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Direito Penal - Conceito e Princípios

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Direito Penal – Das Penas 
Conceito 
A pena é consequência natural imposta pelo Estado quando alguém pratica uma infração penal. Quando o agente 
comete um fato típico, ilícito e culpável, abre-se a possibilidade para o Estado de fazer valer o seu ius puniendi 
Diante isto, tem-se que pena é a medida imposta pelo Estado, mediante o devido processo legal, ao infrator que 
comete um ato típico, ilícito e culpável: 
a) O Estado tem o dever/poder de aplicar a sanção penal; 
b) ao autor da conduta ilícita culpável; 
c) como forma de retribuição do “mal” provocado por tal conduta criminosa, “castigando” o seu agente; 
d) com a finalidade de evitar que novos crimes possam ser cometidos. 
Importante verificar-se a etimologia da palavra “pena”, que deriva do latim poena ou poiné, o qual designa o 
significado de castigo ou punição ao transgressor de uma lei. 
Importante ainda ter-se em mente que a pena é uma espécie de sanção penal. 
Cleber Masson nos ensina que “sanção penal é a resposta estatal, no exército do ius puniend após o devido processo 
legal, ao responsável pela pratica de um crime ou de uma contravenção penal. Divide-se em duas espécies: penas e 
medidas de segurança.” (Grifou-se) 
PENA = destina-se aos sujeitos imputáveis ou semi-imputáveis; remete-se à culpabilidade da pessoa; sempre 
consistirá na privação/limitação de um bem jurídico; possui caráter retributivo, preventivo e assistencial; 
MEDIDA DE SEGURANÇA = destina-se aos sujeitos inimputáveis; é generalizada à situação de periculosidade do 
agente; tem, sobretudo, natureza preventiva. 
✓ O art. 26, caput, CP traz a definição de inimputáveis: 
“Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, 
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se 
de acordo com esse entendimento”. 
Critério biopsicológico: adotado pelo legislador brasileiro para determinação da inimputabilidade. Tal critério se vale 
de elementos biológicos e de elementos psicológicos para definir aqueles que são inimputáveis. 
 O elemento biológico é representado pelos fatores “doença mental” e “desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado” trazidos pelo artigo, enquanto que o elemento psicológico é representado pela menção à incapacidade 
completa de entendimento do caráter ilícito do feito ou de determinação da própria conduta de acordo com esse 
entendimento. 
Em relação ao semi-imputável, o Código Penal também adotou um critério biopsicológico. 
O semi-imputável está definido no parágrafo único do art. 26 do Código Penal: 
“Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde 
mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter 
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento". 
 
 
 
Princípios 
PRINCÍPIO DA HUMANIDADE 
A consagração do principio da humanidade no Direito Penal moderno deve-se ao grande movimento de idéias que 
dominou os séculos XVII e XVIII, conhecido como iluminismo (* anteriormente a vingança era de natureza corporal); 
Os verdadeiros “teatros de horror” até então praticados foram perdendo sua eficácia amedrontadora, não 
servindo mais como exemplo da função de punir. 
O desgaste das práticas punitivas que eram aplicadas fez surgir na sociedade um movimento de protesto que 
pregava a modificação e a humanização das punições, adequando-as à gravidade do crime cometido. 
Princípio da dignidade humana: é um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito, previsto na Constituição 
Federal, art. 1º, III; 
Princípio da prevalência dos Direitos Humanos: de acordo com o art. 4°, II, da Constituição Federal, a República 
Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais por determinados princípios, dentre eles o princípio da 
prevalência dos direitos humanos; 
Exemplos da previsão do Princípio da humanidade na CF/88: no art 5º, XLIX, encontra-se assegurado o respeito à 
integridade física e moral dos presos; no art. 5º, L, estão constitucionalmente garantidas às mulheres condenadas 
condições de permanecerem com seus filhos durante o período de amamentação; no art. 5º, XLVII, está prevista a 
proibição das penas cruéis, de morte, salvo em caso de guerra declarada, de caráter perpetuo, de trabalhos 
forçados e de banimento . 
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA: 
Estabelece que o Direito penal, em decorrência de suas consequências gravosas, deve restringir sua atuação à 
proteção dos bens jurídicos mais importantes e necessários à vida em sociedade; 
Limitador do poder punitivo do Estado: o legislador, ao elaborar as leis, deve-se atentar ao momento vivenciado 
pela sociedade, ou seja, deverá selecionar as condutas que serão disciplinadas por matéria penal em conformidade 
com as necessidades sociais; 
O mestre Damásio de Jesus preceitua que, o princípio da intervenção mínima procura “restringir ou impedir o 
arbítrio do legislador, no sentido de evitar a definição desnecessária de crimes e a imposição de penas injustas, 
desumanas ou cruéis, a criação de tipos delituosos”, devendo obedecer a extrema necessidade e eficácia; 
Subsidiariedade do Direito Penal: em consonância com o princípio da intervenção mínima, o Estado somente 
poderá intervir, através do Direito Penal, quando as outras áreas do ordenamento jurídico não conseguirem prevenir 
a conduta ilícita. 
PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE 
Consoante o art. 5º, XLV, da Constituição Federal, que nenhuma pena ultrapassará a pessoa do condenado. Desta 
forma, a pena tem a característica de ser personalíssima tendo em vista que só atinge o autor da infração penal, não 
alcançando familiares do infrator nem mesmo pessoas estranhas a infração penal; 
Finalidade retributiva da pena: sendo a pena aplicada em virtude de um mal praticado, como forma de retribuição, 
compreende-se que deva recair sobre o infrator; 
Exceção: prevista no art. 5º, XLVI, “b”, da CF/88, de acordo com a qual se permite que a perda de bens seja 
estendida aos sucessores e contra eles executada até o limite do patrimônio transferido. 
 
 
 
 
PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO 
Garante que, mesmo em se tratando da prática de crimes idênticos, as penas não sejam aplicadas de forma igual 
para os infratores, levando-se em consideração o histórico pessoal de cada um (circunstâncias especificas do seu 
comportamento); 
De acordo com a CF/88, “a lei regulará a individualização da pena”; 
Conforme a lição de René Ariel Dotti, “individualizar a pena significa aplicar a determinado agente a resposta penal 
necessária e suficiente para reprimir e prevenir o crime”. 
Previsão legal: 
 * Constuição Federal: art. 5º, XLVI 
 * Código Penal: art. 59; 
 * Código de Processo Penal: art. 387. 
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE 
Princípio de acordco com o qual deve haver uma proporção entre o crime cometido e a pena recebida; 
Nesse sentido, Mirabete leciona que “cada crime deve ser reprimido com uma sanção proporcional ao mal por ele 
causado”; 
Impõe que os idivíduos sejam protegidos contra intervenções estatais desnecessárias ou excessivas, que lhes causem 
danos mais graves que o indispensável para a proteção dos interesses públicos. 
PRINCÍPIO DA NECESSIDADE 
Caberá ao Estado aplicar uma pena ao cidadão somente quando for absolutamente necessário e não se possa 
proteger o bem jurídico; 
De acordo com o princípio da necessidade, o Direito Penal só deve ser aplicado último caso, visando a restauração 
da normalidade, ou seja, da validade da norma jurídica violada. 
Entende-se que o Estado se vale da aplicação da pena na medida em que já se esgotaram todos os outros meios 
voltados à defesa do bem jurídico protegido pela norma violada. 
PRINCÍPIO DA INDERROGABILIDADE 
Este princípio estabelece que, uma vez ocorrido o delito, a pena dever ser aplicada;Restrições ao princípio: são hipóteses de não-aplicação da pena: suspensão condicional da pena (sursis), livramento 
condicional, perdão judicial, extinção da punibilidade. 
Fundamentos da Pena 
Fundamento da pena significa o objetivo que se busca alcançar com a imposição e a sua aplicação. 
Na doutrina são apontados seis principais fundamentos: a) retribuição; b) reparação; c) denúncia; d) incapacitação, 
e) reabilitação; e f) dissuasão. 
A) RETRIBUIÇÃO 
Por este fundamento entende-se que “o mal” que a pena transmite ao condenado deverá ser equivalente ao mal 
produzido por este à coletividade. Assim sendo, a pena imposta ao condenado deverá ser proporcional e 
correspondente à infração penal na qual este se envolveu. 
 
 
B) REPARAÇÃO 
Tal fundamento da pena consiste em reparação do dano causado à vítima da infração penal, conferindo-se àquela 
algum tipo de benefício. Trata-se de uma busca pela recomposição do “mal” causado pelo delito. 
C) DENÚNCIA 
É a reprovação social à pratica do crime ou da contravenção penal. 
D) INCAPACITAÇÃO 
Pretende-se retirar o condenado do meio social, por meio da privação da liberdade, para a proteção das pessoas e 
dos bens jurídico tutelados pelo estado. 
E) REABILITAÇÃO 
Esse fundamento se baseia em considerar a pena como meio educativo, de reinserção social e não punitivo. A pena 
precisa restaurar o criminoso, tornando-o novamente útil e apto para o convívio social. 
F) DISSUASÃO 
Por meio desse fundamento, pretende-se desencorajar tanto o condenado quanto os demais indivíduos da 
sociedade em relação à pratica de ilícitos. 
A pena possui uma dupla vertente: a) destina-se a impedir que o transgressor torne-se nocivo a sociedade; b) serve 
de instrumento de intimidação da coletividade

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