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Direito Administrativo - Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes e organização; natureza, fins e princípios Estado, governo e Administração Pública: conceitos e elementos O Estado pode ser conceituado como pessoa de direito público, com a capacidade de adquirir direitos e contrair obrigações. O Estado é constituído por 3 elementos: - Povo: Este é seu componente humano. - Território: É a sua base geográfica. - Governo soberano: Trata-se da cúpula diretiva responsável pelos interesses e condução das políticas estatais. A Administração Pública pode ser conceituada como o conjunto de órgãos, entidades e agentes estatais que praticam atos administrativos (e não atos próprios do governo), com vistas à satisfação das necessidades coletivas, e podem pertencer a qualquer um dos poderes ou funções estatais. Conforme leciona Hely Lopes Mirelles: "A Administração é o instrumento de que dispõe o Estado para pôr em prática as opções políticas do Governo." Estado, governo e administração pública: poderes e organização A tripartição dos poderes estatais (também pode ser denominada como tripartição das funções estatais) foi concebida por Montesquieu em sua obra "Do Espírito das Leis" (1748) e está prevista expressamente no artigo 2º da Constituição Federal: Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Tratam-se, portanto, de poderes independentes e harmônicos entre si, com funções típicas e atípicas, nas quais não há exclusividade, mas sim preponderância nos exatos temos definidos pela Constituição Federal. Os poderes dividem-se em: - Poder Legislativo: Tem o papel primordial de fiscalização do Poder Executivo e elaboração de leis (funções típicas), bem como a administração de seus serviços internos e julgamento o Presidente da República nos crimes de responsabilidade (funções atípicas). - Poder Executivo: É responsável pela administração da coisa pública, e pela aplicação fática da legislação elaborada pelo Poder Legislativo (função típica). Elabora ainda normas de caráter geral, como decretos, e julga os seus servidores de forma administrativa (funções atípicas). - Poder Judiciário: Julga as demandas propostas pelos jurisdicionados e aplica coativamente a legislação (função típica), bem como elabora atos administrativos de sua competência e organiza os seus serviços públicos prestados (funções atípicas). Estado, governo e administração pública: natureza, fins e princípios A natureza da administração pública é de um dever para a pessoa que detém o exercício de suas atividades. Este agente tem a obrigação de defender, conservar e aprimorar os bens, serviços e interesses públicos, sempre visando ao principal objetivo da Administração Pública: alcançar o bem comum da coletividade. O caput do artigo 37 da Constituição Federal dispõe expressamente acerca dos princípios que a Administração Pública deve seguir na condução de suas atividades. São eles: 1- Princípio da Legalidade: Toda atividade administrativa deve ser autorizada por lei. De acordo com Hely Lopes Meirelles, enquanto os indivíduos no campo privado podem fazer tudo o que a lei não veda, o administrador público só pode atuar naquilo a lei autoriza. 2- Princípio da Impessoalidade: Também conhecido como Princípio da Finalidade, fixa que o administrador deve sempre agir em busca do interesse público e não em favor de interesses próprios ou de terceiros. 3- Princípio da Moralidade: Não basta a conduta administrativa obedecer a lei, deve também respeitar os padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé. 4- Princípio da Publicidade: Todos os atos administrativos, ressalvados algumas exceções em razão da segurança da sociedade e do Estado, devem receber a mais ampla divulgação possível entre os administrados. Trata-se de um verdadeiro requisito de eficácia dos atos administrativos contra terceiros. 5- Princípio da Eficiência: Toda atividade administrativa deve ser prestada com perfeição e rapidez. Deve-se procurar produzir mais e em menos tempo. Sobre o tema, dispõe o artigo 5º, inciso LXXVIII, da Constituição Federal: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. Nota: Uma maneira fácil de lembrar dos princípios administrativos que estão expressos na Constituição Federal, que são extremamente cobrados em concurso, é lembrar da palavra LIMPE: L egalidade, I mpessoalidade, M oralidade, P ublicidade e E ficiência Há também os princípios que não estão expressos na Constituição, mas sim no artigo 2º da Lei nº 9.784/99, a qual regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal: Art. 2º - A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Atenção: É muito importante o candidato saber quais são os princípios que a Administração deve seguir, tanto os previstos na Constituição Federal como na Lei nº 9.784/99, além de princípio implícitos e muito difundidos na doutrina, a seguir elencados: -Princípio da isonomia (ou igualdade) - impede a adoção de privilégios de tratamento entre os cidadãos. - Princípio da supremacia do interesse público - o interesse da coletividade deve prevalecer em relação aos interesses individuais (privados) em caso de conflitos entre esses. - Princípio da presunção de legitimidade (ou de presunção de veracidade) - presumem-se legais e verdadeiros os atos administrativos praticados por agentes públicos. - Princípio da autoexecutoriedade - permissão à Administração Pública para realizar suas pretensões jurídicas e administrativas no plano material, sem a necessidade de pedir a chancela do Poder Judiciário. - Princípio da autotutela - é permitida à Administração Pública a revogação ou anulação de seus atos. Súmula nº 473 do STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. - Princípio da hierarquia - há uma estrutura entre os órgãos públicos, de maneira que permite a existência de subordinação ou corrdenação entre eles. Esse princípio é a origem do poder disciplinar, entre outros poderes. Princípio da indisponibilidade do interesse público - Os entes que compõem a Administração Pública não podem dispor dos interesses públicos, eles têm a obrigação de agir para realizá-los e protegê-los. - Princípio da razoabilidade - exige-se que os atos administrativos não respeitem apenas à legislação, mas também que todas decisões sejam tomadas com a utilização de critérios racionais, adequados e proporcionais aos fatos e interesses envolvidos. - Princípio da motivação - obrigação dos agentes públicos de demonstração dos fundamentos fáticos e de direito de suas decisões, com a finalidade de possibilitar o controle dos atos administrativos. Uma visão diferente sobre os princípios da Administração Pública: Art. 37 da Constituição Federal. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (…). O artigo da Constituição Federal acima são os princípios da Administração Pública, formando o mnemônico do famoso LIMPE. Princípio da legalidade – representa o Estado de Direito. O princípio da legalidade é a atuação administrativa de acordo com a Lei. Princípio da impessoalidade – o princípio da impessoalidade tem duas acepções:a perspectiva em relação ao Administrativo e em relação à Administração Pública. Para o administrado, impessoalidade é a busca da finalidade pública, e não o interesse do particular. Em relação à Administração, o ato é imputado à pessoa jurídica de Direito Público, e não à pessoa física do agente público que o pratica. OBS: Tema recorrente em provas: cuidado, o princípio da impessoalidade não impede a identificação pessoal do nome dos servidores nos atos praticados pela Administração Pública Princípio da moralidade – a atuação administrativa deve ser legal e também moral, de acordo com probidade, boa-fé e lealdade. Princípio da publicidade – a atuação administrativa não pode ser secreta, para que possa haver o controle dos atos da Administração Pública. Daqui decorre o dever de transparência da Administração Pública. A publicidade ocorre com a publicação dos atos administrativos. Em alguns casos, a publicidade pode ser restringida quando o sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado (art. 5º, XXXIII, da CF). Três aspectos da publicidade: - o direito de petição aos órgãos integrantes da Administração Pública; - o direito de obtenção de certidões; - a divulgação de ofício de informações pela Administração Pública. Princípio da eficiência – a atividade pública deve buscar o melhor resultado possível, alcançando a finalidade pública da forma mais eficaz que for possível. Além desses, alguns outros princípios podem ser destacados: 1) Princípio da autotutela – a Administração Pública deve analisar se os atos administrativos praticados são legais e se continuam convenientes e oportunos; caso verificada incompatibilidade com a lei ou com a conveniência e oportunidade, os atos podem ser anulados (no primeiro caso) ou revogados (no segundo caso). Para fixar, na autotutela, a Administração: - anula os atos ilegais; - revoga os atos inoportunos ou inconvenientes. 2) Princípio da indisponibilidade do direito público – o administrador não pode renunciar o direito público, já que este é indisponível. 3) Princípio da supremacia do interesse público – em caso de conflito entre interesse público e privado, aquele deve prevalecer. Esse princípio dá autoridade à Administração Pública. 4) Princípio da proporcionalidade – decorre do próprio devido processo legal e está positivado no artigo 2º da Lei n. 9.784/1999. Verificar que existe estudo do conceito no Direito Constitucional. O ato deve ser proporcional: - a Administração Pública deve usar de meios adequados para o caso concreto; - a atuação da Administração Pública deve ser necessária; - deve haver proporcionalidade no conflito de interesses. 5) Princípio da segurança jurídica – deve ocorrer a tentativa de preservação dos atos administrativos; a regra é a manutenção dos atos administrativos, para se dar segurança jurídica ao administrado. O artigo 5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal estabelece o respeito ao direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada e daí decorre o princípio da segurança jurídica. No âmbito administrativo, o princípio tem efeito, por exemplo, na impossibilidade de aplicação retroativa do ato administrativo e também no prazo de decadência para revisão dos atos administrativos (prazo de 5 anos para a administração anular os atos administrativos)
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