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Laísa Dinelli Schiaveto Prescrições Médicas e RDC 344 INTRODUÇÃO O diagnóstico e a prescrição de medicamentos são atos de competência exclusiva do médico, cirurgião-dentista e veterinário, nos casos restritos às respectivas especialidades. No âmbito da medicina, o ato do profissional médico está disciplinado na Resolução CFM nº 1.627/2001. PRESCRITORES • Médicos • Cirurgiões-Dentistas • Enfermeiros (apenas nas equipes de saúde e segundo protocolos) • Farmacêuticos (apenas os medicamentos isentos de prescrição ou tarjados com diagnostico e protocolo prévio) • Médicos-Veterinários (apenas para uso em animais) • Nutricionistas (apenas suplementos e fitoterápicos) COMPONENTES DE UMA PRESCRIÇÃO NA TEORIA: 1. Nome e endereço do profissional prescritor ou da instituição onde trabalha; 2. Nome, idade e endereço residencial completo do paciente; 3. Nome genérico do medicamento, via de administração, dosagem, quantidade total a ser fornecida, forma farmacêutica e apresentação do medicamento; 4. Posologia e duração total do tratamento. 5. Data, assinatura do profissional, carimbo constando o nº no Conselho Regional de Classe; 6. Peso e altura do paciente; 7. Orientações de repouso, dietas, possíveis reações adversas ou informações referentes ao tratamento. NA PRÁTICA: 1. Data, nome e hospital/UBS/centro médico; 2. Nome do medicamento; 3. Dosa do medicamento; 4. Horário e/ou intervalo das doses; 5. Via de administração do medicamento; 6. Assinatura e carimbo contendo o Registro no Conselho do médico. Obs.: O art. 35 da Lei 5.991/73 determina que o receituário possua data, assinatura do profissional, endereço do consultório ou estabelecimento e o número de inscrição no Conselho. Dessa forma, conclui-se que não há exigência legal do carimbo médio em receituário, apenas da assinatura com identificação clara do nome e respectivo nº do CRM. Porém, as notificações de receitas de medicamentos controlados deverão ser carimbadas. TIPOS DE PRESCRIÇÃO MÉDICA Prescrição Padrão: Contém o quanto de medicamento o paciente deve receber e por quanto, podendo permanecer em efeito por tempo indefinido ou por período especificado. Prescrição Única: Deve conter a prescrição de um medicamento que o paciente deve usar apenas uma vez. Prescrição Imediata: Deve conter a prescrição de um medicamento o qual o paciente deve receber imediatamente, em geral usada em problemas urgentes. Prescrição Permanente: Contém a prescrição médica de forma permanente. Essas são elaboradas e executadas por equipes de uma determinada instituição de saúde, sendo bem difundidas como protocolos atualmente. Prescrição Verbal e Telefônica: Não é o tipo de prescrição médica ideal e, por isso, deve ser evitada, uma vez que traz riscos iminentes de erros. No entanto, pode ocorrer em situações de Laísa Dinelli Schiaveto urgência, devendo ser transcrita pelo médico o quanto antes. Prescrição Ambulatorial: Receita simples. Prescrição Hospitalar: Trata-se de um documento com todas as condutas que o médico deve passar para um paciente, com exceção de solicitações de exames, a partir do momento em que ele é internado ou mesmo em observação por um curto período em um hospital. PRESCRIÇÃO HOSPITALAR A Prescrição Médica Hospitalar, como já dito, é um documento onde vai ficar registrado tudo o que foi feito com determinado paciente, seguindo uma ordem específica (roteiro padrão) e, consequentemente, guiando todo o cuidado do paciente. Assim, facilita a sistematização do raciocínio, diminuindo a chance de esquecimento dos itens e simplificando o trabalho da equipe multidisciplinar. Após sua realização, uma via é entregue a farmácia e outra para a enfermagem, além dos outros profissionais envolvidos com o caso em questão, como nutricionistas e fisioterapeutas. COMPONENTE A Espaço destinado ao preenchimento de dados específicos do paciente: nome completo, unidade de atendimento em que se encontra (setor), leito, nº de registro do prontuário, e data/hora da admissão da ficha no hospital. COMPONENTE B Espaço reservado para o preenchimento das condutas/esquema terapêutico, o qual segue uma determinada sequência. Seta Horizontal (®): Características mais importantes para cada item prescrito = Droga, Dose, Via de Administração e Intervalo. Seta Vertical (¯): Ordem dos medicamentos com base em sua administração = Dieta, Endovenoso, Via Oral e Outras Vias (D.E.V.O.). 1. Repouso e Dieta: A prescrição deve ser iniciada no repouso e na dieta justamente por conta de sua complexidade. - A dieta pode variar quanto a sua via de administração (enteral, parenteral ou oral), quanto a sua apresentação (branda, pastosa, líquida, normal, etc), na composição (hipercalórica, isenta de lactose, livre, etc) e no fracionamento. 2. Oxigenoterapia: Apenas quando necessário. 3. Medicações: Medições por via endovenosa (EV), por via oral (VO) e por outras vias. Destaca- se que, em relação às medicações EV, o soro (hidratação) geralmente é o primeiro. Deve conter: nome do medicamento (preferencialmente genérico) e sua forma de apresentação, atentando-se às medicações que o paciente começará a tomar (agudas) e às que ele já faz uso (prévias); posologia (dose); via de administração; intervalo entre as doses e o tempo de infusão. 4. Controles Gerais e Específicos: - Monitorização dos dados vitais de 6/6 hrs; - Controle glicêmico, balanço hídrico (diurese), fisioterapia respiratória e motora, estímulo oral (fonoaudiologia); Laísa Dinelli Schiaveto - Profilaxia para tromboembolismo (deambulação, meias de compressão e medicamento); - Prevenção de úlceras (mudança de decúbito ou uso de medicamentos) - Atiemético/laxante. 5. Alergias: É de suma importância registrar na prescrição todas as alergias relatadas pelo paciente. Ainda, neste componente, tem-se um espaço destinado a anotações da enfermagem: a evolução. Essas anotações indicam se o medicamento foi feito ou não, em qual horário foi administrado e se houve alguma intercorrência durante a administração. COMPONENTE C Espaço reservado para assinatura do médico e identificação legível do médico responsável, devendo ser carimbado. PONTOS IMPORTANTES SOBRE AS PRESCRIÇÕES • Evitar abreviaturas, rasuras e indicações “se necessário”; • Termo “uso contínuo” possibilita o recebimento de maior quantidade de medicamentos, principalmente HAS e diabetes mellitus; • Inclusão do propósito da prescrição pode evitar erros de dispensação e ajudar os pacientes na organização e compreensão da finalidade de seus medicamentos; • Inclusão do peso do paciente pode ser útil para evitar erros de cálculo da dose, principalmente em crianças; • Instrução “tomar conforme orientação” é inadequada; • Para VO = “tomar” ou “administrar”; para medicamentos tópicos = “aplicar”; para supositórios = “inserir”; para soluções oculares, otológicas ou nasais = “colocar”; • Medicações devem ser prescritas com o nome da sua forma genérica; caso queira, o médico poderá colocar entre parênteses, os nomes sugeridos de marca. TARJAS DE MEDICAMENTOS Sem Tarja: Medicamentos isentos de prescrição médica, venda livre. Tarja Vermelha (Sem Retenção de Receita): Medicamentos que necessitam de prescrição médica, porém não há retenção de receita. Possui efeitos adversos mais significativos. Tarja Vermelha (Com Retenção de Receita): Medicamentos que necessitam de prescrição médica, podendo apenas ser vendido com retenção de receita. Possui efeitos adversos mais significativos. Tarja Preta: Medicamentos que necessitam de prescrição médica, podendo apenas ser vendido com retenção de receita. Possui efeitos adversos no SNC, são psicoativose podem desenvolver dependência ou potencial de abuso. Tarja Amarela: Medicamentos genéricos, devendo conter a inscrição G e Medicamento Genérico escritos em azul. RDC 344 A Portaria 344 de 12 de maio de 1998 da Secretária de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde é a principal legislação nacional sobre o comercio de medicamentos sujeitos a controle especial. Nela, as substâncias estão distribuídas em listas que determinam a forma como devem ser prescritas e dispensadas. Já, o controle de medicamentos à base de substâncias classificadas como antimicrobianos, de uso sob prescrição, isoladas ou em associação, é regulamentado pela Resolução da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), RDC nº 20, de 9 de maio de 2011. Denominação Comum Brasileira (DCB): É a denominação do fármaco ou princípio Laísa Dinelli Schiaveto farmacologicamente ativo aprovada pelo órgão federal responsável pela vigilância sanitária. Atualmente, inclui também a denominação de insumos inativos, soros hiperimunes e vacinas, radiofármacos, plantas medicinais, substâncias homeopáticas e biológicas. Denominação Comum Internacional (DCI): É a denominação do fármaco ou princípio farmacologicamente ativo, de acordo com a OMS, que identifica a substância por um nome genérico, de uso público e reconhecimento global. A finalidade é conseguir uma boa identificação de cada fármaco no âmbito mundial. NOTIFICAÇÃO DE RECEITA TIPO A Para cadastro inicial, o médico deve-se dirigir à Vigilância Sanitária das Secretarias Municipais ou Regionais da Saúde para preencher a ficha cadastral com seus dados e carimbo. NOTIFICAÇÃO DE RECEITA TIPO B Para obter esse receituário, o profissional deve estar devidamente cadastrado e autorizado pela Vigilância Sanitária Regional ou Municipal. Obs.: Tanto o receituário tipo A, como o tipo B, são notificações de emissão de prescrição para medicamentos específicos. Portanto, devem ser acompanhadas por um receituário simples, uma vez que a via de notificação fica retida na farmácia e a via simples fica com o paciente, para comprovação de uso daquela medicação. Obs.: Durante uma emergência, a prescrição pode ser feita em receituário comum, devendo conter o diagnostico/CID e a justificativa do caráter emergencial do atendimento. RECEITA DE CONTROLE ESPECIAL Laísa Dinelli Schiaveto NOTIFICAÇÃO DE RECEITA ESPECIAL DE RETINOIDES NOTIFICAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS ANTI-RETROVIRAIS NOTIFICAÇÃO DE RECEITA ESPECIAL DE TALIDOMIDA RECEITUÁRIO EM ÉPOCA DE COVID-19 Devido ao período de pandemia, a ANVISA, através da Resolução – RDC nº 357, resolveu estender a quantidade máxima, que podem ser adquiridas por cada receituário e permitir a entrega em domicílio de medicamentos sujeitos a controle especial, mantendo a regra de retenção de uma via.
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