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Doenças Ocupacionais e DORTs

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Objetivos 
1. Definir doença ocupacional e classificar os grupos de doenças relacionadas ao trabalho. 
2. Identificar as DORT’s mais prevalentes (focar: cervicalgia, lombalgia, túnel do carpo, De Quervain, 
epicondilites, Dupuytrein, manguito rotador). 
3. Descrever a fisiopatologia das DORT’s. 
4. Descrever as condições antiergonômicas e outros fatores predisponentes individuais e ambientais. 
5. Descrever os sinais, os sintomas e a evolução clínica das DORT’s. 
6. Identificar os exames complementares que auxiliam no diagnóstico das DORT’s. 
7. Descrever os recursos terapêuticos das DORT’s. 
 a) Medicamentoso: medicamentos, contraindicações e efeitos colaterais. 
 b) Fisioterápico: eficiência, custos, disponibilidade aos pacientes. 
 c) Complementar: acupuntura. 
 d) Ergonômico: modificação do ambiente de trabalho. 
8. Relacionar as profissões com DORT’s específicas. 
9. Listar as políticas públicas de prevenção e amparo às DORT’s, e o impacto da legislação sobre trabalhadores 
informais. 
10. Identificar as implicações psicossociais das DORT’s e de suas consequências para a qualidade de vida das 
pessoas. 
 
DOENÇAS OCUPACIONAIS 
O que é doença profissional? 
É aquela relacionada ao desempenho da atividade 
laborativa, que se apresentam como SÍNDROME 
TÍPICA em outros trabalhadores de mesma 
situação, que tem um fator etiológico conhecido e 
que estão reconhecidas pelo Ministério da 
Previdência Social. Ex.: Saturnismo, silicose. 
O que é doença do trabalho? 
É aquela adquirida ou desencadeada em função de 
condições especiais em que o trabalho é realizado. 
Ex.: Surdez em trabalho realizado em local 
extremamente ruidoso (motorista de ônibus). 
DOENÇA OCUPACIONAL = são aquelas 
PRODUZIDAS, ADQUIRIDAS ou 
DESENCADEADAS pelo exercício da atividade 
ou em função de condições especiais de trabalho. O 
diagnóstico é mais subjetivo do que dos acidentes 
típicos de trabalho e, além de realizar a análise 
clínica, é preciso observar se o trabalho teve ou não 
influência no desencadeamento ou agravamento dos 
sintomas. Possuem, legalmente, os mesmos direitos 
que o envolvido em acidente de trabalho. 
“Doenças relacionadas ao trabalho” = usado para 
superar a sútil diferença entre os termos “doenças 
profissionais” e “doenças do trabalho”. (Lei nº 
8.213/91 e Decreto nº 2.172/97) 
Segundo a cartilha Doenças Relacionadas ao 
Trabalho, os trabalhadores, como qualquer outra 
pessoa, podem ADOECER. Nesse caso, existem 
quatro possibilidades: 
1. O trabalhador pode ter uma doença comum, que 
aparentemente, NÃO tem relação com o trabalho; 
2. O trabalhador pode ter uma doença comum, onde o 
trabalho NÃO É FATOR NECESSÁRIO, mas pode 
ser DESENCADEANTE. Por exemplo, HAS. O 
trabalho não é necessário à fisiopatologia da doença, 
mas um trabalho estressante pode levar a HAS; o 
NEXO CAUSAL é de natureza epidemiológica; 
 
 
3. O trabalhador pode ter uma doença onde o trabalho 
É SIM NECESSÁRIO. Isso inclui as ditas 
DOENÇAS PROFISSIONAIS ou TECNOPATIAS, 
que são doenças características de trabalhos 
específicos, como, por exemplo, a silicose; 
4. Por fim, o trabalhador pode ter uma doença que, na 
verdade, já era latente ou já existia, e é AGRAVADA 
pelo trabalho... como por exemplo, uma alergia, onde 
o contato com determinados materiais a desencadeia 
ou agrava; CONCAUSA. 
CLASSIFICAÇÂO DE SCHILLING 
 
IMPORTANTE: 
Esse grupo de agravos, Schilling I, tem uma 
conceituação legal no âmbito do SAT da Previdência 
Social e sua ocorrência deve ser notificada segundo 
regulamentação na esfera da Saúde, da Previdência 
Social e do Trabalho. 
CLASSIFICAÇÃO DE RAMAZZINI 
Grupo 1: Doenças diretamente causadas pela 
“nocividade da matéria manipulada”, de natureza 
relativamente específica; 
Grupo 2: Doenças produzidas pelas condições de 
trabalho: “posições forçadas e inadequadas”, 
“operários que passam o dia de pé, sentados, 
inclinados, encurvados etc.” 
CLASSIFICAÇÃO LEGAL BRASILEIRA 
Grupo 1: DOENÇA PROFISSIONAL, “assim 
entendida a produzida ou desencadeada pelo 
exercício do trabalho peculiar a determinada 
atividade e constante da respectiva relação elaborada 
pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social”; 
1 de Schilling 
Grupo 2: DOENÇA DO TRABALHO, “assim 
entendida a adquirida ou desencadeada em função de 
condições especiais em que o trabalho é realizado e 
com ele se relacione diretamente”. 2 e 3 de Schilling 
CLASSIFICAÇÃO MÉDICO-LEGAL 
BRASILEIRA 
Grupo 1: “Doença Profissional” típica, clássica ou 
“Tecnopatia”; 
Grupo 2: “Doença do Trabalho”, ou “Doença 
Adquirida pelas Condições Especiais em que o 
Trabalho é Realizado”, ou “Mesopatia”. Também 
conhecidas como doença profissional atípica. 
FATORES DE RISCO 
 
GRUPO DE DOENÇAS 
 
 
 
 
LER/DORTS 
LER = LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS. 
DORT = DOENÇAS OSTEOMUSCULARES 
RELACIONADAS AO TRABALHO. É o termo 
mais aceito que LER, por duas razões: 
1- nem sempre os sintomas são relacionados a 
uma lesão estrutural. 
2- além da sobrecarga dinâmica ou tipos de 
sobrecarga são nocivas ao trabalhador 
(sobrecarga estática, excesso de força, 
vibração excessiva e posturas inadequadas) 
Termo LER/DORT não é um diagnóstico etiológico, 
mas apenas uma denominação genérica. 
O modelo BIOPSICOSSOCIAL demonstra que 
LER/DORT é associada com diversos fatores como 
sociais, familiares, econômicos, mecânicos 
(repetição, força, postura) e talvez os mais 
importantes como a insatisfação do trabalho, a 
depressão, a ansiedade e os problemas pessoais. 
Os distúrbios osteomusculares ocupacionais mais 
frequentes são as tendinites (principalmente dos 
membros superiores), as lombalgias e as mialgias. 
CARACTERIZAM-SE por utilização danosa do 
sistema musculoesquelético, sem que haja tempo para 
recuperação fisiológica, com ocorrência de sintomas 
diversos, de aparecimento INSIDIOSO, tais como 
dor, sensação de peso e fadiga, limitação funcional, 
parestesia (formigamento e sensação de queimadura), 
geralmente acompanhados de sofrimento psíquico, 
dificuldade nas atividades de vida diária e 
incapacidade laboral. A lesão instala-se lentamente 
no organismo e pode passar despercebida ao longo 
de toda uma vida de trabalho e, quando 
diagnosticada, já comprometeu a área afetada. 
AO NOTAR OS SINTOMAS, o paciente deve 
procurar um médico para que a avaliação possa ser 
feita e, assim, iniciar o tratamento, afastando-se 
temporariamente da atividade ou diminuí-la, 
dependendo do grau de afetação. Como na maioria 
dos casos não se dispõe de um exame laboratorial ou 
de imagem que possa ser considerado “padrão ouro” 
para o diagnóstico, o RACIOCÍNIO CLÍNICO-
EPIDEMIOLÓGICO é fundamental para o 
estabelecimento da relação causal entre o trabalho e 
o adoecimento. 
ESTÁGIOS DE EVOLUÇÃO POR MARTINS 
(2002) 
ESTÁGIO 1 – Dor e cansaço dos membros 
superiores durante o turno de trabalho com melhora 
nos fins de semana, sem alteração no exame físico e 
com desempenho normal; 
ESTÁGIO 2 – Dores decorrentes, sensações de 
cansaço persistente e distúrbio do sono, com 
incapacidade para o trabalho repetitivo; 
ESTÁGIO 3 – Sensação de dor, fadiga e fraqueza 
persistentes, mesmo com repouso. Distúrbios do 
sono e presença de sinais objetivos ao exame físico 
ETIOLOGIA MULTIFATORIAL = Desequilíbrio 
entre as exigências das tarefas (utilização excessiva 
de grupos musculares, permanência de partes do 
corpo em posições por tempo prolongado, resistência 
contra gravidade) 
 
 
 
 
CONHECIMENTO DA 
ATIVIDADE/OCUPAÇÃO 
ASPECTOS a serem considerados: 
• Duração da jornada; 
• Ausência de pausas; 
• Organização de produção; 
• Complexidade; 
• Exigência de habilidade sincronizada 
com esforço físico; 
• Excesso de controle; 
• Relações interpessoais; 
• Falta de perspectiva de carreira; 
• Estilo de gestão; 
• Características da cultura 
organizacional. 
FATORES DE RISCO 
Diferentemente de umaintoxicação por metal pesado, 
cuja etiologia é claramente identificada e mensurável, 
nos casos de LER/Dort é importante analisar os 
vários fatores de risco envolvidos direta ou 
indiretamente. Os fatores de risco não são 
necessariamente as causas diretas de LER/Dort, mas 
podem gerar respostas que produzem as lesões ou os 
distúrbios. Na maior parte das vezes, tais fatores 
foram estabelecidos por meio de observações 
empíricas e depois confirmados com estudos 
epidemiológicos (KUORINKA; FORCIER, 1995). 
Os fatores de risco não são independentes: interagem 
entre si e devem ser sempre analisados de forma 
integrada. Envolvem aspectos BIOMECÂNICOS, 
COGNITIVOS, SENSORIAIS, AFETIVOS e de 
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO. Por exemplo, 
fatores organizacionais como carga de trabalho e 
pausas para descanso podem controlar fatores de 
risco quanto à frequência e à intensidade. 
Na caracterização da exposição aos fatores “físicos” 
de risco não organizacionais, QUATRO elementos se 
destacam: 
 
Os GRUPOS DE FATORES DE RISCO para 
LER/Dort (KUORINKA; FORCIER, 1995) podem 
ser relacionados com: 
a) O POSTO DE TRABALHO: embora as dimensões 
do posto de trabalho não causem distúrbios 
musculoesqueléticos por si, elas podem forçar o 
trabalhador a adotar posturas, a suportar certas 
cargas e a se comportar de forma a causar ou agravar 
as afecções musculoesqueléticas. 
 Ex.: mouse com fio curto demais, obrigando o 
 trabalhador a manter o tronco para frente sem 
 encosto e o membro superior estendido; 
 reflexos no monitor que atrapalham a visão, o 
 que obriga o trabalhador a permanecer em 
 determinada postura do corpo e da cabeça para 
 vencer essa dificuldade; 
b) A EXPOSIÇÃO A VIBRAÇÕES: as exposições a 
vibrações de corpo inteiro, ou do membro superior, 
podem causar Efeitos Vasculares, Musculares E 
Neurológicos; 
c) A EXPOSIÇÃO AO FRIO: pode ter efeito direto 
sobre o tecido exposto e indireto pelo uso de 
equipamentos de proteção individual contra baixas 
temperaturas (ex.: luvas); 
d) A EXPOSIÇÃO A RUÍDO ELEVADO: entre 
outros efeitos, pode produzir mudanças de 
comportamento; 
 
 
e) A PRESSÃO MECÂNICA LOCALIZADA: a 
pressão mecânica provocada pelo contato físico de 
cantos retos ou pontiagudos de objetos, ferramentas e 
móveis com tecidos moles de segmentos anatômicos 
e trajetos nervosos ocasionam compressões de 
estruturas moles do sistema musculoesquelético; 
f) AS POSTURAS: as posturas que podem causar 
afecções musculoesqueléticas possuem TRÊS 
características, que podem estar presentes 
simultaneamente: 
• POSTURAS EXTREMAS, que podem 
forçar os limites da amplitude das 
articulações. Ex.: ativação muscular para 
manter certas posturas (ZIPP et al., 1983) e 
postura de pronação do antebraço 
(MARKISON, 1990); 
• A FORÇA DA GRAVIDADE, que impõe 
aumento de carga sobre os músculos e outros 
tecidos. Ex.: ativação muscular do ombro 
(HAGBERG, 1981a, 1981b; JONSSON, 
1982); 
• POSTURAS QUE MODIFICAM A 
GEOMETRIA 
MUSCULOESQUELÉTICA e podem gerar 
estresse sobre tendões, músculos e outros 
tecidos e/ou reduzir a tolerância dos tecidos. 
Ex.: desvio do trajeto de um tendão por 
contato do punho (TICHAUER, 1966; 
ARMSTRONG; CHAFFIN, 1978; KEIR; 
WELLS, 1992); diminuição da perfusão 
tecidual quando o membro superior direito 
está acima da altura do coração (HOLLING; 
VEREL, 1957); efeito dos movimentos de 
flexão e extensão e dos movimentos de 
pronação e supinação do cotovelo 
(TICHAUER, 1996); 
g) A CARGA MECÂNICA 
MUSCULOESQUELÉTICA: a carga 
musculoesquelética pode ser entendida como a carga 
mecânica exercida sobre seus tecidos e inclui: (1) a 
TENSÃO (ex.: tensão do bíceps); (2) a PRESSÃO 
(ex.: pressão sobre o canal do carpo); (3) a 
FRICÇÃO (ex.: fricção de um tendão sobre a sua 
bainha); (4) a IRRITAÇÃO (ex.: irritação de um 
nervo). Entre os fatores que influenciam a carga 
musculoesquelética, encontramos: a força, a 
repetitividade, a duração da carga, o tipo de preensão, 
a postura e o método de trabalho; 
h) A CARGA ESTÁTICA: está presente quando um 
membro é mantido numa posição que vai contra a 
gravidade. Nesses casos, a atividade muscular não 
pode se reverter a zero (esforço estático). Alguns 
aspectos servem para caracterizar a presença de 
posturas estáticas: a fixação postural observada, as 
tensões ligadas ao trabalho, sua organização e seu 
conteúdo; 
i) A INVARIABILIDADE DA TAREFA: implica 
monotonia fisiológica e/ ou psicológica. Assim, a 
carga mecânica fica restrita a um ou a poucos 
segmentos corpóreos, amplificando o risco potencial; 
j) AS EXIGÊNCIAS COGNITIVAS: podem ter um 
papel no surgimento das lesões e dos distúrbios, seja 
causando um aumento da tensão muscular, seja 
causando uma reação mais generalizada de estresse; 
k) OS FATORES ORGANIZACIONAIS E 
PSICOSSOCIAIS LIGADOS AO TRABALHO: são 
as percepções subjetivas que o trabalhador tem dos 
fatores de organização do trabalho. Ex.: 
considerações relativas à carreira, à carga, ao ritmo 
de trabalho e ao ambiente social e técnico do 
trabalho. A “percepção” psicológica que o indivíduo 
tem das exigências do trabalho é o resultado das 
características físicas da carga, da personalidade do 
indivíduo, das experiências anteriores e da situação 
social do trabalho. 
 
 
FATORES DE RISCO POSTURAIS 
CITADOS PARA OMBRO 
 
 
 
FATORES DE RISCO POSTURAIS 
CITADOS PARA PESCOÇO 
 
FATORES DE RISCO POSTURAIS 
CITADOS PARA COTOVELOS E 
ANTEBRAÇOS 
 
 
 
 
 
 
FATORES DE RISCO POSTURAIS 
CITADOS PARA MÃOS E PUNHOS 
 
 
FISIOPATOLOGIA 
Origem das LER/DORT é MULTIFATORIAL. 
Portanto, a fisiopatologia delas, no geral, é uma 
interação complexa de fatores de risco tanto 
físicos/mecânicos como psicossociais. 
Entretanto, pensar um pouco de acordo com a 
medicina biológica pode ser útil para entender a 
fisiopatologia das DORT. 
 
 
 
BIOMECÂNICA 
A biomecânica ESTUDA as PRESSÕES exercidas 
sobre os tecidos moles e observa as reações destes 
tecidos que podem ser: 
• Mecânicas – variações do comprimento, do 
volume, rupturas; 
• Fisiológicas ou fisiopatológicas – mudança na 
concentração iônica, evolução das 
características do potencial de ação do músculo. 
ALTERAÇÕES MUSCULARES 
No caso dos músculos, a pressão principal é a FORÇA, 
sendo que os efeitos sobre os tecidos moles dependem 
do nível de força desejado, da duração da manutenção 
do músculo em contração e da natureza desta última, 
ou seja, se a contração é estática ou dinâmica. 
Dependem ainda de fatores como a rapidez na qual a 
meta da tarefa deva ser atingida. 
Durante a CONTRAÇÃO MUSCULAR, a pressão 
intramuscular aumenta e comprime os vasos 
sanguíneos intramusculares. Assim, a nutrição dos 
músculos ativos pode ser temporariamente perturbada, 
principalmente quando o nível de força é elevado. 
Provoca um déficit de oxigênio; desta forma o 
músculo funciona em condições anaeróbicas e pode 
fadigar. 
Os sintomas de fadiga constituem, frequentemente, o 
primeiro sinal de uma hipersolicitação muscular. 
A recuperação desta fadiga é condicionada pelo 
repouso, no qual a duração é proporcional às pressões 
sofridas. 
Em condições dinâmicas este fenômeno é menos 
sensível, pois a circulação sanguínea somente é 
afetada durante breves instantes, e as pressões rítmicas 
podem até favorecer a circulação sanguínea. 
Mas, durante certos exercícios dinâmicos, 
principalmente quando há contrações excêntricas 
(contrações musculares com alongamento do 
músculo), podem surgir deformações e rupturas das 
 
 
linhas Z. Este tipo de dano muscular é reversível, mas 
necessita de um tempo maior de recuperação. 
Autores, ao descrever MECANISMOS CAUSAIS 
DA DOR E FADIGA musculares em situações de 
uso repetido, destacam: 
- Papel do controle da força muscular via recrutamento 
ou ativação de unidades motoras. 
- A força mecânica que repercute na unidade motora eno musculo à qual são acrescentadas forças externas 
que afetam o sistema locomotor, podendo levar à 
ruptura de miofibrilas e liberação de substancias 
químicas induzindo resposta inflamatória. O estresse 
mecânico e lesões degenerativas também são 
destacados quando a sede das lesões é referida a ossos 
e articulações. 
- A pressão intramuscular, que pode aumentar muito 
durante a contração máxima. 
- O fluxo sanguíneo muscular, que é afetado por 
inúmeros mecanismos fisiológicos, durante o trabalho 
estático levaria a aumento de pressão intramuscular e 
afetaria o adequado suprimento das fibras envolvidas, 
resultando em acumulo de radicais livres, aumento da 
permeabilidade vascular que repercutiriam 
principalmente em áreas menos vascularizadas através 
do estímulo de nociceptores. 
- Mudanças metabólicas decorrentes do consumo de 
energia (depleção de glicogênio), associadas com 
acúmulos de metabólitos, das concentrações de 
potássio extra, e de cálcio, intracelulares, disparariam 
gatilhos da dor e lesionariam os músculos envolvidos. 
Resumindo: no musculo hipersolicitado é o local das 
modificações histológicas e bioquímicas. Estas 
últimas se acompanham de uma diminuição da força 
muscular. 
ALTERAÇÕES TENDINOSAS 
Sob pressões exageradas, o tendão se deforma. 
As PRINCIPAIS pressões que afetam o tendão são: 
a força de tração exercida pelo musculo, o atrito e a 
compressão contra os tecidos adjacentes durante a 
passagem no nível das articulações. 
O tendão se comporta como um ELÁSTICO bem 
esticado. Submetido a uma força de tração, o tendão se 
deforma, e esta deformação se traduz essencialmente 
pelo aumento do comprimento. 
As características mecânicas de tal elemento são 
descritas pela relação entre a pressão e a deformação. 
• A PRESSÃO é definida pela relação entre a 
força exercida e o estado do tendão antes da 
aplicação da carga. 
• A DEFORMAÇÃO é a relação entre o 
comprimento do tendão no instante “t” menos 
o comprimento antes da aplicação da regra. 
De uma maneira geral, se a pressão aplicada provoca 
uma deformação inferior a 3%, a deformação é dita 
elástica. Uma tal deformação é reversível, quer dizer, 
quando suprimida a pressão, a deformação residual é 
nula. 
Se a deformação é superior a 3%, uma deformação 
residual subsiste: ela é devida a rupturas de fibras de 
colágeno. 
A ruptura completa de fibras de colágeno pode 
aparecer por deformação variando de 9% a 30%, de 
acordo com o tipo de tendão. 
Parece que quando as pressões ficam nos “limites 
fisiológicos”, o tendão pode suportá-las sem 
consequência patológica. 
Quando os limites são ultrapassados, as deformações 
residuais aparecem, podendo acumular-se com o 
tempo e provocar fenômenos patológicos. 
Os tendões de certos músculos (infra-espinhos, bíceps, 
supra-espinhoso, flexores comuns dos dedos) 
comportam as partes vascularizadas e as partes não-
vascularizadas. A nutrição destes últimos é assegurada 
pela difusão do líquido sinovial proveniente das 
bainhas sinoviais. 
 
 
A isquemia aparece durante a compressão dos tendões. 
Em déficit de nutrição, os tendões sofrem 
modificações histológicas, com sinais de degeneração, 
como, por exemplo, células mortas, depósito de cálcio 
e microrupturas das fibras de colágeno. Estes sinais de 
degeneração são sobretudo localizados nas zonas não 
vascularizadas. 
Estas alterações são consecutivas, de uma parte, a 
fases prolongadas de isquemia e, de outra, a 
insuficiências crônicas de líquido sinovial. 
Uma abdução de 30º do ombro provoca uma isquemia 
nos vasos. Quando as perturbações se mantem por 
períodos prolongados, as arteríolas e as vênulas se 
HIPERTROFIAM, o número de fibrócitos aumenta e 
o tecido conjuntivo prolifera. 
Todas estas adaptações (que podem ser interpretadas 
como uma adaptação dos tendões e do aparelho 
circulatório aos efeitos da compressão) podem levar a 
um aumento do volume dos tecidos, que contribuem 
para o aumento da pressão nas estruturas adjacentes. 
ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS 
No caso das LER/Dort, a COMPRESSÃO contra os 
tecidos vizinhos é a principal pressão aguda sofrida 
pelo nervo. 
Assim, na síndrome do túnel do carpo, as angulações 
extremas do punho têm por efeito comprimir de forma 
aguda o nervo mediano contra o ligamento anular 
durante a flexão e contra os ossos do carpo durante a 
extensão. 
A pressão exercida pelos tendões do músculo flexor 
profundo sobre o nervo mediano é três vezes mais 
importante quando o punho é fletido a 60º do que 
quando ele se encontra no prolongamento do 
antebraço. 
Tal compressão é ainda fortemente acentuada quando 
os dedos exercem uma força de preensão digital ou 
palmar. 
No posto de trabalho, as pressões são principalmente 
ligadas à forma, ao peso ou ao tamanho de certas 
ferramentas que impõe angulações extremas no 
punho. 
Se a sustentação destas ferramentas solicitar uma força 
de preensão importante, os tendões dos músculos 
flexores comuns dos dedos exercem uma pressão 
importante sobre o nervo mediado. 
Uma compressão crônica resulta de uma inflamação 
dos tendões dos músculos flexores dos dedos e/ou da 
sua bainha sinovial e do aumento permanente do seu 
volume. 
Os nervos podem sofrer MODIFICAÇÕES 
HISTOLÓGICAS. 
A densidade do epineuro aumenta e, geralmente, 
ocorre proliferação dos outros envelopes conjuntivos 
dos nervos (endoneuro, perineuro e endoneuro). 
• Tal proliferação provoca um bloqueio, ao 
menos parcial, da microcirculação 
sanguínea nos vasos do tecido conjuntivo-
vascular do nervo, e dai desencadeia 
perturbações importantes dos 
potenciais de ação das fibras nervosas. 
No caso de lesões de nervos e vasos, a compressão 
direta, posturas não neutras e vibrações têm sido 
apontadas como associadas aos mesmos tipos de 
mecanismos citados. 
No estudo, a repetitividade foi considerada alta 
quando mais de 50% da duração do ciclo era gasto no 
seu desenvolvimento. 
Tarefas de baixa repetitividade eram aquelas cujo ciclo 
fundamental durava mais de 30 segundos ou em que 
menos de 50% de sua duração era gasto no seu 
desenvolvimento. 
EFEITOS DAS VIBRAÇÕES 
As vibrações estão igualmente na origem de um 
aumento da pressão sobre o nervo mediano, pois elas 
provocam um aumento involuntário da força de 
 
 
preensão e ainda um esforço agudo sobre os tendões 
dos flexores dos dedos por reflexo tônico vibratório. 
Além disso, é conveniente lembrar que as vibrações 
podem estar na origem de distúrbios vasculares 
(Síndrome de Raynaud) e podem provocar o 
surgimento de microedemas intraneurais. 
ASPECTOS PSICOSSOCIAIS 
Como eu disse em Diagnóstico, uma das dificuldades 
em relação às DORT é o caráter multifatorial da 
sua gênese. 
Os aspectos biomecânicos são utilizados para 
descrever uma fisiopatologia concreta, entretanto, 
hoje se reconhece a influência ampla dos fatores 
psicossociais nessas doenças. 
Já mencionei aqui antes e é muito simples pensar 
como um sentimento de estresse pode gerar sintomas 
osteomusculares: CONTRAÇÃO MUSCULAR 
INVOLUNTÁRIA. 
Entretanto, os aspectos psicossociais podem gerar 
sintomas sem antes terem de gerar contração 
muscular: 
- Alterações fisiológicas geram repercussões 
sistêmicas; 
- Alterações fisiológicas alteram os limiares de dor; 
- Fatores psicossociais agravam a percepção de dor. 
Um exemplo do primeiro é um fator psicossocial, por 
exemplo, uma mãe cujo filho está preso, e não 
consegue dormir bem à noite e de dia fica sonolenta e 
mais propensa a acidentes de trabalho. 
Um exemplo do segundo é... depressão pode alterar o 
EIXO ADRENOCORTICAL. 
Paciente submetidos a maior estresse psicológico 
tem LIMIAR DE DOR MAIS ALTO que aqueles 
sem muitas decisões no trabalho. 
Ou seja, um médico tem um limiar de dor mais alto 
do que uma faxineira que segue ordens. 
Apesar disso, é nas profissões com caráter de maior 
estresse, muitas vezes semcomponente físico, que 
está a maior incidência de DORT! 
Como? 
Bom, se o limiar de dor é maior, o paciente não tem a 
dor como fator de proteção e pode gerar lesão por 
uma energia de trabalho aumentada. 
O comportamento do paciente frente ao sintoma 
doloroso não pode ser estadiado, já que a dor é um 
processo subjetivo e com muitas influências. 
É IMPORTANTE TER EM MENTE QUE A 
AUSÊNCIA DE LESÕES OU DANOS FÍSICOS 
NÃO JUSTIFICA DESCARTAR A DOR DO 
PACIENTE OU UM PROCESSO 
PATOLÓGICO 
E foi por isso mesmo que o termo LER foi 
substituído por DORT, lembra? 
Segundo o Patologia do Trabalho, muitas vezes o 
paciente vai procurar o médico não pela intensidade 
do sintoma em si, mas pela carga que ele acarreta. 
Isso leva ao pensamento do paciente que busca 
auxílio médico para ganhos secundários... 
Isso é pensado muitas vezes quando o paciente traz 
queixa intensa, mas sem sinais físicos de lesão. 
Segundo Patologia do Trabalho: 
“Acresce que a experiência de diversos serviços de 
saúdo no trabalho mostra que em muitas situações a 
relação de nexo causal entre o agravo e o trabalho 
não é caracterizada, simplesmente porque uma 
análise detalhada do trabalho não foi realizada”. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Em miúdos, as LER/DORTS são muitas entidades 
clínicas e muitas vezes podem ter SINTOMAS sem 
lesão ou mesmo na ausência de qualquer doença. 
Tem origem multifatorial, sintomas que coincidem, 
sendo também difícil identificar o tecido de origem 
clinicamente. Um mesmo fator de risco pode 
desenvolver duas entidades diferentes, ou a mesma 
 
 
entidade pode resultar de vários fatores diferentes. 
Não são apenas as DORTS o resultado de condições 
incorretas de trabalho. 
Caracterizada como síndrome clínica de DOR 
CRÔNICA, essa dor pode ter várias origens: 
fadiga muscular localizada ou generalizada, 
inflamação localizada ou coincidente com um 
processo sistêmico ou mesmo o processo mecânico 
que cause degeneração de tecidos. 
A DOR PODE TAMBÉM TER CARÁTER 
MIGRATÓRIO. 
O que explica isso é um SISTEMA DE 
COMPENSAÇÃO onde, na oportunidade de deixar 
de usar o tecido lesado hipersolicitado, o PACIENTE 
COMEÇA A HIPERSOLICITAR OUTRAS 
ESTRUTURAS que começam, então, a inflamar ou 
degenerar. 
Um bom exemplo é a CONTRAÇÃO MUSCULAR 
INVOLUNTÁRIA que um dia estressante no 
trabalho, por exemplo, pode gerar. 
Principalmente do pescoço e dos ombros. 
Além disso, existe uma DESCARGA 
ADRENÉRGICA que pode acentuar a contração e 
desencadear a inflamação dos tecidos moles. 
Além da história clínica e do exame físico, muitas 
vezes será necessária uma ANÁLISE 
ERGONÔMICA DO TRABALHO, embora na 
maioria dos casos uma boa história clínica seja 
suficiente para identificar os elementos que explicam 
as queixas. 
Após uma análise da ergonomia do trabalho, pode-se 
observar alguns fatos: 
- O indivíduo, para realizar determinada tarefa, 
solicita preferencialmente algumas 
estruturas, que variam de acordo com seu posto, bem 
como com o objetivo da tarefa; 
- O indivíduo também varia seu modo de realizar 
determinada tarefa ao longo da jornada; 
- Na maioria dos casos, as tarefas são MÚLTIPLAS 
e, embora repetitivas, não são fixas! Por isso, 
VÁRIOS SÍTIOS DOS MS SÃO SOLICITADOS; 
Por exemplo, embora a atividade de uma operadora 
de um caixa de supermercado seja teoricamente a 
mesma, às vezes ela segura um saco de açúcar, que é 
pesado, às vezes segura uma taça, frágil, às vezes tem 
que utilizar o teclado e, o tamanho da fila dita o ritmo 
do seu trabalho. 
- Sendo o membro superior uma UNIDADE, qualquer 
lesão em uma estrutura pode lesar outras partes. 
Os sintomas mais comuns, no geral, são: 
• Dor espontânea; 
• Dor à movimentação passiva, ativa ou contra 
a resistência; 
• Fraqueza; 
• Parestesia; 
• Sensação de peso; 
• Perda de força; 
• Diminuição, perda ou aumento da 
sensibilidade; 
• Sensação de agulhadas ou choques; 
• Sinais flogísticos: vermelhidão, edema, 
tumefação; 
• Hipotrofia ou hipertrofia. 
 
 
 
 
DIAGNÓSTICO: COMO IDENTIFICAR UM 
CASO DE LER/DORT 
NA REDE ASSISTENCIAL DA ATENÇÃO 
BÁSICA 
Como em qualquer consulta, deve-se COLETAR 
DADOS fornecidos pelo paciente, realizar o EXAME 
FÍSICO, integrá-los com DADOS 
EPIDEMIOLÓGICOS e fazer uma HIPÓTESE 
DIAGNÓSTICA. 
A organização atual dos serviços de saúde permite 
que várias das etapas de coleta de dados sejam 
realizadas por outros profissionais além do médico. 
Isso não exime o médico de seu papel, porém permite 
a análise dos casos mediante informações coletadas 
por equipes de saúde, como ocorre no Programa 
Saúde da Família (PSF). 
Quando se parte do quadro clínico, a sequência a ser 
obedecida na ANAMNESE CLÍNICA é a seguinte: 
a) história das queixas atuais; 
b) indagação sobre os diversos aparelhos; 
c) comportamentos e hábitos relevantes; 
d) antecedentes pessoais; 
e) antecedentes familiares; 
f) anamnese ocupacional; 
g) exame físico geral e específico; 
h) exames complementares e/ou avaliação 
especializada, se necessário; 
i) investigação do posto e/ou da atividade de trabalho 
in loco, se necessário. 
 
a) História das queixas atuais 
As queixas mais comuns são dor localizada, irradiada 
ou generalizada, desconforto, fadiga e sensação de 
peso. Muitos relatam formigamento, dormência, 
sensação de diminuição de força e fadiga, edema e 
enrijecimento muscular, choque e falta de firmeza nas 
mãos. Nos casos mais crônicos e graves, podem 
ocorrer sudorese excessiva nas mãos e alodínea 
(sensação de dor como resposta a estímulos não 
nocivos em pele normal). Geralmente os sintomas são 
de evolução insidiosa até que sejam claramente 
percebidos. Com frequência, são desencadeados ou 
agravados após períodos de maior quantidade de 
trabalho ou jornadas prolongadas e, em geral, o 
trabalhador busca formas de manter o 
 
 
desenvolvimento de seu trabalho, mesmo que às custas 
de dor. A diminuição da capacidade física passa a ser 
percebida no trabalho e fora dele, nas atividades 
cotidianas. 
Devem ser investigados o tempo de duração, a 
localização, a intensidade, o tipo ou o padrão, os 
momentos e as formas de instalação, os fatores de 
melhora e piora, bem como as variações no tempo. 
 
b) Indagação sobre os diversos aparelhos 
 
Como em qualquer caso clínico, a indagação por 
outros sintomas e outras doenças já diagnosticadas faz 
parte da consulta clínica, devendo ser considerados na 
análise do quadro clínico. Atenção para traumas, 
esforços musculares agudos, doenças do tecido 
conjuntivo, artrites, diabetes mellitus, 
hipotireoidismo, anemia megaloblástica, algumas 
neoplasias, artrite reumatoide, espondilite 
anquilosante, esclerose sistêmica, polimiosite, 
gravidez, menopausa. No achado de qualquer doença, 
deve-se indagar se sua existência explica o quadro 
clínico. A identificação de uma doença não 
ocupacional não descarta a existência concomitante de 
LER/Dort. Ressalte-se que algumas doenças, como o 
hipotireoidismo, são frequentes entre a população 
feminina acima dos 45 anos de idade e, em geral, são 
oligossintomáticas. 
 
c) Comportamentos e hábitos relevantes 
 
Atividades extralaborais devem ser identificadas, mas 
geralmente não são consideradas desencadeadoras de 
quadros musculoesqueléticos semelhantes aos casos 
de LER/Dort. Para terem significado como causa, os 
fatores não ocupacionais devem ter intensidade e 
frequência similares às dos fatores ocupacionais 
conhecidos, o que raramente acontece. É frequente o 
depoimento de médicos e profissionais de saúde mais 
experientes de que, quando as mulheres trabalhavam 
apenas nos seus lares, não havia relato de casos tão 
numerosos de “tendinites” e nem tão graves. 
 
d) Antecedentes pessoais 
 
Traumas, fraturas e outras formas de adoecimento 
pregresso que possam ter desencadeado e/ou agravado 
processos de dor crônica, entrando comofator de 
confusão, devem ser considerados. 
 
 
 
e) Antecedentes familiares 
 
A existência de diabetes, outros distúrbios hormonais 
e “reumatismos” deve ser considerada, como em 
qualquer outro caso. 
 
f) Anamnese ocupacional 
 
Esta etapa de coleta de informações é de 
FUNDAMENTAL importância para que situações de 
sobrecarga do sistema musculoesquelético sejam 
identificadas. Os relatos dos pacientes costumam ser 
ricos em detalhes, propiciando a caracterização das 
condições de trabalho em boa parte dos casos. Devem 
chamar a atenção as atividades operacionais que 
envolvam movimentos repetitivos, jornadas 
prolongadas, ausência de pausas periódicas, exigência 
de posturas desconfortáveis por tempo prolongado, 
exigência de produtividade, exigência de força 
muscular, identificação de segmentos do corpo com 
sobrecarga e maior grau de exigência, ritmo intenso de 
trabalho, ambiente estressante de cobranças de metas 
e falta de reconhecimento profissional, além da 
constatação da existência de equipamentos e 
instrumentos de trabalho inadequados. 
Postos de trabalho ocupados anteriormente também 
devem ser considerados. 
 
 
 
g) Exame físico do sistema 
musculoesquelético 
PRIMEIRA ETAPA: inspeção 
A inspeção se inicia à entrada do paciente no 
consultório. Avaliam-se as formas de caminhar 
(uniformidade, simetria e postura dos membros 
superiores), de se sentar e se posicionar diante do 
médico. Posições antálgicas ou cuidados especiais 
com determinados segmentos afetados por dor podem 
ser percebidos já nesta fase do exame físico. 
A inspeção deve ter como objetivo identificar posturas 
anormais, assimetrias, edemas, alterações de cor da 
pele, deformidades, características de anexos, tais 
como unhas e pelos. Em fases avançadas de dor 
complexa regional, por exemplo, à simples inspeção é 
possível identificar alterações de cor da pele, sudorese 
excessiva e edema e, mais raramente, a assimetria no 
comprimento de pelos e unhas. 
SEGUNDA ETAPA: palpação 
A palpação permite a identificação de alterações de 
consistência da pele e dos demais tecidos moles, em 
particular dos músculos. Podem ser encontradas 
nodulações (císticas ou não), zonas de contraturas em 
grupos musculares afetados, e o paciente pode referir 
sensibilidade dolorosa excessiva ao simples toque 
(alodínea). 
TERCEIRA ETAPA: manobras clínicas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
h) Exames complementares e/ou avaliação 
especializada, se necessário 
Antes de solicitar os exames, o médico deve se fazer 
as seguintes perguntas: 
• qual é a hipótese diagnóstica? 
• QUAL É O OBJETIVO DOS EXAMES OU DA 
AVALIAÇÃO ESPECIALIZADA? 
Após a realização dos exames, o médico deve se fazer 
as seguintes perguntas: 
•os achados dos exames complementares são 
compatíveis com os achados da história clínica e do 
exame físico? 
• as alterações encontradas explicam todo o quadro 
clínico do paciente? 
 
 
• qual é o significado da ausência de alterações nos 
exames? 
Descarta minha hipótese diagnóstica? 
Análise dos dados coletados, dos aspectos 
epidemiológicos e dos achados de exame físico 
É a etapa de juntar os dados e analisar o caso. É 
importante considerar as queixas clínicas, o início e a 
evolução, os casos semelhantes descritos em literatura 
(no mesmo ramo de atividade econômica ou entre 
pacientes das mesmas empresas), além das 
características da organização de trabalho e dos fatores 
de risco existentes. 
PROVAS DE ATIVIDADE INFLAMATÓRIA 
Correspondem à VELOCIDADE DE 
HEMOSSEDIMENTAÇÃO, à PROTEÍNA C 
REATIVA, ao ALFA 2 e às GAMAGLOBULINAS, 
entre outros indicadores. Quando os resultados são 
elevados, são indicadores de processo inflamatório, 
e não reumático, como são frequente e 
incorretamente interpretados. Dificilmente se 
elevam nos reumatismos extra-articulares ou de partes 
moles. Estão elevados em artropatias inflamatórias 
crônicas (artrite reumatoide, por exemplo) e agudas 
(artropatias microcristalinas e infecciosas, por 
exemplo). 
A velocidade de hemossedimentação eleva-se também 
em algumas situações não inflamatórias, tais como nas 
ocasiões em que houver gestação, anemias, obesidade, 
hipercolesterolemia e insuficiência renal. Pode estar 
elevada em mulheres. 
 
→ Fator reumatoide (FR) 
É um anticorpo geralmente da classe IgM dirigido 
contra uma imunoglobulina do próprio organismo. O 
teste utilizado para sua detecção é o látex. Está 
presente em 75% dos casos de artrite reumatoide, 
porém também ocorre com menor frequência e em 
títulos mais baixos em outras doenças crônicas, como 
tuberculose, mal de Hansen, doenças pulmonares e 
hepáticas. Também pode estar presente em 2 a 5% dos 
indivíduos saudáveis. Atualmente está disponível 
também o teste para detecção de ANTICORPO 
ANTIPEPTÍDEO CITRULINADO, mais sensível e 
específico que o fator reumatoide. 
→ Fator antinuclear (FAN) 
Trata-se, na verdade, de uma família de 
AUTOANTICORPOS, contra vários antígenos 
celulares, detectados por diversos métodos. Cada 
elemento dessa família tem sua própria sensibilidade e 
especificidade para algumas doenças difusas do tecido 
conjuntivo. Alguns anticorpos tipo FAN podem ser 
detectados em baixos títulos em até 22,6% dos 
indivíduos saudáveis. 
 
→ Antiestreptolisina O (Aslo) 
Este anticorpo é um indicativo de INFECÇÃO 
ESTREPTOCÓCICA RECENTE, e não um 
marcador de febre reumática. Apenas 2% dos 
indivíduos infectados pelos estreptococos A (portanto, 
com Aslo elevado) desenvolverão febre reumática. 
 
→ Ácido úrico 
É um catabólito final das vias das purinas e, quando 
elevado no sangue, pode se depositar como 
CRISTAIS nos tecidos, originando a artrite da gota. 
Deve ser interpretado criticamente, de forma integrada 
com a avaliação clínica, pois para cada caso de gota 
existem nove de hiperuricemia assintomática. 
 
→ US 
O papel atribuído à ultrassonografia, de rastreadora de 
lesões miotendíneas em pacientes portadores de 
LER/Dort, é superestimado no que tange ao 
diagnóstico e ao acompanhamento evolutivo, gerando 
expectativas irreais e custos desnecessários ao sistema 
de atendimento à saúde. Como outros exames 
 
 
complementares, os resultados ultrassonográficos 
também devem ser sempre interpretados à luz do 
quadro clínico. 
A ultrassonografia é muito eficiente na avaliação da 
extensão e da gravidade das lesões. 
DIFICULDADE NA AVALIAÇÃO 
ULTRASONOGRAFICA NO PUNHO, 
COTOVELO E OMBRO 
O que torna desnecessária sua solicitação nesses casos. 
Por que? 
Porque a dor nessas regiões é muito frequentemente 
REFERIDA/REFLEXA às alterações articulares 
(punhos, cotovelos e ombros). Não se recomenda, 
ainda, a solicitação de avaliação de ambos os membros 
para análise comparativa, visto que o examinador a 
fará se for conveniente ou necessário, evitando-se 
assim a detecção de alterações ecográficas 
desprovidas de significado clínico no membro contra 
lateral assintomático. 
→ Raio X 
A radiografia simples pode demonstrar lesões 
osteoarticulares relacionadas ou não a LER/Dort, 
como a artropatia degenerativa ou as calcificações 
de partes moles nas entesopatias. A artropatia 
inflamatória, como a artrite reumatoide, embora não 
relacionada a LER/Dort, pode, em sua fase inicial, 
estar incluída no diagnóstico diferencial, com sinais 
radiográficos positivos. 
→ RM 
A ressonância magnética apresenta eficácia 
semelhante à da ultrassonografia na detecção de 
alterações miotendíneas e de tecidos moles nos 
membros superiores, a um custo mais elevado. 
É, porém, mais eficiente na avaliação das 
ESTRUTURAS INTRA-ARTICULARES, que são 
inacessíveis ao exame ultrassonográfico. No contexto 
dos casos de LER/Dort, a ressonância deve ser 
reservada à pesquisa de alteração articular de difícil 
elucidação clínica, radiográfica ou ultrassonográfica. 
 
→ Eletromiografia 
O diagnóstico das síndromes compressivasneurais é 
baseado em achados clínicos e 
ELETROMIOGRÁFICOS. 
CONCLUSÃO DIAGNÓSTICA 
1ª HIPÓTESE: o paciente tem LER/Dort, 
apresentando determinadas formas clínicas. 
2ª HIPÓTESE: o paciente tem LER/Dort e 
concomitantemente tem outro quadro clínico com 
sintomas musculoesqueléticos. 
3ª HIPÓTESE: o paciente tem sintomas 
musculoesqueléticos não relacionados com o trabalho. 
As DORTS podem ser classificadas tanto como 
Schilling II como III, ou seja, doenças onde o 
trabalho não é causa necessária, mas pode desencadear 
ou agravar e acelerar uma predisposição genética, por 
exemplo. 
Como dito, nessas classes, o nexo causal é 
INDIRETO! 
Portanto, é muito difícil estabelecer o nexo causal 
entre o trabalho e a entidade. Dificulta é que a maioria 
dos pacientes vão ter QUEIXAS MÚLTIPLAS. 
CONCLUSÃO E ENCAMINHAMENTO 
Se: 
• o paciente apresentar quadro clínico característico, 
• a anamnese ocupacional evidenciar fatores de risco 
para a ocorrência de LER/Dort, 
• e se o ramo de atividade ou a função forem 
conhecidos como de risco para a ocorrência de 
LER/Dort (pois há evidência epidemiológica), 
− o caso deve ser notificado como LER/Dort ao 
Sistema de Informações de Agravos de Notificação 
 
 
(Sinan) e à Previdência Social, por meio da emissão da 
Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). 
Se: 
• o paciente apresentar quadro clínico característico, 
• a anamnese ocupacional evidenciar fatores de risco 
para a ocorrência de LER/Dort, 
• mas se o ramo de atividade ou a função não forem 
conhecidos como de risco para a ocorrência de 
LER/Dort, 
− o caso deve ser notificado como LER/Dort ao 
Sistema de Informações de Agravos de Notificação 
(Sinan) e à Previdência Social, por meio da emissão da 
Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e 
− o caso deve ser notificado aos órgãos de vigilância 
sanitária, para análise das condições de trabalho. 
Este é o evento sentinela. 
Se: 
• o paciente apresentar quadro clínico característico, 
• a anamnese ocupacional não permitir identificar 
fatores de risco para a ocorrência de LER/Dort, 
• mas se o ramo de atividade ou a função forem 
conhecidos pela existência de fatores de risco para a 
ocorrência de LER/ Dort (pois há evidência 
epidemiológica), 
− o caso deve ser notificado ao Sistema de 
Informações de Agravos de Notificação (Sinan) e à 
Previdência Social como LER/Dort. Ao mesmo 
tempo, os órgãos de vigilância sanitária devem ser 
notificados, para que haja confirmação diagnóstica de 
LER/Dort. 
Se: 
• o paciente apresentar quadro clínico característico, 
• a anamnese ocupacional não permitir identificar 
fatores de risco para a ocorrência de LER/Dort, 
• e se o ramo de atividade ou a função do paciente não 
forem conhecidos pela existência de fatores de risco 
para a ocorrência de LER/Dort, 
− Deve-se apenas encaminhar o paciente para 
tratamento clínico e acompanhamento. 
 
Se: 
• o paciente apresentar quadro clínico característico, 
• se a anamnese deixar dúvidas quanto à existência ou 
não de fatores de risco para a ocorrência de LER/Dort, 
• e não se tem informação sobre o ramo de atividade 
ou a função do paciente, 
− Deve-se encaminhar o caso para o Centro de 
Referência em Saúde do Trabalhador, para a 
elucidação da relação do quadro clínico com o 
trabalho. 
Se: 
• o paciente apresentar quadro clínico característico, 
• se a anamnese ocupacional deixar dúvidas quanto à 
existência ou não de fatores de risco para a ocorrência 
de LER/Dort, 
• mas se o ramo de atividade ou a função forem 
conhecidos pela existência de fatores de risco para a 
ocorrência de LER/ Dort (pois há evidência 
epidemiológica), 
− O caso deve ser notificado ao Sistema de 
Informações de Agravos de Notificação (Sinan) e à 
Previdência Social como LER/Dort. 
Se: 
• o paciente não apresentar quadro característico ou se 
houver dúvidas e necessidade de avaliação clínica 
especializada (reumatologista, neurologista, 
ortopedista) e/ou exames complementares 
(radiografia, ultrassonografia, ressonância magnética), 
− Deve-se encaminhar o paciente para as referências 
de especialidades clínicas necessárias e/ou exames 
complementares, conforme o Plano Diretor Regional 
(PDR) e a Pactuação Programada Integrada (PPI). 
Dependendo dos resultados dessa investigação mais 
aprofundada, investiga-se a etiologia ocupacional. 
IMPORTANTE: 
A etapa do estabelecimento da relação de causa e/ou 
agravamento entre o trabalho e o quadro clínico é 
atribuição multidisciplinar; pressupõe a técnica de 
realizar uma boa anamnese ocupacional, que não é 
atribuição exclusivamente médica. Os casos 
 
 
notificados ao Sinan devem estar acompanhados da 
CAT emitida, caso o trabalhador tenha vínculo 
empregatício vigente, regido pela Consolidação das 
Leis do Trabalho (CLT), e seja segurado do Seguro de 
Acidente de Trabalho (SAT), do INSS, sendo que o 
médico assistente ou o serviço de saúde pode abrir a 
CAT ou fazer essa solicitação ao empregador, 
inclusive na suspeição, conforme está previsto no 
artigo 169 da CLT, na Instrução Normativa nº 98 do 
INSS e na Resolução nº 1.488/98 do Conselho Federal 
de Medicina. 
SINAN 
 
ATENÇÃO SECUNDÁRIA 
O paciente é enviado à atenção secundária quando o 
médico da atenção primária tem dúvidas quanto ao 
diagnóstico, uma vez que os casos com quadro clínico 
típico, baixa complexidade pode ser diagnosticados na 
própria atenção básica, como qualquer doença. 
Assim, quando for necessário tal encaminhamento, 
espera-se dessa avaliação a confirmação ou não de 
uma hipótese diagnóstica de diferentes campos de 
conhecimento. 
Espera-se dos especialistas uma avaliação clínica bem 
feita, assim como a realização de exames 
complementares necessários, escolhidos de forma 
criteriosa. 
Espera-se de um especialista o seu conhecimento 
especializado e a sua experiência. A simples 
realização de um rol de exames para “descartar” 
qualquer problema não é uma conduta adequada, 
ressaltando-se que os exames complementares sempre 
devem ser avaliados à luz da clínica. 
Mas eu não sou especialista, vou me formar 
generalista... 
De qualquer forma, é interessante fazer algumas 
colocações e diagnósticos diferenciais: 
Uma dor contínua, que pode persistir mesmo ao 
repouso, sugere um provável PROCESSO 
INFLAMATÓRIO. A dor noturna ocorre também 
relacionada à inflamação. A dor ao movimento, 
chamada dor mecânica, sugere LER/DORT. Por 
outro lado, a dor protocinética, com melhora no 
decorrer da persistência do movimento, sugere uma 
OSTEOARTROSE. 
Quadros puramente articulares tendem a ter os 
sintomas restritos ao local afetado, enquanto 
reumatismos de partes moles, como as tendinopatias, 
apresentam sintomas menos restritos a um local 
anatômico, irradiando-se proximal e distalmente. 
Nesse segmento, via de regra, há um ponto ou trajeto 
mais doloroso à palpação, que corresponde 
 
 
exatamente à estrutura lesada. Numa tendinopatia da 
origem dos extensores dos punhos, por exemplo, a dor 
é pontual na palpação do epicôndilo lateral, porém 
pode irradiar-se distalmente no antebraço. 
TRATAMENTO 
A cartilha de Dor Relacionada ao Trabalho lista alguns 
princípios da terapêutica geral das DORTS. 
 
O TRATAMENTO NÃO É EXCLUSIVIDADE 
MÉDICA 
É desejável a participação de outros profissionais de 
saúde, tais como fisioterapeuta, terapeuta 
ocupacional, enfermeiro, assistente social, psicólogo, 
profissional de terapias complementares e terapeuta 
corporal, com domínio de técnicas diversificadas para 
se obter a efetividade no tratamento. 
Nos CASOS INICIAIS, o tratamento pode ser menos 
complexo e abrangente; porém, nos CASOS 
CRÔNICOS, com múltiplas localizações, é 
importante se definir um programa de tratamento, com 
metas. 
Em qualquer caso, agudo ou crônico, mesmo com 
regressão dos sintomas, é de fundamental importância 
prevenir recidivas e/ouagravamentos. 
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO 
Os medicamentos devem ser prescritos de maneira 
cautelosa. Os pacientes precisam ser bem orientados 
quanto à forma correta de sua utilização e o que 
esperar dos medicamentos. Além disso, é importante 
considerar o TEMPO DE TRATAMENTO, que 
pode ser um fator importante nos medicamentos de 
alto custo. 
OS MEDICAMENTOS ANALGÉSICOS E ANTI-
INFLAMATÓRIOS SÃO ÚTEIS NO COMBATE 
À DOR AGUDA E A INFLAMAÇÃO, MAS, SE 
USADOS ISOLADAMENTE, NÃO SÃO 
EFETIVOS O COMBATE À DOR CRÔNICA. 
Nesse caso, é necessária a associação dos 
PSICOTRÓPICOS (antidepressivos tricíclicos e 
fenotiazínicos), que proporcionam efeito analgésico e 
ansiolítico, estabilizam o humor e promovem 
alteração na simbologia da dor. 
São antipsicóticos atípicos. Um exemplo é a 
clorpromazina. 
Terapia Medicamentosa Inespecífica Utilizada na 
Prática Clínica 
→ Analgésicos Não-Opioides 
• O uso de analgésicos não-esteroidais como 
paracetamol e aspirina pode ser o tratamento inicial 
em dores agudas ou crônicas de leve e média 
intensidade, inclusive osteomusculares. 
• Um número significativo de pacientes com 
osteoartrite tem sido tratado com analgésicos não-
esteroides com igual sucesso ao dos usuários de 
AINES. Além disso, pode-se reduzir a dose destes 
últimos na associação com analgésicos puros. 
→ AINES: 
• Todos têm eficácia anti-inflamatória similar; no 
entanto, há grandes variações nas respostas 
individuais, mesmo quando pertencentes à mesma 
família química. 
• A duração do tratamento deve ser condicionada para 
melhora do quadro clinico, isto é, dor, edema, 
capacidade funcional, devendo-se monitorar os efeitos 
adversos (discrasias sanguíneas, hemato e 
nefrotoxicidade). 
• Recomenda-se elevar a dose noturna quando o 
paciente tem dor à noite. 
• Os anti-inflamatórios de meia vida longa, superior a 
10 horas (piroxicam, naproxeno, tenoxicam, 
meloxicam), requerem dias para atingir a 
concentração plasmática máxima. 
• Usualmente se estimula o prazo de duas semanas de 
tratamento para avaliar o sucesso terapêutico. 
 
 
• Os anti-inflamatórios tópicos tem se mostrado mais 
eficazes que placebo. 
• Os AINES podem ser administrados com alimentos 
para diminuir a irritação gástrica, o que prejudica 
minimamente a absorção do ibuprofeno, cetoprofeno 
e fenoprofeno. 
• O uso de antiulceroso profilático pode ser indicado. 
Uma revisão sistemática mostrou que o uso de 
bloqueadores H2 reduz o risco de desenvolvimento de 
gastrite e de úlcera duodenal em pessoas que tomaram 
AINES por mais de três meses comparados com o dos 
que tomaram placebo. 
• Os inibidos seletivos da COX-2 (celecoxib e 
rofecoxib) têm mostrado eficácia igual aos demais 
AINES, porém com menos efeito gastrintestinal e sem 
ação sobre a agregação plaquetária. 
→ Analgésicos Opioides: 
• Nas doses de moderada intensidade, pode ser feito o 
uso oral de opioides, como propoxifeno, codeína (30 a 
120 mg, via oral, a cada 4 a 6 horas), ou de sua 
associação com analgésicos não-opioides 
(paracetamol 500 mg + codeína 30 mg, a cada 4 a 6 
horas). 
• A codeína em dose única de 65 mg não se mostrou 
superior a 600 a 1.000 mg de aspirina ou de 
paracetamol; no entanto, com a repetição das doses, o 
alivio obtido é mais eficaz do que o produzido por 
esses dois, provavelmente devido à diminuição da 
reatividade da dor. 
• Nos tratamentos crônicos, esses opioides apresentam 
risco de dependência. 
→ Miorrelaxantes: 
• São utilizados para dores musculares agudas ou 
crônicas na presença de espasmo muscular. 
• O mecanismo de ação não é bem conhecido, e seus 
efeitos são medidos principalmente por respostas 
subjetivas, parecendo serem menos eficazes nas dores 
crônicas. 
• Os benzodiazepínicos, miorrelaxantes de origem 
central, podem ser utilizados nos casos agudos, 
tomando-se o cuidado de fazê-lo por tempo limitado 
(2 a 3 semanas) 
• A ciclobenzaprina é mais eficaz que o placebo no 
tratamento de síndromes dolorosas com espasmo 
muscular. A maioria dos pacientes tem uma resposta 
benéfica, após 7 a 10 dias de uso, com a dosagem de 
10 mg/dia. Pode-se elevar para 30 mg/dia; porem 
nesses casos há maior ocorrência de boca seca e 
sonolência. O uso da medicação antes de se deitar 
diminui a sonolência pela manhã. 
• Os corticosteroides de depósito apresentam absorção 
errática e resultados imprevisíveis. Na prática, para os 
casos não responsivos aos AINES, tem-se utilizado até 
3 ampolas IM com intervalos de uma semana entre as 
aplicações. 
→ Antidepressivos Tricíclicos: 
• Podem ser úteis no caso de dor persistente associada 
ou não à depressão. 
- Amitriptilina 
• As dosagens de amitriptilina nas dores crônicas são 
25 a 50 mg/dia, sendo usualmente seguras, embora não 
isentas de efeitos colaterais. 
• Estão contraindicadas para uso simultâneo com 
inibidores da MAO, devendo-se esperar no mínimo 
um intervalo de 14 dias entre a interrupção deste 
medicamento para iniciar a amitriptilina. 
• Deve-se evitar amitriptilina após infarto do 
miocárdio e na presença de ICC aguda. 
• O uso em pacientes com arritmias cardíacas 
(bloqueio de ramo) deve ser cauteloso, bem como nos 
casos de hipertireoidismo, alteração das funções 
hepática e renal, e nos idosos. 
• Os principais efeitos colaterais são boca seca, visão 
borrada, retenção urinária, náusea, vômitos, 
constipação, hipotensão, taquicardia, disforia, insônia, 
ganho de peso, icterícia e outros. 
 
 
• Em algumas pessoas, mesmo na dose de 25 mg pode 
causar sonolência, estando indicado reduzi-la á 
metade. 
• O aumento da dose deve ser de 10 a 25 mg/semana, 
sendo a dose máxima para tratamento de depressão de 
300 mg/dia. 
• A medicação deve ser tomada 2 a 3 horas antes de 
dormir, ressaltando-se que demora cerca de 1 a 3 
semanas para alcançar o efeito máximo tanto em 
relação à analgesia como em relação à modificação do 
sono, independentemente da dose utilizada. 
• Deve ser estimulada a realização de atividade física 
concomitante e, mesmo que haja uma melhora, deve-
se procurar manter o uso de amitriptilina por um 
período mínimo de 6 meses antes de diminuir ou 
interromper a medicação. 
→ Anticonvulsivante: 
• Outras substâncias utilizadas no manejo da dor 
crônica incluem os anticonvulsivantes gabapentina, 
fenotoina e carbamazepina. 
• Uma metanálise de ensaios clínicos randomizados 
controlados indica a eficácia do uso; no entanto, o 
mesmo deve ser tentado somente depois de esgotadas 
outras possibilidades. 
FISIOTERAPIA 
É PRIMORDIAL NO TRATAMENTO DO 
PACIENTE COM DORT. 
Tem como objetivos principais o alívio da dor, o 
relaxamento muscular e a prevenção de deformidades, 
proporcionando uma MELHORIA DA 
CAPACIDADE FUNCIONAL. 
Para isso, irá utilizar recursos de 
eletrotermofototerapia, massoterapia e cinesioterapia, 
sendo que a combinação de técnicas deverá ser 
definida após a avaliação fisioterápica. 
NÃO É POSSÍVEL PADRONIZAR O TIPO NEM A 
DURAÇÃO DO TRATAMENTO. 
A presença ativa do fisioterapeuta é fundamental para 
uma avaliação contínua da evolução do caso e para 
mudanças de técnicas ao longo do tratamento. A 
utilização de grupos terapêuticos para pacientes 
crônicos, com abordagem de temas como percepção 
corporal, automassagem, alongamento e relaxamento, 
tem se mostrado EFICIENTE na reabilitação física 
desses pacientes. 
PSICOTERAPIA 
A psicoterapia individual ou em grupo É 
ESSENCIAL para os pacientes de LER/Dort, para 
que se sintam amparados em sua insegurança e em seu 
temor no que se refere às situações de conflito no 
trabalho, às consequências do adoecimento e às 
perspectivas de futuro e reinserção profissional. 
TERAPIA OCUPACIONAL 
A terapia ocupacional tem se mostrado bastante útil na 
CONQUISTA DA AUTONOMIA dos pacientes 
adoecidos por LER/Dort. As atividades relacionadas 
com a vida cotidiana, o lazer e o trabalho levam os 
pacientes a reapropriarsuas capacidades e a 
ressignificar o seu “fazer”, considerando todas as 
mudanças decorrentes do adoecimento. 
O TERAPEUTA OCUPACIONAL FAZ A 
AVALIAÇÃO, A INDICAÇÃO E A CONFECÇÃO 
DE ÓRTESES DE POSICIONAMENTO, PARA A 
PREVENÇÃO DE DEFORMIDADES. 
 
 
TERAPIAS ALTERNATIVAS 
As terapias complementares, como acupuntura, do-in, 
shiatsu, entre outras, têm se mostrado pertinentes ao 
tratamento de LER/Dort. 
 
 
As atividades em grupo para pacientes com 
LER/Dort, de caráter terapêutico educativo, 
realizadas nos serviços públicos de saúde por equipes 
multiprofissionais, têm obtido resultados 
significativos, permitindo a reflexão do processo de 
adoecimento, a discussão sobre as dúvidas e as 
dificuldades enfrentadas no estabelecimento do 
diagnóstico e do tratamento, proporcionando o 
estabelecimento dos limites e o resgate da cidadania. 
TRATAMENTO CIRÚRGICO 
PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS NÃO TÊM 
SE MOSTRADO ÚTEIS NOS CASOS DE 
LER/DORT 
Frequentemente, os pacientes com história 
relativamente longa, submetidos a procedimentos 
cirúrgicos, evoluem para dor crônica de difícil 
controle. 
MEDIDAS ADMINISTRATIVAS 
• É responsabilidade do médico clínico fornecer 
atestados de comparecimento ou atestados médicos de 
incapacidade para justificar faltas ao trabalho, quando 
for o caso. 
• Para trabalhadores assalariados do setor privado, 
com carteira de trabalho, a incapacidade temporária 
para o trabalho pode ser atestada pelo médico 
assistente por um período máximo de 15 dias (faltas 
pagas pela empresa) 
• Caso a incapacidade seja superior a 15 dias, o médico 
deve fornecer atestado relativo aos primeiros 15 dias e 
encaminhar o paciente ao INSS para perícia medica, 
cabendo ao perito decidir se há ou não incapacidade 
que justifique o ingresso em benefício previdenciário 
a partir do 16º dia. 
• Os dados contribuintes do INSS (autônomos, 
avulsos, segurados especiais) – que não tem 
empregador – devem ser instruídos a procurar o INSS 
já no primeiro dia de incapacidade para o trabalho e 
devem ser submetidos imediatamente à perícia para 
ingresso em benefício. 
• O atendimento médico dos trabalhadores, sejam eles 
do mercado formal ou informal, é o mesmo e deve ser 
feito no nível de complexidade requerido em cada 
caso. O mesmo se aplica a acidentes e doenças do 
trabalho 
• Casos de baixa complexidade deve ser atendidos pelo 
clínico, médico das unidades de saúde da área de 
residência do trabalhador. 
• Os atestados médicos necessários para justificar a 
incapacidade temporária para o trabalho junto ao 
empregador, ou o encaminhamento e a manutenção 
dos benefícios do INSS – seja ou não por acidente de 
trabalho – devem ser fornecidos pelo médico 
assistente e fazem parte do atendimento médico. 
• No caso de acidentes de trabalho ou de doenças de 
trabalho em trabalhadores assalariados do setor 
privado, o atestado médico inicial deve ser preenchido 
na Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), 
documento oficial do INSS que deve ser fornecido ao 
trabalhador pela empresa. 
• Na negativa da empresa, as instituições melhor 
credenciadas para esta emissão são os sindicatos. 
• Apenas os trabalhadores assalariados com carteira de 
trabalho têm o direito à CAT, ou seja, aos benefícios 
do seguro do acidente do trabalho (pago à parte pelo 
empregador conforme o grau de risco da atividade 
econômica). 
• Uma vez estabelecido pelo perito do INSS a 
incapacidade no 16º dia de afastamento e o nexo 
causal entre a condição incapacitante e o trabalho, o 
trabalhador assalariado regido pela CLT terá essa 
condição reconhecida pelo INSS como 
doença/acidente de trabalho, o que lhe garantirá 
estabilidade no emprego por 12 meses após a alta do 
benefício e o retorno ao trabalho. 
 
 
AVALIAÇÃO DE CAPACIDADE PARA O 
RETORNO AO TRABALHO 
• O papel do médico não termina ao estabelecer o 
diagnóstico, tratar, orientar administrativamente e dar 
suporte ao paciente. 
• Cabe também a ele propiciar informações adequadas 
ao paciente e à empresa sobre eventuais limitações 
residuais e restrições correspondentes na atividade 
laboral e na vida cotidiana. 
• Os portadores de dor crônica frequentemente 
comportam-se e são tratados à luz do que é esperado 
em casos agudos, ou seja, assumem integralmente o 
papel de doentes – o que inclui a isenção autorizada de 
responsabilidades sociais – e entregam-se ao 
tratamento médico com a expectativa de cura. 
• Retirar esses indivíduos da condição de doentes 
requer fazê-los abandonar a expectativa irreal da cura 
em troca da meta de ajustamento a uma limitação 
crônica. 
• Se o trabalhador com distúrbio osteomuscular e seu 
médico acreditarem que sua recuperação completa é 
aceitável como pré-requisito para o abandono do papel 
de paciente, a transição para o estado de adulto 
responsável com limitação não ocorrerá e ele irá se 
tornar um paciente de dor crônica. 
• O proposito fundamental do cuidado médico é 
restabelecer a saúde, otimizar a capacidade funcional 
e minimizar o impacto destrutivo da doença na vida do 
paciente; 
• A ausência prolongada ao trabalho é prejudicial à 
saúde mental, física e ao bem-estar social. 
• Os médicos afetam positivamente as chances e a 
rapidez da melhora expondo claramente para os 
pacientes a expectativa da recuperação. 
• O retorno ao trabalho deve ser um ato médico 
planejado. 
• No início do tratamento, deve-se discutir com o 
paciente o tempo esperado de recuperação. 
• Quando o médico julgar que o paciente já tem 
condições de tentar uma reinserção ocupacional, caso 
a empresa ofereça atividade compatível com o nível de 
recuperação funcional obtido, o paciente deve, como 
parte importante do processo de reabilitação, ser 
estimulado a reassumir suas atividades apesar da 
permanência de algum sintoma. 
• O médico deve aconselhar o paciente e orientar o 
empregador (preferencialmente por intermédio do 
serviço médico da empresa) sobre estratégias a serem 
usadas no retorno ao trabalho (atividades 
desaconselhadas, instituição de pausas, rodízios, etc.). 
• Todas as informações dirigidas à empresa que 
envolvam a condição de saúde do trabalhador estão 
sujeitas ao consentimento documentado do paciente e 
respeito ao sigilo profissional. 
FLUXOGRAMAS 
 
 
 
 
ATIVIDADE LABORAL 
Ribeiro (1997) aponta que os setores com mais casos 
de LER são o bancário, comércio, processamento de 
dados, têxtil, confecção, químico, plástico, serviço e 
telecomunicações. 
Ocupações e ou atividades que apresentam risco 
aumentado para desenvolvimento de LER/Dort 
(BRASIL, 2012): 
•• Embalagem de produtos e setores de controle de 
qualidade de indústrias diversas. 
•• Corte e processamento de carnes. 
•• Produção de alimentos industrial e artesanal. 
•• Costureiras e outras profissões da indústria de 
confecções, vestuário e calçados. 
•• Montadores(as) de componentes eletrônicos, do 
setor plástico, elétrico e metalúrgico. 
•• Trabalhadores(as) de lavanderias. 
•• Operadores(as) de caixa de supermercados e bancos 
•• Cortadores(as) de cana. 
•• Digitadores(as). 
•• Teleatendentes. 
 
 
 
 
 
TENDINOPATIA DE QUERVAIN 
Resulta da constrição da bainha comum dos tendões 
do ABDUTOR LONGO e do EXTENSOR CURTO 
do polegar. 
Mais especificamente, a tenossinovite de De Quervain 
caracteriza-se pela irritação ou tumefação dos tendões 
no lado do punho referente ao polegar. A inflamação 
espessa a bainha tendinosa e promove a constrição do 
tendão, em seu deslizamento na bainha. Isso pode 
causar um fenômeno de “disparo”, em que o tendão 
parece travar ou “grudar”, quando o paciente 
movimenta o polegar. 
 
Ocorrência mais frequente em mulheres em grupos 
populacionais acima de 40 anos de idade tem sido 
associada a exposições ocupacionais que exigem 
movimentos repetitivos de polegar, pinça de polegar 
associada à flexão, extensão, rotação ou desvio ulnar 
repetidodo carpo, principalmente se associado com 
força, polegar mantido elevado e/ou abduzido durante 
atividades (polegar alienado) e uso prolongado de 
tesouras. 
O quadro clínico caracteriza-se por DOR EM 
PROJEÇÃO de processo estilóide do rádio com ou 
sem irradiação em projeção radial até o ombro e que 
aumenta com abdução radial ativa do polegar, com 
alongamento passivo de abdutor longo de polegar, 
desvio ulnar do punho, dificuldade para 
pronosupinação ou pinça. 
Geralmente é unilateral. 
O exame físico pode evidenciar tumefação na região 
afetada, sinal de Finkelstein, dor à palpação no 
processo estilóide e trajeto de tendões que aumenta 
com extensão e abdução do polegar em contra-
resistência. 
O diagnóstico diferencial deve ser feito com 
osteoartrite da primeira carpometacarpiana ou 
rizartrose. 
PRINCIPAIS DORTS 
Alguns dos principais tipos de lesões por esforços 
repetitivos são: 
 
 
 
• Síndrome do Túnel do Carpo 
• Tendinites dos Extensores dos Dedos 
• Tenossinovite dos Flexores dos 
Dedos 
• Tenossinovite Estenosante (Dedo em 
Gatilho) 
• Epicondilite Lateral 
• Doença de Quervain 
 
Síndrome do Túnel do Carpo 
Essa doença é uma forma bastante comum de LER, 
provocada pela compressão do nervo Mediano, que 
vem do braço e passa pelo punho, numa região 
chamada túnel do carpo. Esse nervo é o responsável 
pela movimentação do dedo polegar, além de 
promover a sensação nos dedos polegar, indicador e 
médio na parte da palma das mãos. Devido ao uso 
excessivo dos dedos e punhos, começa a haver uma 
inflamação e inchaço das estruturas que passam pelo 
túnel do carpo, resultando na compressão do nervo 
mediano. Como resultado, esse nervo passa a ficar 
mais "fraco", provocando a sensação de formigamento 
e amortecimento dos dedos das mãos, principalmente 
dos dedos polegar, indicador e médio. Às vezes, pode 
dar até a sensação de "choque" sentida nos dedos e 
indo em direção ao braço. Em geral, os sintomas 
pioram com o decorrer do dia, principalmente após um 
dia de trabalho. Alguns pacientes acordam no meio da 
noite com as mãos amortecidas. Essa doença é comum 
em mulheres de 30 a 50 anos, e acomete 3 vezes mais 
o sexo feminino do que o masculino. Normalmente, os 
sintomas estão presentes nas duas mãos, mas são 
notados primeiramente na mão dominante. 
DIAGNÓSTICO 
Para se fazer o diagnóstico da doença é preciso colher 
os dados de dor nas mãos, a perda de sensibilidade nos 
dedos, ou formigamento ou mesmo adormecimento 
dos mesmos. Também é comum o paciente se queixar 
que não consegue segurar bem as coisas, 
principalmente fazer o movimento de pinçar. A 
relação com a profissão tem importância fundamental 
no diagnóstico. Ao exame físico, um exame de grande 
importância é a manobra de Phalen, em que se pede 
para o paciente colocar as mãos em flexão, ou seja, 
com os dedos voltados para baixo, e unir dorso contra 
dorso das mãos, durante um minuto. Os cotovelos 
devem ficar num ângulo de 90 graus e na mesma altura 
dos punhos. A presença de dor ou sintomas de 
formigamento ou adormecimento aponta fortemente 
para o diagnóstico de Síndrome do túnel do carpo. 
Outro teste é o chamado teste de Tinnel que consiste 
da compressão do nervo mediano no trajeto dele pelo 
túnel do carpo. A presença de dor indica a presença da 
síndrome do túnel do carpo. Caso seja necessário, 
poderá ser feito um teste para medir a condução do 
nervo mediano, para ver se está normal ou não. Os 
exames de raio-X das mãos são importantes para 
afastar as outras causas de dor nas mãos, como artrites, 
tumores ou fraturas ósseas. 
TRATAMENTO 
O tratamento se baseia no uso de antinflamatórios, 
como o ibuprofeno, para aliviar a dor bem como a 
inflamação das estruturas envolvidas. Também o uso 
de munhequeiras ajuda a manter a articulação dos 
punhos fixa, aliviando assim a dor. O repouso é uma 
das melhores formas de tratamento e muitas vezes o 
paciente deve ficar alguns dias sem trabalhar as 
articulações para haver a diminuição completa da 
inflamação. Também pode ser administrada a 
vitamina B6 para melhorar as condições do nervo. Em 
casos mais severos, poderão ser utilizados corticóides 
injetados diretamente nas articulações afetadas. Nos 
casos em que há grande comprometimento do nervo 
mediano está indicada a cirurgia para a descompressão 
http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_noticia=868#Túnel
http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_noticia=868#Extensores
http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_noticia=868#Flexores
http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_noticia=868#Flexores
http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_noticia=868#Estenosante
http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_noticia=868#Estenosante
http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_noticia=868#Epicondilite Lateral
http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_noticia=868#Quervain
 
 
do mesmo. Essa cirurgia leva a uma melhora dos 
sintomas em 95% dos casos. 
PREVENÇÃO 
A medida mais importante é evitar usar as articulações 
durante muito tempo. Dê umas paradas no serviço para 
relaxar a musculatura das mãos e dedos. Outro fator 
importante é a posição em que você está trabalhando. 
Para aqueles que usam computadores ou máquinas de 
escrever, é muito importante a posição em que você 
está sentado. Os pés devem ficar paralelos ao chão, as 
pernas devem ficar flexionadas no joelho, sendo que a 
coxa forme um ângulo de 90 graus com as costas. A 
cadeira deve ser bem confortável e as costas devem 
estar apoiadas no encosto. Os braços devem ficar na 
mesma altura do teclado, sendo que as mãos ficam 
também no mesmo nível, não forçando assim os 
punhos. Coloque a tela do computador de modo que 
você fique a uma distância de 40 a 60 centímetros dela 
e sua visão direta forme um ângulo de 15 a 30 graus 
com a mesma. 
 
Tendinites dos Extensores dos Dedos 
Tendões são estruturas que se parecem com cordões 
extremamente fortes, responsáveis pela fixação dos 
músculos nos ossos. Toda vez que o músculo se 
contrai, os tendões se esticam, dando-se assim o 
movimento desejado. O termo tendinite significa uma 
inflamação dessas estruturas, em geral causada por 
excessivo uso daquela articulação envolvida. A 
tendinite pode ocorrer em qualquer articulação, mas é 
mais comum nos punhos, nos joelhos, ombros e 
cotovelos. Devido à inflamação, a pessoa irá 
apresentar dor quando movimentar as articulações em 
questão. No caso das mãos, possuímos um grupo de 
músculos que estendem os dedos e as mãos, e os 
respectivos tendões passam pela parte dorsal das 
mãos. Da mesma forma que para a síndrome do túnel 
do carpo, o uso excessivo e repetitivo de certa 
articulação irá provocar o inchaço das estruturas 
presentes nas costas das mãos, provocando dor ao 
movimento dos dedos e punhos. 
DIAGNÓSTICO 
Pode ser feito através da queixa do paciente que revela 
dor na parte dorsal da mão, principalmente após o uso 
excessivo daquelas articulações. O paciente pode se 
queixar de fraqueza nas mãos bem como sensação de 
queimação em vez de dor. 
TRATAMENTO 
O tratamento indicado é o uso de anti-inflamatórios e 
repouso da articulação envolvida. 
PREVENÇÃO 
É preciso tomar cuidado com a posição em que se está 
sentado, observar a posição dos braços e mãos, 
principalmente para aqueles que trabalham com 
computadores e máquinas de escrever. Os punhos 
devem sempre ficar numa posição confortável, 
evitando que eles fiquem desalinhados com os braços 
e o teclado. Da mesma forma, pare o seu trabalho de 
tempos em tempos para relaxar a musculatura e os 
tendões. 
 
Tenossinovite dos Flexores dos Dedos 
Os tendões flexores dos dedos estão presentes na parte 
da palma das mãos. Esses tendõesestão recobertos por 
uma bainha chamada sinovial, que faz com que a 
contração do músculo fique mais "macia". Quando 
ocorre a inflamação dessa bainha sinovial, usa-se o 
termo tenossinovite, no caso dos tendões que fazem a 
flexão dos dedos. Devido à inflamação da bainha, 
quando houver contração do músculo para 
 
 
movimentar os dedos, aparecerá o sintoma de dor 
local, e o movimento das mãos não será bem realizado. 
DIAGNÓSTICO 
O paciente irá se queixar dor e inflamação na parte 
interna da mão, principalmente quando fizer o 
movimento de flexão dos dedos (quando a pessoa 
fecha as mãos, por exemplo) 
TRATAMENTO 
Da mesma forma, usa-se anti-inflamatórios para 
aliviar a dor e inflamação, bem como é indicado o 
repouso das articulações envolvidas. 
 
Tenossinovite Estenosante (Dedo em Gatilho) 
Essa doença envolve os tendões flexores dos dedos das 
mãos, que passam por túneis dentro dos dedos. Se 
houver a formação de um nódulo sobre o tendão ou 
ocorrer um inchaço na bainha que o cobre, ele então se 
tornará mais largo, ficando comprimido nos túneis por 
onde ele passa. Conforme a pessoa mexe os dedos, ela 
irá sentir um estalo ou escutar um barulho na 
articulação envolvida, principalmente no meio dos 
dedos. 
DIAGNÓSTICO 
Pode ser feito através dos sintomas apresentados, bem 
como a referência de que a pessoa trabalha em serviços 
que requerem o uso da palma das mãos e o movimento 
de fechar os dedos, como carimbar e grampear, em 
movimentos repetitivos e por longos períodos. 
TRATAMENTO 
O tratamento mais indicado para este problema é o uso 
de anti-inflamatórios e repouso das articulações. 
 
PREVENÇÃO 
Evitar o uso repetitivo das articulações, se possível 
usar um grampeador elétrico ou que ele seja 
acolchoado para evitar que a palma das mãos se force. 
A mesma coisa é válida para os carimbos. Também 
podem ser usadas luvas com gel para que amorteçam 
a batida contra a palma das mãos. 
 
Epicondilite Lateral 
Essa doença é conhecida como tennis elbow (cotovelo 
de tênis) e é causada pela inflamação das pequenas 
protuberâncias dos ossos do cotovelo, os chamados 
epicôndilos. Neste caso, os ossos envolvidos são os 
epicôndilos laterais, ou seja, da parte de fora do braço. 
Apesar do nome, poucos tenistas apresentam essa 
doença, sendo mais comum em pessoas que trabalham 
levantando peso, donas de casa, pessoas que fazem 
trabalhos manuais e que trabalham em escritórios. 
Alguns músculos que promovem a retificação do 
punho e dos dedos são presos pelos tendões no 
epicôndilo lateral do cotovelo. Quando houver um uso 
excessivo dessas estruturas, começará a se 
desenvolver uma inflamação das mesmas, iniciando os 
sintomas de dor. 
DIAGNÓSTICO 
O paciente pode se queixar de dor aguda quando roda 
o antebraço. Em geral, a pessoa vai notando que a dor 
vai aumentando gradativamente conforme o uso das 
articulações, como ao abrir latas, ou ao abrir as 
fechaduras das portas ou mesmo quando vai parafusar 
alguma coisa. As outras doenças que causam 
inflamação e inchaço das juntas, como artrite, etc... 
devem ser afastadas. 
 
 
 
 
TRATAMENTO 
Em geral é feito com o repouso da articulação em 
questão e com o uso de anti-inflamatórios. São úteis 
também os exercícios de alongamento do antebraço e 
músculos das mãos. Poderá ser usado um suporte para 
o antebraço, para reduzir a pressão na área afetada. Em 
casos mais graves, podem ser injetados corticoides no 
local afetado. Caso não haja melhora, poderá ser 
indicada cirurgia para alívio dos sintomas. 
 
Doença de Quervain 
Essa doença decorre da inflamação dos tendões que 
passam pelo punho no lado do polegar. Se houver um 
uso excessivo dessa articulação, poderá ocorrer a 
inflamação desses tendões, dificultando o movimento 
do polegar e do punho, principalmente quando for 
pegar algum objeto ou rodar o punho. Em geral as 
pessoas que trabalham em escritório arquivando 
documentos, ou datilografando ou escrevendo a mão, 
em que há uso constante do polegar em direção ao 
dedo mínimo são as mais propensas a apresentar essa 
doença. 
DIAGNÓSTICO 
O paciente irá revelar dor na região do polegar e 
punho, principalmente se estiver relacionada com 
profissões acima relacionadas. A manobra de 
Filkestein é em geral positiva, em que se segura a mão 
do paciente na parte das costas e leva-se o polegar em 
direção ao dedo mínimo e faz-se a flexão do punho. O 
paciente irá apresentar dor na região do punho que 
poderá se irradiar para o braço. 
TRATAMENTO 
O tratamento para a doença de Quervain consiste no 
uso de anti-inflamatórios e repouso da articulação 
envolvida. 
PREVENÇÃO 
Procure relaxar as mãos durante o trabalho. Alterne o 
uso do polegar direito com o esquerdo quando for 
digitar a barra de espaço do computador ou máquina 
de escrever. Sempre se sente confortavelmente, com 
os punhos sempre no mesmo nível das teclas. Procure 
usar canetas e lápis que sejam bem confortáveis nas 
mãos, para não forçar o polegar. Se você trabalha com 
uma atividade que faça movimentos de pinçamento, 
use luvas de borracha e alterne as mãos. 
LEGISLAÇÃO PÚBLICA 
■ PORTARIA 3120 (1998) 
Princípios 
A Vigilância em Saúde do Trabalhador pauta-
se nos princípios do Sistema Único de Saúde, em 
consonância com os Sistemas Nacionais de Vigilância 
Sanitária e de Vigilância Epidemiológica, articulada 
com a área assistencial. 
Além disso, tendo em vista a complexidade e 
a abrangência do objeto da vigilância, guarda 
peculiaridades que transpõe os limites setoriais da 
saúde, implicando a ampliação de sua abordagem. 
Como princípios, esquematicamente, pode-se 
considerar: 
3.1 – Universalidade: todos os trabalhadores, 
independentemente de sua localização, urbana ou 
rural, de sua forma de inserção no mercado de 
trabalho, formal ou informal, de seu vínculo 
empregatício, público ou privado, autônomo, 
doméstico, aposentado ou demitido são objeto e 
sujeitos da Vigilância em saúde do trabalhador. 
3.2 – Integralidade das ações: o entendimento de 
atenção integral à saúde do trabalhador, 
compreendendo a assistência e recuperação dos 
agravos, os aspectos preventivos implicando 
intervenção sobre seus fatores determinantes em nível 
dos processos de trabalho e a promoção da saúde que 
 
 
implicam ações articuladas com os próprios 
trabalhadores e suas representações. 
A ênfase deve ser dirigida ao fato de que as ações 
individuais/curativas, articulam-se com as ações 
coletivas, no âmbito da vigilância, considerando que 
os agravos à saúde do trabalhador são absolutamente 
preveníveis. 
3.3 – Pluriinstitucionalidade: articulação, com 
formação de redes e sistemas, entre as instâncias de 
vigilância em saúde do trabalhador e os centros de 
assistência e reabilitação, as universidades e centros de 
pesquisa e as instituições públicas com 
responsabilidade na área de saúde do trabalhador, 
consumo e ambiente. 
3.4 – Controle social: incorporação dos 
trabalhadores e das suas organizações, principalmente 
as sindicais, em todas as etapas da vigilância em saúde 
do trabalhador, compreendendo sua participação na 
identificação das demandas, no planejamento, no 
estabelecimento de prioridades e adoção de 
estratégias, na execução das ações, no seu 
acompanhamento e avaliação e no controle da 
aplicação de recursos. 
3.5 – Hierarquização e descentralização: 
consolidação do papel do município e dos distritos 
sanitários como instância efetiva de desenvolvimento 
das ações de vigilância em saúde do trabalhador, 
integrando os níveis estadual e nacional do Sistema 
Único de Saúde, no espectro da ação, em função de 
sua complexidade. 
3.6 – Interdisciplinaridade: a abordagem 
multiprofissional sobre o objeto da vigilância em 
saúde do trabalhador deve contemplar os saberes 
técnicos, com a concorrência de diferentes áreas do 
conhecimento e, fundamentalmente, o saber operário, 
necessários

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