Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) | Larissa Gomes de Oliveira. É um processo inflamatório agudo (em questão de horas a dias), está relacionado a infecções virais, bacterianas ou fúngicas. E é adquirida fora do hospital ou até 48 horas da admissão. EPIDEMIOLOGIA Cerca de 8% dos pacientes que internam com PAC, morrem durante a internação. Outro ponto importante é que esses pacientes custam ao SUS por internação, em torno de 1000 reais. E cerca de 630.352 pacientes são internados por ano. Dessas internações, metade não é pneumonia e sim outras etiologias. ETIOLOGIA O microrganismo causador mais comum em todas as faixas etárias, exceto em crianças pequenas, é o streptococo pneumoniae, na sequencia vem o mycoplasma pneomoniae, dps o clamídia pneomoniae. É importante conhecer o agente, para auxiliar no plano terapêutico. Além disso, a incidência vem aumentando a respeito das infecções virais, em que começa com infecções de vias aéreas superiores e depois evolui para pneumonia. O hemofilos influenza é um deles. A medida que o paciente fica mais grave e continua adquirindo a infecção na comunidade, os germes começam a mudar um pouco. Há o surgimento da Legionella SP, que é um dos atípicos dessa pneumonia. E conforme aumenta a gravidade desse paciente com PAC, surge além dos já citados, barcilos gran negativos (BGN) e staphilococos aureus. FISIOPATOLOGIA O primeiro mecanismo mais comum que leva a PAC, é a colonização da orofaringe, ou seja, a bactéria ou vírus chegam até essa região por microaspiração e gruda nas vias aéreas superiores. Depois disso, há o mecanismo de microaspiração de secreções o tempo todo. Com isso, ele chega até o parênquima pulmonar, as vezes ele consegue ser eliminado, e quando ele não é eliminado e atinge o parênquima, ele causa infecção DISBIOSE, que é a mudança dos agentes que estão dentro do pulmão. (o pulmão tem bactérias, fungos... que fazem parte da microbiota natural, e o que acontece na pneumonia é um desequilíbrio desses agentes). O outro mecanismo, é por macroaspiração, em que há falhas no reflexo de fechamento da glote e no reflexo da tosse (pode acontecer em pessoas alcoolizadas, por exemplo, em que essas acabam por vomitar e depois dormem, esse paciente tem uma lentificação no reflexo da glote e aspira grandes quantidades de conteúdo gastroesfagico para dentro do pulmão. Esses pacientes primeiro tem uma fase de pneumonite química, e depois pode evoluir ou não para uma pneumonia bacteriana). 2 Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) | Larissa Gomes de Oliveira. MECANISMOS DE DEFESA. Existe basicamente 4 mecanismos de defesa nesse processo. O primeiro é a divisão dicotômica, em que nossas vias aéreas são todas bifurcadas e se divide em 2, à medida que há essa divisão em 2, o microrganismo acaba sendo aglomerado nas “quinas” entre as bifurcações, e com isso, nosso aparelho mucociliar faz a limpeza desses microrganismos acumulados ali. E há também os mecanismos imunológicos próprios da via aérea, que produz imunoglobulinas e ajudam a combater esse processo infeccioso. Além disso, o reflexo da tosse e espirro também é um mecanismo de defesa, em que o ato de tossir e espirrar ajuda na eliminação de partículas infecciosas. QUADRO CLÍNICO O achado mais comum é tosse, na sequencia vem falta de ar (dispneia devido ao preenchimento alveolar com liquido, que acaba alterando o sistema de ventilação e perfusão), febre, dor torácica particularmente quando esse paciente tem derrame pleural. OBS: Nos extremos de idade (pessoas em que o sistema imunológico ou não está maduro ou já está envelhecendo) o quadro pneumônico pode ser muito diferente. Os idosos, por exemplo, podem evoluir sem febre e o que acontece e que ajuda no diagnóstico é que ele fica alterado e meio confuso, com mudanças comportamentais, principalmente no final do dia. E a depender do agente etiológico e da idade, o paciente pode cursar com dor abdominal, com quadros de diarreia (muito comum na legionella). Além disso, no ponto de vista semiológico, pode ser encontrado alguns sinais, tais como: ▪ Na palpação o Frêmito toracovocal (FTV) pode estar aumentado, podendo indicar consolidação. ▪ Na percussão pode ser percebido a presença de macicez ou sub- macicez. ▪ Na ausculta pode ser percebido murmúrio vesicular (MV) diminuídos, particularmente naquele paciente que tem derrame pleural. Pode ser percebido crepitações (o mais comum) ou estertores. Pode também ter o sopro tubário que é aquele som próximo de vias aéreas centrais (como a traqueia), mas o medico está auscultando é a periferia do pulmão. Outro achado comum é a broncofonia (quando o medico pede para o paciente falar 33 e na ausculta ele escuta exatamente o paciente falando o 33. Isso não é o normal e é chamado de broncofonia. O normal seria ao paciente falar 33, o medico escutar na ausculta um som abafado). Comum em pacientes com consolidação. Além disso, pode ser percebido egofonia, o paciente durante a ausculta ao falar i, o medico escuta E, uma voz um pouco caprina, importante no derrame pleural e na consolidação da pneumonia. E pode ser percebido também a pectoriloquia afônica, em que o paciente sussurra 33, e o medico escuta na ausculta, claramente o 33 (isso ocorre pelo mesmo mecanismo da broncofonia, o correto seria o medico escutar um som abafado e não claro). Sinal de consolidação. 3 Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) | Larissa Gomes de Oliveira. QUADRO CLÍNICO TÍPICO E ATÍPICO. O quadro clínico clássico da pneumonia comunitária “típica” é representado pela pneumonia pneumocócica. A doença se apresenta de forma hiperaguda (2-3 dias), com uma história de calafrios com tremores, seguidos de febre alta (39-40 o C), dor torácica pleurítica e tosse produtiva com expectoração purulenta (esverdeada). O exame físico pode revelar prostração, taquipneia (FR > 24 ipm), taquicardia (FC > 100 bpm) e hipertermia (Tax > 38o C). Os achados positivos no exame do aparelho respiratório podem variar desde simples estertores inspiratórios até uma síndrome de consolidação e de derrame pleural. ▪ Síndrome de consolidação: é caracterizada pela presença do som bronquial (“sopro tubário”), aumento do frêmito toracovocal, submacicez, broncofonia. ▪ Síndrome do derrame pleural: é identificada pela supressão do murmúrio vesicular e do frêmito toracovocal, submacicez e egofonia. Os exames laboratoriais inespecíficos geralmente revelam uma leucocitose neutrofílica entre 15.000-35.000/mm3, com desvio para esquerda (que pode ta indicando um processo infeccioso agudo ali). A ativação dos neutrófilos pode ser notada na hematoscopia pela presença de granulações grosseiras no citoplasma e/ou corpúsculos de Dohle. O hematócrito, os índices de hemacias e de plaquetas costumam estar normais no início do quadro. A leucopenia pode ocorrer e é considerada um importante sinal de mau prognóstico. A bioquímica na maioria das vezes está normal, mas pode mostrar hiponatremia leve a moderada em alguns casos (que é a diminuição do índice de sódio no sangue). A hiponatremia grave e a elevação das enzimas hepáticas são mais comuns na pneumonia por Legionella pneumophila. A gasometria arterial depende da gravidade e extensão da pneumonia e da reserva cardiopulmonar prévia do paciente. Os achados mais frequentes são a hipoxemia e a alcalose respiratória. O encontro de hipoxemia grave (PaO2 < 60 mmHg), acidose metabólica ou respiratória são importantes sinais de mau prognóstico. O quadro clínico atípico de pneumonia se parece com uma virose respiratória prolongada. O principal agente é o Mycoplasma pneumoniae, incidindo geralmente numa faixa etária jovem, acima dos cinco anose abaixo dos quarenta anos de idade. Ao contrário da pneumonia bacteriana “típica”, a instalação é subaguda (tempo de início médio dos sintomas = 10 dias), abrindo com sintomas gerais de uma “síndrome gripal”: dor de garganta; mal- estar; mialgia; cefaleia; tosse seca; febre entre 38- 39o C. A tosse costuma piorar após a primeira semana, passando a ser o principal sintoma; às vezes persiste por várias semanas. Costuma ser uma tosse seca, que atrapalha o sono do paciente, mas também pode mostrar-se produtiva. Neste caso, a expectoração geralmente é branca, mas em 30-50% dos casos é descrita como purulenta. O laboratório só mostra leucocitose neutrofílica em 20% dos casos, o que difere da pneumonia bacteriana “típica” que tem leucocitose com desvio para esquerda, é a regra. 4 Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) | Larissa Gomes de Oliveira. A pneumonia por Chlamydia pneumoniae se manifesta de forma muito semelhante à pneumonia por micoplasma, porém predomina numa faixa etária mais velha, geralmente entre 65-80 anos. É o segundo agente mais comum de pneumonia “atípica”. Embora a pneumonia por Legionella pneumophila (legionelose) seja considerada uma causa de pneumonia “atípica”, o motivo certamente não é o quadro clínico semelhante à pneumonia por micoplasma e clamídia, mas sim o fato de esta bactéria não ser identificada com facilidade no Gram de escarro, não crescer em cultura para germes comuns e não responder aos antibióticos betalactâmicos. Na verdade, a legionelose é uma doença bastante grave, muito mais do que a infecção pneumocócica, e de início agudo, com febre alta e evolução para grandes áreas de condensação pulmonar de pneumonia lobar DIAGNÓSTICO O diagnóstico é feito com o quadro clinico compatível e alteração radiológica de tórax. É importante saber identificar as regiões anatômicas na radiografia, para saber o lado e qual o lobo que a pneumonia está ocorrendo. Diagnóstico com raio X de tórax. Esse paciente tem uma alteração de transparência no lobo inferior direito. Diagnostico com tomografia. Na tomografia fica claro de ver uma área branca de consolidação. Se houver duvida no raio X, pede a tomografia. → Exames complementares: o Exame de escarro, todo paciente que interna com problemas respiratorios no hospital é importante que seja feito o exame de escarro, porque as vezes quando é encontrado uma consolidação no lobo superior e o paciente diz que tem uns 10 dias de evolução, acende um alerta para tuberculose. 5 Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) | Larissa Gomes de Oliveira. o Hemocultura, para observar se há presença de microrganismo na corrente sanguínea. o Aspirado e lavado broncoalveolar. Se o paciente entra em insuficiência respiratória, é importante que seja feito. o Testes sorológicos, para definir a etiologia da infecção. o Antígenos urinários, em que hoje, há disponível para detecção do penumococo e da legionella. o Métodos moleculares, que foram métodos importantes para a detecção de vírus como etiologia. ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO Existe o CURB 65, desenvolvido na Inglaterra e também utilizado no Brasil, em que se o paciente tiver algum desses sinais, pontua 1 ponto: C: Confusão mental U: ureia maior que 50 R: se a frequência respiratória tiver maior que 30 ipm. B: Baixa pressão. Com a sistólica menor que 90, e a diastólica menor que 60. 65: se a idade for maior que 65 anos, também pontua. Os pacientes que não tem nenhum desses critérios, tem uma doença menos grave. Os que tem todos esses sinais, tem uma doença mais grave. CONDUTA Para saber qual melhor conduta tomar, é importante aplicar a ferramenta de estratificação. Se o CURBS-65 for menor que 2, ele pode ser tratado em casa mesmo e retorna depois para avaliação. Já aquele paciente que tem o CURBS65 de 3, ele precisa ser internado em enfermaria, nem que seja uma internação curta. Já o paciente que tem o CURB65 > 3, ele precisa ir para UTI porque a chance de óbito é maior se não tratado corretamente. Essa estratificação ajuda a conduta e escolha correta do tratamento. TRATAMENTO → O paciente que tem CURB-65 de 3 pra cima, que está internado, se tratado na enfermaria, é usado um macrolídeo + beta-lactâmico ou quinolona respiratória. → O paciente que tem o CURB-65 mais alto e foi para UTI, é usado beta- lactâmico + macrolídeo ou beta- lactâmicos + quinolona. Pacientes que tem risco para pseudomonas, que adoram pulmão já com problemas como DPOC, sequelas de tuberculose... nesses casos, é importante associar beta-lactâmicos + quinolonas. → No caso de ambulatorial, se o paciente for hígido e não tiver comorbidades, é usado macrolídeo ou da um beta-lactâmico. → No caso de nível ambulatorial, mas que o paciente tem comorbidades, o indicado é o uso de macrolídeo + beta-lactâmico e uma outra alternativa é a quinolona respiratória. OBS: Algumas das prevenções são: deixar de fumar, beber socialmente, ter uma alimentação saudável com um ideal IMC, além de evitar muito contato com criança (é preciso vacinar a criança e o adulto), fazer uma boa higienização oral, e, ter vacinação completa (influenza/pneumococo). 6 Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) | Larissa Gomes de Oliveira.
Compartilhar