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NEUROLOGIA – LARISSA MENEZES TUTORIA I: MIGRÂNEA COM AURA, CRÔNICA E CEFALEIA SECUNDÁRIA (AO USO DE MEDICAMENTOS) ◊ Migrânea: cefaleia primaria comum e incapacitante ◊ Migrânea com aura: sintomas neurológicos focais transitórios que habitualmente precedem ou, às vezes, acompanham a cefaleia ▪ Enxaqueca clássica, enxaqueca oftálmica, hemiparestésica, hemiplégica ou afásica; enxaqueca acompanhada; enxaqueca complicada ▪ Crises recorrentes, com duração de minutos, de sintomas completamente reversíveis unilateral visuais, sensoriais ou outros sintomas oriundos do SNC, que geralmente se desenvolvem gradualmente e são habitualmente seguidos por cefaleia e sintomas migranosos associados ▪ Critérios diagnósticos: A. Ao menos duas crises preenchendo os critérios B e C B. Um ou mais dos seguintes sintomas de aura plenamente reversíveis: 1. Visual 2. Sensorial 3. Fala e/ou linguagem 4. Motor 5. Tronco cerebral 6. Retiniano C. Ao menos três das seis seguintes características: 1. Ao menos um sintoma de aura alastra- se gradualmente por ≥ 5 minutos 2. Dois ou mais sintomas de aura ocorrem em sucessão 3. Cada sintoma de aura individual dura 5- 60 minutos → Quando, por exemplo, três sintomas ocorrerem durante a aura, a duração máxima é 3x60 minutos. Sintomas motores podem durar até 72 horas 4. Ao menos um sintoma de aura é unilateral → A afasia é sempre considerada um sintoma unilateral, já a disartria pode ou não ser 5. Ao menos um sintoma de aura é positivo → Cintilações e sensação de agulhadas (parestesias) são sintomas positivos de aura 6. A aura é acompanhada ou seguida dentro de 60 minutos, por cefaleia D. Não melhor explicada por outro diagnostico da ICHD-3 ◊ Migrânea crônica: ▪ Cefaleia que ocorre em 15 ou mais dias/mês por mais que 3 meses, a qual, em ao menos oito dias/mês, possui características de cefaleia migranosa ▪ Critérios diagnósticos: A. Cefaleia em ≥ 15 dias por mês por >3 meses, e preenchendo os critérios B e C B. Ocorrendo em um paciente que tenha apresentado ao menos cinco crises preenchendo os critérios B-D para migrânea sem aura e/ou critérios B e C para migrânea com aura C. Em ≥ 8 dias/mês por >3 meses, preenchendo qualquer dos seguintes: 1. Critérios C e D para migrânea sem aura 2. Critérios B e C para migrânea com aura 3. Interpretada pelo paciente como sendo migrânea no inicio e aliviada por um triptano ou derivado do ergot D. Não melhor explicada por outro diagnostico da ICHD-3 PACIENTE: Migrânea com aura típica, subtipo aura típica com cefaleia → Migrânea crônica NEUROLOGIA – LARISSA MENEZES FISIOPATOLOGIA ◊ Inúmeras CLÍNICA ◊ Pródromo: • Sintomas afetivos ou vegetativos 24 a 48h antes do inicio da dor ◊ Aura da enxaqueca: • Sintomas neurológicos focais • Pode preceder ou vir junto com a dor • Desenvolvimento gradual, duração não superior a uma hora, uma mistura de características positivas e negativas e reversibilidade completa • Visuais, sensoriais, verbais ou motores • Se desenvolve gradualmente ao longo de mais de 5 minutos, geralmente ◊ Cefaleia da enxaqueca: • Maioria das vezes unilateral, latejante ou pulsátil, aumentando a intensidade • Pode ter náuseas e/ou vômitos • Foto ou fonofobia ◊ Pósdromo da enxaqueca: • O movimento súbito da cabeça causa transitoriamente dor no local da cefaleia antecedente • Pacientes podem se sentir esgotados ou exaustos ou eufóricos FATORES PRECIPITANTES E EXARCEBANTES ◊ Estresse ◊ Hormônios ◊ Não comer ◊ Clima ◊ Sono ◊ Odores ◊ Dor no pescoço ◊ Luzes ◊ Álcool ◊ Fumaça ◊ Dormir tarde ◊ Calor ◊ Comida ◊ Exercício ◊ Atividade sexual COMPLICAÇÕES ◊ Status migrainosus ◊ Aura persistente sem infarto: sintomas persistem por 1 semana ou mais sem evidencia de infarto em neuroirmagem ◊ Infarto migranoso: um ou mais sintomas de aura persistem por mais de uma hora e a neuroimagem mostra um infarto em uma área cerebral relevante, normalmente no lobo occipital ◊ Convulsão desencadeada pela aura da enxaqueca DIAGNÓSTICO ◊ Características clinicas que parecem ser mais preditivas da enxaqueca: • Náusea • Foto e fonofobia • Exacerbação por atividade física • Gatilhos alimentares ◊ Critérios diagnósticos do ICHD-3 • Os critérios da ICHD-3 para enxaqueca com aura típica requerem ataques que preencham os critérios para enxaqueca com aura, e auras consistindo em sintomas visuais, sensoriais e/ou de fala/linguagem, mas sem sintomas motores, do tronco cerebral ou da retina. Quando a aura inclui fraqueza motora, o distúrbio é diagnosticado como enxaqueca hemiplégica. Quando os sintomas de aura surgem do tronco cerebral, o distúrbio é diagnosticado como enxaqueca com aura de tronco cerebral. Quando a aura envolve fenômenos visuais monoculares documentados (documentados por exame clínico de campo visual ou desenho do NEUROLOGIA – LARISSA MENEZES paciente de um defeito de campo monocular), o distúrbio é diagnosticado como enxaqueca retiniana. ◊ Neuroimagem se: • Pacientes com achado anormal inexplicável no exame neurológico • Pacientes com características atípicas de cefaleia ou cefaleia que não preencham definição escrita de enxaqueca ou outro transtorno de cefaleia primaria (ou tem algum fator de risco adicional, como deficiência imunológica) • Pacientes com cefaleia súbita e intensa (por suspeita de HSA) ◊ SNOOP ◊ Situações clinicas que justificam neuroimagem: • A "primeira ou pior" dor de cabeça • Mudança significativa recente no padrão, frequência ou gravidade das dores de cabeça • Sintomas ou sinais neurológicos novos ou inexplicáveis • Dor de cabeça sempre do mesmo lado • Dores de cabeça que não respondem ao tratamento (tratamento) • Cefaleias de início recente após os 50 anos • Cefaleias de início recente em pacientes com câncer ou infecção por HIV • Sintomas e sinais associados, como febre, rigidez de nuca, papiledema, comprometimento cognitivo ou alteração de personalidade ◊ TC sem contraste é suficiente na maioria dos casos ◊ RM se suspeita de lesões da fossa posterior ou vazamento de LCR ◊ AngioRM e Venografia por RM se lesões arteriais ou venosas, respectivamente, são consideradas no DDX DDX ◊ AIT: • Sintomas tipicamente negativos, intensidade máxima no inicio, consciência geralmente preservada (na enxaqueca evolui gradualmente e o inicio é mais lento; geralmente sintomas positivos seguidos do negativo se presente e da dor de cabeça) • Os sintomas de AIT e enxaqueca são totalmente reversíveis, e a neuroimagem geralmente não é reveladora em ambas as condições. No entanto, tanto um AIT quanto um AVC isquêmico geralmente apresentam um início súbito dos sintomas, em vez de uma disseminação progressiva gradual de um sintoma de aura após o outro. Eventos isquêmicos também são menos propensos a ter sintomas positivos, como cintilações visuais ou parestesia, e são menos propensos a ter sintomas de enxaqueca, como náusea, vômito, fotofobia e fonofobia. ◊ Dissecção da artéria cervical: disseminação progressiva dos sintomas e algumas características da enxaqueca ◊ TAG ◊ Migrânea retiniana ◊ AVC: Trombose venosa cerebral (TC com contraste) ◊ AIT ◊ Dissecção de artéria cervical ◊ Compressão cervical TRATAMENTO ◊ Recomendações gerais para o tto agudo: • Educar os sofredores de enxaqueca sobre sua condição e seu tratamento e encorajá- los a participar de sua própria gestão. • Use agentes específicos para enxaqueca (por exemplo, triptanos, antagonistas de CGRP, lasmiditano , diidroergotamina ) para pacientes com enxaqueca mais grave e naqueles cujas dores de cabeça respondem mal a AINEs ou analgésicos combinados. • Selecione uma via de administração não oral parapacientes cujas enxaquecas se apresentam precocemente com náuseas ou vômitos significativos. • Considere um medicamento de resgate autoadministrado para pacientes com enxaquecas graves que não respondem bem a outros tratamentos. • Proteja-se contra a cefaleia por uso excessivo de medicamentos, educando os pacientes sobre o risco e usando medicamentos profiláticos em pacientes com dores de cabeça frequentes ◊ Ataques leves a moderados: https://www.uptodate.com/contents/lasmiditan-drug-information?search=migranea+com+aura&topicRef=3347&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/dihydroergotamine-drug-information?search=migranea+com+aura&topicRef=3347&source=see_link NEUROLOGIA – LARISSA MENEZES • Não associados a vômitos ou náuseas graves → Analgésicos simples (AINEs) ou analgésicos combinados → Se não responder faz AINE + Triptano • Se assoviados a vômitos ou náuseas graves → Antiemético em conjunto com analgésicos simples ou combinados ◊ Ataques moderados a graves: • Não associados a vômitos ou náuseas graves → Triptanos orais, antagonista do CGRP • Se vômitos ou náuseas → Antiemético ou medicamentos não orais específicos para enxaqueca (Sumatriptano SC OU NASAL) CEFALEIA POR USO EXCESSIVO DE MEDICAMENTOS OU CEFALEIA DE REBOTE ANALGÉSICO ◊ O risco parece ser maior com opioides, analgésicos combinados contendo butalbital e combinações aspirina-acetaminofeno-cafeina ◊ Até os triptanos oferecem riscos e devem ser usados por menos de 10 dias por mês ◊ AINES parecem ter efeito protetor contra o desenvolvimento de enxaqueca crônica e tem menor risco ◊ Para prevenir, a maioria das medicações agudas deve ser limitada a menos de 10 dias por mês e terapia preventiva ser usada como base do tto ◊ Cefaléia por uso excessivo de medicamentos: é a segunda causa que mais causa cefaléia no mundo atualmente! • “Cefaléia ocorrendo em 15 ou mais dias por mês por mais de 3 meses – crônica – em um paciente com uma cefaléia primária pré-existente e se desenvolve como consequência do uso regular e excessivo de medicação aguda ou sintomática para cefaléia (em ≥ 10 dias ou ≥ 15 dias/mês) por mais de 3 meses”. • Ou seja: tinha uma cefaléia antes! O uso da medicação está excessivo quando usa por 10 ou 15 dias por mês por mais de 3 meses. A diferença dos dias usados se dá pela classe: • ≥ 10 dias por mês por mais de 3 meses: ✓ Ergotamínicos. ✓ Triptanos. ✓ Opióides. ✓ Associação de analgésicos. ✓ Múltiplas classes. • ≥ 15 dias por mês por mais de 3 meses: ✓ Analgésicos simples: paracetamol, dipirona, AAS, AINEs. ◊ Para ser uso excessivo, conta-se os dias de uso! Se usou 3 dipironas em um dia, conta-se apenas um dia. ◊ Precisa retirar a medicação que está sendo usada com excesso e iniciar um tratamento profilático para a cefaléia primária. CONDUTA ◊ MEV ◊ Diário de cefaleia ◊ Trocar o método contraceptivo (associação enxaqueca com aura, AVCi e AC hormonal – aumenta risco para infarto migranoso) ◊ Suspender Dipirona e Paracetamol ◊ Tratamento: • Triptano ◊ Tratamento profilático: • Tricíclicos (Amitriptilina pela ansiedade e sono) ou Topiramato – reavaliar após 8 semanas – manter no mínimo por 6 meses, nas como é crônica ideal que no mínimo seja 1 ano • Toxina botulínica se não responder aos medicamentos ◊ Orientar sobre nova dor, sintomas novos ou mudança, voltar ao consultório imediatamente NEUROLOGIA – LARISSA MENEZES
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