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Bioquímica Material 3º Período Medicina Multivix Ana Carolina Fasollo Alvarenga Distúrbios da Tireóide HORMÔNIOS DA TIREÓIDE Folículo da tireóide com as células foliculares e o colóide. Células foliculares: síntese de T4, T3 e tireoglobulina. Colóide: armazenam o hormônio tireoidiano. Células parafoliculares: produtoras de calcitonina. Síntese e secreção dos hormônios da tireóide É necessário captar o iodo proveniente da alimentação para dentro da célula folicular – participação do transportador NIS (Simporte sódio e iodeto). O iodo uma vez dentro da célula folicular precisa ser enviado para o coloide através da pendrina. Ao mesmo tempo que o iodo é enviado para o interior do colóide a célula folicular fabrica a proteína tireoglobulina (essa proteína possui muitos resíduos de aa tirosina) e também é lançada para o coloide. No coloide ocorre ligação do iodo com a tireoglobulina pela ação da enzima tireoperoxidase (TPO) - esse processo é conhecido como organificação do iodo. Ao estimulo, ocorre captação de parte do coloide para dentro da célula folicular, através da emissão de pseudópodes. No interior da célula folicular, os lisossomos degradam a estrutura da tireoglobulina permitindo a liberação de T3, T4, MIT e DIT. O T3 e T4 é lançado na circulação. MIT e DIT sofrem um processo de reciclagem na tentativa de controlar o gasto de iodo, retornando para o interior do coloide. o A retirada do iodo das MIT e DIT é feita pelas deiodinases/desiodinases/desalogenase. Iodação da tirosina – Organificação do iodo Acoplados à tireoglobulinas, tem-se resíduos de aminoácidos tirosina que sofrem ligação com as moléculas de iodo. Para isso, conta-se com a participação da tireoperoxidase formando, assim, MIT ou DIT. A ligação das DIT e MIT também é feita pela tireoperoxidase. o 1 MIT + 1 DIT = T3 (mais potente). o 2 DITs = T4 (mais produzido). TSH estimula Bomba de iodeto (favorece captação de iodo). Síntese de Tireoglobulina. Captação de coloide pelas células foliculares (emissão dos pseudópodes). Taxa de proteólise da tireoglobulina. Aumento do número e tamanho das células foliculares. T3 e T4 atravessam a membrana por meio de transportadores: Transportador de monocarboxilato 8 (MCT8). Transportador de monocarboxilato 10 (MCT10): mais preferência ao T3 que ao T4. Transportador de ânions orgânicos (1C1). T4 é o principal produto secretório da tireóide e sofre deiodação periférica para formar T3 (participação das desiodinases). Estresse crônico, agudo, doença ou medicamentos provocam alteração no padrão da deiodação formando mais rT3 em vez de T3. D1: retira iodo do anel interno ou externo. D2: retira iodo do anel externo. D3: retira iodo do anel interno. T3 e T4 circulam no sangue ligados à: Globulina ligadora de tiroxina (TBG): mais ávida mas menos abundante. Pré-albumina ligadora de tiroxina (transtirretina – TTR): albumina um pouco modificada para ter mais seletividade e afinidado com os HT. Albumina: mais abundante (o que não se ligar à TBG e nem à TTR, se liga à albumina). Bioquímica Material 3º Período Medicina Multivix Ana Carolina Fasollo Alvarenga Fatores que alteram a fração de ligação com a TBG: ↑ da fração de ligação: menos HT livre – pode causar hipotireoidismo. o Fatores: causas genéticas, doenças não tireoidianas, gravidez ou no recém-nascido, terapia com estrogênios e anticoncepcionais. ↓ da fração de ligação: mais HT livre – pode causar hipertireoidismo. o Fatores: determinação genética, doença não tireoidiana (estresse agudo), andrógenos, anabolizantes e glicocorticoides. Cascata de liberação dos HT Envolve outras 2 glândulas endócrinas antes de chegar na tireoide. O processo inicia-se no hipotálamo (núcleo paraventricular) liberando o TRH que estimula o tireotrofo da adeno-hipófise e estimula a liberação de TSH que por sua vez atua na tireoide formando T3 e T4. Após formado os hormônios T3 e T4, eles se ligam a suas proteínas de ligação plasmática, porém, o T3 por ser mais potente, faz feedback negativo tanto no hipotálamo quanto na hipófise (T4 também pode fazer, mas preferencialmente na hipófise). DISTÚRBIOS DA TIREÓIDE HIPOTIREOIDISMO Hipotireoidismo primário Falência na glândula tireóide. Causas endógenas ou exógenas. Principal causa é tireoidite de Hashimoto Etiologia determinada através: histórico, exame físico, detecção de autoanticorpos contra a tireóide Hipotireoidismo secundário Falência não está na glândula tireoide e sim no hormônio que estimula essa glândula a produzir os HT. Distúrbios hipotalâmicos ou da hipófise. CAUSAS DE HIPOTIREOIDISMOS Hipotireoidismo autoimune Tireoidite de Hashimoto Erros inatos na biossíntese dos hormônios tireoidianos: Se manifestam no início da vida com grandes bócios (ex: mutação no transportador de iodo, defeitos na função do gene da tireoperoxidase, deficiência de tireoglobulina, mutação na enzima deiodinase) Deficiência de Iodo Bócio por motivos de TSH elevado, mas a tireoide não tem capacidade de formar os HT. Hipotireoidismo induzido por fármacos Amiodarona ou Carbonato de lítio. Hipotireoidismo induzido por cirurgia ou radiação Remoção da tireóide, irradiação externa da tireóide ou ingestão de iodo radioativo. Tireoidite viral ou bacteriana Infecções virais ou bacterianas levando à disfunção da tireóide. Hipotireoidismo subclínico Elevação persistente de TSH e níveis normais de T4. Motivos: início da terapia com tiroxina, baixa adesão ao tratamento do hipotireoidismo, recuperção de doença não-tireoidiana. Mutação do transportador Monocarboxilato 8 O transportador é importante pois permite que os HT adentrem o núcleo da célula e encontrem com seu receptor. Em caso de mutação esse processo fica prejudicado. HIPERTIREOIDISMO Causas endógenas: hipertireoidismo primário (doença intrínseca da tireóide), tecido tireoidiano ectópico, hipertireoidismo central ou secundário (distúrbios do hipotálamo ou da hipófise com excesso de TSH). Causas exógenas: infecção, hipertireoidismo induzido por iodo, ingestão de hormônios da tireóide. CAUSAS DE HIPERTIREOIDISMO Hipertireoidismo autoimune Doença de Graves (bócio e hipertireoidismo bioquímico, exoftalmia e mixedema pré-tibial). Auto-anticorpos agonistas que se ligam e ativam o receptor de TSH (estimulam os receptores de TSH como se fossem o próprio hormônio consequentemente estimulando a tireoide a produzir muito HT). Tireoidite de Hashimoto e Tireoidite Pós-parto Autolimitada (início hipertireoidismo e depois hipotireoidismo) Tireoidite de Hashimoto é a principal causa de hipotireoidismo mas inicialmente é uma causa de hipertireoidismo. o Quando a glândula for muito degradada causa hipotireoidismo. Bócio Nodular ou Multinodular Tóxico Bócio Bioquímica Material 3º Período Medicina Multivix Ana Carolina Fasollo Alvarenga Mutações com ganho de função no receptor de TSH Receptor fica hipersensível, responde a baixas concentrações de TSH estimulando muito a tireoide. Hipertireoidismo central (hipertireoidismo secundário) Adenomas da hipófise anterior secretores de TSH. Hipertireoidismo terciário Adenoma no hipotálamo secretando muito TRH. Hipertireoidismo induzido por Gonadotrofina Coriônica Humana Tireotoxicose gestacional transiente, hipersensibilidade do receptor de TSH ao hCG durante a gravidez ou tumores secretores de Hcg. Hipertireoidismo induzido por Iodo Paciente com deficiência de Iodo e doença de Graves subjacenteou bócio nodular, a administração de Iodo pode levar ao hipertireoidismo. METODOLOGIA ANALÍTICA Medição do TSH Imunoensaio Amostras: Soro ou plasma (sangue total por punção do calcanhar de 48 a 72 horas após nascimento). Estabilidade: 5 dias em temperatura de 2 a 8ºC e pelo menos 1 mês quando congelados. Observação sobre o TSH: o Segue ritmo circadiano, com aumentos entre 2 e 4 horas e menor concentração entre as 17 e 18 horas. o Surge após nascimento com pico dentro de 30 minutos e retorna para valores presentes no sangue umbilical após 3 dias. o Concentração se estabiliza dentro de poucas semanas de vida, atingindo valores semelhantes aos do adulto. o No primeiro trimestre de gravidez as concentrações diminuem pois hCG estimula a tireóide a produzir T3 e T4. Medição da Tiroxina Total (livre + ligado à proteínas plasmáticas): Imunoensaio, cromatografia e espectrometria de massa. Amostras: Soro ou plasma (com EDTA ou heparina), sangue em capilar ou sangue seco. Estabilidade: 7 dias em temperatura ambiente ou 30 dias quando congelado. Observação da tiroxina total: o Mede tanto o T4 livre como o ligado nas proteínas, para isso requer a dissociação do T4 das proteínas (ácido-8-anilino-1- naftaleno-sulfônico). o Por medir em sua maioria, T4 inativo (ligados às proteínas) fornece informação limitada e por isso preferível medir FT4. Medição da Triiodotironina (T3) Não é o hormônio preferido para ser dosado, pois embora seja o funcional, por ser produzido em baixas quantidades precisaria de técnicas mais sensíveis do que já são. Radioimunoensaio (usa-se um marcador 125I-T3 incorporado aos anticorpos – marcador radioativo) e Imunoensaio. Amostras: Soro ou plasma (com EDTA ou heparina). Estabilidade: 1 dia em temperatura ambiente ou 30 dias quando congelado. Observação: o Medições de T3 total são úteis no diagnósticos de casos de hipertireoidismo com TSH suprimido e concentrações normais de FT4 assim é possível diferenciar um hipotireoidismo subclínica de um quadro de T3 toxicose (doença de graves). Medição de Hormônios Tireoidianos Livres Normalmente é para dosagem de T4. Imunoensaio ou Espectrometria de massas (antes deve-se separar os livres dos ligados às proteínas por ultrafiltração). Amostras: Soro. Estabilidade: 1 dia em temperatura ambiente ou 30 dias quando congelado. Observação: o Medições de FT3 e FT4 são confiáveis em indivíduos saudáveis, com hipo ou hipertireoidismo ou pacientes com leves anormalidades nas proteínas e ligação.
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