Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Kamilla Galiza / APG Objetivos 1. Identificar a etiologia e os fatores de risco das hepatites virais. 2. Compreender a fisiopatologia das HV 3. Destacar as manifestações clinicas e as complicações das HV 4. Relatar os diagnósticos e as condutas terapêuticas das HV. Introdução Embora vários microrganismos – vírus, bactérias e protozoários – possam causar inflamação hepática, rigorosamente a expressão “hepatites virais” indica a inflamação do fígado resultante do processo infeccioso cujos agentes etiológicos são vírus hepatotrópicos designados pelas letras A, B, C, D e E que, apesar de existirem semelhanças clínicas entre eles, diferem nos aspectos epidemiológicos e terapêuticos. Fundamentalmente, todos eles são capazes de produzir lesão no fígado (alterações degenerativas nos hepatócitos e a consequente reação inflamatória mesenquimal), ao mesmo tempo em que podem determinar comprometimento sistémico eventual. Podem ainda ser responsáveis por quadros evolutivos agudos benignos ou graves, crônicos com prognóstico variável e alguns até possuidores de poder carcinogênico no órgão-alvo. Considerações gerais A hepatite é, portanto, um processo inflamatório do fígado com necrose dos hepatócitos, podendo ser causada por agentes infecciosos, substâncias tóxicas, drogas, etc. Dentre os principais agentes etiológicos, destacamos os vírus HAV, HBV, HCV, D, HEV, G, TTV e SEN-V, além de outros (citomegalovírus, Epstein Barr, Herpes simplex, etc.). Os mais importantes tipos de hepatites virais são A, B, C, D e E. Cada um apresenta características clínicas particulares, como por exemplo, a forma de transmissão e a progressão da doença. As hepatites A e E são transmitidas por via fecal-oral, através da água e alimentos contaminados. As hepatites B, C e D, diferentemente das anteriores, são caracterizadas por apresentarem um quadro mais crônico e por serem transmitidas pela via sexual e parenteral. O quadro clássico de basicamente todas as hepatites são a icterícia e a colúria (urina escura). As principais pistas para se obter o diagnóstico das hepatites são: • Pródromos: anorexia, náuseas, vômitos, mal- estar, sintomas de infecção de vias aéreas superiores (IVAS), aversão a cigarros; • Febre, fígado sensível, icterícia; • Leucócitos normais ou diminuídos, provas de função hepática alteradas; • Biópsia hepática mostra necrose hepatocelular e infiltrado mononuclear. Hepatite A O agente etiológico da hepatite A é o vírus da hepatite A (HAV), do tipo RNA e da família Picornaviridae, medindo entre 27 a 30 nm sem envelope. O homem é o principal reservatório da doença, sendo sua eliminação realizada pelas fezes. O HAV possui grande estabilidade, sendo dotado das seguintes características: • Resiste ao aquecimento de 60ºC por 60 minutos; • Resiste a variações do pH e da umidade relativa do ar; • Inativado por aquecimento a 100º C por 1 minuto; hepatites hepatites virais Kamilla Galiza / APG • Sua infectividade não se altera em temperaturas baixas (-70º C); • Inativado em água clorada (1mg/l) durante 30 minutos. Meios de transmissão O HAV apresenta os seguintes modos de transmissão: • Fecal-oral (eliminação pelas fezes e ingestão de água e alimentos contaminados); • Sexual (homossexuais); • Más condições de higiene; • Consumo de ostras cruas. Patogenia Os seguintes mecanismos auxiliam na patogenia do HAV: o vírus apresenta resistência ao pH ácido; apresenta capacidade de replicação no trato digestivo; os picos de viremia e eliminação viral nas fezes ocorrem antes do desenvolvimento dos sintomas, o que facilita a disseminação da doença. A infecção pelo HAV começa após sua ingestão com alimentos e/ou água contaminados (transmissão fecal-oral) e segue um possível ciclo entero-hepático do HAV. Após ser ingerido, o vírus resiste ao pH ácido do estômago e chega ao epitélio intestinal, onde é absorvido e ganha a circulação mesentérica, alcançando o fígado pelo sistema porta. Ao parasitar os hepatócitos, o vírus pode ser secretado junto à bile para o intestino, onde sofrerá excreção nas fezes ou será reabsorvido, dando continuidade ao ciclo entero- hepático. Parasita preferencialmente os hepatócitos, onde sua replicação é observada; a viremia acompanha-se de eliminação fecal do vírus. O vírus penetra nas células do hospedeiro por interação de receptores e de provável endocitose, adentra no citoplasma perdendo seu capsídeo, libera o RNA e passa a funcionar como RNA mensageiro na síntese de seus constituintes (processo de replicação). O vírus promove, portanto, uma disseminação para o fígado, causando: Infiltração de células linfóides; necrose das células do parênquima hepático; Proliferação das células de Kupffer. Estes três fenômenos caracterizam a agressão ao fígado. Contudo, na hepatite A, este processo é reversível em 99% dos casos (apenas 1% pode evoluir para a forma fulminante da doença, que é a insuficiência hepática aguda fulminante). As manifestações clínicas decorrem de mecanismos de imunidade celular, que leva à destruição de hepatócitos infectados pelo HAV. Obs.: O HAV, além das fezes, pode estar presente no soro e na saliva, em menor quantidade. Na urina, sua concentração é mínima e, praticamente, desprezível. Quadro clinico A infecção pelo HAV é de evolução limitada, sem cronificar, mas podendo prolongar-se por mais de seis meses em situações inusitadas (hepatite A prolongada), mormente quando acomete adultos. Não se pode esquecer, contudo, da possibilidade de cursar com gravidade extrema, talvez em 1% dos doentes, crianças ou adultos (é a chamada forma fulminante da hepatite A) e ter prognóstico sombrio. As principais características clínicas da hepatite A são: • Período de incubação: 28 dias (maior infectividade da doença, quando há excreção máxima dos vírus pelas fezes); • Sintomas iniciais: febre baixa, náuseas, vômitos, fadiga e anorexia (duração de 5 a 7 dias); • Forma clássica: colúria, icterícia, hipo ou acolia fecal. Cerca de 70% das crianças (geralmente pequenas, entre 0 e 8 anos) se mostram doença oligoassintomática anictérica, sendo geralmente confundida com um quadro efêmero de virose banal – inclusive estados gripais. A hepatite A é uma doença benigna, de curta duração, que não evolui para cronicidade e raramente é fatal (a taxa de mortalidade da hepatite A Ä menor que 0,1% e geralmente relacionada com a forma fulminante). As outras formas de evolução clínica da hepatite A são: • Colestática: mais observada em adultos, com duração que pode ultrapassar três meses e tem características semelhantes às obstruções Kamilla Galiza / APG biliares (icterícia intensa, colúria evidente, hipocolia ou acolia fecal etc.). • Recidivante (recorrente): após recuperação clinicolaboratorial, alguns pacientes apresentam recaída da doença. Geralmente é acompanhada de artrite e vasculite. • Fulminante: embora rara, pode acometer crianças e adultos. Sua marca fundamental é o rápido progresso para insuficiência hepática decorrente de necrose importante e extensa dos hepatócitos. Pode, contudo, evoluir para cura. • Prolongada: a hepatite não tem tendência a cronificar, mas na forma prologada, as transaminases podem permanecer alteradas por mais de 6 meses. • Hepatite auto-imune. • Púrpura, aplasia medular. • Insuficiência Renal Aguda Diagnostico laboratorial A ajuda laboratorial para o diagnóstico de hepatite A, assim como nas demais formas de hepatite, conta com alguns exames inespecíficos, mas que podem ser valiosos, principalmente quando há evidências clínicas do quadro infeccioso viral e do comprometimento hepatocitário. Desta forma, temos: • Hemograma: leucograma normal ou leucopenia com linfocitose (podendo haver atipia), o que estaria compatível com virose. Contudo, vale lembrara possibilidade de leucocitose com neutrofilia, nos casos de lesão hepática mais extensa, como as observadas na hepatite fulminante. • Aminotransferases (AST/TGO e ALT/TGP): servem como marcadores que, quando aumentados, traduzem lesão do parênquima hepático. Valores de 300 até mais de 1000 unidades são habituais na hepatite A (pelo menos 10 vezes maiores que os valores normais). Desta forma, temos: - ALT > AST (formas benignas); - AST > ALT (maior dano celular e necrose); - Forma fulminante: queda rápida dos níveis de AST e ALT. • Tempo e atividade da protrombina (TAP) e albumina: responsáveis por verificar a função hepática. As alterações da TAP podem ser encontradas na forma colestática e na insuficiência hepática grave por hepatite A fulminante. • Fosfatase alcalina e Gama GT: são enzimas que, quando aumentadas, indicam lesão de via biliar e servem, portanto, para o diagnóstico diferencial com coledocolitíase. • Bilirrubinas: aumentadas às custas da bilirrubina direta. • Anti-HAV: serve como meio diagnóstico específico. A pesquisa de anticorpos antivírus A da classe IgM (anti-HAV IgM) pela técnica imunoenzimática (ELISA) é a rotina diagnóstica na prática médica diária. Aparece no período inicial da infecção, indicando infecção aguda, permanecendo por meses (quatro a oito), para declinar em seguida. Os anticorpos anti-A da classe G (antiHAV IgG) também surgem no período de estado da doença, mas persistem com títulos elevados, constituindo-se na evidência de imunidade permanente conferida pela doença. Obs.: Os indivíduos vacinados contra o vírus A e os que tiverem infecção natural deverão apresentar anti-HAV IgG indefinidamente. Tratamento Persistentemente, não existe fármaco eficaz e seguro que possa ser prescrito contra o HAV. Portanto, o tratamento deve ter, como base, as seguintes medidas: • Sintomático; • Repouso e dieta; • Corticosteróides (uso controverso e excepcional); • Colestiramina (prurido); Kamilla Galiza / APG • Internação em caso de DHE, prostração e/ou presença de complicações. Profilaxia • Medidas Gerais: - Saneamento básico; - Higiene pessoal adequada; - Consumo da água e alimentos tratados. • Imunização Passiva: - Imunoglobulina – proteção por 2 a 6 meses; - Indicações: nos casos de surtos em localidades com frequência alta de visitantes, como asilos e creches. • Imunização Ativa: disponível apenas em clínicas privadas e em Centros de Referência Imunobiológica, fornecendo-a para pacientes imunodeprimidos, nefropatas crônicos, esplenectomizados, etc. Entretanto, a vacina não está disponível na rede pública. - HAVRIX e VAQTA para maiores de 2 anos – 2 doses; - TWINRIX vacina combinada A e B 0, 1 e 6 meses. Critérios de cura • Remissão completa dos sintomas; • Desaparecimento total da icterícia; • Normalização das Bilirrubinas e provas de síntese hepática (TP e eletroforese de proteínas); • Normalização dos níveis de transaminases. Hepatite B A hepatite B tem os seguintes termos como sinonímia: hepatite por soro-homólogo; hepatite sérica; Hepatite MS2; Hepatite SH; Hepatite de inoculação. Em resumo, a hepatite B, diferentemente da hepatite A, é uma doença sexualmente transmissível que cronifica. Geralmente, o paciente é portador assintomático (apresenta um período de incubação mais longo que o da hepatite A) e passa a transmitir o vírus indeterminadamente. O vírus da hepatite B (HBV) faz parte da família Hepadnaviridae, gênero Orthohepadnavirus, possuindo DNA de fita parcialmente dupla. No indivúduo infectado, o HBV pode apresentar-se de três formas diferentes: partículas esféricas completas (infectantes) com aproximadamente 42nm de diâmetro, chamadas de partícula de Dane ou vírion B; partículas esféricas incompletas (não- infectantes); e partículas filamentosas incompletas (também não-infectantes). As duas últimas são compostas pelo antígeno de superfície da hepatite B (HBsAg), que no vírion corresponde ao envelope externo protéico do vírus. Portanto, podemos destacar as seguintes estruturas do HBV: • Antígeno de superfície (HBsAg) com seu envoltório lipídico: são partículas não- infecciosas que são produzidas em grande quantidade durante a infecção. • Partículas de Dane (vírion): são estruturas esféricas com 42nm de diâmetro. Constituem o vírus completo, o que inclui o HBsAg e o HBcAg. Além destes, a partícula de Dane apresenta o ácido nucléico viral (DNA-VHB) e o HBeAg. Em resumo, temos: - DNA-VHB e HBsAG: indicam a presença do vírus (e, portanto, a infecção pelo agente etiológico). - HBcAg: este consiste na proteína interna do core, que induz a formação de anticorpos específicos: antiHBcAg. Ele não é secretado e dificilmente detectado no sangue, mas é encontrado nos hepatócitos pela técnica de imunoperoxidase nas formas aguda e crônica. Sua importância está na formação do antiHBc- IgM (indicando infecção aguda) e do anti- HBc-IgG (indicando infecção crônica), ambos dosados no sangue. - HBeAg: está presente na parte central do vírus e é comumente secretado (está presente no sangue). Sua dosagem associa-se ë replicação e infectividade. Também induz ë formação de anticorpos específicos (anti- HBeAg) que, quando presente, indica a parada da replicação viral. Kamilla Galiza / APG Obs.: As concentrações do HBV são altas no sangue e no soro e/ou moderadas no sêmen, secreção vaginal e saliva, o que prova a transmissão por via sexual e por acidentes com perfuro- cortantes deste vírus. Ele pode ser detectível também na urina, nas fezes, no suor, lágrimas, leite materno. Patogenia O HBV promove a infecção em duas fases distintas: (1) a fase imunotolerante e (2) a fase imunoativa. A fase imunotolerante é caracterizada pela normalidade das transaminases e bilirrubinas, além da ausência de sintomas e da replicação viral. A fase imunoativa, por sua vez, caracteriza-se pela presença de uma resposta imunológica do hospedeiro. Este período pode durar por 6 meses, o que caracteriza a cronificação do quadro. Estima- se que 90 a 95% dos pacientes com hepatite B evoluem para a cura (diferentemente da hepatite C, em que 90% dos pacientes cronificam), enquanto que 5 a 10% evoluem para a cronicidade. A história natural da infecção pelo vírus B é um processo dinâmico de fases replicativa e não- replicativa, resultando da interação parasita x hospedeiro, verificada em todos os indivíduos infectados. Em geral, considera-se que as presenças de HBsAg, do HbeAg e do DNA do HBV em altos títulos séricos identificam uma fase imunotolerante, em que os sinais e sintomas estão ausentes e a TGP, normal ou levemente aumentada. E, em outro momento, ao contrário, e por motivos ainda não bem conhecidos, o indivíduo entra na fase imunoativa, com queda nos títulos séricos do DNA viral, aumento considerável da transaminase pirúvica e de grande atividade histológica hepática, caracterizando agressão imunomediada aos hepatócitos infectados. Nessa fase a participação dos linfócitos citotóxicos CD8, natural killers (NK) e a amplificação por linfócitos auxiliares (CD4) têm sido comprovada na lesão celular. • Ativação de células T citotóxicas: - Produção de Ac neutralizantes: limitam a reinfecção das células hepáticas pelos vírus circulantes; - Complexo formado por proteínas do core e proteínas da classe I do HLA (Antígeno Linfocitário Humano): é o maior determinante de lise dos hepatócitos. Quando este mecanismo é totalmente eficiente, leva à recuperação da infecção. • Resposta Imune celular e Humoral - Citocinas: liberadas pelas células linfomononucleares: Interleucinas (produzem um estado de alerta antiviral no fígado, reduzindo a replicação), Fator de necrose tumoral (FNT) (pode levar à morte dos hepatócitos infectados ou sãos), Interferon gama (produz um estado de alerta antiviral no fígado, reduzindo a replicação) e induz a expressão das glicoproteínasda classe I do complexo maior de histocompatibilidade (MHC). - Ativação das NK: migram para o fígado e destroem os hepatócitos infectados. A lise imunológica dos hepatócitos constitui a base histopatológica da enfermidade crônica produzida pelo VHB. O indivíduo pode desenvolver HVB crônica quando não ocorrer a expressão da classe I do HLA; quando os linfócitos citotóxicos não foram estimulados apropriadamente; ou por outros mecanismos não conhecidos. Histopatologia A Classificação Anatomopatológica para Hepatites Virais pode ser feita da seguinte maneira: • Hepatites Virais Agudas: doença necroinflamatória difusa que envolve, primariamente, o parênquima lobular e que duram menos de 6 meses. Produzem: - Degeneração hepatocelular; - Inflamação difusa; - Regenerações hepatocelulares. • Hepatites Virais Crônicas: - Leve atividade com fibrose leve ou moderada; - Moderada atividade com fibrose leve, moderada ou intensa; - Intensa atividade com fibrose leve, moderada ou intensa; - Hepatite crônica com atividade mínima ou leve e fibrose leve; - Hepatite crônica com atividade leve, moderada ou intensa, sem fibrose. Quadro clínico Dada a contaminação do indivíduo pelo HBV e, após um período de incubação que vai de 40 a 180 dias (média 75), a maioria irá apresentar quadro clínico inicial, prodrômico, incaracterístico, de duração variável entre uma e três semanas de fraqueza, anorexia, mal-estar geral, dores abdominais, etc. A seguir, 30 a 40% dos indivíduos entram no período de estado da doença (período ictérico) e, embora rara, pode acontecer a forma fulminante, com rápida evolução para insuficiência hepática e desenvolvimento de encefalopatia em duas a oito semanas. Desta forma, temos: Kamilla Galiza / APG • Período de Incubação: 50 a 180 dias (média de 75 dias); • Período Prodrômico: Fraqueza, anorexia e mal-estar geral; Dor abdominal difusa, náuseas, intolerância a vários alimentos, distúrbios gustativos, desconforto abdominal e vômitos; Artrites, artralgias e mialgias (10 a 20% dos pacientes); Exantemas cutâneos rubeoliformes ou urticariformes; Hepatomegalia. • Período Ictérico: Icterícia, colúria e acolia fecal. Acomete 20% dos pacientes e dura 20 dias ou mais e às vezes ocorre prurido cutâneo. • Período de Convalescença: dura em média 20 a 30 dias. Doenças associadas à hepatite b • Síndrome semelhante à Doença do soro; • Poliartrite; • Glomerulonefrite; • Polimialgia reumática; • Crioglobulinemia; • Pericardite; • Pleurite com derrame pleural; • Síndrome de Guillain-Barré; • Sinais e sintomas neurológicos: paralisia facial; ataxias; arreflexias; meningites, meningoencefalites, mielites e mononeurites de nervos periféricos; • Anemia aplástica; • Púrpura de Henoch-Schönlein; • Acrodermatite papular das crianças: Rash eritematopapular na face e membros. Diagnóstico laboratorial Para todas as hepatites, devemos solicitar exames inespecíficos (como o hemograma, as aminotransferases, bilirrubinemia, etc.) e exames mais específicos para o tipo de vírus que acomete o fígado. • Hemograma: Leucócitos normais ou diminuídos, com linfocitose relativa, podendo ocorrer atipia linfocitária. Nas hepatites fulminantes, geralmente aparece leucocitose com neutrofilia e desvio à esquerda. • Aminotransferases (ALT e AST): dosagem acima de 500UI/L. A persistência da elevação acima de 6 meses é indicativa de cronificação. • Bilirrubinas: aumento das Bb totais às custas da fração direta. • Gama-GT e albumina: podem estar aumentadas. • Eletroforese das proteínas: aumento da gamaglobulina. • Atividade de protrombina. • Biópsia hepática: restrita para os casos crônicos com indicações específicas. • Marcadores sorológicos: na suspeita de doença aguda, devemos solicitar a pesquisa do antígeno (HBsAg) e o anti-HBc IgM. Durante o acompanhamento, o HBeAg pode ser solicitado para avaliação da replicação viral. - HBsAg: primeiro marcador a aparecer no soro precedendo a sintomatologia e desaparece na cura. A persistência por mais de 6 meses indica cronicidade. - IgM anti-HBc: associada à presença do HBsAg indica infecção aguda recente. - IgG anti-HBc: associado ao anti-HBsAg indica desenvolvimento de imunidade ao VHB. - HBeAg: marcador de replicação viral ativa e de infectividade. - Anti-HBeAg: Indica evolução para cura, com parada da replicação viral. - Anti-HBsAg: Associado à cura e ao desenvolvimento de imunidade (vacina); Quando presente isoladamente, indica desenvolvimento de imunidade vacinal. Formas clínicas e evolução • Hepatite Aguda Benigna: - Assintomática; - Anictérica; - Ictérica; - Recorrente; - Recrudescente; - Colestática; - Prolongada. • Formas Agudas Graves: - Hepatite fulminante; - Hepatite subaguda; • Formas Crônicas: - Hepatite crônica ativa; - Hepatite crônica persistente; - Hepatite crônica lobular - Portador sadio. Tratamento da fase aguda Até o momento, nenhuma droga é indicada para tratar hepatite B com evolução menor de seis meses. Como praticamente 90% dos infectados fora do período perinatal (gravidez, trabalho de parto e recém-nascido) que apresentam a doença aguda vão recuperar-se com eliminação posterior do vírus, somente orientações dietéticas nos ictéricos (principalmente com colestase), repouso relativo, abstinência de drogas hepatotóxicas como o álcool e alguns sintomáticos (analgésicos, Kamilla Galiza / APG antieméticos, etc.) são prescritos na hepatite B aguda. Recomendam-se determinações semanais de aminotransferases das bilirrubinas, do tempo e atividade protrombínico no manejo clínico dos doentes, objetivando a detecção precoce de qualquer indício de gravidade. Tratamento da fase crônica O tratamento para os pacientes que persistem com a dosagem positiva de HBsAg por mais de seis meses tem o objetivo de interromper ou atenuar a evolução da doença hepática. Para isso, devemos considerar a possibilidade de tratamento para pacientes com replicação viral e com índices bioquímicos e histológicos de lesão hepática. Em infecções por cepas mutantes, o HBeAg é negativo sendo mais confiável o VHB-DNA, ALT e anti- HBc IgM; As principais medicações utilizadas são: • Análogos de Nucleosídeos: incorpora-se ao genoma viral, interferindo na replicação do vírus. Utiliza-se a Lamivudina na dose de 100mg/dia. • Interferon – alfa. Transmissão vertical da hepatite b A transmissão vertical da hepatite B é mais comum de acontecer durante o parto. Em 90% dos casos, ocorre a contaminação, contudo, a maioria das crianças não desenvolve a doença, mas não produz anticorpo contra o HBsAg, tornando-se portadores crônicos. A profilaxia consiste no uso de Imunoglobulina específica (HBIG) e Vacina ao nascer para todas as crianças. A profilaxia com imunoglobilina deve ser efetiva, uma vez que, com até 5 anos de idade, a evolução para óbito na hepatopatia crônica é muito alta. Conduta no acidente ocupacional Nos casos de acidente ocupacional, como nos casos de lesões por perfuro-cortantes possivelmente contaminados, devemos considerar os seguintes cuidados: • Imunoglobulina: 0,6 ml/kg IM em dose única; • Vacina HEPATITE D O vírus da hepatite D (ou antígeno delta), descrito em 1977 pela primeira vez na Itália, é o único representante da família Deltaviridae, gênero Deltavírus. Em humanos, é incapaz de causar infecção por si próprio por ser um vírus defectivo, isto é: necessita de uma estrutura do HBV para exercer sua função; tal estrutura é o envoltório externo do vírus B, ou seja, o antígeno de superfície (HBsAg). Portanto, a hepatite D ocorre apenas em pacientes com Hepatite B pré-existente, acometendo pacientes do mesmo grupo de risco da Hepatite B. Pode estar associada à Hepatite fulminante ou à rápida progressão da Hepatite B crônica. Quadro clínico Basicamente, duas possibilidades de infecção podem ocorrer: (1) co-infecção, na qualo indivíduo contamina-se simultaneamente pelos dois agentes – HBV + HDV; (2) superinfecção, de modo que o portador prévio do HBV (sintomático ou assintomático) contrai o HDV. • Na infecção simultânea, isto é, a hepatite B e D simultâneas, a maior tendência é para evolução aguda benigna em 96% dos casos (semelhante à hepatite B aguda, exceto pela maior necrose). • Na superinfecção delta, que ocorre em indivíduos com Hepatite B, os hepatócitos já parasitados pelo vírus B podem – com a chegada do HDV – experimentar intensa degeneração levando à forma fulminante ou à cronicidade (75% das vezes). A taxa de ábito Ä de 20%. Tratamento O uso de interferon-alfa (INF-α) em altas doses (9000000 UI), três vezes por semana, durante 18 meses ou mais é discutível pelos resultados pouco alentadores. Para a profilaxia são recomendadas as mesmas medidas utilizadas na prevenção do vírus B. Hepatite C O vírus da hepatite C, isolado em 1989, é o responsável por aproximadamente 90% das hepatites virais não-A, não-B, não-D e não-E. Consequentemente, existem 10% de hepatites causadas por outros vírus (G, TTV, F?), mas são necessárias maiores evidências no futuro. O vírus C, um vírus de RNA com 30 a 38 nm de diâmetro, está classificado como pertencente à família Flaviviridae e gênero Hepacivirus. à considerado como um agente com alto teor de mutação, o que torna o desenvolvimento de uma vacina difícil. Caracteriza-se pelos seguintes aspectos: • Proteínas estruturais: core, E1 e E2; • Proteínas não estruturais ou NS (1 a 5) – responsáveis pela replicação viral Kamilla Galiza / APG • Possui 6 genótipos (1 a 6) subdivididos em grupos a,b,c • Quase-espécies (quasispecies): grupo heterogêneo de vírus capaz de se transformar rapidamente, o que impede a formação de vacinas. O vírus C causa uma das mais importantes causas de doença crônica do fígado (90 a 95% dos casos cronificam, diferentemente da hepatite B). Estima- se que 3% da população mundial contaminada, o que corresponde a um grave problema de saúde pública devido ë sua cronicidade, sofre evolução para cirrose e hepatocarcinoma. É a principal causa de transplante hepático. Transmissão • Responsável por 90% das Hepatites pás- transfusionais; • Agulhas e seringas contaminadas; • Inalação de drogas – espelhos e canudos contaminados; • Procedimentos médicos, odontológicos, acupuntura ou tatuagem; • Materiais cortantes ou perfurantes: alicates de unha; lâminas de barbear; escovas de dentes compartilhadas; • Contato sexual – 6 a 10%; • Transmissão materno-fetal – momento do parto; Patogênese Os mecanismos responsáveis pela persistência da infecção ainda não foram elucidados, mas o fato de o vírus ser classificado como um Quasispecies prova o fato de sua grande capacidade mutagênica. Cerca de 85% dos infectados evoluem para a cronicidade. As lesões hepáticas se relacionam a mecanismos imunomediados. Os linfócitos TCD4 apresentam 2 tipos de resposta imunolágica: • Th1 – secretam interleucinas 2 e interferon gama – estimulando a resposta anti-viral do hospedeiro; • Th2 – produzem interleucinas 4 e 10 – estimulam a formação de Ac e inibem a resposta Th1; A proteína CD81 funciona como receptor, ligando- se à fração E2 – encontrada em hepatócitos e linfócitos periféricos. A lesão hepatocelular se faz pelo reconhecimento imunológico da célula infectada e sua destruição. O processo inflamatório contínuo e ineficiente, em termos de eliminação total do vírus, constitui o principal responsável pela fibrogênese, o que predispõe à cronicidade do quadro. O vírus da hepatite C apresenta pelo menos 6 genótipos diferentes. O genótipo mais frequente e relacionado com pior resposta terapêutica é o 1b. Daí a importância de se realizar a genotipagem viral além da quantificação de carga viral, no intuito de descobrir se o paciente vai apresentar boa resposta ao tratamento. A progressão da lesão hepática pode estar relacionada a fatores do hospedeiro: • Sexo – progressão mais rápida no sexo masculino; • Idade – idade da contaminação acima dos 40 anos; • Uso de álcool; • Concomitância com outros vírus: HIV e Hepatite B; • Estado imunológico do hospedeiro – 15% podem eliminar o vírus. Quadro clínico Tem um período de incubação longo (mais longo que a hepatite B) de 1 a 13 meses (média de 8 meses), apresentando como marcador pás-infecção o RNA-VHC. Os anticorpos surgem após 4 a 20 semanas do contágio. A hepatite C apresenta manifestações clínicas menos patentes do que as hepatites A e B, exibindo uma forma aguda com icterícia, colúria, náusea, vômitos, dor abdominal, cuja evolução pode durar três a seis semanas. O enorme contingente de infectantes – 75 a 85% - tornar-se-á portador crônico do vírus. Como o vírus também parasita outras células além dos hepatócitos, manifestações extra-hepáticas são frequentes e, quase sempre, decorrentes de complicações à distância. Vários órgãos podem ser atingidos: pele, rins, sistema nervoso central, pulmões e tecido linfático. Em resumo, temos: • Hepatite C aguda em 5-10% dos casos: índices de aminotransferases e bilirrubinas menos proeminentes; • 90 a 95% evolui para formas crônicas: - Cansaço fácil e adinamia são os sintomas mais encontrados; - Aminotransferases oscilantes ou pouco elevadas, intercaladas com períodos de normalidade; - Sinais e sintomas relacionados a disfunção hepática: icterícia evidente, ascite, varizes de esôfago e sangramento digestivo alto; medidas de albumina sérica e atividade de protrombina indicam alterações de síntese hepática. Kamilla Galiza / APG Diagnóstico laboratorial Exames inespecíficos auxiliares na demonstração do quadro compatível com hepatite viral incluem: leucograma na fase aguda, normal ou leucopenia com linfocitose (a atipia reforçaria a etiologia viral); nos raros casos da fromação aguda grave (fulminante), leucocitose com neutrofilia são esperados. As aminotransferases (ALT/AST) elevam-se habitualmente, muito embora seus níveis sejam inferiores aos das hepatites A e B (mas quando estão elevadas por mais de 6 meses, tem-se cronicidade). Quando houver comprometimento da função hepática, são frequentes a diminuição da atividade protrombônica e hipoalbuminemia. No que concerne ao diagnóstico específico de hepatite C, há dois grupos de testes disponíveis: • Os que detectam anticorpos contra componentes do vírus: através de métodos imunoenzimáticos (ELISA) identificam-se anti-HCV; por ser simples, rápido e barato, é considerado o exame de triagem, com especificidade e sensibilidade superiores a 95%. Sua limitação está em poder ser falso- negativo no início da infecção e em imunodeprimido, e preconiza-se a repetição da sorologia. Se, nas duas ocasiões, o resultado for positivo, devemos confirmar o diagnóstico através da PCR (descrita logo adiante). • Os que detectam RNA-HCV: uma das técnicas mais utilizadas Ä a reação em cadeia da polimerase (PCR) que pode ser qualitativa e quantitativa. O RNA-HCV qualitativo revela qual genótipo Ä causar do processo, enquanto que o quantitativo (carga viral circulante) serve para monitorizar o tratamento. A presença do RNA-HCV indica infecção recente, enquanto que a ausência a ausência do RNA-HCV (se associada à presença do anti- HCV) indica infecção tardia ou contato prévio com o HCV. As vantagens destes testes são: - Antes do início do tratamento; - Juntamente com a determinação do genótipo para definir-se a duração do tratamento; - Monitorização da resposta terapêutica; - Acompanhamento de casos não tratados. Podemos lançar mão ainda dos seguintes testes: • Imunoblot: útil no descarte de falso positivos; • Teste imunoenzimáticos para detecção do antígeno do core • Biápsia hepática • Indicada nos casos de marcadores virais positivos para VHC e aumentos de ALT • ALT normais – monitorizar a cada 3 meses • Indica-se o uso de antiviraisnos casos de fibrose em evolução e atividade inflamatória moderada ou intensa. Manifestações extra-hepáticas • Crioglobulinemia Mista: - IgM monoclonal – tipo I; - Tipo II – IgM monoclonal, Fator reumatóide e IgG policlonal; - Tipo III – IgM policlonal, FR, IgG policlonal; - Fraqueza, artralgia e púrpura - Outras condições: Fenômeno de Raynaud, glomerulonefrite membranoproliferativa, neuropatia periférica; - Vasculite secundária por deposição de imunocomplexos; • Disfunções Tireoidianas: - Anticorpos antitireóide presentes em 10% dos casos; - Tireoidite de Hashimoto com hipotireoidismo secundário; - Principalmente em mulheres; • Porfiria cutânea tardia: disfunção causada pela redução de uroporfirinogênio descarboxilase hepático ativado; • Líquen Plano; • Síndrome de Sjogren: Xerostomia e disfunção das glândulas lacrimais (síndrome sicca). Tratamento Os objetivos do tratamento da hepatite C são: • Deter a progressão da doença hepática pela inibição da replicação viral; • Reduzir a atividade inflamatória; • Impedir a evolução para cirrose e carcinoma hepatocelular; • Melhora da qualidade de vida dos pacientes. Atualmente, duas substâncias estão sendo largamente utilizadas por especialistas dedicados ao tratamento das hepatites por vírus: o Interferon- alfa (INF-α) e a Ribavirina. Contudo, mostraram efeitos colaterais importantes, tempo prolongado de tratamento e alto custo. As indicações Terapêuticas: • A hepatite C aguda, particularmente aquela com sintomas e icterícia, apresenta grande probabilidade de evoluir para as formas crônicas; • O uso isolado do interferon: eficiência de 50%, que aumenta com a associação à Ribavirina; • Aceita-se postergar o tratamento até 3 a 6 meses após o início dos sintomas. Kamilla Galiza / APG A presença de marcadores do VHC por tempo superior a 6 meses, sem concomitante aumento das transaminases ou história sugestiva de hepatite aguda, não caracteriza hepatite crônica. Não se indica biópsia ou tratamento aos pacientes com níveis persistentemente normais de ALT. Os casos clássicos de hepatite crônica, com atividade histológica moderada/intensa, constitui a população-alvo a ser tratada. Esquemas terapêuticos. • Eficácia Terapêutica – melhor parâmetro é o RNAHCV: - Resposta completa: avaliada logo ao final do tratamento; - Normalização bioquímica e/ou negativação do RNA-VHC; - Não-resposta: Persistência de ALT elevada e/ou a presença do RNA-VHC; - Resposta sustentada: Manutenção de resposta completa durante período maior do que 6 meses após interrupção do tratamento; • Falha Terapêutica: Não-resposta; Recaída – ressurgimento da infecção após uma resposta completa. • Interferon: dose de 3 MU 3vezes por semana; • Ribavirina: 1 a 1,2g/ dia durante 12 meses. • Interferon peguilado (Peg): - Possui meia-vida prolongada; - Injeções semanais. Hepatite E O vírus da hepatite E (HEV) foi isolado em 1990, até então considerado responsável pela hepatite não – A, não – B de transmissão fecal-oral. É um vírus RNA de fita positiva, não-envelopada, esférica, com estrutura super indefinida, intermediária entre o agente Norwalk (família Caliciviridae) e os vírus da família Piconaviridae, e que produz inflamação e necrose no fígado. Ocorre em epidemias, principalmente após calamidades (enchentes, terremotos), por contaminação de alimentos ou de reservatórios d’água, sobretudo em países em desenvolvimento, uma vez que ela está relacionada com más condições higiênico-sanitárias. Não evolui para cronificação, mas pode ocorrer evolução fulminante (raramente) Diagnóstico • Virologia: HEV mede entre 27 e 32nm, superfície esférica com pontas visíveis e não dispõe de invólucro. É um vírus RNA. • Diagnóstico: difere da hepatite A pela maior taxa de morbimortalidade e acometimento de faixa etária mais avançada. Os testes sorológicos para detectar HEV-RNA e seus anticorpos (IgA, IgG ou IgM) são muito utilizados. • Diagnóstico Clínico: - Em áreas não-endêmicas, excluir outras etiologias; - Procedência de viagens a regiões endêmicas; - Acomete principalmente adultos jovens, entre 15 e 40 anos; - 20% das grávidas no segundo ou terceiro trimestre da gravidez; - Maior taxa de evolução para HF 0,5 a 4%. Quadro clínico • Quadro Clínico: - Período de Incubação: duas a quatro semanas (média de seis); - Período prodrômico: astenia, febre, anorexia, náuseas, vômitos e desconforto abdominal. Cerca de uma semana; - Período ictérico- icterícia, colúria e hipocolia fecal. Uma semana; - Período de convalescença; • Diagnóstico Laboratorial: - Alterações bioquímicas- grandes elevações da aminotransferases e bilirrubinas; - Identificação de partículas virais nas fezes imunomicroscopia eletrônica; - De antígenos em hepatócitos – HEVAg; - HEV-RNA nas fezes ou no soro PCR; - Anticorpos séricos contra o HVE – ELISA e Western-blot. (Anti-HVE IgM: infecção aguda / Anti-HVE IgG: infecção crônica) PROFILAXIA E TRATAMENTO • Medidas Gerais: repouso; dieta (proibição do consumo de bebidas alcoólicas); sintomáticos; Hidratação venosa. • Tratamento precoce nos casos de falência hepática: rigorosos cuidados de UTI e encaminhamento a centros especializados em transplante; • Cuidados universais que evitem a transmissão fecal-oral: como media profilática Referencias 1. MINISTÉRIO DA SAÚDE BRASÍLIA/DF o Brasil está atento Hepatites Virais: 2ª edição o Brasil está atento o Brasil está atento o Brasil está atento o Brasil está atento o Brasil está atento o Brasil está atento 2ª edição 2ª edição Kamilla Galiza / APG BRASÍLIA / DF BRASILIA / DF. Is.l: s.n.]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ hepatites virais brasil_atento.paf 2. SALETE DE PAULA,VA Et al. MANUAL DE HEPATITES VIRAIS. s.I: s.n.. Disponível em: https://www.rsirius.uerj.br/pdfs/manualhepatit es virais.pdf 3. NUNES, Heloisa Marceliano et al . As hepatites virais: aspectos epidemiológicos, clínicos e de prevenção em municípios da Microrregião de Parauapebas, sudeste do estado do Pará, Brasil. Rev Pan-Amaz Saude, Ananindeua , v. 8, n. 2, p. 29- 35, jun. 2017. 4. ENG-KIONG, Teo; ANNA, Lok. Epidemiology, transmission and prevention of hepatitis B virus infection. Updated (serial online] 2009 Mar: http: www. uptodate. com/patients, 2013. 5. LAI, Michelle; CHOPRA, Sanjiv. Hepatitis A virus infection in adults: Epidemiology, clinical manifestations, and diagnosis. U: UpToDate, Baron EL ed. UpToDate [Internet]. Waltham, MA: UpToDate, 2019. 6. Brasil. Ministério da Saúde. A, B, C, D, E de hepatites para comunicadores / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2005. 24 p. 182 | CAPÍTULO 13 - HEPATITES VIRAIS H EP A TI TE S V IR A IS H EP A TI TE A C ar ac te rí st ic as : p ic o rn av ír u s, n ão c ro n ifi ca Tr an sm is sã o fe ca l- o ra l E p id em io lo g ia : re la ci o n ad a a b ai xa s co n d iç õ es d e sa n ea m en to b ás ic o C lín ic a H ep at it e fu lm in an te : ra ra ( < 1 % ) D ia g n ó st ic o : an ti -H A V Ig M – h ep at it e A a g u d a; an ti -H A V Ig G – p ro te çã o d e d o en ça p ré vi a Tr at am en to : si n to m át ic o s P re ve n çã o : v ac in a – 1 d o se n o c al en d ár io d e va ci n aç ão d o M in is té ri o d a S aú d e. E vi ta r al im en to s n ão h ig ie n iz ad o s C ri an ça s: fo rm a an ic té ri ca . P o u co s si n to m as – fe b re , m al -e st ar A d u lt o s: fo rm a ic té ri ca – ic te rí ci a, c o lú ri a, ac o lia Fa se s P ro d rô m ic a: fe b re , m al -e st ar Ic té ri ca : ic te rí ci a, colú ri a, a co lia C o nv al es cê n ci a: re g re ss ão d a ic te rí ci a, a d in am ia H EP A TI TE B C ar ac te rí st ic as : H ep ad n av ír u s (ú n ic o D N A ). R es o lu çã o d a in fe cç ão > 9 0 % Tr an sm is sã o : se xu al ( p ri n ci p al ), p ar en te ra l, ve rt ic al Fo rm as cl ín ic as A g u d a: ic te rí ci a, ad in am ia . C es sa s in to m as em 3 0 d ia s. Te m q u e m el h o ra r at é 6 m es es C rô ni ca : p er si st ên ci a H B sA g > 6 m es es (s ó 5 a 1 0 % cr o ni fi ca m ). F o rm as : H B V c rô n ic o co m H B eA g p o si ti vo H B V c rô n ic o co m H B eA g p o si ti vo e A LT a lt er ad a H B V c rô n ic o co m H B eA g n eg at iv o e ca rg a vi ra l co n tr o la d a H B V c rô n ic o co m H B eA g n eg at iv o e ca rg a vi ra l a lt a H B sA g n eg at iv o e an ti -H B c p o si ti vo p ar a o re st o d a vi d a (“ cu ra ”) P re ve n çã o : va ci n a H B V , 3 d o se s D ia g nó st ic o Tr at am en to H B sA g : p ri m ei ro m ar ca d o r a ap ar ec er ; in d ic a p re se n ça d e ví ru s se p o si ti vo A n ti -H B s: in d ic a p ro te çã o , p ó s- va ci n a o u c u ra A n ti -H B c: p re se n ça d e H B V n o h ep at ó ci to . P o si ti vo m es m o ap ó s cu ra co m p re se n ça d e an ti -H B s H B eA g : in d ic a re p lic aç ão A n ti -H B e: in d ic a p ar ad a d e re p lic aç ão Te n o fo vi r: d ro g a p re fe re n ci al E n te ca vi r: em in su fi ci ên ci a re n al c rô n ic a e ci rr ó ti co s In te rf er o n a: p o u co u sa d a, p o is p o ss u i m u it o s ef ei to s co la te ra is Q u em d ev e se t ra ta r? H B V c rô n ic o , co m H B eA g p o si ti vo , A LT a lt er ad a, P C R a ci m a d e 2. 0 0 0 , > 3 0 a n o s, c as o s d e h ep at o ca rc in o m a n a fa m íli a, c o in fe cç ão H IV o u H C V INFECTOLOGIA | 183 H EP A TI TE C C ar ac te rí st ic as : R N A v ír u s/ F la v iv ir id a e . 8 5 % d o s ca so s cr o n ifi ca m Tr an sm is sã o : p ar en te ra l (p ri n ci p al ), se xu al , v er ti ca l E vo lu çã o : le n ta , 2 0 a 3 0 a n o s, si le n ci o sa M an if es ta çõ es ex tr a- h ep át ic as : p o rfi ri a, lí q u en p la n o , cr io g lo b u lin em ia , p o lia rt er it e, p ú rp u ra tr o m b o ci to p ên ic a id io p át ic a, in su fi ci ên ci a re n al c rô n ic a E xa m es d ia g nó st ic o s A n ti -H C V : p o si ti vo m es m o em q u em cu ro u H C V P C R q u an ti ta ti vo H C V : f az d ia g n ó st ic o fi n al d e H C V G en o ti p ag em H C V : d et er m in a q u al d o s 6 g en ó ti p o s p ar a tr at am en to A va lia çã o d e d an o h ep át ic o : b ió p si a o u el as to g ra fi a A P R I e F IB 4 : cá lc u lo s p ar a id en ti fi ca r p ac ie n te s ci rr ó ti co s Tr at am en to : t o d o s o s p ac ie nt es t ra ta m at ua lm en te , b as ta nd o te r d ia g nó st ic o M el h o r g en ó ti p o p ar a tr at am en to : g en ó ti p o 1 ( ta m b ém é o m ai s co m u m ) P io r g en ó ti p o p ar a tr at am en to : g en ó ti p o 3 ( se g u n d o m ai s co m u m ) R is co m ai o r d e fa lh a n o t ra ta m en to : g en ó ti p o 3 , c o in fe cç ão co m H IV , c ir ro se , o b es o s E sq u em as p an g en o tí p ic o s: so fo sb u vi r + d ac la ta sv ir ; so fo sb u vi r + v el p at as vi r; g le ca p re vi r + p ib re n ta sv ir H EP A TI TE D C ar ac te rí st ic as : ví ru s d ef ec ti vo . D ep en d e d a co in fe cç ão c o m H B V E p id em io lo g ia : re g iã o a m az ô n ic a Tr at am en to : m es m o d o H B V C o n tr o le d o H D V : va ci n ar c o n tr a H B V , im p ed e in fe cç ão p o r H D V
Compartilhar