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1 Jaíne Miotto Candaten – GO 7º Semestre PROPEDÊUTICA GINECOLÓGICA E OBSTÉTRICA A consulta ginecológica é uma oportunidade de fazer uma revisão clínica da paciente. COMUNICAÇÃO A boa comunicação é essencial para a avaliação e o tratamento da paciente. A relação médico- paciente baseia-se na comunicação aberta, honesta e cuidadosa. Confiança é o elemento fundamental que encoraja a paciente a revelar seus sentimentos, sem esconder informações. RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE Há muitas evidências de que a comunicação e a compreensão da paciente e o resultado do tratamento são melhores quando as discussões com médicos se assemelham mais a diálogos que a palestra. A natureza íntima e altamente pessoal de muitas doenças ginecológicas exige sensibilidade especial para despertar uma resposta honesta. CONSULTA • Anamnese (história da paciente, motivo da consulta, antecedentes clínicos) • Exame físico completo • Elaboração de hipótese diagnóstica • Exames complementares • Conduta • Seguimento ANTECEDENTES GINECO-OBSTÉTRICOS A) Menarca (primeira menstruação), telarca (quando começa a se desenvolver os brotos mamários), pubarca (nascimento dos primeiros pelos pubianos), sexarca (início das relações sexuais), menopausa (quando a mulher para de menstruar); Saber com que idade começou a menstruação, se começou regulada ou ainda não, qual a quantidade de sangramento, frequência dos ciclos menstruais, sintomas que acompanham os ciclos; Nascimento das mamas e pelos – qual vem primeiro – isso tem diferença nas hipóteses diagnósticas; Relações sexuais: como é a atividade, quantidade de parceiros, riscos de DST, orientação em relação ao exame especular – virgens evitar de fazer exame com o espéculo; Menopausa: como foi, com que idade, família como foi, se há sintomas, quais sintomas estão acompanhando a menopausa. B) Data da última menstruação (DUM), regularidade dos ciclos, duração e quantidade do fluxo, sintomas perimenstruais; Data da última menstruação é o 1º dia de menstruação; Quantidade do fluxo é influenciada pela interpretação da paciente. Perguntar quantas vezes troca absorvente ao dia, quando a queixa for sangramento excessivo por exemplo. Sintomas perimenstruais: cólica, dor de cabeça, alteração do humor. C) Anticoncepção: qual o tipo, qual o tempo, adaptação (se está bem adaptada a esse método). Se não estiver usando – por quê? Se está tentando engravidar, há quanto tempo? 2 Jaíne Miotto Candaten – GO 7º Semestre D) História obstétrica: número de gestações e partos, anormalidades no pré-natal, aborto, amamentação; Quantas foram parto, quantas cesárea, quantos abortos, se amamentou, se teve alguma intercorrência dentro do pré-natal (pressão alta, se foi difícil de engravidar, se foi planejado). E) Fluxos genitais: tipo de secreção, odor, sintomas associados (prurido, por exemplo), há quanto tempo tem essa secreção. Pesquisar sintomas no parceiro. F) Vida sexual: atividade, parceiros, dispareunia (dor na relação sexual), sangramento na relação; G) Sintomas climatéricos: fogachos, atrofia sangramento (no climatério e, principalmente, após a menopausa), hormonioterapia (uso de hormônio no climatério). H) Queixas mamárias: nódulos palpáveis, mastalgia (dor na mama), derrame/secreção papilar (espontâneo – sangue, leitoso), antecedentes familiares de queixas mamárias. I) Queixas urinárias: incontinência, prolapso, infecções. J) Tratamentos ginecológicos prévios: cirurgias, cauterizações medicamentos, citopatológicos (acompanhamento de preventivo). EXAME FÍSICO O exame físico deve ser completo: impressão geral da paciente, peso, altura, pressão arterial. Também deve-se dar uma atenção especial ao abdome (cicatrizes, ascite, irritação peritoneal ou massas palpáveis). EXAME DAS MAMAS Inspeção estática: com a paciente sentada, com o dorso despido e os braços ao longo do corpo, avaliar volume, simetria, alterações de pele (retração, abaulamento, cicatriz) Inspeção dinâmica: retrações, abaulamentos, edema. Com a movimentação dos braços – erguer e baixar os braços – observa-se se há alguma alteração da mama. Palpação: cadeias de linfonodos (principalmente supraclaviculares, cervicais e axilares), nodulações (palpar toda a mama com as pontas dos dedos para ver se há algum nódulo perceptível na palpação), sinais inflamatórios, derrames papilares. EXAME PÉLVICO Posição de litotomia: decúbito dorsal (45º), nádegas junto à borda da mesa de exame, com coxas e joelhos fletidos. EXAME DA VULVA E DO PERÍNEO Neste momento do exame é realizado a inspeção. Observa-se distribuição de pelos, trofismo vulvar, lacerações do períneo, secreções, lesões cutâneas (ulcerações erosões, discromias), alterações anais. 3 Jaíne Miotto Candaten – GO 7º Semestre Inspeção da vulva e do períneo: ver se há lesão, alguma secreção, atrofia, alteração da uretra, como está o hímen, se há algum prolapso – olhar cada parte da vulva, períneo, verificar se há fissura anal, hemorroida, distribuição dos pelos. O vestíbulo e o introito vaginal devem ser avaliados sob esforço (manobra de Valsalva) para verificar a presença de cistocele, retocele (parede posterior) ou prolapso uterino, ver se tem firmeza no assoalho pélvico. Os linfonodos inguinais também devem ser palpados, pois tanto as neoplasias como as infecções podem afetá-los. EXAME ESPECULAR Após fazer essa inspeção, realiza-se o exame especular. Procura-se tranquiliza a paciente, porque se houver qualquer tipo de contração muscular haverá dificuldade em realizar o exame. 1) Afastar os pequenos lábios. 2) Colocar o aparelho no sentido oblíquo, na direção posterior (baixo). 3) Conforme vai entrando, vira o espéculo no sentido horizontal. Avaliar o trofismo (se há atrofia), secreções, lesões, pólipos, cistos e ectopia (na parte externa do colo do útero é epitélio estratificado, e na parte interna é o epitélio glandular – quando o epitélio glandular aparece na parte externa, chama-se ectopia). Citopatológico do colo do útero: o objetivo é destacar células da junção escamocolunar (JEC), pois essa é a sede da maioria das alterações neoplásicas. Exame a fresco (para verificar se tem fungo ou algum tipo de infecção): teste de Whiff e microscopia - (hifas: candidíase). Aplicação de ácido acético e teste de Schiller (solução de lugol - iodo). Realçam lesões pré- câncer. o Ácido acético: produto que se tiver alguma alteração displásica no colo do útero, alguma alteração na replicação celular irá aparecer como uma área branca. o Schiller: colo deve aparecer bem corado como um colo que está produzindo glicogênio = normal. Se alguma parte não cora pode-se investigar melhor lesão. TOQUE VAGINAL Com um ou dois dedos devemos avaliar musculatura (musculatura bem desenvolvida ou frouxa que possa ocasionar prolapso), cérvice (consistência do colo – móvel, dolorido) e fundo de saco. Com o exame bimanual (palpar o abdômen junto) o objetivo é prender o útero e avaliar forma, consistência, mobilidade, sensibilidade. O ovário direito pode ser palpável na mulher não obesa. Trompas e ligamentos são palpáveis somente quando aumentados de volume 4 Jaíne Miotto Candaten – GO 7º Semestre Toque retal: não é realizado de rotina (só com alguma indicação) MÉTODOS COMPLEMENTARES • Colposcopia: em caso de alterações na inspeção ou no CP (Papanicolau) Alguns ginecologistas usam como rotina, mas não há indicação – é só um complemento ao exame preventivo de colo de útero, teste de Schiller e ácido acético; • Ultrassonografia: pode ajudar bastante para ver alterações de útero, endométrio e ovários principalmente; • Histeroscopia: serve para melhor esclarecer alterações do US.OBRIGAÇÕES E DEVERES DO MÉDICO Bom tratamento; Diligência (cuidado, assistência, segurança, prudência, perícia); Abstenção de abusos; Sigilo; Informação (tem que haver uma boa comunicação entre médico e paciente). Complemento da aula com o Livro ‘‘Rotinas em Ginecologia’’: ▪ Perguntar história familiar de câncer de mama – Número de afetados, grau de parentesco, idade do diagnóstico e presença de doença bilateral; ▪ Antecedentes gineco-obstétricos – Menarca precoce (antes dos 12 anos), menopausa tardia (após os 55 anos), nuliparidade, idade tardia da primeira gestação (após os 28 anos), ausência de amamentação e uso de anticoncepção e terapias hormonais por mais de 5 anos também representam risco (CA MAMA). ▪ Nódulo – Data da percepção, localização, crescimento, relação com ciclo menstrual ou história de traumatismo; ▪ Dor mamária – Data do início, localização, intensidade da dor, uso de medicações, relação com ciclo menstrual ou traumatismo, relação com esforço físico; ▪ Derrame papilar – Data do início, cor, espontâneo ou provocado, unilateral ou bilateral e relação com o uso de fármacos; ▪ Anormalidades de pele/mamilo e sinais inflamatórios – Data do início, se agudo ou crônico, localização, saída de secreção purulenta, flogose, presença de retração ou abaulamento ▪ O Instituto Nacional de Câncer (INCA) recomenda mamografias bianuais dos 50 aos 69 anos.12 Já a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) recomendam mamografia anual a partir dos 40 anos e sem limite de idade para interromper o rastreamento. ▪ A US mamária é um valioso complemento da mamografia, sendo o primeiro exame realizado em mulheres jovens ou grávidas.
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