Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Prova Específica III – Genética 1) Em relação as Doenças Autossômicas Dominantes, explique sobre o Processo de Ganho de Função e Perda de Função. O Processo de Ganho de Função é resultado de um produto proteico que adquire novas propriedades. Este é menos comum, podendo acrescentar em proteínas normais uma propriedade tóxica ou, mais raramente, podem aumentar a atividade normal de uma proteína. Exemplo: Doença de Huntington, na qual observa-se uma repetição de proteínas, originando uma proteína anormal chamada huntingtina, que é toxica aos neurônios, acarretando em deficiência neurológica. O Processo de Perda de Função é resultado de um produto gênico que tem menos ou nenhuma função em comparação ao gene não mutado. Exemplo: Hipercolesterolemia Familiar com perda de função da proteína adaptadora do receptor de LDL (gene LDL RAP1) do cromossomo 1p36.11. 2) Explique sobre a Neurofibromatose Tipo I. A Neurofibromatose Tipo I, também conhecida como Doença de Von Recklinghausen, é uma doença de herança autossômica dominante, com penetrância completa, expressividade variável e pleiotropia externa, que acomete 1 a cada 3000 nascidos vivos. O gene causador da doença é o NF1, que está localizado no braço longo do cromossomo 17 em 17q11.2, sendo responsável em codificar uma proteína citoplasmática chamada de neurofibromina, a qual é expressa em todos os tecidos, especialmente no cérebro, medula espinha e sistema nervoso periférico. A neurofibromina é responsável em regular o processo de ativação do gene RAS GTPase, então, defeitos em sua codificação pode causar ativação permanente da RAS e, como consequência a liberação descontrolada de sinas promotores de crescimento. Ou seja, trata-se de uma mutação com perda de função. As manifestações clínicas mais frequentes são: - Neurofibromas: São tumores benignos de textura amolecida, localizados em tecido cutâneo e subcutâneo de qualquer parte do corpo, que raramente causam dor e, algumas vezes, causam prurido. Quando se estendem ao longo do trajeto de um nervo, são chamados de neurofibromas plexiformes, sendo observados em cerca de 5 a 25% dos casos, causando problemas estéticos e psicológicos. Devido a natureza difusa, alta vascularização e comum recidiva tumoral, essas lesões dificultam e tornam complexo o processo de ressecção cirúrgica. - Manchas Café com Leite: São lesões pigmentadas com diâmetro de 0,5 a 50 cm, que aumentam em tamanho e número durante a primeira década de vida. Estão presentes em quase todo o corpo, exceto no couro cabeludo, sobrancelhas, palmas das mãos e plantas dos pés, sendo incomuns na face. Não são exclusivas de portadores de NF1, estando presente em 11 a 25% dos indivíduos normais. - Efélides (sardas): Possuem coloração semelhante às manchas café com leite, mas são de menor tamanho, cerca de 1 a 3 mm, estado presentes em regiões axilares e inguinais e, geralmente manifestando-se na adolescência e idade adulta. - Nódulos de Lisch: São elevações arredondadas na superfície da íris, de coloração variável entre amarelo e marrom, sendo exclusivas de NF1, assintomáticas e úteis para o diagnóstico. Cerca de 5% das crianças menores de três anos apresentam esses nódulos, os quais aumentam em número com a idade, estando presentes em 90% dos adultos maiores de vinte anos. - Alterações ósseas: Escoliose; cifoescoliose com característica típica de angulação aguda e de segmento curto; anomalias da coluna cervical; erosão da parede posterior dos corpos vertebrais; alargamento dos forames intervertebrais; distúrbios do crescimento; pseudo-artrose; erosão dos arcos costais; displasia da asa do esfenoide; deformidade facial e mandibular; compressão óssea causada por tumor de partes moles. O paciente diagnosticado de forma clínica compreende dois ou mais dos seguintes critérios: - 6 ou mais manchas café com leite, com mais de 5mm em pré-púberes e mais de 15mm em pós- púberes; - 2 ou mais neurofibromas de qualquer tipo; - 1 neurofibroma plexiforme; - 2 ou mais nódulos de Lisch; - Efélides nas regiões axilares e inguinais; - Glioma óptico; - Lesão óssea característica - Parente de 1º grau com NF1. 3) Explique as principais fases do Ciclo de Krebs e os Produtos Metabólicos Produzidos e sua relação com as Doenças dos Erros Inatos do Metabolismo. No início do ciclo Krebs, que é composto por 8 etapas, há o acoplamento do grupo acetil, advindo do piruvato ou dos lipídeos ou proteínas, com o ácido oxalacético, formando o ácido cítrico. Etapa I: A CoA faz com que o acetil seja permeável a membrana mitocondrial, então, assim que ele entra a CoA volta para o citoplasma e o grupo acetil se liga ao oxalacetato sob ação da citrato sintase, formando citrato, sendo que é necessário a presença de água. Etapa II: O citrato, sob ação da aconitrase, torna-se isocitrato com perda de água. Etapa III: O isocitrato, sob ação da isocitrato desidrogenase, torna-se alfa-cetoglutarato à Primeiro há a liberação de um par de hidrogênio, o qual é aceito pelo NAD e, posteriormente, há a formação de uma molécula de gás carbônico que será eliminado pela respiração. Etapa IV: A alfa-cetoglutarato, sob ação da alfa-cetoglutarato desidrogenase, torna-se succinil CoA à Primeiro ocorre a liberação de um par de hidrogênio, o qual é aceito pelo NAD e, posteriormente, há a formação de uma molécula de gás carbônico que será eliminado pela respiração. Etapa V: A succinil CoA, sob ação da succinil CoA sintetase, torna-se succinato à Há a formação de um GTP, que pode ser convertido em ATP (raro). Etapa VI: O succinato, sob ação da succinato desidrogenase, torna-se fumarato à Um par de hidrogênio é aceito pelo FAD. Etapa VII: O fumarato, sob ação da fumarase, torna-se malato à Ocorre hidratação. Etapa VIII: O malato, sob ação da malato desidrogenase, torna-se oxalacetato à Há a liberação de um par de hidrogênio para o NAD. Resumindo, o ciclo de Krebs ocorre nas cristas mitocôndrias e é um conjunto de oito etapas associadas, sem a necessidade de oxigênio e, em cada volta do ciclo, há a formação de 4 pares de hidrogênio, 2 moléculas de dióxido de carbono (CO2), eliminadas pelo sistema respiratório e uma molécula de GTP. Assim, este não forma nenhum ATP. Os pares de hidrogênio, formados neste ciclo, são aceitos pelo NAD (3) e pelo FAD (1). Os elétrons deste íon são deslocados através de uma cascata de reações químicas denominada de Cadeia Respiratória ou Cadeia Transportadora de Elétrons, onde em três sítios há a liberação de energia para promover a ligação de um fosfato inorgânico (Pi) com uma molécula de ADP, levando, assim, à biossíntese aeróbia de ATP. 4) Explique sobre o processo de Beta Oxidação e sua Importância Metabólica. A Beta Oxidação é constituída por 5 etapas, sendo que somente a primeira etapa tem um gasto de ATP, tratando-se de um processo de ativação independente do AGL considerando que, as demais não requerem ATP e ocorrem de maneira cíclica. Assim, a cada volta tem-se a formação de um grupo acetil, o qual ingressa no ciclo de Krebs. - Etapa I: Ácido Graxo + CoA + ATP – sob ação da tiocinase – Acil CoA Graxo + AMP + Pi; - Etapa II: Acil CoA Graxo + FAD – sob ação da acil transferase – Trans Delta2 Enoil CoA; - Etapa III: Trans Delta2 Enoil CoA + H2O – sob ação da enoil hidrase – 3 Hidroxiacil CoA; - Etapa IV: 3 Hidroxiacil CoA + NAD – sob ação da 3 hidroxiacil desidrogenase – 3 Cetoacetil CoA; - Etapa V: 3 Cetoacetil CoA + CoA – sob ação da tiolase – Acil CoA Graxo + Acetil Coa. A Beta Oxidação possui uma grande importância metabólica, pois os ácidos graxos possuem a capacidade de sintetizar muitos ATPs, uma vez que formam muitos grupos acetil de forma exclusivamente aeróbica. Destaca-se que o ácido graxo mais abundante e importante nos seres humanos é o ácido graxo palmitato, o qual apresenta16 carbonos, tendo a capacidade de formar 129 ATPs. 5) Explique sobre a L-carnitina. Cada AGL com até 12 carbonos difunde-se para as mitocôndrias sem a presença de um transportador. Porém, AGL com 14 ou mais carbonos, que representa a grande maioria, depende de um transportador para essa difusão. Esse transportador é denominado lançadeira de carnitina (L-carnitina). - Etapa I: Formação do acil CoA graxo, catalisado pela enzima acetil CoA sintetase, com gasto de 1 ATP até AMP. - Etapa II: Ligação do acil CoA graxo com o grupo hidroxila da carnitina, catalisada pela carnitina acil transferase I, formando um acil de carnitina que, por difusão facilitada, entra na matriz mitocondrial devido ao co-transportador acetil-carnitina/carnitina. - Etapa III: Sob ação da carnitina acil transferase 2, o grupo acila é transferido da carnitina para a CoA, que regenera o grupo acetil CoA na matriz mitocondrial. Por fim, destaca-se que a velocidade da L-carnitina pode ser o fator limitante na utilização exacerbada de lipídeos na biossíntese de ATP. Durante o exercício, não se utiliza tanto lipídeo, por o nº de carreadores de carnitina é limitante se não ocorre a entrada de muito lipídeo na célula, então, por essa razão, a célula acaba optando pelo carboidrato. 6) Explique sobre a Doença de Gaucher. A Doença de Gaucher é uma doença de herança autossômica recessiva, causada por mutações do gene GBA, que está localizado no braço longo do cromossomo 1, sendo responsável em codificar a enzima glucocerebrosidase. Quando essa enzima está ausente, observa-se o acúmulo da substância glicocerebroseídos, a qual pode afetar o fígado, baço, ossos, pulmão e sistema nervoso central Entre as principais manifestações clínicas, incluem-se: hepatomegalia; esplenomegalia; infiltração na medula óssea; anemia; plaquetopenia; comprometimento ósseo importante; tórax globoso/. Esta doença pode ser dividida em subtipos clínicos, os quais variam de acordo com o comprometimento neurológico: - Tipo I ou Não Neuropática: Hepatomegalia, esplenomegalia e deformidades ósseas; - Tipo II ou Neuropática Aguda: Múltiplas convulsões, hipertonia, apneia e progressivo retardo mental; possui aparecimento precoce, geralmente até os 3 meses de vida, tendo uma sobrevida até os 2 anos de idade. É o tipo mais grave devido ao maior envolvimento neurológico associado com comprometimento pulmonar. - Tipo III ou Neuropática Crônica: Comprometimento ósseo, quadro neurológico menos grave; aparecimento tardio dos sintomas, tendo uma sobrevida até 20-30 anos de idade. O diagnóstico é baseado na dosagem da atividade da enzima beta-glicosidase nos leucócitos ou fibroblastos, a qual se encontra em valor baixos. E, a confirmação é feita através de biópsia ou mielograma para identificação das células de Gaucher. O tratamento pode ser feito através de reposição enzimática com enzimas da placenta humana, que são produzidas de forma sintética OU com a administração do fármaco Ulypso (alfataliglicerase) que atua no processamento de glicocerebrosideos, a partir de uma nova combinação genética ativa da enzima lisossomal humana beta-glucocerebrosidase produzida a partir de células da raiz da cenoura. 7) Explique sobre a Leucinose. A Doença da Urina de Xarope de Bordo é uma doença caracterizada pela deficiência da atividade do complexo alfa-cetoácido desidrogenase de cadeia ramificada dependente da tiamina. Essa deficiência é responsável pelo aumento fisiológico de aminoácidos de cadeias ramificadas, como leucina, isoleucina e valina. As manifestações clínicas são variadas, porém as mais comuns são: sucção débil; perda de peso; falta de apetite; hipoglicemia; odor adocicado. Ainda, estas podem ser divididas de acordo com seus fenótipos, assim: - Fenótipo Clássico: A doença se manifesta durante os primeiros dias de vida, sendo que a maioria dos pacientes morre nos primeiros meses de vida. As manifestações clínicas incluem: dificuldade de alimentação, perda de peso, letargia, hipotonia, cetoacidose e convulsão. Os achados bioquímicos compreendem níveis muito elevados de leucina, isoleucina e valina. - Fenótipo Intermediário: A doença se manifesta mais tardiamente entre os 5 meses e 7 anos, sendo que os danos neurológicos são mais brandos e sem sintomas severos. A manifestação clínica é: atraso no desenvolvimento físico e psicomotor. Os achados bioquímicos compreendem níveis muito elevados de leucina, isoleucina e valina. - Fenótipo Intermitente: O desenvolvimento é próximo do normal, com crescimento e nível intelectual normais. A doença se manifesta entre os 5 meses e os 2 anos, estando associada à sintomas de infecções. Destaca-se que, durante as crises agudas, a urina apresenta odor característico. Inicialmente, as manifestações clínicas incluem desenvolvimento normal e episódios de ataxia, precedidos de infecções e estresse. Os achados bioquímicos incluem níveis de leucina, interleucina e valina normais quando assintomático. 8) Explique sobre a Galactosemia. A Galactosemia é uma doença metabólica caracterizada pela deficiência da enzima galactose-1-fosfato uridil transferase. A galactose é um monossacarídeo, sendo que sua fonte principal é a lactose do leite. Nas microvilosidades intestinais, a hidrólise da lactose por uma galactosidaese-alactase leva à formação de glicose e galactose. No fígado, a galactose é rapidamente metabolizada à glicose 1-fosfato pela ação de quatro enzimas que constituem a Via de Leloir – (1) galactose mutarotase, (2) galactocinase; (3) galactose-1-fosfato uridil transferase; (4) UDP galactose-4-epimerase. O início da doença acontece intra-utero, uma vez que as vias metabólicas da galactose se desenvolvem por volta da 10a semana de gestação. No entanto, é após a ingesta de leite que a doença começa a se manifestar de forma aguda e fulminante associada à sepse neonatal (E. coli). Contudo, pode haver uma forma sub-aguda com sintomas de vômito, diarreia, icterícia e hepatomegalia. Ainda, outras manifestações clínicas englobam alterações do sistema nervoso, atraso no crescimento, osteoporose e catarata.
Compartilhar