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DIREITO DO TRABALHO II 4. Gratificaçã� Trata-se de uma parcela, que é um plussalarial, ou seja, um acréscimo salarial pago pelo empregador. As gratificações, ao contrário das gorjetas e das gueltas, são pagas pelo empregador ao empregado. A gratificação é circunstancial. 4.1 Finalidade Remunerar, estimular e incentivar o empregado de acordo com determinadas situações. Então, a depender de situações, função exercida ou da época do ano, haverá gratificações. 4.2 Características 4.2.1 Espontaneidade: Normalmente, não está prevista em lei. É uma parcela paga em decorrência de um regulamento empresarial, de uma cláusula contratual, de uma mera liberalidade do empregador, ou prevista em um acordo ou convenção coletiva de trabalho, a depender da categoria. 4.2.2 Circunstancial/Condicional: É pago a depender de certas situações, épocas ou funções. Na ausência desses requisitos previstos na norma embasadora, essa parcela deixa de ser paga. 4.3 Espécies de gratificação 4.3.1 Gratificação de função: O empregado, muitas vezes, ocupa um cargo específico/definitivo, mas o empregador resolve alçar esse empregado a uma função diferenciada, chamada de função de confiança. Ocorre quando há o aumento do salário + acúmulo de função por parte do empregado. O problema deste tipo de gratificação é que se o empregado retornar a sua função de origem, ele a perderá. Súmula 372, TST - Gratificação de função. Supressão ou redução. Limites. I – Percebida a gratificação de função por dez ou mais anos pelo empregado, se o empregador sem justo motivo, revertê-lo a seu cargo eletivo, não poderá retirar-lhe a gratificação tendo em vista o princípio da estabilidade financeira. II – Mantido o empregado no exercício da função comissionada, não pode o empregador reduzir o valor da gratificação. Porém, esta súmula foi revogada pela lei 13.467/2017 - Art. 468, §2º - A alteração de que trata o §1º deste artigo, com ou sem justo motivo, não assegura ao empregado o direito à manutenção do pagamento da gratificação correspondente, que não será incorporada, independentemente do tempo de exercício da respectiva função. 4.3.2 Gratificação semestral É paga por ter completado o período de 6 meses de trabalho. Tem uma característica de retenção do empregado. Ou seja, a condição é ter o trabalho de 6 meses. Este tipo de gratificação é muito comum no nordeste que tem dois períodos de festas (junho/julho e dezembro/janeiro). Súmula 253 TST Gratificação Semestral, Repercussões. A gratificação semestral não repercute no cálculo das horas extras, das férias e do aviso prévio, ainda que indenizados. Repercute, contudo, pelo seu duodécimo na indenização por antiguidade na gratificação natalina. 4.3.3 Gratificação Quebra de Caixa Ligado a uma atribuição específica da organização. Esta verba está em franca extinção. Possui a finalidade de estimular/remunerar aquele trabalhador que labora no caixa. Há uma responsabilidade maior, vez que se trata de dinheiro. Ao se falar de caixa, não se restringe a caixa de banco, mas qualquer caixa, como de farmácia ou supermercado, por exemplo, já que a parcela é espontânea. Em decorrência da espontaneidade da parcela, será paga de acordo com o contrato de trabalho (vontade do empregador), vez que não há previsão legal. O empregador não é obrigado a pagar a gratificação de quebra de caixa. A finalidade é remunerar o trabalho que muitas vezes gera prejuízo ao empregado, tendo em vista que lida com dinheiro. Em eventuais equívocos do empregado, pode vir a responder. Súmula 247 - Natureza Jurídica A parcela paga aos bancários sob a denominação “quebra de caixa”, possui natureza salarial, integrando o salário do prestador dos serviços, para todos os efeitos legais. 4.3.4 Gratificação Natalina (13º Salário) O nome oficial é a gratificação Natalina. Surge como um presente que o empregador costumava dar ao seu empregado. Era um estímulo/incentivo dado todo final de ano, por ocasião do natal, algo que passou a aquecer o comércio durante esse período. Isso se tornou uma tradição no Brasil até ostentar previsão legal. Previsão legal: Lei 4090/1962 e Lei 4749/1965 (ambas as leis tratam da gratificação natalina –leis de leitura obrigatória), Decreto 57155/65 (regulamento do décimo terceiro) O 13º salário sofre reflexo das verbas trabalhistas que são pagas de forma variada ao longo do ano. Em regra geral as gratificações são espontâneas, porém, a gratificação natalina é compulsória e tem previsão legal. O empregado adquire frações do 13º ao longo do ano (1/12 por cada mês de trabalho realizado). 1/12 = duodécimo. Leva em conta o ano civil, ou seja, o que aconteceu durante 01/01 - 31/12. O tempo mínimo de trabalho para ser considerado mês trabalhado são de 15 dias ou mais. ● Forma de cálculo Art. 1º, § 1º da Lei nº 4090 - A gratificação corresponderá a 1/12 avos da remuneração devida em dezembro, por mês de serviço, do ano correspondente. A base de cálculo que será utilizada para computar o 13º é o valor a ser praticado em dezembro. Importante salientar que esta data base poderá mudar a depender da categoria em discussão. Ex. uma categoria recebia R$ 2.300,00, porém, em outubro o salário mudou para R$ 2.500,00 até o final do ano (o salário utilizado como base para o cálculo do 13º será de R$ 2.500,00). Data base = 12 (dezembro) - trabalhadores que têm salário fixo. Para quem tem salário variável é diferente. ● Prazo de pagamento do 13º O 13º salário deverá ser pago até o dia 20 de dezembro do ano de parâmetro, ou seja, do ano em que seja considerado. A partir do dia 15, o empregado já possui direito ao décimo terceiro integral, não será mais proporcional, e até o dia 20 deve ser pago. Art. 2º, Lei 4749 - Entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano, o empregador pagará, como adiantamento da gratificação referida no artigo precedente, de uma só vez, metade do salário recebido pelo respectivo empregado no mês anterior. As férias e a antecipação do 13º são prerrogativas do empregador. Ex. o empregador decide pagar metade do 13º ou seja, R$ 1.150,00 (quando o salário era de R$ 2.300,00), porém, em outubro houve o reajuste, sendo assim, até o dia 20/12 o empregador deverá pagar R$ 1.350,00 para completar os R$ 2.500,00. § 2º - O adiantamento será pago ao ensejo das férias do empregado, sempre que este o requerer no mês de janeiro do correspondente ano. Obs: A concessão de férias e a antecipação do 13º são prerrogativas do empregador. Porém, no mês de janeiro, o empregado pode requerer ao empregador que o aditamento do 13º seja junto com as férias dele. ● Perda do direito: Há situações, as quais, o 13º pode ser perdido ou pago de forma proporcional. A perda total do 13º ocorre quando o empregado comete falta grave (hipóteses do Art. 482) e gera a sua demissão. A perda parcial do 13º ocorre quando há culpa recíproca, ou seja, quando o empregado e o empregador cometem falta grave (o empregado recebe 50% do 13º). Obs: neste último caso, primeiro deve-se calcular quanto o empregado receberia integralmente e depois deve-se dividir por 2. ● Empregado com salário variável Não existe valor prefixado de salário, uma vez que seu salário é definido por produção (peça, tarefa, comissão, horas trabalhadas…). Importante salientar que o indivíduo precisa receber o salário mínimo se o empregado não o atingir. A base de cálculo deste empregado tem como parâmetro legal a média remuneratória ao longo do ano (soma o que pagou e divide pelos meses que compõem o somatório). Serão necessárias duas operações de cálculo: Operação 1 - Somatório = janeiro a novembro; Divide por 11 = média; Sendo assim, no dia 20/12 o empregador pagará a média dos 11 meses. Operação 2 - até o dia 10/01 do ano seguinte o empregador deverá refazer esta média, levando em conta os 12 meses trabalhados. Sendo assim, nesta data o empregado receberá a diferença entre a média 2 e a média 1 (complementação de 13º). ● Empregado com salário fixo + comissões Serão necessárias três operações de cálculo: Operação 1 - Salário fixo Operação 2 - Somatório dos 11 meses Operação3 - Somatório dos 12 - o somatório dos 11 Até o dia 10/01 o empregado recebe a complementação do salário. 4.3.5 Gratificação de balanço - PLR A maioria da doutrina equipara ao PLR previsto na CRFB: Art. 7º, XI – participação nos lucros, ou nos resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; Este tipo de gratificação está ligada a condições da empresa. Ou seja, a empresa precisa ter resultados positivos para que a gratificação seja adquirida. Lei 10111/2.004 ● Espontaneidade Embora esteja prevista na CRFB, não é obrigatória. É regulamentada na lei 10111/2.004. ● Periodicidade do pagamento do PLR A lei veda expressamente que haja uma periodicidade maior do que duas vezes por ano. Logo, a periodicidade deve ser anual ou semestral. Porém, a maioria dos julgados são de que a grande maioria das empresas só podem pagar esta gratificação anualmente e empresas grandes, como a Coca, podem pagar semestralmente. ● PLR proporcional O empregado tem direito a receber proporcionalmente ao que trabalhou. Se trabalhou 4 meses no ano, receberá 4/12 da PLR, por exemplo. ex. se o empregado for mandado embora em abril, no final do ano poderá receber da empresa o PLR. 4.3.6 Gratificação por tempo de serviço A finalidade desta gratificação é a retenção do empregado, ou seja, evitar a rotatividade da mão de obra. O empregador estabelece a gratificação contratualmente ou através de acordo coletivo. Há necessidade de estabelecer uma alíquota, uma base de cálculo e a periodicidade. 5. Premiaçã� � compensaçõe� salariai� 5.1 Características 5.1.1 Liberalidade: É uma parcela espontânea, que é paga por liberalidade do empregador. Ex. O empregado que completa 20 anos de empresa recebe um broche ou um relógio de ouro, ou um valor de R$ 20.000,00. É um presente concedido pela empresa a este empregado por ter se destacado pelo tempo trabalhado para aquela empresa. Sendo por liberalidade, ou seja, não é algo habitual, os prêmios não possuem caráter salarial. O prêmio clássico, pago da maneira explicada, pago por uma ocasião específica, eventual, não caracteriza salário. No entanto, se esta premiação estiver previamente estipulada em contrato ou regulamento, ela deixa de ser espontânea e o empregado pode exigi-la. Outra questão é quando a premiação não está escrita em lugar algum, porém, há uma cultura de que quando atinge determinada meta o empregador dá uma premiação. Em verdade, esses prêmios são típicas gratificações, mas não prêmios. O empregador utiliza a nomenclatura de prêmio porque pretende fugir da natureza salarial. Entretanto, o que define a natureza da parcela é a sua origem ou finalidade. Art. 457, § 2º - As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário. § 4º - Consideram-se prêmios as liberalidades concedidas pelo empregador em forma de bens, serviços ou valor em dinheiro a empregado ou a grupo de empregados, em razão de desempenho superior ao ordinariamente esperado no exercício de suas atividades.” 6. Verba� indenizatória�/ Compensatória� Neste tipo de remuneração o empregado não está tendo nenhuma vantagem, uma vez que esta verba compensa um prejuízo do empregado. 6.1 Ajuda de custo Possui previsão legal, não é uma parcela espontânea, mas compulsória. Destina-se a custear despesas do empregado quando este é transferido pelo empregador. Por isso que, a ajuda de custo é um ressarcimento ou indenização, e não possui caráter salarial. Art. 469, § 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, não obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% dos salários que o empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação. Obs: essa transferência deve ser temporária/provisória O empregador não pode transferir o empregado, sem a sua anuência, de forma definitiva. 6.2 Diárias As diárias para viagens são parcelas pagas para o empregado a fim de ressarcir despesas para o trabalho quando o empregado está viajando em prol da empresa. Basicamente, transporte, hospedagem e alimentação são cobertas pelo pagamento de diárias. 6.2.1 Espécies de diárias I - Diárias próprias: são aquelas diárias que estão sujeitas à prestação de contas. Ou seja, caso o empregado não gaste todo o dinheiro, ele deverá devolver o que sobrou ao empregador. II - Diárias impróprias: Recebe o valor e gasta como quiser (ex. servidor público). Se tiver uma casa de um parente ou um jeito de se locomover, não precisa, necessariamente, prestar contas. De acordo com o INSS, essas diárias, se passarem de 50%, serão consideradas salário. Art. 457, § 2º - Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como as diárias para viagem que não excedam de 50% do sal. percebido pelo empregado. Ex. recebo um salário de 2mil reais e uma diária de 1,5mil, 500 reais serão considerados como trabalho. § 2º As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) III - Compensatório/Adicional: São parcelas salariais, espécies de salário condição. Ex: adicional noturno, adicional de horas extras, de periculosidade, insalubridade. Em verdade, os adicionais são uma forma de onerar o empregador por exigir o trabalho em situações prejudiciais. Todas as hipóteses de previsão de adicionais levam em conta um prejuízo a saúde ou bem-estar do empregado. Não se busca indenizar o trabalhador, mas trazer um plussalarial, de modo a aumentar o valor da mão-de-obra para onerar o empregador. Uma forma de estimular o empregador a deixar de exigir esse tipo de trabalho. Art. 7º, XXIII, CF - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; Adicional de insalubridade e de periculosidade: Em rigor, estas hipóteses são regulamentadas por normas do Ministério da saúde. Para insalubridade NR-15 e anexos, para periculosidade NR-16 e anexos. Insalubridade é aquilo que vai te degradando aos poucos e a periculosidade é aquilo que se acontecer em algum momento causará a morte do empregado. Sendo assim, a insalubridade está ligada à saúde do indivíduo e a periculosidade ligada à vida. ● Cálculo do adicional de insalubridade: O cálculo do adicional de insalubridade é feito com base no salário mínimo de cada região e no grau de insalubridade da atividade exercida. Ele não está relacionado ao salário do trabalhador. Para atividades insalubres em grau mínimo, o adicional é de 10% do salário mínimo. Para insalubridade em grau médio, o adicional é de 20%, e para o grau máximo, é de 40% do salário mínimo da região. A classificação do grau de insalubridade de cada atividade é definida pela Norma Regulamentadora 15. Obs: pode haver majoração ou redução do risco provocado ao empregado. Sendo assim, a porcentagem pode variar no decorrer do emprego. ● Cálculo do adicional de periculosidade: Diferente do adicional de insalubridade, o adicional de periculosidade é calculado com base no salário do trabalhador. O adicional será de 30% sobre o salário, não incidindo, contudo, sobre os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participação nos lucros da empresa. O adicional, contudo, pode superar os 30%, caso a convenção coletiva da categoria assim determine.
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