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Reação do organismo ao trauma cirúrgico

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Amanda Schell – TXXI 
Reação do organismo ao trauma cirúrgico 
Introdução 
 A homeostasia dos sistemas em um organismo é de grande 
importância para continuidade da vida, no entanto situações de 
estresse geram respostas para que o organismo seja capaz de 
recuperar o organismo 
O trauma cirúrgico está relacionado uma situação de estresse 
que não apenas causa alterações físicas, mas também produz 
estímulos psicogênicos, os quais comandam, por meio do eixo 
hipotálamo-hipofisário, os mecanismos de reação à agressão. 
A respostas para manutenção da homeostasia, geralmente, 
apresenta intensidade proporcional a magnitude do trauma, no 
entanto nem sempre um individuo é capaz de responder de 
forma eficaz ao trauma, dessa forma dificultando as chances 
de sobrevivência. 
Tipos de trauma 
A classificação a seguir é conforme Moore e se baseia na 
magnitude do trauma. 
 Trauma limiar – engloba procedimentos de pequeno e 
médio porte; a lesão tecidual é mínima, sem regime de 
hipoxia, sem hipercapnia, sem perda excessiva de líquidos, 
sem edema ou sangramento importantes; a recuperação 
não exige intervenção médica 
 Trauma lesivo – trauma que apresenta edema, 
hemorragia, perda de plasma, hipoxia e hipercapnia; 
engloba procedimentos de médio ou grande porte; a 
recuperação não é espontânea e necessita de 
intervenção médica 
 Trauma necrotizante – onde ocorre anóxia tecidual; 
motivada por quadro metabólicos graves como choque, 
septicemia, peritonites; imposta uma intervenção médica; 
indicies de mortalidade elevados 
Componentes biológicos do trauma 
O trauma cirúrgico possui três componentes: 
 Primário – traumatismo físico direto sobre células, tecidos 
e órgãos 
 Secundário – corresponde as alterações endócrino-
metabólicas 
 Associado – não está ligado diretamente ao trauma, 
porém interfere na reação ao trauma 
Fases evolutivas da resposta metabólica 
A resposta metabólica é dividida em 4 etapas que não se 
sobrepõe, logo para que haja o processo de cura é preciso 
passar por todas as fases progressivamente. A duração e 
magnitude de cada um é proporcional à intensidade do trauma. 
As fases são as seguintes: 
 Catabólica – começa logo após o trauma; duração de 2 a 
4 dias até 7 dias; nessa fase ocorre não apenas a 
secreção de hormônios, mas também substancias que 
controlam o volume plasmático, diurese e balanço 
hidrossalino.. Fase na qual podemos observar as 
manifestações clinicas que geralmente são: apatia, 
sonolência, palidez, cianose, pulso e frequência respiratória 
aumentada. 
 Supressiva – inicia-se normalmente entre o quarto e 
sétimo dia e vai até a terceira semana; supressão da 
atividade endócrina; nessa fase o paciente volta a interagir 
e as manifestações notadas da fase anterior se 
normalizam. 
 Anabólica proteica – da terceira semana até a décima; 
recuperação da integridade do paciente; sem ganho de 
peso, porém com a volta da força muscular. 
 Anabólica lipídica – pode durar meses até anos; retorno 
das reservas lipídicas; recuperação do peso. 
Reações do componente secundário 
Como dito anteriormente o componente biológico secundário 
corresponde as alterações endócrino-metabólicas que buscam 
reparar o dano provocado pela agressão cirúrgica, as 
respostas adaptativas são as seguintes: 
 Alterações pulmonares - tanto fatores diretos como 
trauma direto ou indiretos como uso de drogas 
analgésicas, são capazes juntos ou isolados acabam por 
interferir com a mecânica ventilatória dos pulmões, 
consequentemente comprometendo as trocas gasosas e 
a distribuição de oxigênio para células e tecidos. Esses 
mecanismos acabam por gerar uma hipoxia e hipercapnia, 
gerando um quadro de acidose respiratória. 
 
Amanda Schell – TXXI 
 Essa acidose irá gerar um aumento da frequência respiratória 
para eliminar o gás carbônico em excesso nos tecidos. 
Dessa forma, é recomendado a aplicação de técnicas 
fisioterapêuticas para eliminação de secreções e exercícios 
respiratórios para a expansão alveolar. Além disso, não é 
recomendado o uso de analgésicos depressores do centro 
respiratório para sedação da dor. 
 Alterações hemodinâmicas e do balanço hidrossalino – a 
agressão cirúrgica leva à uma queda do volume do liquido 
extracelular efetivo gerando uma redução do débito 
cardíaco o que explica a tendencia de hipotensão e ao 
choque em grandes traumas. 
Para que seja possível recuperar o debito cardíaco e a queda 
da pressão arterial o organismo utiliza mecanismo de correção 
da hipovolemia. 
Um desses mecanismos é a secreção de adrenalina e de 
noradrenalina fornecido pelo sistema simpático. Essas 
substâncias não apenas participam da estimulação cardíaca 
gerando um aumento da frequência cardíaca (FC), mas 
também da vasoconstrição periférica, essa última irá ocasionar 
um aumento na resistência vascular periférica (RVP). Tais 
mecanismos irão promover um aumento da pressão arterial. 
Outra reposta gerada pela queda da hipovolemia é a queda do 
fluxo plasmático renal que irá gerar um aumento dos níveis de 
renina pelo aumento da secreção. Essa renina aumentada ativa 
o sistema angiotensina I-II que irão atuar na musculatura lisa dos 
vasos provocando também uma vasoconstrição periférica. 
Tais efeitos explicam as manifestações palidez e cianose de 
extremidades em pacientes pós-operados. 
Outro efeito da queda do fluxo plasmático renal irá produzir 
um aumento da secreção de aldosterona, essa irá reter sódio, 
bicarbonato e água em troca da excreção de potássio. Isso irá 
resultar em uma urina ácida. 
Ademais, o organismo secreta o hormônio antidiurético (ADH) 
para repor a volemia por meio da retenção de água. 
 Alterações do equilíbrio ácido-básico - o paciente 
traumatizado pode não apenas apresentar acidose 
respiratória, mas também uma alcalose respiratória, 
relacionada à uso crônico de respiradores ou ao 
mecanismo compensatório da acidose. 
Há também casos em que ocorrem acidose metabólica, 
geralmente, em casos de traumas necrotizantes associados à 
anoxia tecidual e à produção de radicais ácidos em excesso. 
Outros casos que podem ocorrer são em pacientes 
portadores de fistulas duodenais ou pancreáticas 
A alcalose metabólica é comum em patologias e cirurgias 
gastroenterologias que irão ocasionar uma redução íons H+ ou 
por meio de vômitos, fistulas ou drenos e sondas. Essa perda 
de íons acompanham uma hiponatremia, hipocalemia e 
hipocloremia. 
 Alterações sobre proteínas, lipídeos e carboidratos - um 
trauma cirúrgico, como já dito, gera reações metabólicas 
“comandadas”, principalmente, pelo hipotálamo. 
O hipotálamo controla a secreção de ACTH (hormônio 
adreno-corticotrópico) pela hipófise anterior. Esse hormônio 
estimula a secreção do cortisol. 
O cortisol comanda a neogliicogênese, lipólise e o catabolismo 
protéico. Com o objetivo de um aumento de glicose circulante 
esse hormônio irá ativar a neoglicogênese por meio de 
substratos proteicos e lipídicos. Isso gera uma excreção de 
nitrogênio na urina e aumento das taxas de ácidos graxos 
livres. 
Contudo, esse aumento da glicose é somado à uma redução 
da atuação da insulina, contudo o os níveis de glucagon são 
aumentados em decorrência os efeitos simpatomiméticos 
exercidos pela adrenalina. 
 Ação de outros hormônios 
• Adrenalina e noradrenalina – além de suas funções já 
citadas estimulam a glicogenólise, neoglicogênese, 
liberação de aminoácidos e ácidos graxos. Outra ação é 
uma redução da produção de insulina e aumento de 
glucagon pelo pâncreas, agravando um quadro 
catabólico. 
• Hormônios tireoidianos – durante de um trauma há um 
aumento desses hormônios. A ação deles gera um 
aumento do 
metabolismo basal e 
consequentemente 
um aumento da 
temperatura 
corporal e produção 
de calor. Eles 
também estimulam 
a lipólise e aumento 
de taxas de ácidos graxos llivres. 
• Hormônio do crescimento – o GH também é elevado 
em umtrauma. Sua ação é anabolizante sobre as 
proteínas, contudo sua ação é prejudicada pela 
secreção de hormônios com ação catabolizante. 
• Esteróides gonadais – o trauma operatório inibe não 
apenas a produção de testosterona, como também de 
FSH e LH. Isso explica em alguns casos a perda de libido 
em homens e alterações ao ciclo menstrual.

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