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Cecília Gabrielle Lima Matos - 3º PERÍODO Integração Ensino-Serviço-Comunidade Abordagem Familiar Os problemas clínicos e emocionais podem ser tratados como uma abordagem individual, centrada na pessoa, mas alguns vão alcançar maior benefício com a abordagem familiar, estando a família presente ou não na consulta. Nem sempre a família pode estar presente na consulta. Isso não impede que os recursos da abordagem familiar sejam usados. Nesse caso, faz-se presente a figura da(s) pessoa(s) ausente(s), por meio da existência imaginária, ou seja, uma alusão a essas pessoas. Podem-se utilizar as pessoas ausentes para que a pessoa fale sobre si. O essencial desse recurso é refletir sobre o problema ou sintoma no contexto familiar. A presença da família possibilita que uma mesma situação seja descrita e compreendida de outra forma. A leitura sistêmica e relacional, por parte do médico, favorece o entendimento circular de causalidade do problema. Uma dúvida frequente é saber o momento exato e como chamar a família para participar da consulta. Em uma consulta, é ideal que o médico de família e comunidade entre em contato com a família toda vez que um problema passe a fazer parte ou a influenciar o contexto familiar. A resistência ao convite de trazer a família ocorre com certa frequência, pois ainda parece inusitada essa forma de abordagem e, em um primeiro momento, as pessoas estão pouco convencidas de que isso trará bons resultados. Contudo, é importante envolver a família nos cuidados com a saúde o mais cedo possível. A experiência de sentir-se vulnerável, frágil, ameaçada é compartilhada por quase todas as pessoas que estão doentes ou que enfrentam adversidades. A família representa a proteção, o apoio e também a fonte de modelos que direciona a forma como cada um aprende a ser e a enfrentar as dificuldades. Atualmente, a unidade familiar se modificou muito devido a diversas alterações, tanto no tamanho como na estrutura: participação das mulheres no mercado de trabalho, diminuição dos casamentos legais e da natalidade, o aumento dos divórcios e a aceitação da união homoafetiva. Definição de Família Um grupo de pessoas que convivem, têm laços intensos de proximidade e compartilham o sentimento de identidade e pertencimento, que influenciarão, de alguma forma, suas vidas. Tipos de Família segundo o Tratado de Medicina e Comunidade: Família “Nuclear” - composta por pai, mãe, filho e irmãos. Família “Extensa” - composta também por outros membros cosanguíneos, tipo avô ou tios. Família “Abrangente” - composta também por membros que convivem juntos mas não são necessariamente cosanguíneos. Tipos de Família segundo o Caderno de Atenção Familiar: Casais que podem morar separadamente. Famílias mono parentais, chefiados por pai ou mãe. Casais homossexuais com ou sem crianças. Famílias resultantes de divórcios anteriores com ou sem filhos do casamento anterior. Entender como a família influencia a saúde dá, ao médico de família e comunidade, a oportunidade de antecipar e reduzir os efeitos adversos do estresse familiar e usar a família como recurso para cuidar das pessoas. A prática do médico de família e comunidade envolve uma parceria entre o médico, a pessoa e a família. Cuidados Gerais para a condução da consulta 1. Criar laços harmoniosos que possam dar continuidade ao cuidado. 2. Manter um relacionamento empático e não crítico com cada pessoa. 3. Buscar interesses comuns e o melhor entrosamento 4. Evitar tomar partido. 5. Organizar a entrevista. 6. Encorajar, uma pessoa por vez, a falar. 7. Encorajar cada pessoa a fazer declarações na primeira pessoa. 8. Afirmar a importância da contribuição de cada membro da família. 9. Reconhecer e agradecer qualquer emoção expressada. 10. Enfatizar os próprios recursos da família. 11. Solicitar aos membros da família que sejam específicos. 12. Ajudar os membros da família a organizar seus pensamentos. 13. Bloquear as interrupções, se persistentes. 14. Não oferecer conselhos ou interpretações precoces. 15. Não fornecer brechas a revelações de confidencialidade da pessoa. 16. Como facilitador da entrevista, o médico deve dar o tom para a discussão à medida que realiza a sua fala. Entrevista com a Família 1. Apresentação social Cecília Gabrielle Lima Matos - 3º PERÍODO 2. Aproximação 3. Entendimento da situação 4. Discussão 5. Estabelecimento de um plano terapêutico Ciclo Familiar como Ferramwnta para o médico de família e comunidade CASO 1 Dina, 24 anos, vem à consulta por apresentar o quarto episódio de dor de garganta em 6 meses. Refere que conseguiu seu primeiro emprego com carteira assinada e decidiu sair de casa para morar sozinha. Coincidentemente, tem tido dores de garganta desde então, que a fazem buscar o cuidado materno. Tem como rotina o envolvimento intenso com suas atividades de trabalho e, por não estar acostumada a realizar atividades domésticas, aos finais de semana leva a roupa suja para ser lavada por sua mãe. A mãe, que é muito cuidadosa, vem à consulta com a filha para confirmar com o médico a impossibilidade de a filha permanecer morando sozinha. CASO 2 Helena, 28 anos, vem à consulta mostrar resultados de exames solicitados por outro colega médico, porque, há 3 meses, apresenta tonturas, dores de cabeça e mal-estar. Os resultados dos exames estavam normais, mas a sintomatologia persistia. Seu médico de família e comunidade refez a história, realizou novo exame físico, mas, mesmo assim, não conseguiu elucidar o problema. Questionou sobre o que havia ocorrido nos últimos tempos de novo e descobriu que ela havia se casado há 4 meses, que estava prestes a mudar de Estado e ficar longe de sua família e comunidade de origem. Helena afirmava estar muito feliz com o casamento e, ao mesmo tempo, descrevia um turbilhão de “inadaptações” que ocorriam e a preocupavam. O médico de família e comunidade conversou sobre a previsibilidade do momento, reconheceu seus afetos, suas ambiguidades e sugeriu as possíveis negociações que poderia realizar com o esposo, ofereceu uma consulta em conjunto com o casal (que não ocorreu), mas “surpreendentemente” o mal-estar e as tonturas desapareceram. CASO 3 A Sra. Maria tem sido vista por seu médico de família e comunidade, em razão de depressão e ansiedade, há vários meses. Ela toma antidepressivos e ansiolíticos, que parecem não fazer efeito; então, seu médico reavaliou o uso das medicações, ajustou a dose de um e verificou a necessidade de outro, mas não obteve melhoras. Antes de trocar a medicação, resolveu avaliar o momento de seu ciclo de vida e constatou que Maria era uma mulher de 59 anos, casada com Mário, que trabalha e tem várias atividades fora de casa; mãe de três filhos adultos e casados; e sem atividades além das domésticas. Quando questionada sobre o início dos sintomas, referiu o grande vazio que existia em sua vida. Seu médico sugeriu “ocupar” o espaço da depressão com mais relacionamentos e atividades positivas, reaproximar-se do marido e, ao mesmo tempo, reenquadrar seu momento de vida como um momento em que é possível desfrutar de maior liberdade, praticar hobbies que foram negligenciados em benefício do cuidado com os filhos para preencher espaços vazios. CARACTERÍSTICAS DO CICLO FAMILIAR: Cecília Gabrielle Lima Matos - 3º PERÍODO São três as etapas do ciclo de vida familiar da população de classe popular: Estágio 1 – Adolescente/Adulto jovem solteiro: As fronteiras entre a adolescência e a idade adulta jovem são confusas. Os adolescentes são responsáveis por si mesmos e utilizados como fonte de renda a partir dos 10 ou 11 anos de idade. Estágio 2 – A família com filhos: Começa sem que ocorra necessariamente o casamento, mas com a geração de filhos e a busca por formar um sistema conjugal, assumir papéis paternos e realinhamento dos relacionamentos com a família. Estágio 3 – A família no estágio tardio da vida: Ocorre com frequência uma composição familiar com três ou quatro gerações. Sendo assim, há pouca probabilidade de haver “ninho vazio”, e muitas vezes a base de sustentaçãofamiliar depende da aposentadoria de um dos avós, em geral a avó, que persiste com responsabilidades sobre a sobrevivência de todos. Estrutura Familiar Entendida como a quantidade de pessoas que moram na casa e de suas respectivas funções, o fato de os progenitores estarem vivos ou não, divorciados, separados ou dividindo moradia com outros parceiros, entre outras características. São estabelecidos os seguintes sistemas familiares: Sistema conjugal: casal formado pela união de duas pessoas com um conjunto de valores e expectativas, tanto explícitas quanto inconscientes. Para seu funcionamento, e necessário abrir mão de parte de suas ideias e preferências, perdendo a individualidade, porem ganhando em pertinência; Sistema parental: envolve a educação dos filhos e funções de socialização. Esse subsistema pode ser ampliado para avós ou tios, ou excluir completamente um dos pais desse sistema. Sistema fraterno (ou filial): sistema composto por similares, sendo o primordial aquele composto entre os irmãos, podendo ser constituído também por amigos e primos. Nesse sistema, desenvolve-se a capacidade de negociação, de cooperação, de pertinência, de competição e de reconhecimento.
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