METODOLOGIAS ATIVAS: SURGE UM NOVO PROFESSOR Autor: José Fernando Belíssimo Araújo1 Orientador: Natã Pereira Germano 2 Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Curso Licenciatura em Matemática (FF05284/FLC3848MAD) – Projeto de Ensino 03/05/2021 RESUMO O rigor da matemática inserida na vanguarda da Metodologia Ativa: esse é o principal foco desse trabalho, que apresenta um ensaio prático da “Sala de Aula Invertida”, um Estudo de Caso com análise qualitativa, sobre um curso online preparatório ao ENEM, da disciplina de Matemática. Alunos e professor se alternam no protagonismo, provocando a disrupção de paradigmas da pedagogia, recriando o clima e redistribuindo funções na sala de aula, seja ela com quatro paredes ou em meio a uma infinidade de “bits” de uma TIC. Criou-se um ambiente flexível e de coparticipação, agora alunos e professores faziam parte de um todo continuo e indissolúvel. Surge um novo aluno e, com ele, um novo professor. Palavras-chave: Metodologia Ativa, Sala de Aula Invertida, disrupção pedagógica. 1 INTRODUÇÃO Existe um continuum entre o binômio ensino-aprendizagem, uma mistura tão perfeitamente homogênea, onde não se distingue soluto ou solvente, que dificilmente conseguimos definir onde termina um e onde começa o outro. Há muito que a relação aluno-professor deixou de lado o paradigma do transmissor-receptor, onde o mestre era o portador indiscutível de toda a sabedoria e conhecimento enquanto que o aluno era um absorvedor de conteúdos sem direito ao menor dos questionamentos. Professor e alunos, na atualidade, mesclam conhecimentos e saberes, utilizando-se das mais variadas metodologias, ambos com participação ativa no processo. Quando, porém, nos referimos aos processos envolvidos no estudo da matemática, devido a todo preconceito e fetiche que existe sobre esta ciência, as técnicas e as 1 Acadêmico do Curso de Licenciatura em Matemática; E-mail: 1367576@uniasselvi.com.br 2Tutor Externo do Curso de Licenciatura em Matemática – Polo XXXXXXXXX; E-mail: 100100535@tutor.uniasselvi.com.br 2 metodologias envolvidas na educação dessa disciplina assume uma aparência complexa, cabendo tanto ao professor quanto aos alunos a quebras dessas lendas. A história do desenvolvimento da humanidade se confunde, frequentemente, com a história do desenvolvimento da matemática. Desde seu nascimento, em imemoráveis eras, até nossos dias, passamos pelos rudimentares conceitos de representação de quantidades até sofisticadas técnicas de redes neurais, que viabilizaram a pesquisa e o desenvolvimento de inteligência artificial preditiva. Existe uma grande possibilidade de a matemática ter surgido antes da linguagem, aliás, a linguagem da matemática é muito mais universal que a fonética. Há estudos que provam que peixes e mamíferos possuem, até certo ponto, noções claras de quantidade e, com toda a subjetividade que lhe é característica, a matemática é muito mais “humana” do que “exata”. O encanto que esta ciência reproduz faz com que ela fique circunscrita a uma aura mística de tal maneira que, Agostinho de Hipona (354-430) (mais conhecido como Santo Agostinho) sugeria que os utilizadores da matemática haviam feito um pacto com o diabo, para confundir o espírito dos homens. A matemática é uma ciência e, por isso, tudo que se refere a ela deve ser tratado com o adequado rigor científico. Vamos imaginar, então, o tamanho da catástrofe que seria levar o estudo da matemática para o ensino fundamental, a partir de corolários e definições herméticas. Ocorreu-me uma história que meu avô contava que: “o livro de matemática cometeu suicídio, porque estava cheio de problemas...”. Voltando ao rigor, se consultarmos o dicionário para entender a definição deste substantivo para a aplicação foco deste texto, encontraremos como significado concisão, exatidão, pontualidade, em nenhum momento o rigor está associado à tortura. Conforme Boaler, (2017) partindo-se do pressuposto que todos podemos aprender matemática, porque tantos alunos tem dificuldade, ou até mesmo ojeriza e horror a essa disciplina? Não estaria o problema no portador do giz ou na metodologia descrita por esse no carcomido quadro negro? Encarar exercícios e problemas com curiosidade, como treinamento ou desafio, mas nunca como castigo ou, como falamos no parágrafo anterior, tortura, parece ser o caminho. Uma didática que se aproxime da realidade do aluno, que o coloque em uma situação de protagonismo e não de mero expectador, é a direção para, de forma definitiva, desmistificar a educação matemática. 3 Ilações a parte, podemos afirmar que a matemática é a grande caixa de ferramentas que dá suporte a todas outras ciências, como disse GARBI (2007), ela é a própria “Rainha das Ciências”. É impossível não relacionar todo o cabedal tecnológico dos dias atuais sem relacionar, diretamente, com o desenvolvimento das técnicas e das teorias matemáticas. Engenharia, estatística, genética, economia, física, química, são algumas ciências que não existiriam sem o subsídio matemático. A matemática é primordial desde uma simples receita culinária até o projeto de naves espaciais. A ideia da utilização da “Sala de Aula Invertida” ocorreu quando, em uma aula de exercícios, verificamos que era quase impossível avaliar a eficácia dos problemas apresentados uma vez que a intervenção ou questionamento dos alunos era praticamente inexistente, então, lembrei-me da máxima de um antigo mestre: “- Se não há dúvidas, não há compreensão.”. Nesse momento instalamos um ambiente onde os alunos criariam suas próprias dúvidas a partir do envolvimento real com a criação de problemas para serem resolvidos. Nesse trabalho apresentaremos um estudo de caso sobre as Metodologias Ativas para o ensino da matemática, trazendo significatividade para o contexto da sala de aula, tornando a tecnologia da informação e das comunicações aliadas do contexto da educação e da aprendizagem, apresentando a correspondência perfeitamente bilateral entre o ensino e a aprendizagem. 2 FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA A primeira lei de Newton define que: “- Todo corpo parado ou em movimento retilíneo uniforme, mantém sua situação de movimento até que uma força atue sobre ele.”, as Metodologias Ativas de ensino e aprendizagem são, justamente, estas forças que estimulam o aluno a participação ativa, prática, no processo, dividindo o protagonismo com o professor, sendo que este último deixa a postura de mestre inquestionável e passa a ser um facilitador com experiência no assunto que será estudado ou, quem sabe então, debatido. Trazer o conhecimento para proximidade da 4 realidade prática, com aplicações cotidianas, apresentando utilidade sólida, este parece ser o “Tao3” da sala de aula. Uma visão estratégica sobre as Metodologias Ativas é apresentada por Souza e Tinti (2019, p. 2): Podemos entender Metodologias Ativas como as diferentes estratégias que o docente possui para desenvolver o processo de aprendizagem, de forma interligada, flexível, híbrida, em virtude de uma formação crítica e qualificada perante seus alunos, sendo eles os protagonistas de suas aprendizagens. [...] É importante destacar a aprendizagem híbrida que viabiliza a flexibilidade, mistura e compartilhamento de espaços, tempos, atividades, materiais, técnicas e tecnologias que compões esse processo ativo. [...] Nesse sentido, as Metodologias Ativas geram situações de aprendizagem em que os alunos constroem conhecimentos, fundamentam seus pensamentos e tomam decisões sobre os conteúdos que estão sendo abordados. Parece claro que, em um mundo onde o avanço tecnológico é diário e, por isso, o conceito de fronteira entre o possível e o impossível é extremamente sutil, uma cisão urgente nas formas tradicionais de ensino se faz premente. Não há mais lugar para o “mestre conceitual” distribuidor