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AULA 04 - IED PRIVADO II

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AULA 04 – INCIDÊNCIA
EXERCÍCIO INTRODUTÓRIO: 
Dois sujeitos realizaram um determinado ato jurídico ao qual nomearam como sendo o ato que tem por suporte fático hipotético os elementos A, B e C, que chamaremos aqui de ATO 01. Entretanto, em concreto, o que ocorreu foi a realização dos elementos A, B, C e D, que correspondem a outro ato, aqui denominado ATO 02. Levando em conta o acima exposto, qual foi o ato praticado pelos sujeitos? Justifique e exemplifique. 
R: Com base na situação anteriormente apresentada, conclui-se que a norma incidente e vinculada ao ato praticado pelos sujeitos foi a que discorre sobre o ATO 02 e cujo suporte fático engloba os elementos A, B, C e D. Nesse cenário, a aplicação da norma cujo suporte fático engloba os elementos A, B e C, tratando sobre o ATO 01, consistiu na aplicação de uma norma que não incidiu e, portanto, contra legem, estando sujeita à revisão. Ademais, vale ressaltar que a incidência é incondicional, uma vez que a norma incide sempre que o suporte fático se concretize, independentemente da vontade das partes. 
1. Conceito: 
De acordo com Marco Bernardes de Mello, a incidência é “o efeito da norma jurídica de transformar em fato jurídico a parte do seu suporte fáctico considerado relevante para ingressar no mundo jurídico”. Essa perspectiva parece ser pouco plausível, tendo em vista que restringe o conceito de incidência a uma única consequência: juridicização. 
Assim, pode-se dizer que incidência corresponde ao efeito de uma norma jurídica eficaz tendo-se concretizado o suporte fático, gerando consequências jurídicas relevantes. 
2. Características da incidência:
· Incondicionalidade: Há incidência sempre que o suporte fático se concretize, independentemente da vontade das partes. Isso vale, inclusive, para as normas não cogentes, devido à existência de duas incidências: a vinculada à regra geral e a vinculada à vontade das partes (caso a vontade das partes não se manifeste, incidirá a regra geral);
· Inesgotabilidade: A ocorrência da incidência não altera a capacidade da norma de incidir. Destarte, o evento pode se repetir diversas vezes que não se altera a capacidade da norma de incidir (ex: nascimento – como acontecem diversos nascimentos diários, a norma incide várias vezes). Entretanto, existem exceções, pois algumas normas apresentam suporte fático que somente incide uma única vez. 
3. Pressupostos para a ocorrência da incidência:
· A norma jurídica deve ser vigente, pois enquanto a norma jurídica não estiver apta a produzir os seus efeitos, não haverá incidência. Desse modo, durante o período de Vacatio legis (tempo entre a data de publicação e início da vigência da norma jurídica), a norma não incide e, portanto, não produz os seus efeitos, mesmo que o suporte fático seja preenchido em concreto;
· Ademais, necessita-se da concreção do suporte fático suficiente. Para uma norma jurídica incidir, o suporte fático deve ser preenchido em concreto na sua totalidade – salvo os casos de presunção, tais como o disposto no Art. 322 do Código Civil.
Art. 322 – CC: Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores. 
4. Consequências da incidência:
· Juridicização: A norma incide com o intuito de tornar algo jurídico. Por exemplo, quando se estabelece um contrato (negócio jurídico) de compra e venda, o qual impõe, no mundo dos fatos, direitos e deveres para os sujeitos envolvidos em tal relação; 
· Pré-exclusão de juridicidade: Denominamos pré-excludentes de juridicidade as normas jurídicas cuja incidência cria fato jurídico que tem a finalidade de impedir: que suporte fáctico que seria, normalmente, juridicizado em certo sentido, assim o seja; ou que certo fato venha a se tornar jurídico. O art. 188 do Código Civil traz as chamadas excludentes de ilicitude, tais como a legítima defesa. Se normalmente uma pessoa atira a outra e mata-a, o que iria incidir no Direito Civil corresponde ao art. 186 do Código Civil. Todavia, se a pessoa agiu em legítima defesa (a outra pessoa queria matá-la), o art. 188 do Código Civil incide e o ato não será considerado ilícito, ocorrendo, assim, uma pré-exclusão de juridicidade; 
Art. 186 – CC Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 188 – CC: Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido
· Invalidação: Capacidade da norma que incide de invalidar um ato jurídico (o ato jurídico é o fato jurídico que contém a vontade das partes em seu suporte fático), tornando deficiente o seu suporte fático. Para algo ser nulo ou anulável, esse algo tem que estar no mundo jurídico. O erro, o dolo, a coação, a fraude contra credores, o estado de perigo e a lesão constituem causas de anulação de atos jurídicos;
· Desjuridicização: Capacidade da norma incidente em retirar um fato jurídico do ordenamento jurídico, trazendo-o de volta ao mundo fático. Por exemplo: dois indivíduos resolvem desfazer um contrato e, nesse cenário, incide uma norma que vem a retirar esse contrato (algo que estava no mundo jurídico) do mundo jurídico;
· Deseficacização: Capacidade da norma incidente em retirar a eficácia já produzida por outro fato jurídico. É o que acontece com o fenômeno da caducidade.

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