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Pessoa natural Todo aquele que nasce com vida torna -se uma pessoa, ou seja, adquire personalidade. Esta é, portanto, qualidade ou atributo do ser humano. Pode ser definida como aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações ou deveres na ordem civil. . CAPACIDADE JURÍDICA . . Toda pessoa tem personalidade, e, por consequência, toda pessoa tem capacidade, seja um adulto ou uma criança. Todavia, embora relacionados, tais atributos não se confundem, uma vez que a capacidade pode sofrer limitação. A capacidade é a medida da personalidade, pois, para alguns, ela é plena e, para outros, limitada. Capacidade jurídica: aptidão genérica para adquirir direitos. - Política - Penal - Civil ▪ De direito: consiste na aptidão potencial de ser titular de direitos patrimoniais e obrigações. Seu termo inicial é o nascimento, perdurando até a morte. Só não há capacidade de aquisição de direitos onde falta personalidade, como no caso do nascituro, por exemplo. De fato: em todas as pessoas têm, contudo, a capacidade de fato, também denominada capacidade de exercício ou de ação, que é a aptidão para exercer, por si só, os atos da vida civil. Quem só ostenta a de direito, tem capacidade limitada e necessita, como visto, de outra pessoa que substitua ou complete a sua vontade. São, por isso, chamados de incapazes. Quem possui as duas espécies de capacidade tem capacidade plena. . INÍCIO E FIM . Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Pessoa natural é, portanto, o ser humano considerado como sujeito de direitos e deveres. Para qualquer pessoa ser assim designada, basta nascer com vida e, desse modo, adquirir personalidade. a) Início A determinação exata do momento em que se inicia a personalidade da pessoa natural tem grande relevância; afinal, somente podem ser sujeitos de direitos aqueles a quem se atribui personalidade jurídica. Na teoria da personalidade condicionada (adotada pelo Brasil), somente se considera pessoa natural o ser humano nascido com vida. Art. 2. A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Para se dizer que nasceu com vida, todavia, é necessário que haja respirado. Se respirou, viveu, ainda que tenha perecido em seguida. Admite, todavia, a produção de efeitos ex tunc do início da personalidade, para que o recém-nascido adquira todos os direitos que teria adquirido enquanto nascituro. A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como: nome, imagem e sepultura. Ficando apenas os direitos patrimoniais condicionados ao nascimento com vida. Posicionamento do STJ: Segue a doutrina concepcionista, no sentido de que o nascituro pode ter direitos a partir da concepção. Nascituro: pessoa que está por nascer, que já foi concebida, mas que, ainda, encontra-se no ventre materno. Concepturo: não foi concebido ainda. É o caso da chamada prole eventual, isto é, aquele que será gerado, concebido, a quem se permite deixar benefício em testamento, desde que venha a ser concebido nos 02 anos subsequentes à morte do testador b) Fim Art. 6. A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Ocorre a morte da pessoa quando se verifica a morte encefálica (cerebral). Art. 3. A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por 02 médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina. ▪ Comoriência: significa “morte em conjunto”, ou seja, morte de diversas pessoas no mesmo evento. Ex: desastres, acidente aéreo ou deslizamento de terras. Art. 8. Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. ▪ Presunção da morte: casos em que se acredita que uma pessoa morreu, mas não se tem certeza. Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I – se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até 02 anos após o término da guerra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. ▪ Ausência: consiste no desaparecimento de uma pessoa de seu domicílio, sem dar notícias do lugar onde se encontra, nem deixar procurador para administrar seus bens, acarretando, por essa razão, dúvida a respeito de sua sobrevivência. Requisitos: - Desapareceu do domicílio - Falta de notícias - Falta de representante/procurador Não tem prazo para declaração de ausência. Não basta o desaparecimento de uma pessoa para a sua configuração. A ausência reclama uma declaração judicial, em procedimento especial de jurisdição voluntária (onde não há partes, não há lide e nem pretensão resistida de interesses). A declaração de ausência, no que diz respeito à tutela dos bens, é organizada em três etapas distintas: - Curatela dos bens do ausente (arts. 22 a 25): inicia-se mediante provocação, por meio de petição inicial de qualquer interessado (parentes sucessíveis, sócios, credores, pessoas que têm pretensão contra o ausente) ou do MP. A ação será proposta no último domicílio do ausente (art. 49 do CPC/2015). Na sequência, o juiz deverá arrecadar os bens abandonados e nomear curador (art. 744 do CPC/2015), mesmo que o ausente tenha deixado procurador, acaso este não possa ou não queira mais exercer o mandato. Desde que não separado judicialmente ou de fato, por mais 02 anos, o cônjuge do ausente terá prioridade para ser o curador. Subsidiariamente, poderão ser nomeados os ascendentes e, em seguida, os descendentes. Inexistindo qualquer desses, o juiz escolherá um curador. Após nomeado, receberá do juiz poderes e obrigações especiais, ficando responsável pela administração e conservação do patrimônio do ausente, pelo que receberá uma gratificação e terá ressarcido do que gastou no exercício da curadoria. É proibido ao curador adquirir bens do ausente, em função do conflito de interesses. Finda a arrecadação, o juiz mandará publicar editais na rede mundial de computadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, onde permanecerá por um ano, ou, não havendo sítio, no órgão oficial e na imprensa da comarca, durante um ano, reproduzida de dois em dois meses, anunciando a arrecadação e chamando o ausente a entrar na posse de seus bens (art. 745 do CPC/2015). Cessa a curadoria caso o ausente reapareça, compareça seu procurador ou, ainda, haja notícia inequívoca de seu óbito; - Sucessão provisória (arts. 26 a 36): findo o prazo previsto no edital, poderão os interessados requerer a abertura da sucessão provisória (art. 745, § 1.º, do CPC/2015). Fase que se instaura após o decurso de um ano da arrecadação ou, caso o ausente tenha deixado procurador, passados três anos. É uma administração dos bens do ausente (não mero depósito), com o objetivo de preservá-los, de modo que não sejam alterados mais do que o necessário, já que o desaparecido pode estar vivo. Depende de pedido dos interessados. Não havendo qualquer dos interessados mencionados, o MP pode requerer a sucessão provisória. Os efeitos da sentença que a determina só ocorrem após 180 dias de sua publicação. Entretanto, imediatamente após transitada em julgado, ocorre a abertura do testamento e do inventário, como se o ausente fosse falecido. Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer a abertura do inventário, após 30 dias do trânsito em julgado, a massa de bens do ausenteserá considerada como herança jacente. Os herdeiros que se imitirem na posse dos bens devem prestar garantia pignoratícia ou hipotecária, com exceção do cônjuge, dos ascendentes e dos descendentes. Os que não prestarem a devida garantia, ficarão impedidos de ter a posse dos bens, mas receberão a metade dos rendimentos da sua cota. Cônjuges, ascendentes e descendentes receberão a integralidade dos frutos produzidos pelos bens que administram. Os outros herdeiros, a metade. Nessa fase, não se poderá alienar os imóveis do ausente. Reaparecendo o ausente e provado que a ausência foi injustificada e voluntária, perderá os frutos em favor do sucessor; - Sucessão definitiva (arts. 37 a 39): etapa que ocorre após 10 anos do trânsito em julgado da sentença que concedeu a abertura da sucessão provisória. Aqui, levantam-se as garantias prestadas. Caso o ausente tenha 80 anos e esteja sumido há, pelo menos, cinco anos, poderá acontecer a sucessão definitiva, sem que seja necessário cumprir o prazo de dez anos. Após o trânsito em julgado da sentença que concede a sucessão definitiva dos bens, declara-se a morte presumida. Se o ausente retornar, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, nos 10 anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, receberá os bens no estado em que se encontrarem, os que foram sub-rogados em seu lugar ou o preço que os herdeiros houverem recebido. A ausência pode gerar efeitos familiares. Após a declaração da morte presumida, o casamento resta dissolvido. Se houver filhos menores órfãos e ambos os pais estiverem ausentes, os menores devem ser postos em tutela. . INCAPACIDADE . A Teoria das Incapacidades regulamenta os meios de realização de direitos por parte de certas pessoas, as quais, apesar de possuírem em sua totalidade a capacidade de direito, não têm, de forma temporária ou definitiva, meios físico-mentais para gerir sua existência sem que corram graves riscos. Assim, o direito implementa mecanismos de proteção para gerir a existência jurídica dos incapazes, exigindo que estas pessoas sejam representadas ou assistidas nos atos jurídicos em geral. Nesse sentido, incapacidade é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil, imposta pela lei somente aos que, excepcionalmente, necessitam de proteção, pois a capacidade é a regra. a) Absoluta Art. 3. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 anos. Acarreta a proibição total, pelo incapaz, do exercício do direito. A vedação abarca a prática de qualquer ato jurídico ou a participação em qualquer negócio jurídico. Estes serão praticados ou celebrados pelo representante legal do absolutamente incapaz (pais, tutores ou curadores), sob pena de nulidade. Absolutamente incapazes devem, consequentemente, ser representados por quem de direito. Os atos praticados pelos absolutamente incapazes são nulos de pleno direito. Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; Enunciado 138. A vontade dos absolutamente incapazes é juridicamente relevante na concretização de situações existenciais a eles concernentes, desde que demonstrem discernimento suficiente para tanto. b) Relativa Art. 4 o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; IV - os pródigos. ↪ Pessoa que gasta imoderadamente seu patrimônio, podendo, potencialmente, reduzir-se à miséria V - Aqueles que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. ↪ Ex.: coma induzido. Permite que o incapaz pratique atos da vida civil, desde que assistido por seu representante legal, sob pena de anulabilidade. No entanto, pode praticar certos atos sem a assistência. Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I - por incapacidade relativa do agente; O idoso goza de capacidade civil plena. Portanto, a pessoa maior de 60 anos tem plena capacidade jurídica. Assim, pode, por exemplo, casar, administrar seu patrimônio e não pode ser internato em asilo sem o seu consentimento. Caso exista algum impedimento no exercício dos direitos da vida civil, determinante de incapacidade, deve o legitimado promover a ação de interdição. Somente após a sentença de interdição, o idoso perde a capacidade civil plena. Art. 6. A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: I – casar-se e constituir união estável; II – exercer direitos sexuais e reprodutivos; III – exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; IV – conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; V – exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e VI – exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Individualmente, a pessoa portadora de deficiência deve ser avaliada para que se possa medir o grau de sua capacidade jurídica, objetivando assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania. . RECONHECIMENTO DA INCAPACIDADE . Como a capacidade jurídica é regra e a incapacidade, consequentemente, uma exceção, esta exige prova incontestável, cabal de sua configuração. Critérios: - Etário: sua comprovação é mais fácil, pois demonstrada a idade, naturalmente, decorrem os efeitos jurídicos da incapacidade, vinculando todos os atos praticados pelo titular. - Psicológico: exige-se o reconhecimento judicial da causa geradora da incapacidade, por meio de sentença a ser proferida em ação específica de interdição ou curatela de interditos. A Ação de Interdição ou Curatela de Interditos é um procedimento judicial, de jurisdição voluntária, pelo qual se investiga e se declara total ou parcialmente a incapacidade de pessoa maior, para o fim de ser representada ou assistida por curador. Por meio dela, pode o juiz flexibilizar, inclusive, o grau de incapacidade jurídica da pessoa, ao perceber que existem elementos, por mínimos que sejam, de compreensão e discernimento. Admite-se, assim, que a sentença estabeleça uma gradação da incapacidade jurídica, reconhecendo diferentes graus de incapacidade (se absoluta ou se relativa), a depender dos elementos probatórios colhidos no procedimento, segundo o estado e o desenvolvimento mental do interdito, suas características pessoais, potencialidades, habilidades, vontades e preferências, independentemente do pedido formulado pelo autor. A depender do grau de interdição, o juiz poderia estar privando uma pessoa do exercício do direito ao trabalho, à educação e à liberdade. Possuem legitimidade para manejo da ação o(a) cônjuge ou companheiro(a), os parentes ou tutores, o representante da entidade em que se encontra abrigado o interditando, bem como o Ministério Público. Art. 747. A interdição pode ser promovida: I - pelo cônjuge ou companheiro; II - pelos parentes ou tutores; III - pelo representante da entidade em que se encontra abrigado o interditando; IV - pelo Ministério Público. Juízo competente para processar e julgar a ação de interdição: prevalece o lugar do domicílio ou residência do interditando, justificado pela natureza protetiva da ação. A recomendação que o processo tramite no lugar onde reside o próprio interditando facilita, inclusive, a colheita de provas, a realização do interrogatório e a realização da perícia médica obrigatória. As demais ações contra o incapaz, serão propostas no foro de domicílio de seu representante ou assistente. Art. 50. A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu representante ou assistente. Uma vez proferida a sentença, esta tem natureza declaratória. . TOMADADE DECISÃO APOIADA . Art. 1.783-A: A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa exercer sua capacidade. Com efeito, na tomada de decisão apoiada (TDA), ao contrário da curatela, a pessoa conserva a capacidade de fato, obtendo maior autonomia para a prática de atos da vida civil. Contudo, somente ficará privada de realizar determinados atos – descritos no termo, homologados pelo Magistrado e registrados em cartório –, desacompanhada dos apoiadores. . CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE . A incapacidade, por via de regra, cessa com o fim da causa que lhe determinou ou com a aquisição da maioridade civil aos 18 anos, operando a aquisição da plena capacidade jurídica. Cessa, portanto, a situação de incapacidade e o indivíduo é autorizado a praticar, pessoal e diretamente, todo e qualquer ato jurídico. Ocorre de forma automática, ou seja, independentemente de qualquer ato judicial. Tratando-se de incapacidade por causa psíquica, desaparecendo a causa incapacitante, deve o interdito, o curador ou o Ministério Público requererem ao juiz o Levantamento da Curatela. Constatada por perícia, o juiz levantará a interdição. Art. 756. Levantar-se-á a curatela quando cessar a causa que a determinou. § 1º O pedido de levantamento da curatela poderá ser feito pelo interdito, pelo curador ou pelo Ministério Público e será apensado aos autos da interdição. § 2º O juiz nomeará perito ou equipe multidisciplinar para proceder ao exame do interdito e designará audiência de instrução e julgamento após a apresentação do laudo. § 3º Acolhido o pedido, o juiz decretará o levantamento da interdição e determinará a publicação da sentença, após o trânsito em julgado, na forma do art. 755, § 3º , ou, não sendo possível, na imprensa local e no órgão oficial, por 3 (três) vezes, com intervalo de 10 (dez) dias, seguindo-se a averbação no registro de pessoas naturais. § 4º A interdição poderá ser levantada parcialmente quando demonstrada a capacidade do interdito para praticar alguns atos da vida civil. a) Emancipação Antecipação dos efeitos da maioridade civil. Mediante a emancipação, os efeitos da maioridade civil (e não a maioridade propriamente dita) para pessoas relativamente incapazes, que ainda não atingiram os 18 anos de idade, são outorgados, tornando-as plenamente capazes para a prática dos atos da vida civil, sem necessidade de assistência ou representação. É, pois, uma antecipação da capacidade de fato, dotando o menor de capacidade jurídica plena. A emancipação pode se apresentar em 3 espécies distintas: ▪ Voluntária: por ato unilateral dos pais, ou de um deles na falta do outro, sempre em benefício do menor. É um ato irrevogável e feito por meio de escritura pública, registrada no Cartório do Registro Civil do lugar onde está assentado o registro da pessoa emancipada. Nessa hipótese de emancipação, os pais continuam respondendo pelos atos ilícitos dos filhos; ▪ Judicial: concedida pelo juiz, ouvido o tutor, desde que o menor tenha pelo menos 16 anos completos. Nem sempre satisfeito com o encargo que lhe foi imposto, com o fito de evitar emancipações destinadas a livrar o tutor do ônus que lhe foi atribuído, a norma determina que tal espécie deve ser submetida ao crivo do magistrado, evitando prejuízos ao menor. O tutor, desse modo, não pode emancipar diretamente o tutelado; ▪ Legal: quando o menor vem a praticar determinado ato reputado incompatível com a sua condição de incapaz, como: - Casamento (a separação, a viuvez ou mesmo a anulação do casamento, para o cônjuge de boa-fé, não geram retorno à menoridade), inclusive daquele que não tem, ainda, 16 anos (para evitar imputação de crime ou em caso de gravidez); - Exercício de cargo ou emprego público efetivo; - Colação de grau em curso de ensino superior; - Estabelecimento civil, comercial ou existência de relação de emprego (para http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art755%C2%A73 maiores de 16 anos) que gerem economia própria. . DOMICÍLIO . Morada: lugar onde a pessoa se estabelece temporariamente. Caracteriza-se por ser passageiro. Ex.: morar em Salvador por seis meses; Residência: local em que a pessoa se estabelece habitualmente. O indivíduo pode ter várias residências. Ex.: pessoa que reside na cidade e passa finais de semana, com frequência, em sua casa de campo. Terá duas residências; Domicílio: lugar onde a pessoa estabelece residência com ânimo definitivo, transformando-o no centro de sua vida jurídica. Esse conceito compreende o de residência, tendo em vista que há a exigência de habitualidade (elemento objetivo). Ademais, é preciso a existência do ânimo definitivo, de estabelecer-se com interesse de transformar o lugar em centro de sua vida jurídica (elemento subjetivo). Com isso, domicílio é a soma da residência (quid facti) com a qualificação legal (quid juris). É o caso, por exemplo, da pessoa que passa os fins de semana no sítio, mas tem a sua vida jurídica na residência da cidade. Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. Legal ou Necessário: é o domicílio obrigatório de determinadas pessoas naturais: - Incapaz: domicílio de seu representante ou assistente; - Preso: onde cumpre pena; enquanto o preso estiver cumprindo simples prisão cautelar, ainda não está cumprindo sentença, não havendo domicílio legal; - Servidor Público: onde exerce permanentemente as suas funções, ou seja, só tem domicílio necessário o servidor que exerce função permanente; - Juiz: comarca onde judica; - Militar: lugar que está servindo; - Marítimo: marinheiro da marinha mercante, local da matrícula do navio; - Agentes Diplomáticos: quando citados no exterior, alegarem extraterritorialidade sem designar onde têm, no seu país, domicílio, poderão ser demandados no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro que tiveram domicílio. Pessoa Jurídica A solução vislumbrada pelo Estado para limitar os riscos pessoais nos investimentos em atividades econômicas foi a criação de uma estrutura jurídica, o instituto da pessoa jurídica ou, mais exatamente, a criação das sociedades personificadas. Surge, então, um ente autônomo com direitos e obrigações próprias, que não se confunde com a pessoa de seus membros. . CARACTERÍSTICAS . - Capacidade de direito e capacidade de fato; - Estrutura organizativa artificial; - Objetivos comuns dos membros que a formam; - Patrimônio próprio e independente dos membros que a formam; - Publicidade de sua constituição, dado que, diferente da pessoa física, a pessoa jurídica não tem nascimento físico. Ademais, deve desempenhar uma função social, que é a distribuição de responsabilidade social à organização, com a atribuição de um conteúdo ético às atividades empresariais, proporcionais às suas forças, com escopo de engajar as pessoas jurídicas na garantia de uma qualidade básica de vida digna. Teoria da realidade técnica: a pessoa jurídica resulta de um processo técnico, a personificação, que depende da lei. Assim, a pessoa jurídica. É assim uma realidade, ainda que produzida pelo Direito, a partir de uma forma jurídica. Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. A esse processo se dá o nome de personificação, que nada mais é do que dotar de personalidadejurídica algo que não tem personalidade ainda, para que esse “algo” possa se tornar uma pessoa. A personificação, assim, é o processo de reconhecimento da personalidade jurídica, em observância aos requisitos legais, para transformar algo em pessoa jurídica. Com a personificação, portanto, surgem diversos efeitos: - Forma-se um novo centro de interesses, com personalidade distinta. Ou seja, é possível que exista até mesmo um choque entre os interesses da pessoa jurídica e de um dos sócios, como se vê nos conflitos societários; - Esse centro passa a ter direitos e deveres. Tal qual qualquer pessoa, a pessoa jurídica deve ser juridicamente considerada como tal, com seus próprios direitos e deveres. Daí não pode um sócio litigar em nome próprio em prol dos interesses da pessoa jurídica, ou se escusar de um dever da pessoa jurídica alegando motivo próprio; - O centro é inconfundível com seus membros. Não se pode nem se deve confundir a pessoa jurÌdica com a pessoa do sócio; - Autonomia patrimonial completa. Outra consequência lógica, pois a regra geral do patrimônio se aplica também aqui: cada titular/pessoa tem um patrimônio e cada patrimônio tem um titular/pessoa. Se a pessoa jurídica é uma pessoa, ela tem seu patrimônio próprio, inconfundível com o patrimônio da pessoa que a criou; – As relações jurídicas são completamente diferentes. Novamente, outra consequência óbvia. Se alguém espalha panfletos difamatórios contra uma pessoa jurídica, por ter prestado serviços inadequadamente, n„o pode a pessoa do sócio querer ser reparada por danos morais, por ser pessoa distinta. Igualmente, não pode um sócio obrigar um devedor a aceitar quitação pessoal quando o contrato foi celebrado pela pessoa jurídica, com assinatura do sócio-gerente; - A responsabilidade civil é independente e distinta. Mais uma vez, se são pessoas diferentes, não posso eu responsabilizar uma pelo ato da outra. - Inexiste responsabilidade penal da pessoa jurídica. . INÍCIO E FIM . a) Início Tratando-se de pessoa jurídica de direito público, a personalidade é conferida pela norma jurídica (em sentido amplo). Em outro viés, a pessoa jurídica de direito privado ganha personalidade com o registro do ato constitutivo no órgão competente. Depende, assim, da vontade humana. A existência das pessoas jurídicas de direito público decorre da lei, do ato administrativo, bem como de fatos históricos, de previsão constitucional e de tratados internacionais, sendo regidas pelo direito púbico, e não pelo Código Civil. Requisitos para configuração: Vontade humana criadora: depende da intenção de criar uma entidade distinta da de seus membros, não podendo surgir de determinação estatal. A vontade humana convergente, ligada por uma intenção comum (a�ectio societatis), constituída por duas ou mais pessoas, materializa-se no ato de constituição, que deve ser escrito; Observância das condições legais: o ato constitutivo é requisito formal exigido pela lei e pode ser: - Estatuto: se tratando de associações – pessoa jurídicas sem fins lucrativos. - Contrato social: para sociedades simples ou empresárias. - Escritura pública ou testamento. Após o registro do ato constitutivo, inicia-se a existência legal da pessoa jurídica de direito privado. Até então, o grupamento de pessoas não passava de mera “sociedade de fato” ou “sociedade não personificada”. Em regra, o registro tem natureza constitutiva, podendo ocorrer na junta comercial (sociedade empresária) ou no registro civil de pessoas jurídicas (demais pessoas jurídicas de direito privado). Algumas exceções ao local de registro podem ser citadas: o registro da sociedade simples de advogados (OAB), partidos políticos (TSE) e entidades sindicais (Ministério do Trabalho). O registro pode depender, em casos específicos, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, como as seguradoras, as instituições financeiras, as administradoras de consórcio etc. No caso dos partidos políticos, além do registro civil, que lhe confere personalidade, devem registrar-se no TSE. Súmula 677 do STF. Os sindicatos, por sua vez, além do registro civil, devem registrar-se no Ministério do Trabalho para adquirirem personalidade. Prevê o art. 986 que, enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, subsidiariamente e no que com ela forem compatíveis, as normas das sociedades simples. Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Licitude dos seus objetivos: o requisito da licitude de seu objetivo é indispensável para a formação da pessoa jurídica, devendo, ainda, ser determinado e possível. Objetivos ilícitos ou nocivos constituem causa de extinção da pessoa jurídica. Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante. A importância da limitação da vontade se dá pela garantia de obediência dos negócios ao ordenamento jurídico. Nas sociedades em geral, civis ou comerciais, o objetivo principal é o lucro pelo exercício da atividade. Nas fundações, os fins podem ser religiosos, morais, culturais ou de assistência, sendo-lhes possível se prestar a outras finalidades, desde que afastado o caráter lucrativo. Nas associações de fins não econômicos, os objetivos colimados podem ser de natureza cultural, educacional, esportiva, religiosa, filantrópica, recreativa, moral etc. Repise-se que, diferentemente das pessoas naturais (cujo registro civil tem natureza puramente declaratória), o registro dos atos constitutivos da pessoa jurídica tem natureza constitutiva, revelando-se verdadeiro instrumento de reconhecimento de sua personalidade jurídica, a qual inexistia antes. Com o registro, a pessoa jurídica é dotada de personalidade jurídica e estrutura patrimonial próprias, autônomas, distintas de seus instituidores. Art. 46. O registro declarará: I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver; II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo; V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso. b) Fim Diferentemente da pessoa física/natural, é possível anular o “nascimento” de uma pessoa jurídica. A pessoa jurídica pode ser declarada inexistente, se descumpridos os requisitos legais de sua instituição. Art. 45. Parágrafo único. Decai em 03 anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. Como regra, a dissolução das pessoas jurídicas de direito privado vai funcionar a partir do regramento da liquidaçã das sociedades. Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. § 1º Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução. § 2º As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito privado. § 3º Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica. Mesmo nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá paraos fins de liquidação, até que esta se conclua. Isso serve para proteger eventuais credores, já que, diferentemente de uma pessoa física/natural, a pessoa jurídica não tem propriamente herdeiros. . CAPACIDADE . O ordenamento jurídico reconhece a capacidade das pessoas jurídicas como consequência natural e lógica da sua personalidade. De nada adiantaria conferir aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações (personalidade) sem a aptidão específica para exercê-los (capacidade). Enquanto a pessoa física encontra na sua capacidade a expansão plena de sua alteridade ou de seu poder de ação, tendo proteção avançada, preferencial e privilegiada do sistema jurídico, a pessoa jurídica, pela própria natureza, tem o poder jurídico limitado aos direitos de ordem patrimonial. Essa limitação é relativa na medida em que nada obsta que a pessoa jurídica, eventualmente, busque indenização por dano extrapatrimonial, quando infringidos os seus direitos de personalidade (nome, reputação etc.). Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. . . CLASSIFICAÇÃO . Pessoas jurídicas de direito público: - Interno: - União: Estado brasileiro federativo; - Estados; - Municípios; - Territórios; - Distrito Federal; - Autarquias; - Associações/consórcios públicos. Art. 41. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código. ↪ Ou seja, apesar de serem públicas são tratadas como se privadas fossem. Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. Um ato praticado por um agente público é considerado pela pessoa jurídica de direito público interno o qual ele se subordina. Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. - Externo: - Estados da comunidade internacional: os paÌses da comunidade internacional; - As demais pessoas regidas pelo direito internacional p˙blico, como: ONU, FAO, FMI etc. Pessoas jurídicas de direito privado: - Associações: são pessoas jurídicas de direito privado formadas para fins não econômicos; - Sociedades: são a reunião de pessoas e bens ou serviços com objetivo econômico e partilha de resultados, ou seja, tem natureza eminentemente lucrativa; - Fundações: são um complexo de bens. Curiosamente, são pessoas jurídicas sem quaisquer pessoas físicas/naturais em sua composição. - Organizações religiosas: têm por objetivo a união de leigos para o culto religioso, assistência ou caridade. Por isso, não podem ter fim econômico. Sua criação, organização e funcionamento não podem sofrer intervenção estatal. - Partidos políticos: são associações com ideologia política, cujos membros se organizam para alcançar o poder e satisfazer os interesses de seus membros. Os partidos, apesar de serem pessoas jurídicas de direito privado, regem-se pela legislação eleitoral específica. - Empresas individuais de responsabilidade limitada - EIRELI. - Sindicatos: são associações de defesa e coordenação dos interesses econômicos e profissionais de empregados, empregadores e trabalhadores autônomos. - OSCIPs: são organizações da sociedade civil de interesse público; - Organizações Sociais: são organizações cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde; - Cooperativas: conglomerado de pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro. Elas também podem ser públicas.
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