. O plasma envolve moléculas proteicas, fosfolipídios, moléculas proteicas, aminoácidos, íons. Plasma = porção acelular do sangue, onde estão presentes proteínas, moléculas orgânicas e íons. Soro = plasma sem fibrinogênio e fatores de coagulação e com quantidades adicionais de serotonina. Hemostasia O termo hemostasia significa prevenção de perda sanguínea; O sistema hemostático é intrinsecamente responsável pela manutenção do fluxo sanguíneo e da integridade vascular. A hemostasia normal depende das interações complexas de seus principais componentes: plaquetas, fatores de coagulação, fatores fibrinolíticos, fatores anticoagulantes, vasos sanguíneos (células endoteliais). A hemostasia garante que o sangue flua dentro do vaso sanguíneo. Hemostasia primária, lesou o vaso, ele vai evitar que o sangue saia do vaso, estanca o sangue. Hemostasia secundária que vai evitar que ocorra um ressangramento no local lesionado vai formar o coagulo e induz o processo de cicatrização do vaso, regeneração vascular. São processos complementares. MEDICINA INGRID MARQUES 2 Por que não há formação de coágulos espontaneamente no interior do vaso? O vaso intacto inibe a coagulação Há uma produção de anticoagulante, o próprio endotélio quando esta integro, ele fica constantemente expressando esses fatores NO, melhora do fluxo sanguíneo para os tecidos, prostaciclinas, ADPase que faz a quebra do ADP que contribui para o distúrbio hemostático. São substancias e enzimas que estão constitutivamente expressas no endotélio saudável, faz com que ative plaquetas. Tem como controlar a formação do agregado plaquetário e enfim o trombo para ser formado. A substância e as enzimas garantem que haja baixos níveis de cálcio e não haja liberação de outros fatores das plaquetas para que haja a indução da coagulação. O que ocorre quando um vaso é rompido? Quando o vaso é rompido há uma resposta de constrição vascular, diminui o fluxo para que não haja tanto sangramento Forma um tampão de plaquetas Forma coágulo sanguíneo Crescimento do tecido fibroso, ou seja, regeneração tecidual. Constrição vascular Corte ou ruptura do vaso sanguíneo → musculatura lisa dessa parede se contrai → redução do fluxo de sangue. Existe pelas próprias células que estão no vaso, liberação de fatores locais como tromboxanos A2, acaba induzindo a contração do vaso lesionado. A própria plaqueta libera tromboxano, a própria célula muscular quando tem irritação tende a fazer contração vascular. O reflexo nervoso tende a fazer reflexo autonômicos que leva a constrição. A contração resulta de: 1. Espasmo miogênico local; 2. Fatores autacoides locais dos tecidos traumatizados e das plaquetas (tromboxanos A2); 3. Reflexos nervosos (desencadeados por impulsos nervosos dolorosos ou por impulsos sensoriais). Quanto maior a gravidade do trauma, maior o grau de espasmo vascular. O espasmo pode durar vários minutos ou mesmo horas, tempo no qual ocorrem os processos de formação dos tampões plaquetários e de coagulação do sangue; As plaquetas são responsáveis por grande parte da vasoconstrição pela liberação da substância tromboxano A2. MEDICINA INGRID MARQUES 3 Formação do tampão plaquetário Com a contrição vascular é para diminuir o lúmen da lesão do vaso, vai formar o tampão plaquetária. As plaquetas que estão presentes no sangue vão entrar em contato com a superfície lesionada, tem colágeno, fatores que são expostos que vai garantir que faça adesão aquela região, a plaqueta se ativa no local da lesão. Dentro da plaqueta tem várias moléculas coagulantes que vão ser liberadas, vão atrair mais plaquetas que vão formar um agregado plaquetário e vão formar fatores de coagulação. Colágenos, fator de von Willebrand, aumentando a agregação dessas plaquetas. Secreção de ATP Formação de tromboxano A2, atraindo mais plaqueta e induz fatores de coagulação. Assim forma o trombo plaquetário. Plaquetas Trombócitos – formam os trombos; Pequenos fragmentos citoplasmáticos anucleados dos megacariócitos, a partir do megacariócitos formam as plaquetas que são fragmentos; Formato discoide (circulação sanguínea) inativada e formato esférico (hemostasia) ativada; Vida média de 5 a 10 dias; São destruídas e retiradas de circulação pelos macrófagos, principalmente no baço e no fígado. Funções das plaquetas Função hemostática – ajuda na reparação do vaso, formar o trombo e o coagulo que impede a hemorragia. Funções não hemostáticas – Processo de cicatrização, há um processo inflamatório. Alterações morfológica das plaquetas A camada de glicoproteínas da membrana celular impede a aderência ao endotélio normal, enquanto favorece a aderência às áreas lesionadas da parede vascular especialmente às células endoteliais e, ainda mais, a qualquer colágeno exposto na profundidade da parede do vaso. Além disso, contem grande quantidade de fosfolipídios que ativam múltiplos estágios do processo de coagulação do sangue. A plaqueta inativada possui glicoproteínas em suas estruturas mais externa na zona MEDICINA INGRID MARQUES 4 periférica junto com fosfolipídios, proteínas de adesão e agregação. Microtúbulos – vai garantir a forma da plaqueta na forma discoide (inativada) Sistema de túbulos – presença de cálcio, ATP, ADP, fosfolipídios, grânulos. Grânulos – Fatores de coagulação (fator V, VIII, fibrinogênio, fibronectina). Grânulos densos – Atraem plaquetas, induz cicatrização do vaso A exposição da plaqueta aos tecidos extravascular faz ela mudar sua conformação de inativada para ativada. Eventos para a formação do trombo plaquetário A. Lesão Vascular e Adesão Plaquetária: • Exposição do colágeno e fator de von Willebrand e sua interação com o receptor GP1b-IX-V na membrana das plaquetas. • Interação adicional do colágeno com integrinas α2β1, aumentam a adesão plaquetária. Formação do tampão hemostático temporário: Exposição ao colágeno, ativa as plaquetas, liberação dos fatores plaquetários que vão atrair mais plaquetas até formar o tampão hemostáticos primário (agregados de plaquetas) A plaqueta que estava inativada, fica ativadas no local da lesão. B. Ativação e Secreção Plaquetária: • Após adesão plaquetária devido à interação GPVI/FcRy e α2β1 com o colágeno, há ativação de tirosinocinase na plaqueta: o ↑síntese de tromboxanoA2 e secreção de Ca++ o ↓Prostaciclina o Alteração conformacional dos receptores GPIIb/IIIa para sua forma ativa Quando não tem endotélio e expõe o colágeno, vWF. A plaqueta se adere a esses fatores e ativam glicoproteínas que são fatores que fazem a liberação de grânulos, cálcios, mais fatores de von Willebrand e fatores de coagulação (fibrinogênio). Forma o trombo plaquetário primário. C. Agregação Plaquetária: • A forma ativa dos receptores GPIIb/IIIa permite sua interação com os fatores de von Willebrand e/ou fibrinogênio MEDICINA INGRID MARQUES 5 As plaquetas respondem à lesão vascular por meio de uma série de reações que envolvem adesão das plaquetas à parede vascular, agregação plaquetária e liberação de plaquetas. O vaso foi lesionado, extravasou o sangue, plaquetas se aderem a lesão, foram ativadas, atraem mais plaquetas, formouo trombo plaquetário primário e forma o coagulo com rede de fibrina. HP - Hemostasia Primária HS - Hemostasia Secundária Coagulação sanguínea no vaso lesado Coagulo é o agregado plaquetário com a rede de fibrina com interações entre elas, mais resistente do que o tampão primário. • O tampão plaquetário fica “solto”, mas é bem-sucedido ao bloquear a perda de sangue se a abertura vascular for pequena; • O processo subsequente é a coagulação do sangue, com formação e integração dos filamentos de fibrina ao tampão plaquetário. Estes filamentos se prendem de forma muito firme às plaquetas, construindo tampão compacto. Dentro de 3 a 6 minutos toda a abertura do vaso é ocupada pelo coágulo. Após o período de 20 minutos a 1 hora o coágulo se retrai. Essa retração fecha ainda mais o vaso. As plaquetas tem papel muito importante também na retração do coágulo. MEDICINA INGRID MARQUES 6 Para que essa coagulo seja bem sucedido, precisa do equilíbrio dos fatores coagulantes e os fatores anticoagulantes Mais de 50 substâncias importantes que afetam a coagulação do sangue foram encontradas. A coagulação ou não coagulação do sangue depende do balanço entre esses dois grupos de substâncias. Principais substâncias envolvidas na coagulação Fatores de coagulação – próenzimas produzidas pelo fígado que através da cascata de coagulação são ativadas e resultam na formação de fibrina. Quando convertidas a suas formas ativas, suas ações enzimáticas causam as sucessivas reações do processo de coagulação. Mecanismo de coagulação sanguínea O objetivo do processo de coagulação é a formação de coágulo, o coágulo é o trombo plaquetário + fibrina. A fibrina só é formada quando o vaso é lesado, a partir do fibrinogênio. Quem catalisa a reação do fibrinogênio é a trombina. A coagulação ocorre em três etapas essenciais: 1) Formação do complexo de substâncias ativadas, chamado Ativador da Protrombina; 2) O ativador de protrombina catalisa a conversão da Protrombina em Trombina; 3) A trombina atua como uma enzima, convertendo o fibrinogênio em fibras de fibrina, formando emaranhado de plaquetas, células sanguíneas e plasma para formar o coágulo. MEDICINA INGRID MARQUES 7 Mecanismo de coagulação do plasma Via intrínseca e via extrínseca significa que o fator está dentro ou fora do sangue, via extrínseca só é ativada quando estiver extravascular, fora do vaso. Fator teciduais (TF) Via intrínseca fatores internos ao vaso Os dois tem o valor final de ativar o fator X, que interage com fator V e no final forma o coágulo. Mecanismo tecidual da coagulação Agentes anticoagulantes • In vivo: Derivados da Cumarina (Warfarina e Dicumarol) • Bloqueiam a ação da vitamina K (cofator para síntese protrombina, VII, IX e X) • In vivo: Ácido acetilsalicílico • Inibe enzima COX, responsável pela síntese de TXA2, logo, adesão plaquetária. • In vitro: Sais de Oxalato e agentes quelantes • Removem [Ca++] do meio. Sem cálcio não ocorre coagulação MEDICINA INGRID MARQUES 8 Iniciação – vaso é lesionado, fator tecidual interage com o fator VIIa que ativa fator X e forma a trombina, insuficiente para formar coagulo, age em outros fatores de teciduais Objetivo é formar a trombina, insuficiente para formar o coágulo. Vai atrair plaquetas para formar o tampão hemostático primário. Amplificação – forma adesão e agregação plaquetária no local da lesão. Vai formar mais plaquetas e trombina no local da lesão. Propagação – Máxima ativação plaquetária e formação do complexo tenase, os outros fatores ativados na amplificação forma a tenase (IXa + VIIIa) tem uma importância para formar trombina, sem a tenase ocorre doença hemofílica. A mesma trombina que causa a formação da fibrina também ativa o fator estabilizador da fibrina. monômeros de fibrina são mantidos unidos por fraca ligação de hidrogênio e as fibras não têm ligação cruzada entre si Processo de formação e resolução do coágulo Mecanismos anticoagulantes limitam o crescimento exagerado do trombo e, eventualmente, induzem a retração do coágulo. Fase de finalização da coagulação 1) Retração do coágulo: ocorre 20 a 60 min após sua formação, contribuindo para a hemostasia, retirando soro do coágulo e juntando as extremidades do vaso. 2) Dissolução do coágulo: enzimas que dissolvem o coágulo para controle de sua extensão, após a cobertura da área lesada. Mecanismos anticoagulantes e fibrinolíticos Dois mecanismos inibem o coágulo de crescer demasiadamente a ponto de ocluir o lúmen do vaso: 1)Inibição da adesão plaquetária: • NO, Prostaciclinas, ADPase, evitam a formação de coágulos em outros locais Trombina inativação 2)Inibição da coagulação e formação de fibrina: • Complexo antitrombina III–molécula semelhante a heparina no endotélio e interage com plasma que quebra trombina para não formar fora do local da lesão. • Complexo trombomodulina-trombina → Proteína Ca + Proteína S Ativa proteína C e inativa os fatores de coagulação, não forma a fibrina. MEDICINA INGRID MARQUES 9 • 2-antiplasmina (inibe a ação da plasmina caso ela esteja aumentada na circulação sanguínea) Retração do coágulo: Cascata fibrinolítica: • t-PA converte plasminogênio em plasmina • Produtos de degradação do fibrinogênio/fibrina • Dímero D t-PA e estreptocinase são utilizadas no tratamento do IAM em fase inicial. Plasminogênio está presente no plasma de forma inativa, uma vez que o fibrinogênio é ativado para resolução do coágulo, ele é transformado em plasmina, a plasmina quebra a fibrina que está dentro do coágulo e gera produto de degradação: dímero D (efeito fibrinolítico) ele só é detectado quando tem trombo na região do coagulo formado. A plasmina tem efeito anticoagulante, inibe o fator Va e VIIIa, vias finais da coagulação. A plasmina é formada pela ativação do local que tem a lesão, tecido lesionado tem o ativador plasminogênio tecidual (t-PA), que induzem a ativação do plasminogênio. O endotélio integro esta constantemente inibi a expressão dos fatores. Evite que a plasmina seja ativada existem a 2- antiplasmina e a 2a-macroglobulina
Compartilhar