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Maria Luiza Maia – M3 2021 FARMACOLOGIA Antineoplásicos CICLO CELULAR A homeostase é resultado da proliferação e a apoptose normal Tumores são formados em função da exacerba- ção da proliferação celular e decréscimo da apo- ptose Benignos – contidos Malignos – invasivos Processos tumorais, em especial malignos, sur- gem do acúmulo de mutações CAUSAS DO CÂNCER 10 a 20% genético / 80 a 90% fatores ambi- entais Todos os cânceres surgem de mutações – au- mento da expressão de oncogenes e redução da expressão de genes supressores tumorais Metaloproteinases, angiogênese e metástase contribuem para o desenvolvimento do câncer CARACTERÍSTICAS DAS NEOPLASIAS MALIGNAS TRATAMENTO DO CÂNCER Excisão cirúrgica Radioterapia Terapia farmacológica – tem dificuldades princi- palmente associadas às semelhanças entre as células tumorais e normais e ao estágio da doença quando descoberta Diferentes fármacos atuam em diferentes eta- pas do ciclo celular ou em receptores, que conhecidamente, potencializam a atividade carci- nogênica AGENTES ALQUILANTES Primeiros antineoplásicos descobertos São altamente vesicantes e foram muito utiliza- dos na Primeira Guerra mundial (gás mostarda) – queimaduras tópicas, aplasia da medula e do te- cido linfoide, ulcerações no TGI A utilização tópica demonstrou uma redução de tumores de pênis e venosa de linfomas Úteis no tratamento de tumores epiteliais, me- senquimatosos, carcinomas e sarcomas Mecanismo de ação – contêm grupos químicos que conseguem formar ligações covalentes com substâncias nucleofílicas como o DNA, eles for- mam um íon carbono altamente reativo que reage de forma instantânea com um doador de elétron como grupos amina, hidroxila ou sulfidroxila, a mai- oria deles é bifuncional possuindo dois grupos al- quilantes A alquilação pode gerar a excisão de base, pare- amento anormal de base, clivagem do anel e liga- ção cruzada do DNA interfilamento Mais sensíveis na fase G1 e na fase S Mostardas nitrogenadas Mecloretamina, ciclofosfamida, ifosfamida, mel- falano, clorambucila Possuem normalmente duas cadeias de 2-cloro- etil Mecanismo de ação – a cadeia lateral do 2-cloro- etil sofre ciclização intracelular com a liberação de Cl-, o derivado reativo interage com o DNA e outras moléculas Maria Luiza Maia – M3 2021 FARMACOLOGIA Efeitos colaterais são náuseas, vômitos, depres- são da medula óssea, são muito vesicantes (pos- sível lesão no local de administração), tem o risco aumentado de causar neoplasia secundária A ciclofosfamida é o agente alquilante mais utili- zado, tem boa biodisponibilidade, é um pró-fár- maco e tem efeito pronunciado nos linfócitos, po- dendo ser utilizado como imunossupressor em do- ses baixas, metabólitos desse medicamento são altamente tóxicos (acroleína) e podem desenca- dear um processo de cistite hemorrágica (a pre- venção é aumentar o consumo de líquidos e admi- nistrar substâncias doadoras de sulfidrila como a N-acetilcisteína ou mesna) Nitrosureias Carmustina, lomustina e estreptozocina Possuem o grupamento nitrosureia São pró-fármacos Alquila guanina, citosina e adenina formando liga- ções cruzadas do DNA São muito lipossolúveis atuando em tumores ce- rebrais e nas meninges Apresenta efeito cumulativo depressor grave so- bre a medula óssea Produzem produtos alquilantes e carbamoilantes Efeitos adversos da carmustina são a hepatoto- xicidade, fibrose pulmonar, insuficiência renal e leucemia secundária Alquilsulfonatos Um exemplo é o bissulfano Tem efeito seletivo na medula óssea Utilizados em leucemias granulomatosas crônicas Administração por VO e IV Efeitos adversos são hiperpigmentação, náuseas, vômitos, diarreia Altas doses podem gerar convulsão tônico-clô- nica, doença venoclusiva hepática, lesões da mu- cosa do TGI e fibrose pulmonar Triazenos Exemplificados pela dacarbazina e temozolomida São pró-fármacos Metabólito sofre decomposição espontânea em dizometano Efeitos adversos são anorexia, febre, mal-estar, náuseas, vômitos, são altamente vesicantes, e ainda podem causar hepatotoxicidade, alopecia, neurotoxicidade e reações dermatológicas que são menos comuns Compostos de platina Atuam como agentes alquilantes, mas não são A cisplatina revolucionou o tratamento de câncer de testículo e ovário A administração é por injeção ou infusão lenta A cisplatina tem uma vasta aplicabilidade, mas pode causar náuseas, vômitos, zumbido e perda da audição, neutropenia periférica, hiperuricemia, reações anafiláticas, nefrotoxicidade, mielotoxici- dade A carboplatina causa menos náusea, vômitos, ne- frotoxicidade, neurotoxicidade e ototoxicidade, mas é mais mielotóxica A oxiplatina tem meia vida curta e é utilizada no câncer colorretal, a neuropatia periférica limita seu uso Mecanismos de resistência desses agentes Diminuição da penetração dos fármacos trans- portados ativamente (mecloretamina e melfalano) Aumento das concentrações intracelulares de substâncias nucleofílicas que podem se conjugar com elementos eletrofílicos e destoxificá-los Aumento da atividade das vias de reparo do DNA podendo diferir para os vários agentes Aumento das taxas de degradação Maria Luiza Maia – M3 2021 FARMACOLOGIA Perda da capacidade de reconhecer complexos de adição formados pelas nitrosureias e agentes metilantes Comprometimento das vias de apoptose com a hiperexpressão de bcl-2 ANTIMETABÓLITOS Antagonistas de folato Um exemplo é o metrotexato, fármaco mais uti- lizado na quimioterapia do câncer O folato é muito importante para a síntese de nucleotídeos purínicos e pirimidínicos, consequen- temente para a de DNA Os fármacos são análogos do folato e inibem a DHFR e depletam as fontes de tetra-hidrofolato É metabolizado em derivados de poliglutamato que ficam retidos na célula por semanas ou até me- ses Pode ser administrado por VO, IM e intratecal Baixa lipossolubilidade e não atravessa a BHE Os efeitos adversos se relacionam com a depres- são medular, danos no epitélio do TGI e nefrotoxi- cidade em esquemas de altas doses, é necessário um monitoramento clínico constante Os efeitos tóxicos podem ser reduzidos com a administração prévia da leucovorina, e a mielos- supressão é reduzida com a reposição da vita- mina B12 O pemetrexede inibe a timidilato transferase Mecanismos de resistência Análogos de pirimidina FLUORURACILA Análogo da uracila Inibe a timidinato sintetase Os efeitos adversos são danos no epitélio do TGI, mielotoxicidade e imunossupreção CITARABINA Análogo de citidina É um pró-fármaco É transformada em trifosfato de citosina arab- nosídeo que inibe a DNA polimerase Tem os mesmos efeitos adversos da fluoruracila A gencitabina é análogo da citarabina, mas com menos efeitos adversos Análogos de purina Exemplo é a mercaptopurina Propriedades antileucêmicas e imunossupresso- ras Servem como substrato para a hipoxantina-gua- nina-fosfo-ribosil-transferase produzindo um falso substrato para ação de várias enzimas cor- relacionadas com a síntese do DNA Tem baixa disponibilidade por via oral, o metotre- xato sua biodisponibilidade, alimentos, outros re- médios e enzimas hepáticas diminuem É metabolizada por enzimas de alelos polimórficos Os efeitos adversos são mielossupreção, trom- bocitopenia, granulocitopenia, anemia, anorexia, náusea, vômito, estomatite e diarreia ANTIBIÓTICOS CITOTÓXICOS São amplamente utilizados, lesiona diretamente o DNA e são extremamente tóxicos Antraciclinas Doxorrubicina, idarrubicina, daunorrubicina, epir- rubicina, mitoxantrona Mecanismo de ação – inibem a topoisomerase II, ligam-se ao DNA por intercalação, produção de Maria Luiza Maia – M3 2021 FARMACOLOGIA radicais livres mediado por enzimas dependentede ferro, ligação a membrana celular alterando a fluidez e o transporte de íons A administração é IV, mas deve ser bem caute- losa devido à alta vesicância Os efeitos adversos são mielossupressão, perda pilosa acentuada e danos cardíacos (dexrazoxano é um cardioprotetor que deve ser associado a doxorrubicina) Dactinomicina Muito utilizado no câncer pediátrico Liga-se ao DNA entre os pares de guanina-cito- sina interferindo no movimento da RNA polime- rase A administração é IV, mas é muito vesicante Os efeitos adversos são a mielossupressão e perda pilosa acentuada Bleomicinas Grupo de antibióticos glicopeptídeos Ligam-se ao DNA, quelam o ferro, produzem ra- dicais livres e quebram a fita de DNA A ação é mais efetiva em G0 e G2 Trata câncer de células germinativa Os efeitos adversos são fibrose pulmonar, aler- gia, alopecia, reações mucocutâneas (palmas das mãos hiperpigmentadas) e hiperpirexia Mitomicina Antibiótico alquilante bifuncional Tem atividade principalmente em ambientes hipó- xicos (tumores sólidos) Os efeitos adversos são mielossupressão, danos renais e fibrose do tecido pulmonar DERIVADOS DE PLANTAS Produtos naturais que exercem efeitos citotóxi- cos potentes Alcaloides da vinca Vincristina, vimblastina, vindesina, vinflumina, vino- relbina São metabolizados pelo CYP450 Mecanismo de ação – comprometem a formação do fuso mitótico, impedindo a divisão celular na metáfase, atuando em uma região da beta-tubu- lina Taxanos Paclitaxel, docetaxel, cabazitaxel Inibem a polimerização dos microtúbulos, então impedem a formação do fuso mitótico Metabolizado pelo CYP450 Os efeitos adversos se relacionam com as células com taxa metabólica mais elevada – mielossu- pressão, neurotoxicidade cumulativa e reações de hipersensibilidade Paclitaxel + carboplatina -> tratamento de câncer de ovário O paclitaxel pode carreado por nanopartículas, reduzindo efeitos adversos de hipersensibilidades O cabazitaxel é um substrato fraco da glicopro- teína P, utilizado em cânceres resistentes a múl- tiplos fármacos (câncer de próstata metastáta- tico) Inibidores de topoisomerases Campotecinas – irotecano e topotecano Inibem a topoisomerase I, assim o DNA acaba se enrolando e se danificando Maria Luiza Maia – M3 2021 FARMACOLOGIA Os efeitos adversos são toxicidade no TGI e mie- lossupressão Quando o irinotecan é metabolizado se converte em uma molécula quase que mil vezes mais po- tente Etoposídeo e tenoposídeo inibem a topoisomerase II impedindo o reparo do DNA, é mais sensível a fase S e G2 do ciclo celular, efeitos adversos são a mielossupressão, náuseas, vômitos e alopecia HORMÔNIOS Tumores que surgem em tumores sensíveis a hormônios podem ser homoniodependentes Estratégia terapêutica – não curam, vão contra o crescimento tumoral Hormônio com efeito oposto Antagonista do hormônio Inibidores da síntese de hormônios ANTICORPOS MONOCLONAIS Inibidores de cinases proteicas Atuam nas vias de sinalização de oncogenes e ge- nes supressores tumorais
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