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1) Jeremias, desde que se divorciou de Dora, mãe de seu filho Caio, paga pensão alimentícia ao filho, agora com 19 anos de idade. Em razão do esplêndido desempenho no processo seletivo para ingresso na universidade, Caio ganhou bolsa de estudo, ajuda de custo, alojamento, proposta de emprego imediato após a formatura e uma série de estímulos sob a forma de patrocínio financeiro. Jeremias entende que já contribuiu financeiramente o suficiente para com a formação do filho. Na qualidade de advogado consultado por Jeremias apresente sua orientação jurídica a respeito, com detalhamento técnico-processual. Primeiramente, não pode Jeremias suspender o pagamento espontaneamente por vontade própria da pensão alimentícia, deve primeiramente ajuizar Ação Exoneratória, conforme súmula 358 do STJ e art. 1.699 CC, com os argumentos de que a necessidade do alimentando cessou-se, tendo em vista o recebimento de vários benefícios recebidos por parte da faculdade, tais como moradia, alimentação, bolsa de estudo e ainda ajuda de custo com eventuais despesas. Deste modo, cessada a necessidade do alimentante, não há de se falar na obrigação do pagamento de pensão alimentícia, pois a necessidade é um dos requisitos básicos para caracterização da obrigação. Ademais, é importante frisar que Caio atingiu a maioridade civil, não havendo presunção absoluta de hipossuficiência neste caso, de modo que, tendo sido extinto o Poder Familiar de Jeremias sobre Caio, não há de se falar no dever de sustento dos pais para com os filhos neste caso - art. 5º CC. “Súmula nº 358 STJ (anotada) “O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos.” “Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo.“ 2) Antônio foi intimado para responder recurso de agravo de instrumento (processo físico) interposto por seu pai em ação na qual este pede redução dos alimentos pagos ao filho. Ao diligenciar perante a vara de origem, Antônio constata que, não obstante já ter decorrido mais de trinta dias da interposição do recurso, o agravante até o momento não informou este fato àquele juízo. Como deverá agir o agravado? Antônio deve apresentar Contrarrazões ao Recurso de Agravo de Instrumento e alegar, em sede de preliminar, a inadmissibilidade do recurso, ante o descumprimento do disposto nos parágrafos. 2º e 3º do art. 1.018 do CPC, que exige que, nos casos de processos físicos, o agravante informe o juízo a quo acerca da interposição do recurso no prazo de 03 dias. “Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que instruíram o recurso. § 1º Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará prejudicado o agravo de instrumento. § 2º Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista no caput , no prazo de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo de instrumento. § 3º O descumprimento da exigência de que trata o § 2º, desde que arguido e provado pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo de instrumento. ” 3) Darlene nasceu no dia 14 de agosto de 1999. Seus pais não eram casados. Desde seus cinco anos foi criada por um casal conhecido de sua mãe, sem, contudo, desenvolver laços familiares ou civis com eles. Há seis meses passou a morar sozinha. Darlene não estuda nem trabalha, subsiste da pensão paga por seu pai, por força de sentença condenatória transitada em julgado há mais de dez anos, cujo valor atual é de R$ 2.300,00. Há dois meses o pai de Darlene a avisou que não mais pagaria a pensão e efetivamente suspendeu os pagamentos. O alimentante, apesar de dispor de patrimônio, utiliza-se de inúmeros artifícios para ocultá-lo. A mãe de Darlene tem situação econômica bem próxima a do pai de sua filha, porém jamais pagou alimentos ou de qualquer forma contribuiu materialmente para subsistência da filha. a) Qual a medida judicial adequada para atender o interesse de Darlene em face do seu pai? Ajuizar Cumprimento de Sentença, no rito do art. 528 do CPC, requerendo a intimação do devedor para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o pagamento, comprovar que pagou ou ainda apresentar impossibilidade, sob pena de prisão civil. “Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. § 7º O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende até as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo.” *Obs. extrajudicial - arts. 911, CPC e judicial arts 523 e 528, CPC. “Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver. “ ***Penhora também é possível ser requerida deve ser analisado qual a melhor opção, prisão ou penhora. b) Existe alguma medida judicial adequada para atender o interesse de Darlene em face de sua mãe (indique os pontos favoráveis e contrários à eventual pretensão de Darlene, materiais e processuais)? A lei fala que quando houver mais de um coobrigado, pode-se chamar o outro para responder a dívida. É preciso entrar com uma Ação de Alimentos em face da mãe, pois ela não era obrigada judicialmente - com rito especial, pela prova de parentesco existente entre ambas as partes. Na prática, ou a própria mãe faria o chamamento ao processo ou o pai entraria com uma ação de revisão de alimentos. Os pontos positivos é que: 1. Existe prova pré-constituída do vínculo, permitindo rito especial, com direito aos provisórios - art. 4º Lei de Alimentos. 2. Além de a mãe ter condição patrimonial parecida, ela nunca contribuiu para a criação da filha, tendo descumprido com suas obrigações como mãe - a mãe não vai ter como contestar esse fato. Os pontos negativos são: 1. Darlene é maior de idade, não havendo mais a presunção de necessidade dos alimentos neste caso. 2. O fato de que ela já recebe pensão do pai, de modo que a mãe seja obrigada a efetuar o pagamento da metade da pensão paga pelo pai - isso vai dar vários problemas processuais. 4) Por força de acordo extrajudicial de divórcio Nestor se comprometeu a pagar à sua ex-mulher, Adelaide, o equivalente a 15% de seus vencimentos líquidos. No acordo constou que caso Nestor fosse demitido pagaria pensão de R$ 600,00por mês. Demitido há quatro meses, Nestor não pagou a Adelaide nenhum porcentual sobre as verbas rescisórias muito menos qualquer das parcelas de R$ 600,00. Adelaide formulou judicialmente pedido para que Nestor pagasse 15% das verbas laborais da rescisão do contrato de trabalho, os quatro meses de R$ 600,00 não pagos, mais os vincendos, tudo sob pena de prisão de 30 a 90 dias. Ao despachar a petição de Adelaide o juiz efetivamente determinou a citação de Nestor, sob pena de prisão, mas exclusivamente para pagar a importância de R$ 600,00, a partir da distribuição da petição, com a exclusão das parcelas anteriores e dos 15% sobre as rescisórias. Na mesma decisão o juiz convocou as partes para audiência de conciliação. Pode Adelaide de insurgir contra a decisão judicial? Quando, como e por quê? Pode Adelaide interpor Agravo de Instrumento contra a decisão interlocutória que determinou a citação de Nestor, dentro no prazo de 15 dias úteis, a contar a partir da data de publicação da decisão - art. 1.015 parág. único. No mérito do Agravo, Adelaide deverá impugnar o fato de que a decisão determinou a citação para pagamento de apenas e tão somente da importância de R$ 600 (seiscentos reais), a partir da distribuição da ação, sob pena de prisão. No entanto, de acordo com o 911 do CPC (execução), o débito alimentar compreende até as 3 últimas parcelas anteriores ao ajuizamento da execução, de modo que o juízo a quo tenha se equivocado ao exigir apenas o pagamento da quantia de R$ 600,00 reais, a partir do ajuizamento da ação - . No entanto, é importante esclarecer que o próprio pleito de Adelaide está errado, pois compreende uma parcela a mais do que a lei autoriza, conforme disposto no art. supramencionado. A quarta parcela, cobrada a mais pela adelaide, deve ser cobrada em outra Ação de Execução, pelo rito exclusivamente expropriatório, nos termos do art. 824 e seguintes do CPC. Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. § 7º O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende até as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo. 5) Jonas, menor impúbere, foi regularmente citado em ação movida por Daniel, cujo objeto é a exoneração de obrigação alimentar reconhecida em anterior processo. O pedido de exoneração é fundado em prova material irrefutável de que o exame de DNA no qual se baseou a sentença que condenou Daniel a pagar alimentos a Jonas, seu suposto filho, foi forjado pela mãe, que ora o representa. Como e com que fundamento pode se defender Jonas? Justifique. O Objeto da Ação de Exoneração/Revisão/Alimentos é o trinômio vínculo-necessidade-possibilidade. Nesse caso, o fato de ele ter a prova de que ele não é pai, mudou a necessidade do menor?? Não, então nesse caso a ação proposta por Daniel não é cabível - não é cabível nenhuma ação de alimentos nesse caso. O caminho processual que Daniel deveria ter seguido é Ação Rescisória, para desconstituir a sentença que fixou a obrigação de alimentos, tendo em vista a existência de uma sentença transitada em julgada fundada em prova falsa. NÃO PENSAR EM SOCIOAFETIVIDADE! O enunciado não traz nada sobre o vínculo ou sobre a possibilidade de presunção. 6) Efigênia, já octogenária, move ação de alimentos pelo rito especial (E-saj SP) em face de sua neta Doralice. Ao despachar a petição inicial o juiz fixou os provisórios em R$ 1.300,00. Foram necessários três meses para citação da ré que, citada, contestou a ação e pediu reconsideração quanto aos provisórios, no que foi desatendida pelo juízo. Passados seis meses, nenhuma mensalidade dos provisórios foi adimplida. Como deve proceder Efigênia? Cumprimento Provisório de Sentença - 523 CPC ou bipartição do cumprimento (Efigenia pode pedir os 9 meses, sob pena de penhora, ou pedir os três últimos, sob pena de prisão e o restante sob penhora). Art. 531. O disposto neste Capítulo aplica-se aos alimentos definitivos ou provisórios. § 1º A execução dos alimentos provisórios, bem como a dos alimentos fixados em sentença ainda não transitada em julgado, se processa em autos apartados. 7) Madalena o consulta como advogado e informa que vive em união estável com Arnaldo há três anos. Quando decidiram morar juntos celebraram escritura pública de convivência, na qual entre outros pactos estabeleceram o regime da separação total de bens e a renúncia recíproca ao direito de mútua assistência. Arnaldo, há dois meses, parou de contribuir para as despesas do lar, pagar as contas e fazer supermercado. Madalena está desempregada e passando necessidades. Qual medida jurídica (nome, procedimento e fundamento legal) cabível para tentar reverter o quadro de necessidade pelo qual passa Madalena? Uma vez celebrado o casamento, os cônjuges passam a ser titulares de direitos e deveres recíprocos e iguais. (obrigatoriedade de respeito, fidelidade, coabitação, cooperação e assistência). Ocorre que, durante a plena comunhão de vida dos cônjuges, a obrigação de prestar alimentos não tem autonomia, sendo abarcada pela de contribuir para os encargos da vida familiar. Melhor dizendo, na constância do casamento não há qualquer disposição legal que obrigue um dos cônjuges a pagar alimentos ao outro com medidas e valores plenamente caracterizados e estabelecidos. Na hipótese de um cônjuge se sentir lesado por entender que o outro não tem cumprido adequadamente sua obrigação de contribuir para a vida familiar, poderá mover Ação de Alimentos em face do companheiro, com rito especial, tendo em vista a prova constituída do vínculo. Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: I - fidelidade recíproca; II - vida em comum, no domicílio conjugal; III - mútua assistência; Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação. § 1 o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. § 2 o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia. Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos. 8) Em ação de exoneração de alimentos o pedido inicial do autor foi julgado improcedente por ter entendido a sentença que o alimentando, ainda tinha a necessidade de receber a pensão alimentícia, não estando em condições de prover sua própria subsistência sem auxílio. O autor interpôs recurso de apelação tempestivamente, sustentando que estava suficientementeprovado que o alimentando tinha condições suficientes de prover sua própria subsistência, não persistindo mais o binômio “necessidade X possibilidade”, entregou memoriais aos três desembargadores que compõe o colegiado e realizou sustentação oral. O relator manteve a sentença de 1º grau, o segundo desembargador pediu vistas. Na sessão seguinte o segundo desembargador declarou voto dando provimento ao recurso, enquanto terceiro desembargador acompanhou o relator. O que se segue daí por diante? Terá novo julgador, com quórum ampliado, de forma automática, sem a necessidade de interposição de novo recurso, tendo em vista que os desembargadores do processo não votaram de forma unânime para o não provimento do recurso, conforme art. 942 do CPC (tomar cuidado que essa regra não se aplica ao Recurso de Agravo de Instrumento). Caso o novo recurso seja julgado improcedente, caberá a interposição de REXT ou RESP. Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores. § 3o A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao julgamento não unânime proferido em: III - não unânime proferido, nos tribunais, pelo plenário ou pela corte especial. 9) Ana manteve relacionamento extraconjugal com João por dez anos, do qual adveio o filho Cauê, menor de idade. João faleceu repentinamente, deixando a mulher, Marília, de quem nunca houvera se separado, nem de fato, e a filha Clara, maior e capaz. Imediatamente após o óbito Ana requereu em nome próprio, e como representante do filho Cauê, perante o juízo da primeira vara de família e sucessões da Comarca de São Bernardo do Campo, a abertura do inventário de João, alegando ser companheira do “de cujus”. Citadas, Marília e Clara manifestaram sua concordância aos pleitos de Cauê, mas impugnaram as pretensões próprias de Ana. Como deverá o juiz encaminhar o interesse de Ana no inventário? Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato. Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários: I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; II - as testemunhas do testamento; III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos; Neste caso, a Ana não terá o seu pedido acolhido, já que a relação entre ela e o João não constitui União estável, mas concubinato impuro, por força do art. 1.727 do CC. Dessa forma, tendo em vista que João e sua legítima esposa não estavam separados de fato, não pode ela ser nomeada herdeira, nem legatária, com base no art. 1.801 do CC. O juiz deve sobrestar o inventário e encaminhar o processo para uma Ação de Reconhecimento de União Estável - art. 612 do CPC. Art. 612. O juiz decidirá todas as questões de direito desde que os fatos relevantes estejam provados por documento, só remetendo para as vias ordinárias as questões que dependerem de outras provas.