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Capitalismo Tardio e Sociabilidade Moderna

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“Capitalismo Tardio e Sociabilidade Moderna”
Tema:
“Capitalismo Tardio e Sociabilidade Moderna”.
Problema:
O autor disserta e discute sobre os problemas do período dos anos, 50, 60, 70, 80 e 90. Os principais pontos são: a visão do progresso, o processo de industrialização, a instalação da tecnologia, os novos empregos que esta tecnologia trouxe para a sociedade brasileira, enfim, a mudança do “modelo” econômico, social e político de desenvolvimento. A nova realidade que a industrialização nos trouxe: a estagnação econômica, superinflação, desemprego, violência, as mudanças nos valores da família, a escalada das drogas, a educação, o papel dos meios de comunicação de massa, etc.
Tese:
A modernização trazida pela industrialização trouxe mudanças sociais profundas, e certamente uma melhora na qualidade de vida da população, criando novos produtos e novas oportunidades profissionais. Mas, por não haver uma política econômica preocupada com esse progresso, toda essa modernização acabou por ter fim numa sociedade neoliberalista, de competitividade selvagem, cheia de patologias, resultando hoje, numa desesperança de crescimento econômico e mobilidade social ascendente.
Argumentação:
O Brasil, na década de 50, tinha a sensação de que estava a poucos passos da modernização e que, esta modernização o levaria ou o igualaria a um país de primeiro mundo.
De 1945 até 1964, nos momentos principais do processo de industrialização, instalou-se os setores de grande tecnologia com seus investimentos de grande porte. As migrações internas e a urbanização foram acelerando-se.
Formou-se um novo padrão de consumo no Brasil. Trazido pelos padrões de produção e de consumo próprios aos países desenvolvidos.
Surgem as industrias do aço, a petroquímica, fibra sintética, hidroelétricas, alumínio, a do cimento, vidro, e papel. Alimentos, indústria têxtil, confecções, calçados, bebidas, móveis. O sistema rodoviário cortava o Brasil de fora a fora. A indústria do automóvel e os eletrodomésticos tomam conta do mercado. Até mesmo navios de carga e aviões o Brasil fabricava. Houve o predomínio do alimento industrializado. Os supermercados e Shopping Centers. A indústria farmacêutica estava no auge, pois de um lado existiam as “doenças do progresso” e de outro “as doenças do atraso”.
“Em suma: todas essas variações do consumo apontavam para os movimentos da sociedade”.
A vida do campo passou a ser indesejável, a repelir, a expulsar o homem que migrou para os centros urbanos em busca do trabalho moderno.
A estrutura no campo, na década de 50 era formada:
1). Pelos latifundiários capitalistas (café e açúcar), latifundiários “tradicionais” (pecuaristas).
2). Os médios proprietários (arrendatários capitalistas).
3). A pequena propriedade familiar.
Nessa totalidade, cerca de 85% era formada por posseiros, pequenos proprietários, parceiros, assalariados temporários ou permanentes, extremamente pobres ou miseráveis. O que os aproximava era a miséria ou a extrema pobreza em que viviam. A vida social girava em torno de padrões patriarcais. Poucas crianças frequentavam a escola, mal aprendiam a ler e a escrever. Para eles isso não era necessário. Esse era o panorama do campo.
A cidade atraiu o homem do campo. Nas cidades a industrialização acelerada e a urbanização rápida vão criando novas oportunidades de trabalho.
“No capitalismo, a concorrência entre os homens formalmente livres e iguais é um processo objetivo que determina, que escolhe os que se apropriarão das oportunidades de investimento, mais ou menos lucrativas, e se transformarão em empresários, pequenos, médios ou grandes, integrando a classe proprietária; e os que colherão tal ou qual oportunidade de não-proprietários”.
“O Capitalismo cria a ilusão de que as oportunidades são iguais para todos, a ilusão de que triunfam os melhores, os mais trabalhadores, os mais diligentes, os mais” econômicos”.
Nessa década a desigualdade era extrema. Poucos eram grandes empresários. Eram donos de pequenos negócios ou trabalhavam por conta própria. O imigrante era o grande vencedor.
O migrante rural também se sente vencedor ocupando postos de trabalho de baixa qualificação. Os negros, em sua maioria, ficaram com o trabalho subalterno, rotineiro, mecânico, mas em geral também melhoraram de vida.
Os anos de 1950 e 1980 marcam uma sociedade em movimento. O desenvolvimento criou oportunidades de investimento. Havia o Plano de Metas de Juscelino, que tinha como lema “50 anos em 5”. O sistema bancário financiou o consumo, as indústrias tradicionais de bens de consumo e a construção civil e a demanda derivada da empresa estrangeira ou da empresa pública promove o surgimento de pequenas e médias empresas. Sem falar no comércio de bebidas, calçados, roupas e alimentos.
Em 1950 a 1960 a burguesia tirava partido do Estado e da grande empresa multinacional, que era o centro do novo poder econômico. O progresso era sinônimo de bons negócios. Explorava a mão de obra do povo intensivamente e via o Brasil como um lugar para ganhar dinheiro rapidamente.
Em relação ao Estado, a centralização trouxe elementos novos, que alteraram a qualidade e a natureza do conjunto de instrumentos políticos ou de regulação e controle anteriormente vigente. O aparelho de regulação e intervenção econômica abrigava um setor produtivo estatal. A grande empresa industrial pública estava situada na siderurgia, no petróleo, na geração e distribuição de energia. O Estado investia na educação, saúde e previdência.
As famílias do setor produtivo estatal utilizavam-se de as oportunidades de ascensão social. A industrialização acelerada quebra a homogeneidade da classe média.
O avanço era marcado pelo trabalho com acesso aos direitos trabalhistas, do governo de Getúlio Vargas. A lei de acidente do trabalho, proteção ao trabalho da mulher e do menor, indenização por dispensa, salário mínimo, auxílio-maternidade, instituição das convenções coletivas, criação da Justiça do Trabalho, etc.
Os valores capitalistas foram absorvidos rapidamente. A casa continuava a ser o centro da existência social. O valor da hierarquia reaparece no valor da concorrência, que seleciona “superiores e inferiores” de acordo com seus méritos e dons. O espírito de aventura é o traço mais típico do capitalismo do século XX. A brutalidade da escravidão, vê-se na exploração do trabalhador, que no capitalismo é uma coisa. O Estado é um instrumento de benesses. São valores capitalistas.
Quanto a igreja católica: a família não se reduzia às funções de promoção social dos seus; era também uma agência poderosa de moralização da sociedade, ainda que já penetrada pelo individualismo. Daí viu-se mudanças de hábitos na educação e na estrutura familiar.
Isso acontecida enquanto pais lutavam pela cidadania. A concorrência ilude: na consciência dos indivíduos, a apropriação desigual das oportunidades de vida é percebida como resultado das qualidades pessoais.
“ A luta pela igualdade é exatamente o combate coletivo pela quebra dos monopólios sociais. E ela estava se fazendo dentro dos quadros liberal democráticos estabelecidos pela Constituição de 1946. Um verdadeiro espaço público vinha sendo construído passo a passo. As dificuldades eram grandes”.
Surgiram no Brasil diversas formas de pensamentos social-individualistas, socialistas e comunistas. Havia um valor comum, a construção de uma nação e a civilização brasileira. Isso deu vida à imprensa, as universidades, aos movimentos culturais, aos sindicatos, aos partidos políticos congressistas e a campanha como a do “Petróleo é Nosso”.
No final da década de 50, havia a luta pela reforma agrária, pela quebra do monopólio da terra, para o fim da miséria rural e para evitar as migrações em massa, que pressionavam os salários urbanos para baixo. Esses pontos eram sustentados pelos meios de comunicação social e pela igreja, pelos partidos políticos de centro-direita. O que estava em jogo eram dois estilos de desenvolvimento econômicos, dois modelos de sociedade urbana de massa: de um lado, um capitalismo selvagem e plutocrático; de outro,um capitalismo domesticado pelos valores modernos da igualdade social e da participação democrática dos cidadãos conscientes de seus direitos, educados, autônomos, politicamente ativos. O ano de 1964 representou a imposição pela força, de uma das formas possíveis de sociedade capitalista no Brasil.
A Revolução de 64, ao banir pela violência as forças do igualitarismo e da democracia produziu, ao longo de seus 21 anos de vigência, uma sociedade deformada e plutocrática, isto é, regida pelos detentores da riqueza.
Em 1980, as desigualdades relativas a renda e riqueza eram muitíssimo maiores no Brasil. Havia concorrência desregulada entre os trabalhadores, e na monopolização das oportunidades de vida pelos situados no cimo da sociedade. Havia lucros astronômicos, monopólio da terra, industrialização da agricultura (que se voltou para produtos de exportação; é o caráter capitalista do latifúndio). A maioria da população do campo, em 1980, continuava mergulhada na pobreza absoluta. Daí se intensifica o êxodo rural.
Com o pretexto de combater a inflação, o autoritarismo plutocrático, pôs em prática uma política deliberada de rebaixamento do salário mínimo. A ditadura calou os sindicatos. Facilitou a dispensa e a rotatividade da mão de obra. Apesar disso, os trabalhadores comuns puderam colocar os seus filhos em escolas públicas e a família passou a ter acesso ao sistema de saúde, embora o serviço fosse ruim. Muitos se beneficiaram da luz elétrica e do abastecimento de água encanada. A mulher era geralmente empregada doméstica ou operária, os padrões de alimentação caminham em direção do produto industrializado em massa. Em resumo: na base da sociedade urbana, está o trabalho subalterno, rotineiro, mecânico, sujeito a alta rotatividade no emprego, com exceção dos funcionários do governo. Mas aí havia uma distinção no trabalho subalterno: os salários e benefícios indiretos são decrescentes em relação ao tamanho da empresa e à formalização ou não da relação de emprego. Para o mesmo tipo de trabalho havia salários diferentes segundo o mercado de consumo. A maior parte dos trabalhadores subalternos, incorporou os padrões de consumo e o estilo de vida modernos.
Como consequência dos baixos salários numa economia em expansão, as consequências eram grandes margens de lucro das grandes, médias e pequenas empresas, ou seja, acumulação de capital, de multiplicação de riqueza. As grandes corporações multinacionais vieram se juntar a várias ouras recém-formadas.
“O Brasil, que já chocara as nações civilizadas ao manter a escravidão até finais do século XIX, volta a assombrar a consciência moderna ao exibir a sociedade mais desigual do mundo”
Havia o mundo dos magnatas, ricos e privilegiados; depois a classe média povoada de serviçais mal remunerados; e por fim os pobres e miseráveis, sem condições dignas de vida.
A cultura ganhou valorização. O autoritarismo fechou espaços públicos, abastardou a educação e fincou o predomínio esmagador da cultura de maças. A cultura americanizada.
Quanto a jornais e revistas, é a classe média que tem condições de compra-los.
“A sociedade brasileira passou diretamente de iletrada e deseducada a massificada, sem percorrer a etapa intermediária de absorção da cultura moderna”.
A aprendizagem se torna um meio de profissionalização, para o mercado de trabalho. O protestantismo ganha seu espaço e o governo usa os meios de comunicação em massa para enaltecer suas realizações.
Nos anos 90, descobriu-se a fragilidade econômica do nosso capitalismo periférico, a precariedade da vida social o caráter plutocrático do Estado. Houve a piora das condições sociais e econômicas.
O Brasil ficou impotente, pois copiou tudo menos o essencial: formas de organização capitalista, capazes de assegurar um mínimo de capacidade autônoma de funcionamento e inovação.
No início dos anos 90, a estagnação econômica e a alta inflação vão rompendo lentamente os mecanismos básicos de reprodução da sociedade, a mobilidade social e a ampliação continuada do consumo moderno.
A frustração do Plano Collor permitiu a implementação do Plano Real. Nos anos 90, o desemprego nas áreas metropolitanas cresce assustadoramente, impulsionado por uma selvagem política de redução de custos e de modernização tecnológica posta em prática especialmente no setor industrial. Crescimento do trabalho autônomo precário, de remuneração incerta e baixa .
Houve o ápice do processo com o neoliberalismo, com a sujeição aos mercados internacionais, venda do patrimônio público para pagar dívidas, corte de gastos sociais, usurpação de direitos trabalhistas para aumentar a competitividade. Altas taxas de juros. A política também virou um negócio.
A globalização trouxe a falta de emprego e a mobilidade social descendente, rebaixando o padrão de vida e nível de consumo. Com relação à família desaparecem os aspectos sagrados do casamento. A educação das crianças perdeu seus aspectos francamente autoritários.
A ideia de nação esmaece. O cidadão agora é contribuinte e consumidor. Os meios de comunicação contribuíram para disseminar o neoliberalismo. O indivíduo perde o horizonte de vida fora da competição selvagem.
É a “cultura da sobrevivência”, onde florescem outras síndromes de nossa patologia social.
Comentário:
No texto em análise, fica claro que a problemática do país foi a incapacidade de criar e organizar uma sociedade própria, com seus próprios meios de regulação e desenvolvimento. Tudo o que o Brasil fez, desde o início da década de 50, foi trazer para seu povo cópias de modelos de desenvolvimento. Importou o modo de vida estrangeiro e se esqueceu que uma nação deve ter sua própria identidade.
Inicialmente, o processo de industrialização trouxe à população as melhorias sempre sonhadas. Um padrão de vida nunca conhecido pela sociedade brasileira, a possibilidade de consumir e de crescer.
Ocorre, que essa realidade foi se esmaecendo e acabou por desembocar numa sociedade falida, onde não encontra mais formas de desenvolver-se como antes; como progredir de agora em diante. O progresso tão esperado e adorado por todos trouxe problemas sociais “sem solução”. Uma sociedade na qual a desigualdade é tão marcante e tão crescente: os pobres cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos. O poder e a riqueza continuam se concentrando nas mãos de uma pequena minoria. E para os menos privilegiados, as chances de ascensão social ficam cada vez mais distantes.
FICHAMENTO da obra de : CARDOSO DE MELLO, J.M. & NOVAIS, F. Capitalismo Tardio e Sociabilidade Moderna.

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