Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Patologia - Aula 2 - Prof Dalisio - Ketlyn L A Bueno MECANISMOS DE LESÃO CELULAR E ETIOLOGIA - Lesões celulares: • As células normais tem um intervalo bas- tante estreito da função ou estado estacio- nário: homeostase. • Excesso de estresse fisiológico ou patológico pode forçar a célula a um novo estado de equilíbrio: adaptação. • Estresse excede a capacidade adaptativa da célula: lesão. * se o estímulo adaptativo for cessado, a célula volta ao seu estado normal de funcionalidade, mas se esse estí- mulo ultrapassar os limites, essa mudança se torna irre- versível, determinando a morte dessa célula. • A morte celular é o resultado de lesões irrever- síveis (ponto e não retorno). • 4 sistemas celulares são particularmente vul- neráveis às lesões: - Membranas (celulares e organelares). - Respiração aeróbica (mitocôndrias). - Síntese de proteínas (enzimas, proteínas es- truturais, etc). - Aparelho genético (DNA, RNA). • Agente lesivo. • Depende do agente agressor, da intensidade e duração da agressão. • Sinais morfológicos que indicam a irreversi- bilidade: - Grande tumefação. - Perda das cristas mitocondriais. - Depósitos floculares na matriz citoplasmática. - Bolhas. - Solução de continui- dade da membrana celular (entre o extra- celular e o intracelu- lar). * sempre a morte celular é precedida de lesões degene- rativas. - Etiologia (causas das lesões celulares): • Hipóxia, isquemia: obstrução do fluxo, que gera baixa oxigenação, já que para de transpor- tar O2. (efeitos macroscópicos e microscópicos). • Agentes físico: trauma, temperatura, radiação solar, pressão atmosférica, energia elétrica, in- frassons. • Agentes químicos: sal, glicose, oxigênio, dro- gas. • Agentes infecciosos: vírus, bactérias, fungos, protozoários. • Anormalidades genéticas: síndrome de Down, anemia falciforme (com alterações imunológi- cas). • Anormalidades metabólicas: desnutrição, dis- lipidemia, Diabetes Mellitus, Sd. • Outras alterações: toxidade do oxigê- nio, substâncias quí- micas, lesão de per- fusão, inflamação. - Lesão e morte: • Ataque aos seguintes locais: - Centro energético (lesão mitocondrial). - Ativação metabólica (entrada de cálcio). - Integridade e limites (lesões nas membranas). - Suporte estrutural e readaptação (dobra- mento anormal de proteínas, lesão de DNA). - Mecanismos de lesão celular: • Tipo de lesão: - Duração. - Gravidade. • Tipo de célula lesionada: - Estado nutricional e hormonal. - Capacidade de adaptação. - Constituição genética. - Sistemas intracelulares vulneráveis: • Integridade das membranas. 2 Patologia - Aula 2 - Prof Dalisio - Ketlyn L A Bueno • Produção de ATP. • Síntese de proteínas. • Integridade do aparelho genético. - Os componentes estruturais e bioquímicos das cé- lulas se encontram intimamente relacionados: * a função celular desaparece antes da morte celular, já que sua composição é desconfigurada pela lesão. - Depleção de ATP: • O ATP é necessário: - Manutenção da osmolaridade celular. - Processos de transporte. - Síntese de proteínas. - Vias metabólicas básicas. • O ATP é produzido de 2 formas: - Fosforilação oxidativa. - Via glicolítica. • A consequência final é a ruptura do citoesque- leto com perda de microvilosidades, formação de bolhas, etc. - Antes da morte celular, ocorre uma fadiga: • Principais causas: - Redução da oxigenação e nutrientes. - Lesão mitocondrial. - Ação de algumas toxinas. - Comprometimento de sistemas celulares essenciais: • Diminuição da atividade da bomba de sódio da membrana plasmática. • A isquemia obriga o metabolismo anaeróbico (mobilização do glicogênio, gerando ácido lá- tico, que será armazenado dentro da célula, atrapalhando seu funcionamento normal). • Acúmulo de ácido lático e fosfatos inorgânicos (a redução do pH, diminui também a atividade das enzimas). • Falência da bomba de cálcio. • Alterações estrutural da síntese de proteínas (leva a redução da síntese de proteínas). • Nas células privadas de oxigênio e glicose pode haver destacamento dos ribossomos e altera- ções na síntese proteica e produção de proteí- nas anômalas (que leva a uma lesão irreversível e a necrose). - Consequências: • Necrose: • Apoptose: - Perda da homeostase do cálcio: • Ca é um íon importante (para desencadear a passagem de impulso nervoso, por exemplo). • Diminuição da concentração no citosol (cerca de 0,1 micromol). • No meio extracelular há cerca de 1,3 micromol. • No meio intracelular, ele é reservado na mito- côndria e no RE liso, já que entra para dentro por ter maior concentração no meio extracelu- lar. 3 Patologia - Aula 2 - Prof Dalisio - Ketlyn L A Bueno - Acúmulo de radicais livres derivados do oxigênio: • Radicais livres: moléculas instáveis que pos- suem um elétron não pareado em sua órbita externa, sendo alta- mente reativo com ou- tras moléculas. • Como atuam os radicais livres: • Afeta lipídios, proteínas e ác. nucleicos. • Espécies reativas do oxigênio: • Produção de radicais livre (dentro da célula): - Processos metabólicos normais. - Óxido nítrico. - Metabolismo enzimático de substâncias quí- micas exógenas ou fármacos. - Leucócitos durante a inflamação. - Metais de transição, quando acumulados no corpo, como o ferro. - Radiação. 1. Peroxidação lipídica das membranas: - Os radicais livres podem provocar peroxidação dos lipídios das membranas celulares. - Atacam os ác. graxos dos lipídios da membrana plasmática. - Reação autocatalítica: pode determinar extensas le- sões das membranas. 2. Desnaturação oxidativa das proteínas: como se enfer- rujassem. - Oxidação das cadeias laterais dos aminoácidos. - Formação de ligações cruzadas entre as proteínas. - Célula toda danificada. 3. Lesões do DNA: - Roturas em ambas as cadeias do DNA e alterações de proteínas ou ligações cruzadas. - Envelhecimento celular e transformação maligna das células. • Mecanismos para eliminar os radicais livres: - Os antioxidantes podem bloquear a iniciação da formação de radicais livres e inativa-los. - O ferro e o cobre podem catalisar a formação dos radicais livres (dentro deste grupo são in- cluídas as SOD de manganês, que se localizam nas mitocôndrias, e as SOD de cobre-zinco, que se localizam no citosol). - Defeitos na permeabilidade da membrana: • A lesão celular afeta as funções e a integridade de todas as membranas celulares. • Radicais livres do oxigênio provocam lesão me- diantes a peroxidação lipídica. • Alterações do citoesqueleto: as células se tor- nam suscetíveis ao estiramento e rotura. 4 Patologia - Aula 2 - Prof Dalisio - Ketlyn L A Bueno • Consequências das lesões das membranas celulares: - Mitocondrial: condiciona a abertura do poro de transição da permeabilidade, reduzindo o ATP e determina a liberação de proteínas apo- ptóticas. - Plasmática: perda do equilíbrio osmótico, en- trada de água e íons e perda do conteúdo ce- lular. - Lisossômica: saída de enzimas para o cito- plasma com ativação de hidrolases ácidas, que permitem a digestão enzimática das proteínas, DNA, RNA e glicogênio. - Lesão do DNA e proteínas: • Lesão grave do DNA ou proteínas dobradas de forma inadequada, sejam por mutações heredi- tárias, por estímulos externos (radicais livres), causam a apoptose da célula. • 2 fenômenos caracterizam consistentemente a irreversibilidade: - A incapacidade de reverter a disfunção mito- condrial (perda de fosforilação oxidativa e de geração de ATP). - Perturbações profundas na função (mecanis- mos) das membranas celulares. - Lesão por isquemia: • A hipóxia, causada por obstrução vascular ou outros mecanismos, causa alterações celularesbem estudadas e que ilustram como ocorrem lesões reversíveis ou irreversíveis. • A sensibilidade de cada célula depende da ca- pacidade em resistir a falta de oxigênio, ATP, entrada de Ca e neutralização de radicais livres. • Exemplos de viabilidade celular frente a hi- póxia: - Neurônio: 3 a 5 min. - Miocárdio, hepatócitos: 10 min a 2 h. - Fibroblastos, mm esquelético, epiderme: inú- meras horas. • Lesão por isquemia-reperfusão: - Restauração do fluxo sanguíneo para os teci- dos isquêmicos pode promover a recuperação de células, se elas foram reversivelmente lesa- das, mas também pode, paradoxalmente, exa- cerbar a lesão e causar morte celular. - Novos processos lesivos são desencadeados durante a reperfusão, causando a morte de cé- lulas que, de outro modo, poderiam ter se re- cuperado. 1. Estresse oxidativo: aumento da geração de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio. 2. Sobrecarga de cálcio intracelular. 3. Inflamação: liberação de sinais de alerta pro- venientes de células mortas, citocinas secreta- das pelas células imunes locais, tais como os macrófagos residentes, e expressão aumentada de moléculas de adesão por células endoteliais e parenquimatosas hipóxicas, recrutam neutró- filos circulantes para o tecido reperfundido. 4. Ativação do sistema complemento: alguns anticorpos IgM possuem uma tendência a se depositarem em tecidos isquêmicos, e, quando o fluxo sanguíneo é restaurado, as proteínas do complemento ligam-se aos anticorpos deposi- tados e são ativadas, provocando mais lesão ce- lular e inflamação.
Compartilhar