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Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) | Larissa Gomes de Oliveira. 1 A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica – DPOC – é definida como uma síndrome caracterizada pela obstrução crônica e difusa das vias aéreas inferiores, de caráter irreversível, com destruição progressiva do parênquima pulmonar. Há sintomas respiratórios persistentes, limitação do fluxo aéreo, alterações nas vias aéreas e nos alvéolos e exposição significativa a partículas e gases nocivos. A definição da DPOC é baseada na presença de obstrução fixa ao fluxo aéreo após o uso de broncodilatador. VEF1/CVF < 0,70 EPIDEMIOLOGIA A DPOC é uma doença que acomete a população mundial. Sua prevalência vem aumentando nas últimas décadas, especialmente no sexo feminino. É caracteristicamente uma doença de adultos mais velhos, manifestando-se na quinta ou sexta décadas de vida. A preponderância no sexo masculino é explicada basicamente pela maior prevalência do tabagismo nos homens, porém esta diferença tem se reduzido pela maior proporção de mulheres fumantes. Enquanto a mortalidade mundial por doenças cardiovasculares, como o IAM e o AVE, vem decaindo, a mortalidade relacionada à DPOC está aumentando progressivamente nos últimos anos, sendo atualmente a quarta causa de morte nas estatísticas dos EUA. FATOR DE RISCO O tabagismo é sem dúvida o principal fator de risco para a DPOC, havendo uma história tabágica positiva em 90% dos casos. Estima-se que 15% dos fumantes de um maço/dia e 25% dos fumantes de dois maços/dia terão DPOC futuramente se mantiverem o hábito tabágico. O tabagismo passivo, a poluição atmosférica extra e intradomiciliar (ex.: fogões a lenha), bem como a exposição ocupacional a poeiras orgânicas (minas de carvão, ouro), fumaças (ex.: cádmio) e vapores são considerados fatores de risco para DPOC, podendo ser aditivos ao efeito do tabagismo ou explicar a ocorrência de DPOC em não tabagistas. OBS: Existe um dado interessante (e preocupante) sobre o tabagismo passivo: crianças expostas ao tabagismo materno, inclusive durante a gestação, apresentam crescimento pulmonar reduzido, o que é fator de risco para DPOC no futuro (lembre- se que o VEF1 máximo é atingido por volta dos 20-30 anos – nestas crianças o VEF1 máximo atingido pode estar abaixo do normal). ASMA X DPOC: A inflamação das vias aéreas encontrada na bronquite obstrutiva crônica difere daquela observada na asma: enquanto na asma a inflamação é dependente de linfócitos T CD4, eosinófilos, basófilos e mastócitos, havendo pouca ou nenhuma fibrose; na bronquite a inflamação é dependente de linfócitos T CD8 citotóxicos, macrófagos e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) | Larissa Gomes de Oliveira. 2 neutrófilos, estimulando a fibrose das vias aéreas. Alguns casos de asma, contudo, podem evoluir com o fenômeno do remodelamento das vias aéreas, levando à obstrução crônica progressiva por mecanismo fibrogênico. Estes pacientes apresentam um quadro fisiopatológico muito semelhante ao da DPOC. FISIOPATOLOGIA MECANISMO: Na DPOC ocorre bronquite crônica, com hipersecreção mucosa e tosse produtiva, além disso, há inflamação de pequenas vias aéreas e efisema, com limitação do fluxo aéreo, aprisionamento e hiperinsuflação, e todo esse mecanismo vai ocasionar dispneia (é aquele paciente que primeiro cansa com atividades como subir escada, e depois começa a se cansar em atividades como tomar banho). Para compreender a fisiopatologia da doença, devemos antes descrever seus achados patológicos. A maioria dos pacientes com DPOC apresenta dois importantes e distintos componentes da doença, ambos altamente relacionados ao tabagismo: • Bronquite Obstrutiva Crônica: Nesse caso, as alterações patológicas principais são: hipertrofia e hiperplasia das glândulas submucosas secretoras de muco associadas a um aumento no número de células caliciformes da mucosa (daí o estado hipersecretor), presentes principalmente nas vias aéreas proximais; redução do lúmen das vias aéreas distais devido ao espessamento da parede brônquica por edema e fibrose (bronquiolite obliterante). • Enfisema Pulmonar: Definido como um alargamento dos espaços aéreos distais aos bronquíolos, decorrente da destruição progressiva dos septos alveolares. As substâncias do tabaco causam uma série de alterações nas vias aéreas: 1. estimulam a produção de muco e a hipertrofia das glândulas submucosas; 2. reduzem ou bloqueiam o movimento ciliar das células epiteliais; 3. ativam macrófagos alveolares a secretar fatores quimiotáticos (especialmente o IL-8) que estimulam o recrutamento alveolar de neutrófilos; 4. ativam neutrófilos, que passam a produzir mais enzimas proteolíticas, como a elastase; 5. inibem a atividade da α-1- antitripsina, enzima inibidora fisiológica da elastase. O que acontece é que: A fumaça do cigarro contem varias substancias toxicas e irritativas que ao entrar em contato com o trato respiratório, com o epitélio alveolar, causam uma reação inflamatória. Desse modo, essa fumaça chega ao epitélio respiratório e vai estar recrutando células inflamatórias, como por exemplo, os neutrófilos e macrófagos que liberam proteases e enzimas que vão degradar a estrutura respiratória (como estamos falando de uma exposição crônica ao agente toxico, nem sempre os inibidores de proteases vão conseguir dar conta para proteger a estrutura pulmonar), com isso, cronicamente vai ocorrer uma degradação da matriz extracelular com destruição do tecido pulmonar. E isso vai gerar duas coisas: enfisema e reparo. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) | Larissa Gomes de Oliveira. 3 Sendo o enfisema um acometimento dos alvéolos e o reparo um acometimento dos brônquios. A imagem representa duas alterações importantes no brônquio: o espessamento da parede brônquica, justamente pelo processo de reparo, em que os neutrófilos atacam aquela parede o tempo todo, lançando proteases, levando a um processo inflamatório crônico naquele local. E com a intenção de consertar esse estrago que está sendo feito, o organismo tem um processo de reparo, e com esse processo, a parede brônquica vai ficando cada vez mais espessa. Com isso, como consequência imediata vai ocorrer a redução do lúmen brônquico, ele vai ficando cada vez mais fechado, provocando cada vez mais obstrução ao fluxo aéreo. Além disso, essa inflamação também vai estimular as glândulas brônquicas, tendo uma maior secreção de muco e esse excesso de muco, aumenta ainda mais a obstrução. Com relação aos alvéolos, no enfisema, vai estar ocorrendo destruição do epitélio alveolar e isso terá consequências para a respiração. A força expiratória depende em grande parte da elasticidade pulmonar, que se encontra reduzida na DPOC, e a resistência das vias aéreas distais está aumentada pela redução do seu lúmen, o que é gerado por dois fatores: → Diminuição do tecido elástico na parede dos alvéolos (enfisema); → Edema e fibrose na parede dos pequenos brônquios (bronquiolite obliterante). Esses fatores, somados a uma pressão intratorácica progressivamente positiva, predispõem ao colapso das vias aéreas, impedindo a eliminação do ar armazenado nas porções periféricas do pulmão. Trata-se do fenômeno do aprisionamento de ar. O pulmão desses pacientes está cronicamente hiperinsuflado, o que pode ser notado na radiografia de tórax – ou até mesmo no exame físico (“tórax em tonel”) – dos portadores de DPOC avançada. A troca gasosa está comprometida tanto pela lesão enfisematosa quanto pela lesão bronquítica (mais nesta última). Como ambas as patologias levam à obstrução de vias aéreas de uma forma heterogênea, propiciam o surgimento de alvéolos mal ventilados, porém, bem perfundidos. Nesses alvéolos, o sanguevenoso passa recebendo pouco O2, um mecanismo denominado shunt parcial. Se o número de alvéolos com shunt parcial for grande, a mistura de sangue mal oxigenado produzirá hipoxemia e dessaturação da hemoglobina. A este fenômeno denomina- se distúrbio V/Q (V = ventilação e Q = perfusão). Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) | Larissa Gomes de Oliveira. 4 A eliminação de CO2 também pode estar comprometida, ocorrendo mais tardiamente. Estes pacientes começam a reter CO2 de forma lenta e progressiva (acidose respiratória crônica), estimulando o rim a reter mais bicarbonato e, assim, compensar a acidose respiratória crônica. A gasometria do retentor crônico de CO2 apresenta altos níveis de PCO2, com bicarbonato e Base Excess (BE) elevados, e geralmente uma discreta acidemia (ex.: pH ~ 7,32). OBS: Cor pulmonale significa uma disfunção do ventrículo direito consequente a um distúrbio pulmonar (são os sinais da sobrecarga cardíaca direita (é justamente o aumento do ventrículo direito secundário à pneumopatia, e isso provoca hipertensão arterial pulmonar, sucedida por insuficiência ventricular direita). QUADRO CLÍNICO Alguns dos sintomas são: expectoração, tosse, sibilos e dispneia. A queixa mais marcante dos pacientes com DPOC é a dispneia aos esforços. A evolução é insidiosa, progressiva, marcada por pioras agudas desencadeadas por fatores descompensantes (ex.: infecção respiratória). Com o avançar da doença, a dispneia acaba por ser desencadeada com níveis cada vez menores de esforço, podendo evoluir para dispneia em repouso ou aos mínimos esforços. É importante lembrar que é uma doença que em alguns momentos pode estar mais assintomática (constantes) e outros momentos mais sintomáticos (exacerbação). O exame físico pode revelar dois tipos estereotipados de pacientes: os pink puffers e os blue bloaters. Pink Puffers: são os “sopradores róseos”. Este é o estereótipo do enfisematoso. Na inspeção, notam-se apenas a pletora e o tórax em tonel. Geralmente são magros, às vezes consumidos pela doença, apresentando dispneia do tipo expiratória (“sopradores”), mas sem sinais de cor pulmonale e hipoxemia significativa. A ausculta pulmonar revela apenas a diminuição acentuada do murmúrio vesicular, sem ruídos adventícios. Blue Bloaters: são os “inchados azuis”. Este é o estereótipo do bronquítico grave. Estes pacientes possuem um distúrbio mais grave da troca gasosa do que o enfisematoso puro, apresentando-se com hipoxemia significativa, manifesta como cianose (“azuis”). A hipoxemia leva ao cor pulmonale e, portanto, ao quadro de insuficiência ventricular direita e congestão sistêmica. Daí o corpo inchado (bloater). Esses pacientes frequentemente são obesos e apresentam a síndrome da apneia do sono. A ausculta pulmonar é rica em ruídos adventícios (sibilos, roncos, estertores). Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) | Larissa Gomes de Oliveira. 5 OBS: É importante ressaltar que a grande maioria dos pacientes com DPOC apresenta graus variados de bronquite obstrutiva crônica e enfisema, apresentando um quadro misto entre esses dois estereótipos! DIAGNÓSTICO No diagnóstico é observado a história clínica, a exposição compatível e a espirometria (VEF1/CVF < 0,70, quanto menor o valor, pior é o quadro), além disso, também há exames complementares que traz achados importantes. Com relação aos exames complementares, a respeito do hemograma, este pode revelar leucocitose. eritrocitose (com hematócrito > 55%) e pode indicar paciente com hipoxemia crônica. O tabagismo por si só pode estar associado à eritrocitose, porém a hipoxemia deve ser afastada como mecanismo causal. A hipoxemia é um estímulo importante para a produção de eritropoietina pelos rins, levando ao aumento da produção de hemácias na medula óssea. A gasometria arterial pode estar cronicamente alterada na DPOC, geralmente nos casos mais avançados de doença. O dado mais encontrado é a hipoxemia, que pode ser leve, moderada ou grave A hipercapnia com acidose respiratória crônica, marcada pelo aumento compensatório do bicarbonato ocorre em 30% dos pacientes com DPOC – são os casos mais avançados da doença. O pH não está muito distante da faixa normal, estando discretamente baixo. Mas, nos estados de descompensação, pode haver piora importante da hipoxemia e da hipercapnia, levando, eventualmente, à acidose respiratória agudizada. São indicações de solicitação de gasometria arterial: 1. A suspeita de hipoxemia/hipercapnia aguda (ex.: DPOC com descompensação grave) 2. A presença de (Volume expiratório forçado no primeiro segundo) VEF1 < 40% do previsto, mesmo fora do contexto de uma descompensação. 3. Sinais de insuficiência do ventrículo direito... No eletro devemos procurar as alterações do cor pulmonale, que são, na verdade, os sinais da sobrecarga cardíaca direita (é justamente o aumento do ventrículo direito secundário à pneumopatia, e isso provoca hipertensão arterial pulmonar, sucedida por insuficiência ventricular direita). Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) | Larissa Gomes de Oliveira. 6 Alguns dos achados que sugerem essa sobrecarga são: → Onda P alta e pontiaguda, medindo mais de 2,5 mm na amplitude e indica aumento atrial direito. → Desvio do eixo do QRS para a direita. → Graus variados de bloqueio de ramo direito. → Relação R/S maior que 1 em V1. Flutter, fibrilação atrial e taquicardia atrial multifocal são taquiarritmias comuns em pacientes com DPOC. Muitas destas arritmias melhoram apenas com a correção da hipoxemia, reposição eletrolítica (potássio e magnésio) e compensação do quadro respiratório. Ecocardiograma: indicado nos pacientes com clínica de insuficiência cardíaca direita, para avaliar hipertensão pulmonar e disfunção de ventrículo direito. O raio X só fica alterado nos casos mais avançados de DPOC, e tem uma sensibilidade de 50%. Os sinais clássicos da DPOC na radiografia são: 1. Retificação diafragmática; 2. Hiperinsuflação pulmonar (aumento do número de costelas visíveis. 3. Hipertransparência; 4. Aumento dos espaços intercostais 5. Redução do diâmetro cardíaco (“coração em gota”); 6. Aumento do espaço aéreo retroesternal no perfil; 7. Espessamento brônquico. Bolhas pulmonares também podem ser observadas. Na radiografia também devem ser procuradas complicações, como pneumonia, pneumotórax e tumor. E com relação a Prova de Função Pulmonar Este exame é necessário na avaliação de um paciente com (ou suspeita de) DPOC. E assim como na asma, é a espirometria que dará as informações mais importantes acerca do grau de obstrução das vias aéreas. As principais medidas que são avaliadas são o VEF1 e a relação VEF1/CVF (Índice de Tiffenau). O VEF1 (é o Volume expiratório forçado no primeiro segundo) e o CVF são manobras forçadas. O grau de obstrução é diretamente quantificado pelo VEF1, que deve ser acompanhado de forma seriada no portador de DPOC, pelo menos anualmente, pra avaliar a evolução da doença. E assim, quanto menor o VEF1, maior a chance de exacerbação e maior a mortalidade nos próximos anos. OBS: Quanto pior essa escala, mais grave é esse paciente e mais sintomático esse paciente vai ser, provavelmente. E é útil também na avaliação do risco cirúrgico (ele estima especificamente o risco de complicações respiratórias): se o VEF1 for menor que 1 L, a chance de complicações respiratórias após qualquer cirurgia é grande, sendo o risco “proibitivo” em se tratando de procedimentos que envolvam ressecções do parênquima pulmonar (ex.: pneumectomia). O FEF (Fluxo Expiratório Forçado Médio) é outro parâmetro que deve ser analisado, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) | Larissa Gomes de Oliveira.7 sendo o primeiro a se alterar na DPOC! Se trata do marcador mais sensível (e precoce) de obstrução das vias aéreas... Os volumes pulmonares estão caracteristicamente aumentados (volume residual, capacidade residual funcional e capacidade pulmonar total). O teste de difusão do monóxido de carbono, ao contrário da asma, está reduzido, especialmente quando há enfisema, ou seja, na presença de destruição do parênquima. E tem ainda a TC de tórsax é considerada atualmente o teste definitivo para o estabelecimento da presença ou não de enfisema nos pacientes DPOC, determinando ainda sua extensão e localização. Mas este exame influencia pouco nas decisões terapêuticas, em caso de cirurgia como forma terapêutica da DPOC (cirurgia de redução do volume pulmonar – neste caso, a TC orienta que porção do parênquima deve ser preferencialmente ressecada, mostra aquela região onde a presença de enfisema é mais importante). Existe uma escala, chamada de MRC modificada, que traz os graus de dispneia que o paciente pode ter. Essa escala visa facilitar o diagnóstico da dispneia do paciente. É uma escala que vai de 0 a 4 e vai graduar a dispneia do paciente. OBS: o exame físico do paciente pode estar normal, exceto em casos avançados, onde pode ser percebido sibilos, não tem crepitação, e pode ter hiperinsuflação com murmúrio diminuído difusamente na ausculta pulmonar do paciente. Essa classificação de dispneia é extremamente fundamental, porque é a partir dela que conseguimos juntar os sintomas e as exacerbações e classificar adequadamente o paciente no grupo A, B, C ou D, e a partir disso, o paciente é tratado. A interpretação da imagem é o seguinte: Avaliando na vertical, vai ser observado os sintomas: no quadrado A ou C, é aquele paciente que tem poucos sintomas, ou seja, ele tem o MRC de 0-1. E aquele paciente que cansa mais, com o MRC >/igual a 2, é B ou D. Avaliando de forma horizontal, vai ser avaliado o número de exacerbações com ou sem internações. É importante perguntar ao paciente sobre o número de exacerbações, por exemplo, se ele teve uma exacerbação, sem necessidade de internação, esse paciente ou ele é A ou B. Já o paciente que teve duas ou mais exacerbações, ou teve uma exacerbação grave onde o mesmo precisou ficar internado, ele é C ou D. OBS: se o paciente cansa para sair de casa (ele é MRC acima de 2), por isso, ele é B ou D. E para saber se ele é B ou D, é importante Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) | Larissa Gomes de Oliveira. 8 questionar ao paciente se ele precisou ir ao hospital, ficar internado, tomar antibiótico... Se caso ele disser que sim (que por exemplo ficou internado 3 vezes), ele é um paciente D. Se ele simplesmente cansar mas não foi internado, não teve exacerbação, ele é B. Resumindo, o que deve ser feito então é: se há a suspeita, faz a espirometria que é confirmada com o índice VEF1/CVF < 0,7, faz a escala de obstrução do fluxo aéreo observando o VEF1, e por ultimo classifica ele no quadrinho A, B, C, D. TRATAMENTO O objetivo terapêutico é: aliviar os sintomas, melhorar a tolerância aos exercícios (com reabilitação pulmonar) e melhorar o estado de saúde (tratar comorbidades). É importante também, prevenir a progressão da doença, prevenir e tratar exacerbações, reduzindo a mortalidade. O plano terapêutico possui medidas: não farmacológicas, farmacológicas e cirúrgico. • Nas medidas não farmacológicas: existem pontos como cessação do tabagismo, atividade física, reabilitação pulmonar. • No farmacológico, é importante lembrar de vacinar o paciente e se ele exacerbou, muitas vezes é importante usar ventilação não invasiva. OBS: na vacinação, é importante sempre lembrar de vacinação anual de influenza, de pneumocócica a cada 5 anos a depender da idade do paciente (diminui a chance de pneumonia e infecções virais). OBS: a reabilitação serve para quebrar o ciclo vicioso do paciente que fica cansado, para de fazer atividade física e piora o quadro com sarcopenia. OBS: é importante sempre solicitar gasometria arterial para os pacientes que tem oxigenação periférica menor que 92%, e quando o PaO2 for menor que 55 ou a saturação < 88%, esses pacientes precisam de oxigenoterapia de longa data porque isso reduz a mortalidade. Além disso, há um subgrupo que também se beneficia disso, que são pacientes que tem PaO2 entre 56- 59 mmHg + cor pulmonale (disfunção de câmeras direitas devido a hipoxemia) ou Policitemia. • No cirúrgico, é uma opção restrita não tão vista na pratica diária. TRATMENTO DE MANUTENÇÃO → Classe A: é aquele paciente que não exacerba e quem tem pouca dispneia (são pouco sintomáticos). Exacerbações 0-1/ano; MRC/CAT: 0-1/<10; baixo risco e pouco sintomático. Nesse caso, é utilizado broncodilatador de curta duração. E é preciso sempre ir reavaliando. Se o paciente não melhora da dispneia, pode ser colocado um outro broncodilatador. E se simplesmente o Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) | Larissa Gomes de Oliveira. 9 paciente não tem dispneia, a depender nem precisa ser tratado. → Classe B: esses pacientes são mais sintomáticos que o A, mas exacerbam pouco. Exacerbações 0-1/ano; MRC/CAT: 2- 4/maior igual a 10; baixo risco e muito sintomático. Nesse caso, é preciso dar broncodilatador, agora não mais de curta duração, mas sim de longa duração. Pode ser começado com o LABA ou LAMA, o LABA é o beta-agonista de longa duração, e o LAMA é o anti-muscarínico de longa duração. Se caso ele não melhorar da dispneia, pode ser feita uma combinação dessas duas drogas, potencializando o efeito de ambas. → Classe C: é aquele paciente que exacerba e tem pouca dispneia. Exacerbações maior ou igual a 2/ano; MRC/CAT: -/<10; alto risco e pouco sintomático. Nesse caso, precisa primeiramente dar o LAMA, porque o antimuscarinico de longa duração, ajuda a reduzir a exacerbação. Caso não dê certo, é associado o LABA com o LAMA ou se esse paciente tiver história de asma na infância, atopia, pode ser feito para ele LABA + corticoide inalatório (CL). → Classe D: é aquele mais grave que exacerba e tem muitos sintomas. Exacerbações maior ou igual a 2/ano; MRC/CAT: 2-4/maior igual a 10; alto risco e muito sintomático. Nesses casos, já começa com uma associação de LAMA + LABA (já começa com duas drogas broncodilatadoras, lembrando que o LAMA diminui a chance de exacerbação). Se o paciente melhora, ótimo. Se o paciente não melhora, já associa LABA + LAMA + corticoide inalatório (CL). E se o paciente continua exacerbando, tem a opção de associar Macrolídeo (ex: azitromicina 2ª, 4ª e 6ª) ou algum outro antibiótico como as quinolonas ou Roflumilaste, que é uma medicação que da muita diarreia, mas algumas pessoas se beneficiam desse medicamento.
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