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Thaís Morghana - UFPE-CAA HIV/AIDS INTRODUÇÃO HIV → vírus da imunodeficiência humana. AIDS → síndrome da imunodeficiência adquirida. Retrovírus → RNA de fita simples que precisa ser transcrita em DNA para se integrar ao genoma. ● HIV-1: Brasil e maioria dos países do mundo. ○ Dividido nos grupos M, N, P e O. ○ Cada grupo se subdivide em clades. ○ A maior parte dos casos de AIDS são do grupo M (“major”) ● HIV-2: África. ○ Dividido nos grupos de A a G. ● Pode ocorrer recombinação de subtipos virais distintos. PATOGENIA CICLO VIRAL ● O HIV encosta o envoltório lipoprotéico na superfície das células do hospedeiro. ○ A ligação é feita pela gp120. ○ As células atingidas são aquelas que expressam o CD4 na superfície: linfócitos T helper, monócitos/macrófagos e células dendríticas. ● CD4 + gp120 → Expõem os correcpetores CCR5 e CXCR4 → Mudança conformacional e exposição da gp41 → gp41 causa fusão do envelope do vírus e membrana da célula. ● Inoculação do capsídeo (genoma + enzimas virais). ● O RNA viral não é legível dentro da célula. Assim, a transcriptase reversa atua convertendo o RNA em DNA proviral. ○ A transcriptase reversa tem baixa fidelidade, cometendo muitos erros ao transcrever o material genético do vírus. Isso contribui para o aumento das mutações. ● Há ativação imune celular, com abertura dos poros da membrana nuclear. ● O DNA viral é integrado ao DNA do hospedeiro por meio da enzima integrase. ● O núcleo passa a produzir RNA mensageiro viral e RNA genômico viral. ● O RNAm é traduzido em proteínas, que ficam funcionalmente ativas pela ação da protease. ● Os novos capsídeos são montados e liberados para infectar novas células. HISTÓRIA NATURAL ● A janela imunológica para soroconversão do HIV é de cerca de 30 dias. ● Set-point viral: equilíbrio entre a carga viral e os linfócitos TCD4. ● A fase sintomática inicia quando os linfócitos TCD4 atingem um patamar de 200. PATOGENIA ● O linfócito TCD4 é o principal alvo do HIV. ● AIDS: o paciente apresenta infecções e neoplasias oportunistas. ● A carga viral é inversamente proporcional à contagem de CD4. ● Ativação imune crônica: o HIV está relacionado ao envelhecimento precoce, com consequente aterosclerose e neoplasias. Mecanismos de redução dos linfócitos TCD4 Destruição direta pela replicação viral: efeito citopático. Destruição indireta: citotoxicidade de linfócitos TCD8, células NK e anticorpos anti-HIV. Exaustão celular: disfunção qualitativa e apoptose devido a ativação imune exagerada. INFECÇÃO PRIMÁRIA Via sexual ● O primeiro contato do vírus é com a mucosa genital. Thaís Morghana - UFPE-CAA ● O vírus atravessa o epitélio por meio das células dendríticas ou de forma direta em locais com solução de continuidade. ● Na submucosa, o HIV busca os linfócitos T helper no interstício. ● Os linfócitos ativados são responsáveis pelo primeiro ciclo de replicação viral. ● Os vírions são drenados para os linfonodos regionais e a infecção começa a ter crescimento exponencial: pico inicial da viremia. ● Durante esse pico, o paciente pode apresentar uma síndrome retroviral aguda. ● Há um controle parcial da viremia por meio da ação da resposta imune adaptativa. ● O estado de equilíbrio (set-point) é atingido em cerca de 6-12 meses. Quanto maior o set-point, mais rápida a evolução para AIDS. ● A média é de 10 anos para o desenvolvimento da AIDS, mas isso varia de acordo com a resposta imune de cada hospedeiro. Via transfusional, uso de drogas injetáveis, intra útero, etc ● A inoculação viral é diretamente na corrente sanguínea. ● Os vírions são primariamente removidos pelo baço. ● A partir daí a disseminação segue o mesmo padrão da via sexual. GALT ● É um dos alvos preferidos do HIV no início da infecção. ● Isso acontece pois o tubo digestivo tem um sistema linfoide rico em células TCD4 ativas como mecanismo de defesa aos patógenos ingeridos diariamente na alimentação. ● Indivíduos com HIV fazem muita translocação bacteriana intestinal, o que facilita a produção sustentada de mediadores pró-inflamatórios. INFECÇÃO CRÔNICA ● As mutações do HIV permitem escapar da ação imune adaptativa e a replicação viral persiste. ● Não existe uma latência virológica. ● A produção de linfócitos TCD4 serve de substrato para o vírus. DOENÇA AVANÇADA ● Pacientes sem uso de TARV ou em falha terapêutica evoluem com TDC4 < 350 cel/μl. ● A partir disso, há uma maior predisposição a infecções oportunistas e neoplasias. ● A resposta imune contínua e exagerada desencadeia a síntese de citocinas pró-inflamatórias, e pode ter 2 consequências principais: 1. Exaustão celular, com prejuízo das funções imunológicas. 2. Lesões orgânicas devido ao estado inflamatório crônico, como aterosclerose. Síndrome de envelhecimento acelerado ● Osteopenia/osteoporose. ● Câncer. ● Doenças cardiovasculares. ● Diabetes mellitus. ● Doença renal crônica. ● Doença hepática crônica. ● Disfunção neurocognitiva. Controladores de elite → permanecem assintomáticos e com níveis normais de TCD4 mesmo sem TARV. ● Indivíduos capazes de construir uma resposta imune adaptativa mais eficaz. ● Fatores genéticos: HLA-B*5701 e HLA-B*2705. FENÔMENOS AUTOIMUNES ● A infecção pelo HIV produz hipergamaglobulinemia policlonal e autoanticorpos que podem dar origem a doenças autoimunes. ● Pacientes com doenças autoimunes prévias podem ter exacerbação da condição. FENÔMENOS ADICIONAIS ● Redução do HLA classe I. ● Expansão de células NK defeituosas. ● Ineficácia dos anticorpos anti-HIV: mecanismos de proteção das proteínas gp120 e gp41. ● Esconderijo em “santuários imunológicos”: órgãos como o SNC guardam o vírus e não permitem a entrada do sistema imune. ● Latência pós-integração: células com o material viral agregado mas sem replicação. Thaís Morghana - UFPE-CAA TRANSMISSÃO ● Contato sexual. ○ A principal via é o sexo heterossexual, com transmissão de cerca de 0,12% por coito desprotegido vaginal. ○ A transmissão é maior do homem para a mulher. ○ O sexo oral tem menos transmissão, mas não é isento de riscos. ○ O sexo anal é a forma mais eficiente de transmissão, com cerca de 1,4% por coito desprotegido. ○ Maior chance de transmissão em pacientes com outras DSTs. ○ A transmissão sexual é desprezível em pacientes assintomáticos, em uso de TARV e com carga viral indetectável. ● Contato com sangue, hemoderivados e tecidos. ○ Uso de drogas ilícitas injetáveis. ○ Hemotransfusão e transplante de órgãos. ○ Lei do sangue: pelo menos 2 testes de alta sensibilidade para o HIV são obrigatórios em casos de doação (um sorológico e um PCR). ● Transmissão vertical: intraútero, intraparto ou aleitamento materno. ○ Na ausência de prevenção profilática, cerca de 15-45% das mães vão transmitir o vírus para o bebê. ○ A principal via de transmissão é intraparto. ● Acidentes ocupacionais. ○ Exposição percutânea: risco de 0,3%. ○ Exposição de mucosa: risco de 0,09%. ○ Exposição de pele não íntegra: risco < 0,09%. Transmitem o vírus Não transmitem o vírus Sangue, sêmen, fluido vaginal, líquor, líquido sinovial, líquido pleural, líquido pericárdico, líquido peritoneal, líquido amniótico. Fezes, secreções nasais, saliva, escarro, suor, lágrimas, urina, vômito. QUADRO CLÍNICO FASE AGUDA ● Intervalo entre o contágio e a soroconversão, ou seja, período de cerca de 4 semanas. ● Ocorre em 50-90% dos indivíduos infectados. ● 70% das pessoas com sintomas nessa fase vão apresentar uma síndrome mononucleose-like. ○ Febre alta. ○ Dor de garganta. ○ Linfadenopatia. ○ Hepatoesplenomegalia. ○ Rash cutâneo. ○ Dor ocular. ○ Cefaleia. ● O curso é autolimitado, com resolução em 3-4 semanas. ● Nessa fase, o exame de escolha é a carga viral (a partir de 10 dias de infecção). ● A sorologia anti-HIV costuma ser negativa. FASE ASSINTOMÁTICA ● Fase de latência clínica. ● Começa a partir do set-point viral. ● Pacientes ficam assintomáticos nessa fase. ● O sintomas presente geralmente é a linfadenopatia generalizada persistente em ≥ 2 cadeias extra inguinais por > 3 meses. ● Oslinfócitos TCD4 diminuem em uma taxa de -50 células/ano. FASE SINTOMÁTICA - AIDS Infecção pelo HIV + CD4 < 200 cél/mm³ E/OU Doença definidora ● Fungos: candida em esôfago/via aérea, histoplasmose disseminada. ● TB extrapulmonar. ● Vírus: CMV (exceto em fígado, baço e linfonodos), JC (leucoencefalopatia multifocal progressiva). ● Neoplasias: CA cervical invasivo, sarcoma de Kaposi, linfoma não-Hodgkin. ● Parasitas: neurotoxoplasmose, doença de chagas aguda. DIAGNÓSTICO Paciente ≤ 18 meses de vida: ● Carga viral: HIV-RNA (PCR). ● Pelo menos 2 amostras positivas. Thaís Morghana - UFPE-CAA Paciente > 18 meses de vida: ● Testes de triagem (imunológicos): ○ Imunoensaio (sorologia): ELISA. ○ Teste rápido. ● Confirmação diagnóstica: 2 imunoensaios ou 2 testes rápidos em momentos diferentes. ○ Se for confirmado, está indicado o uso de HIV-RNA. ● Gestante sem pré-natal, campanhas de testagem em festas, acidente com perfurocortantes em profissionais de saúde: dar preferência ao teste rápido. Imunoensaio ou teste rápido (-): amostra não reagente. Imunoensaio ou teste rápido (-), mas suspeito: repetir em 30 dias. Testes discordantes ou teste molecular positivo com < 5.000 cópias/mL: indicar testes específicos, como Western Blot ou Imunoblot. Esses testes conseguem demonstrar a presença concomitante de anticorpos diferentes (cada um direcionado para um antígeno viral específico). Obs.: os imunoensaios de 4ª geração utilizados atualmente detectam anticorpos anti-HIV IgM, IgG, IgA, IgE, além do p24 do capsídeo viral. Imunoensaio de triagem + teste molecular confirmatório permitem estabelecer o diagnóstico 10 dias após a infecção. DIAGNÓSTICO DE AIDS EM > 13 ANOS Critério CDC adaptado Confirmação do diagnóstico laboratorial de infecção pelo HIV + Evidência de imunodeficiência: diagnóstico de pelo menos uma doença indicativa de aids e/ou CD 4 < 350 cel/ml Critério Rio de Janeiro/Caracas Confirmação do diagnóstico laboratorial de infecção pelo HIV + ≥ 10 pontos em escala de sinais, sintomas ou doenças Critério excepcional de óbito Menção de AIDS na DO + Investigação epidemiológica inconclusiva OU Menção de AIDS na DO e doença indicativa + Investigação epidemiológica inconclusiva TRATAMENTO AVALIAÇÃO INICIAL ● Explicar ao paciente os aspectos básicos relativos à doença (formas de transmissão/prevenção), tratamento e prognóstico na atualidade ● No SUS, recomenda-se que os pacientes assintomáticos e estáveis sejam acompanhados nas UBS. Os Serviços de Atendimento Especializado (SAE) devem priorizar o atendimento de crianças, gestantes, pacientes coinfectados (TB, hepatites virais, etc.), indivíduos sintomáticos e situações de manejo mais complexo da terapia antirretroviral. Exames solicitados na primeira consulta: Contagem de LT-CD4+ e exame de CV-HIV; Genotipagem pré-tratamento (pessoas que se infectaram com parceiro em uso atual ou prévio de TARV, gestantes HIV+, crianças e adolescentes HIV+ e casos de coinfecção HIV-TB); Hemograma; Glicemia de jejum; Dosagem de lipídios; Avaliação hepática e renal; Teste imunológico para sífilis; Testes para hepatites virais; IgG para toxoplasmose; Sorologia para HTLV I e II e Chagas; Prova tuberculínica; Radiografia de tórax Periodicidade de repetição dos exames: Thaís Morghana - UFPE-CAA CONCEITOS GERAIS DA TARV ● TARV não é emergência médica, exceto em casos de acidente ocupacional ou violência sexual. ● É necessário orientar o paciente acerca da necessidade de adesão ao tratamento e uso contínuo. ● Mínimo de 3 drogas, que causam interferência em pontos diferentes do ciclo viral. ● O tratamento é indicado para todos os pacientes com HIV. ● Não há transmissão do HIV em pacientes em tratamento que atingiram uma carga viral indetectável. ● Em 6 meses após início do tratamento, o paciente deve apresentar carga viral indetectável. CASCATA DE CUIDADO CONTÍNUO A UNAIDS estabeleceu metas de controle para a doença: ● 90% dos portadores de HIV devem estar diagnosticados. ● 90% dos portadores de HIV devem estar em TARV. ● 90% das pessoas em TARV devem estar com carga viral suprimida (< 1.000 cópias/mL). INIBIDORES DA TRANSCRIPTASE REVERSA Tenofovir (TDF) Lamivudina (3TC) Efavirenz (EFV) Zidovudina (AZT) ● Atualmente, é usada a combinação do TFD e do 3TC. ● Efeitos colaterais: ○ TDF: nefrotoxicidade e perda de massa óssea. ○ EFV: transtornos neuropsiquiátricos, sonolência e rash micropapular. INIBIDORES DA INTEGRASE Dolutegravir (DTG) Raltegravir (RAL) ● O medicamento mais usado é o DTG. ● O RAL era utilizado nas gestantes, mas não é mais o medicamento de escolha nesses casos. ● Efeitos colaterais: ○ DTG: cefaléia. INIBIDORES DE PROTEASE Atazanavir com ritonavir (ATV/r) Lopinavir com ritonavir (LPV/r) ● O ritonavir vem associado aos medicamentos porque potencializa o efeito. ESQUEMAS DA TARV Início da TARV ● TODAS as pessoas com HIV+, independentemente de contagem de CD4 e sintomas devem iniciar a TARV (não é obrigatório, mas é o ideal). ● Priorização da TARV em pacientes com: sintomatologia compatível, CD4 < 350, gestantes, TB ativa, coinfecção HBV ou HCV, risco cardiovascular elevado. Thaís Morghana - UFPE-CAA População geral TDF + 3TC + DTG Tuberculose TDF + 3TC + EFV Obs.: deve-se fazer a genotipagem. Nos casos de resistência ao EFV, pode-se usar o DTG em doses dobradas. Gestante < 13 semanas: TDF + 3TC + EFV ≥ 13 semanas: TDF + 3TC + DTG PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO (PEP) ● Avaliar acidente: ○ Material infectante: sangue, fluido genital, líquidos (serosa, líquor). ○ Exposição percutânea, mucosa ou em pele não íntegra. ● Realizar teste rápido na fonte e na pessoa exposta. Fonte (-) ou exposto (+): não fazer profilaxia. Fonte (+) e exposto (-): profilaxia por 28 dias. ● Tempo máximo de até 72h, mas o ideal é que o tratamento seja realizado em até 2h. PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO (PrEP) ● Reduz o risco de infecção por HIV em até 90%. ● Grupos prioritários: homens que fazem sexo com homens, transexuais, profissionais do sexo, casais sorodiscordantes. ● Esquema: TDF + FTC (entricitabina). Deve ser utilizado antes da relação sexual. FALHA TERAPÊUTICA ● Cerca de 80% dos indivíduos alcançam carga viral < 50 cópias/ml (abaixo do limite de detecção) após um ano de tratamento. Falha virológica → Carga viral detectável ap´so 6 meses do início ou modificação da TARV OU viremia em pacientes que tinham carga viral sob controle. ● Deve ser confirmada com nova dosagem de carga viral após 4 semanas. Falha imunológica → aumento < 30% na contagem de CD4 após 1 ano de TARV. ● Ocorre em 15-30% dos pacientes. ● Geralmente associada a início tardio do tratamento e indivíduos de idade avançada. ● Mesmo nesses casos, se houver supressão da viremia, o tratamento deve ser mantido. Falha clínica → doença oportunista na ausência de falha virológica. ● Pode ocorrer devido a falha imunológica, falha na quimioprofilaxia contra doenças oportunistas ou síndrome inflamatória. ● Se houver supressão da viremia, o tratamento deve ser mantido. COMPLICAÇÕES E INFECÇÕES OPORTUNISTAS AFECÇÕES NO TGI ● Candidíase orofaríngea: Indicativo de que a AIDS “está próxima”. ● Leucoplasia pilosa. ● Úlceras aftosas. ● Lesões dos intestinos: o paciente pode apresentar diarreia, dor abdominal e febre, além de uma maior predisposição a infecções bacterianas, virais e por protozoários. ● Lesões hepatobiliares: hepatites virais crônicas, esteatose hepática, toxicidade/hipersensibilidade medicamentosa, síndrome da reconstituição imune. Obs.: febre recorrente, sudorese noturna, candidíase orofaríngea e perda ponderal inexplicada são indicativos de imunodepressão moderada. Coinfecção com hepatites virais ● O paciente HIV+ é menos capaz de reagir à presença dos vírus hepatotrópicos, o que diminui a probabilidade de imuno eliminação desses agentes. ● HIV-HBV: lançar mão de drogas ativas contra ambos os vírus (tenofovir e lamivudina). ● HIV-HCV: começar a TARV até estabilização clínica e controle viral e posteriormente introduzir drogas de ação diretacontra o HCV (sofosbuvir + Thaís Morghana - UFPE-CAA daclatasvir OU ombitasvir + veruprevir + dasabuvir + ritonavir). ● Checar a incompatibilidade da TARV com as drogas anti-HCV e ajustar se necessário. PNEUMOAIDS Pneumonia bacteriana ● Maior incidência principalmente em casos com CD4 ~300. ● O agente etiológico mais comum é o pneumococo (risco 6x maior que na pop geral). ● Risco aumentado também de pneumonia por S. aureus e Pseudomonas aeruginosa. Pneumocistose (PCP) ● Causada pelo Pneumocystis jirovecii em pacientes com CD4 < 200. ● Fisiopatologia: inflamação da membrana alveolar, com consequente dificuldade na troca gasosa. ● Clínica: tosse seca e dispneia arrastadas, ausculta normal. ● Laboratório: gasometria com hipoxemia/alcalose respiratório e LDH > 500. ● Radiografia: infiltrado bilateral intersticial difuso (predomínio em região hilar e bases), pneumatoceles (cistos). ○ Geralmente não há adenopatia hilar ou derrame pleural. ● Diagnóstico: isolamento em escarro (coloração por prata metenamina). ● Tratamento: SMX-TMP por 21 dias (IV em quadros graves e VO em quadros leves). ○ Associar prednisona em casos de PaO2 < 70. ● Profilaxia 1ª: SMX-TMP. ○ Pacientes com CD4 < 200 OU candida oral OU febre > 2 semanas sem diagnóstico específico. Tuberculose ● Causada pelo Mycobacterium tuberculosis, com qualquer contagem de CD4. ● Principal causa de óbitos em pacientes com HIV: letalidade de cerca de 6% em indivíduos coinfectados. ● Radiografia: lesões apicais. ● CD4 > 350: forma pulmonar apical cavitária. ● CD4 < 350: formas pulmonares atípicas (infiltrados em lobos inferiores + adenopatia hilar), formas extrapulmonares ou TB disseminada (miliar). ● Tratamento: começar a tratar TB com RIPE e 2 semanas depois fazer a TARV. INFECÇÕES FÚNGICAS ● Em geral, as infecções fúngicas oportunistas têm acometimento multissistêmico. ● As alterações radiográficas costumam ser inespecíficas. ● O tratamento é feito com anfotericina B IV até melhora clínica, seguido de manutenção com drogas orais, como itraconazol. AFECÇÕES CARDIOVASCULARES ● A principal cardiopatia da PVHIV é a doença coronariana obstrutiva. ● Ativação imunoinflamatória aberrante devido a replicação viral aumenta o risco CV. ● Alterações do metabolismo lipoprotéico podem ser agravadas pela TARV. ● Ter cuidado com as interações medicamentosas entre estatinas e a TARV. NEUROAIDS Meningite ● Causada pelo Cryptococcus neoformans (neurocriptococose). ● Há aumento da PIC devido ao déficit de reabsorção do líquor. ● Clínica: quadro subagudo, com febre, cefaléia, raros sinais meníngeos e paralisia do 6º par devido a PIC. ● A meningite criptocócica é a principal causa de meningite oportunista na AIDS. ○ Febre, náuseas, vômitos, cefaléia holocraniana, alterações progressivas do sensório e sinais de irritação meníngea. Thaís Morghana - UFPE-CAA ○ O que chama mais atenção é a hipertensão liquórica. ● Diagnóstico: estudo do líquor. ○ Aumento da pressão liquórica. ○ Pleocitose discreta: aumento de células mononucleares. ○ Aumento de proteína. ○ Redução de glicose. ○ Tinta Nanquim: permite visualizar o fungo no líquor. ○ Cultura. ○ Antígeno criptocócico. ● Tratamento: anfotericina B + flucitosina. ○ Punção lombar de alívio em casos com P > 25 cmH2O. ○ TARV deve ser iniciada 4-6 semanas após o início do tratamento antifúngico. Neurotoxoplasmose ● Principal lesão cerebral com efeito de massa no paciente com HIV. ● Causada pelo Toxoplasma gondii. ● Fisiopatologia: abscesso no encéfalo, que causa inflamação e compressão de neurônios. ● Doença de reativação: típica em portadores de infecção latente. ● Clínica: déficit neurológico focal subagudo (hemiparesia), convulsão, cefaléia, febre e sinais de hipertensão intracraniana. ● Diagnóstico: clínica + imagem (TC). ○ Múltiplas lesões hipodensas nos gânglios basais. ○ Edema perilesional, predominando nos núcleos da base. ○ Contraste: lesão com bordas hiperdensas e centro hipodenso. ○ Realce anelar. ● Tratamento: sulfadiazina + pirimetamina + ácido folínico OU SMX-TMP por pelo menos 6 semanas. ○ Glicocorticóides podem ser associados em pacientes com edema cerebral importante (desvio da linha média). ● Profilaxia 1ª: SMX-TMP. ○ Pacientes com CD4 < 100 + IgG para toxoplasmose. Linfoma primário do SNC ● Causado pelo vírus Epstein-Barr. ● Deve ser suspeitado em pacientes que fizeram tratamento por 14 dias para toxoplasmose. ● Clínica: semelhante à neurotoxoplasmose. ● Diagnóstico: CD4 < 50, PCR (+) para EBV no líquor, RM com lesão única, biópsia. ● Tratamento: radioterapia paliativa. Leucoencefalopatia multifocal progressiva ● Causada pelo vírus JC. ● Doença da substância branca do encéfalo. ● Clínica: o paciente apresenta múltiplas lesões focais em tempos diferentes. ● Diagnóstico: hiperintensidade em T2. As lesões estão consumadas. ● Tratamento: TARV. ○ O objetivo é evitar novas lesões. Complexo demencial da AIDS ● Causado pelo vírus HIV. ● Atrofia cerebral. ● Clínica: demência + alteração comportamental + alteração motora. ● Diagnóstico: atrofia cerebral na RM. ● Tratamento: TARV (principalmente DTG).
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