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1 Patologia - Aula 3 - Prof Daniela - Ketlyn L A Bueno ADAPTAÇÃO CELULAR - Definição: resposta celular ao estresse fisiológico ou a um estímulo patológico. - Capacidade dos tecidos de adaptação celular: • Tecido lábeis: - Tecido de divisão contínua. - Sempre estão no ciclo celular. - Epitélio escamoso da pele, cavidade oral, va- gina, colo do útero, colunar do útero, do TGI, transicional da bexiga, epitélio de revestimento de ductos excretores (glândula salivar, pancreá- tico, biliar) e células hematopoiéticas. - Fáceis de hiperplasiar. • Tecido estáveis: - Tecidos quiescentes. - Permanecem em repouso ou baixo nível de re- plicação. -Podem se dividir rapidamente em resposta a lesões (regeneração). - Fígado, rins, músculo liso, pâncreas, fibroblas- tos. - No máximo ocorre a hipertrofia. • Tecidos permanentes: - Tecidos não divisores. - Células que não realizam mitose depois de seu desenvolvimento embrionário. - A morte celular resulta em substituição por te- cido conjuntivo, não se regenera. - Células nervosas, músculo esquelético e car- díaco. - Conceitos: • Adaptação fisiológica: as células respondem a estimulações normais de hormônios. - Exemplo: gravidez. • Adaptação patológica: resposta ao estresse de um estímulo lesivo, que faz com que ela mo- difique sua estrutura ou função para escapar da lesão. - Exemplo: aumento do músculo cardíaco na HAS. - Principais tipos e adaptação: • Hipertrofia. • Hiperplasia. • Atrofia. • Metaplasia. Atrofia - Definição: • Redução do tamanho da célula devido a perda de substância celular. • Grande número de células: diminuição do ta- manho do órgão. • Síntese proteica diminuída (diminuição da ativi- dade metabólica) e degradação aumentada. • Diminuição da função. - Atrofias fisiológicas: • Exemplos: - Menopausa: ovários, mama, útero. - Involução do timo após a puberdade. - Desenvolvimento fetal: fendas branquiais ou arcos faríngeos. - Atrofias patológicas: • Nutrição inadequada: a desnutrição proteico- calórica acentuada, associada ao uso dos mús- culos como fontes de energia, depois que ou- tras reservas, como tecido adiposo, já foram es- gotadas. Ordem de consumo após os músculos, tecido linfoide, pele e glândulas, sendo os pul- mões, coração e cérebro os mais resistentes. • Desuso: menor trabalho ou diminuição da carga ou membros/pacientes imobilizados, ge- ram atrofia muscular. • Por compressão: a compressão gera alterações no suprimento sanguíneo (não deixa de ser vas- cular), diminuindo a oxigenação e nutrição das células. Exemplos: - Meduloblastoma: as células derivam de neu- rônios imaturos e são muito indiferenciadas e infiltrativas, tem nú- cleos escuros e cito- plasma muito escasso; Ocorrem predominan- temente em crianças; Hidrocefalia interna devida a obstrução li- quórica por um tumor do cerebelo, compri- mindo o 4º ventrículo; A dilatação dos ventrícu- los laterais comprime o te- cido nervoso dos hemisfé- rios cerebral, principal- mente a substância branca. - Hidronefrose: por câncer de próstata, ocorre tam- bém uma hipertrofia da bexiga. (aula prática 1) 2 Patologia - Aula 3 - Prof Daniela - Ketlyn L A Bueno • Diminuição do suprimento sanguíneo: pro- blemas dentro dos vasos sanguíneos, chamada de aterosclerose (placas de gordura dentro do vaso sanguíneo), que levam a morte celular. Exemplo: - Renal: atrofia- mento do rim que é irrigado pela artéria obstruída. - Cerebral: aumento dos sulcos cerebrais, por diminuição da sua massa. • Deficiência hormonal: impede o desenvolvi- mento das células que são dependentes desse hormônio. Exemplo: - Atrofia da tireoide: foi devida a um cisto de adenohipófise, que causou com- pressão da hipófise e levou à redução da secreção de TSH. • Perda de inervação: perda da função, pode ser trofoneurítica ou neuro- pática. Exemplo: - Poliomielite: com atro- fia de fibras musculares estriadas; Alteração das células do corno ante- rior da medula espinhal (motores); Paralisia ge- ralmente assimétrica; Sensibilidade mantida. - Hanseníase. - Lesão traumática de nervos. • Caquexia: a denominação deriva do grego ka- kos, má e hexis, condição. Ocorre a perda de peso, perda de tecido adiposo e muscular; au- mento do metabolismo celular (catabolismo), anorexia, alterações no paladar; anemia, fadiga; perda da imunocompetência; perda de habili- dades físicas e motoras; disfunção neuro-hor- monal (disfunção da hipófise, atividade diminu- ída de hormônios anabolizantes). - Doenças crônicas como ICC, renal crônica, DPOC, estados inflamatórios crônicos (tubercu- lose), neoplasias (pancreática e gástrica). - Etiologia é complexa, com citocinas inflama- tórias (TNFalfa, IL1 IL6), produtos tumorais, dis- função neuro-hormonal. • Parda: atrofia cardíaca, em que as proteínas que são produzidas não são todas consumidas, deixando uma coloração amarronzada pela li- pofucsina, chamada de atrofia parda. A idade avançada e a mal nutrição aumentam esse pro- cesso, gerando uma autofagocitose. - Resumo: Hipertrofia - Definição: aumento do volume da célula. - Hipertrofia fisiológica: • Pode ocorres por ação hormonal ou aumento do trabalho exigido do músculo, mas sem estar relacionado a doenças. • Exemplos: - Coração de atleta: aumento da espessura do V e da cavidade, caso ele pare os exercícios, o coração voltará ao nor- mal. O mesmo ocorre com os músculos estri- ados esqueléticos (hi- pertrofia muscular). 3 Patologia - Aula 3 - Prof Daniela - Ketlyn L A Bueno - Útero na gravidez: às custas de hormônio es- trógeno, já que o músculo responde a esse hor- mônio. Passada a gravidez, o útero tem a ten- dência de reduzir o tamanho, quase ao normal (antes da gravidez). (aula prática 2) - Hipertrofia patológica: • Aumento do trabalho celular ou disfunção hor- monal, que leva ao aumento da síntese proteica (anabolismo), com aumento da síntese de orga- nelas e aumento do volume celular, que au- menta o tamanho do órgão como um todo. • Isso se deve a resposta adaptativa às maiores exigências. • Aumenta sua capacidade funcional. • Exemplos: - Coração: estenose de válvulas, hipertensão ar- terial ou pulmonar (trabalho). (aula prática 1) - Bexiga: tumor de próstata (trabalho). - Esôfago: neoplasia de cárdia (trabalho). - Estômago: neoplasia de piloro (trabalho). - Resumo: Hiperplasia - Definição: aumento do número de células. Pode ser adquirida ou congênita. - Hiperplasia fisiológica: • Hormonal: - Puberdade: desenvolvimento das mamas (hi- pertrofia e hiperplasia. - Gravidez: desenvolvimento de útero e mamas (hipertrofia e hiperplasia). • Compensadora ou vicariante: após a retirada de um órgão duplo ou parte de um órgão único, o que sobrou sofre um processo hiperplasia, ou seja, supre uma falta. Exemplos: - Nefrectomia: rim contra- lateral sofre um aumento no número de células tu- bulares. - Orquiectomia: testículo contralateral tem um au- mento no número de cé- lulas. - Hepatectomia/tireoi- dectomia parcial: lobo contralateral sofre um au- mento no número de cé- lulas (regeneração). - Hiperplasia patológica: • Aumento no ritmo de produção de células lá- beis ou estáveis. • É uma resposta adaptativa às maiores exigên- cias. • Possui um limite. * caso não haja limite de produção celular, é uma neoplasia. • Células perenes: não se multiplicam, como neurônio. • Tipos: - Hormonal: aumento de estrógeno gera hiper- plasia das células endometriais. (aula prática 2) 4 Patologia - Aula 3 - Prof Daniela - Ketlyn L A Bueno - Células do tecido conjuntivo em resposta a ci- catrização das feridas: fibroblastos e vasos san- guíneos proliferam. - Fatores de crescimento produzidos por vírus:hiperplasia do epitélio escamoso da pele (ver- rugas – proliferações benignas causadas pelo HPV) e do mucoso. Metaplasia - Definição: Tipo celular diferenciado (epitelial ou me- senquimal) é substituído por outro tipo de célula. • Resposta adaptativa ao estresse, substituição por células capazes de suportar o ambiente mais hostil. - Exemplos: • Metaplasia escamosa do epitélio endocervi- cal: - JEC é a junção escamo-colunar, passagem do endocérvice (epitélio colunar) para o ectocér- vice (epitélio escamoso). - A JEC abaixa por causas hormonais, expondo o endocérvice, gerando um estímulo para adaptação celular, já que o novo ambiente é mais hostil (do útero para a vagina). É uma res- posta comum a irritantes (infecção ou acidez) que está presente em quase todos colos uteri- nos e se localiza na zona de transformação. - Ocorre a substituição do epitélio glandular en- docervical por epitélio escamoso (maduro ou imaturo). - Não é considerada uma condição pré-maligna. Quando mais grave, pode ser um ambiente de contaminação do HPV, por estar danificado. (aula prática 2) • Metaplasia de brônquios: - Em pessoas que fumam grandes quantidades de cigarros, o epitélio pseudo-estratificado cili- ado que reveste os brônquios pode se transfor- mar em epitélio estratificado pavimentoso. • Metaplasia de esôfago: - O esôfago tem o epitélio escamoso, mas por refluxo gastroesofágico pode se transformar em colunar, além de ficar mais corado (chamado de metaplasia de Barrett). Se continuar o re- fluxo sem tratamento, pode se tornar um adenocarci- noma. • Metaplasia de tecido conjuntivo: - Formação de cartilagem, osso ou tecido adi- poso em tecido que normalmente não contém esses elementos. - Miosite ossificante após trauma: não é neces- sariamente por estímulos lesivos de ambiente, apenas uma resposta a um trauma específico. - Mecanismo: reprogramação de células tronco teciduais ou de células mesenquimais não dife- renciadas do tecido conjuntivo. - Evolução da metaplasia: • Reversível: se o estímulo é retirado o tecido pode voltar ao normal. • Pode evoluir para a displasia e neoplasia se o estímulo não é retirado. - Exemplo: paciente fumante, ocorre metaplasia escamosa, mas com a continuidade do fumo, torna-se um carcinoma escamoso.
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