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O que é a Hipertensão Arterial? É uma doença não transmissível (DCNT) definida por níveis pressóricos elevados de maneira constante. PA sistólica (PAS) maior ou igual= 140 mmHg PA diastólica (PAD) maior ou igual= 90 mmHg Fatores genéticos, epigenéticos, ambientais e sociais HAS costuma evoluir para alterações estruturais e/ou funcionais em órgãos-alvo, como coração, cérebro, rins e vasos. A HAS é o principal fator de risco modificável com associação independente, linear e contínua para doenças cardiovasculares (DCV), doença renal crônica (DRC) e morte prematura Quais os fatores de risco? Idade Enrijecimento progressivo e perda de complacência (maior ou igual a 60 anos). Em torno de 65% dos indivíduos acima dos 60 anos apresentam HA. A pressão diastólica aumenta até a idade de 50 anos e depois declina da sexta década em diante, enquanto a pressão sistólica continua a aumentar com a idade. Genética Podem influenciar os níveis de PA entre 30-50%. Vários distúrbios monogenéticos causam formas relativamente raras de hipertensão, alterando a reabsorção final de sódio no rim. Suspeita-se também que as variações na pressão arterial possam resultar de efeitos cumulativos dos polimorfismos em vários genes que afetam a pressão arterial. Sexo PA é mais elevada entre homens, mas a elevação pressórica por década se apresenta maior nas mulheres. 1 Etnia Dados do Vigitel 2018 mostraram que, em nosso país, não houve uma diferença significativa entre negros e brancos no que diz respeito à prevalência de HA. b a hipertensão não é apenas mais prevalente entre os negros que nos outros grupos étnicos, como também é mais grave. 16 Além disso, a hipertensão tende a acontecer com uma idade mais precoce nos negros que nos caucasoides e, em geral, não é tratada com a devida precocidade ou com o rigor necessário. Os negros também tendem a desenvolver lesões cardiovasculares e renais mais graves com determinado nível de pressão. Sobrepeso/Obesida de A gordura abdominal ou visceral parece causar mais resistência à insulina, intolerância à glicose, dislipidemia, hipertensão e doença renal crônica que a gordura subcutânea. Evidências recentes sugeriram que a leptina – um hormônio secretado pelos adipócitos – possa ser uma ligação entre adiposidade e hiperatividade simpática do sistema cardiovascular. Os níveis altos de ácidos graxos livres na circulação dos pacientes obesos também parecem contribuir para a ativação do SNS. Também há estudos apontando a ativação do sistema renina angiotensina aldosterona pelo angiotensinogênio derivado dos adipócitos e a possibilidade de que os tecidos adiposos aumentem os níveis de aldosterona ao gerar fatores que estimulam a produção desse hormônio. Ingestão de Sódio e Potássio A ingestão média de sal no Brasil é de 9,3 g/dia (9,63 g/dia para homens e 9,08 g/dia para mulheres), enquanto a de potássio é de 2,7 g/dia para homens e 2,1 g/dia para mulheres. Estudos de medida de excreção de sódio mostraram que naqueles com ingestão elevada de sódio, a PAS foi 4,5 mmHg a 6,0 mmHg maior e a PAD 2,3 mmHg a 2,5 mmHg em comparação com os que ingeriam as quantidades recomendadas de sódio. Sedentarismo No Brasil, o inquérito telefônico Vigitel de 2019 identificou que 44,8% dos adultos não alcançaram um nível suficiente de prática de atividade física, sendo esse percentual maior entre mulheres (52,2%) do que entre homens (36,1%). Etilismo Há maior prevalência de HA ou elevação dos níveis pressóricos naqueles que ingeriam seis ou mais doses ao dia, o equivalente a 30 g de álcool/dia = 1 garrafa de cerveja (5% de álcool, 600 mL); = 2 taças de vinho (12% de álcool, 250 mL); = 1 dose (42% de álcool, 60 mL) de destilados (uísque, vodca, aguardente). Esse limite deve ser reduzido à metade para homens de baixo peso e mulheres. Fatores socioeconômicos Entre os fatores socioeconômicos, podemos destacar menor escolaridade e condições de habitação inadequadas, além da baixa renda familiar, como fatores de risco significativo para HA. Outros Fatores de Risco Relacionados com a Elevação da Algumas medicações, muitas vezes adquiridas sem prescrição médica, e drogas ilícitas têm potencial de promover elevação da PA ou dificultar seu controle. 2 PA Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) Os graus leve, moderado e grave da AOS mantém uma relação dose-resposta com a HA. Um estudo mostrou que, em um grupo de 41 pacientes com hipertensão resistente, 83% tinham o diagnóstico de AOS. Entretanto, ainda não está claro se essa síndrome é um fator de risco independente, ou se causa doença cardiovascular. Qual a prevenção primária? Controle do peso: a diminuição do peso promove a diminuição da PA tanto em indivíduos normotensos quanto em hipertensos. A redução do peso em apenas 4,5 kg pode diminuir a pressão arterial em uma porcentagem expressiva dos pacientes hipertensos com sobrepeso. Dieta saudável: Dieta DASH e suas variantes (baixa quantidade de gordura, mediterrânea, vegetariana/vegana, nórdica, baixo teor de carboidratos etc.). Dieta padrão mostrou maior redução da PAS (-9,73 a -2,32 mmHg) e PAD (-4,85 a -1,27 mmHg) no grupo com dietas adequadas. Sódio: Recomenda-se que a ingestão de sódio seja limitada a aproximadamente 2 g/dia (equivalente a cerca de 5 g de sal por dia) na população em geral. Uma metanálise apontou que uma redução de 1,75 g de sódio por dia (4,4 g de sal/dia) está associada a uma redução média de 4,2 e 2,1 mmHg na PAS e na PAD, respectivamente. Potássio: Uma ingestão adequada de potássio, na ordem de 90 a 120 mEq/dia, pode acarretar uma diminuição de 5,3 mmHg na PAS e 3,1 mmHg na PAD. Sua ingestão pode ser aumentada pela escolha de alimentos pobres em sódio e ricos em potássio, como feijões, ervilha, vegetais de cor verde-escura, banana, melão, cenoura, beterraba, frutas secas, tomate, batata-inglesa e laranja. Atividade física: treinamento aeróbico, resistido dinâmico e resistido isométrico reduz a PAS/PAD em repouso em 3,5/2,5, 1,8/3,2 e 10,9/6,2 mmHg, respectivamente, em populações gerais.150 min/semana de atividades físicas moderadas ou 75 min/semana de vigorosas. Álcool: Para os consumidores de álcool, a ingestão de bebida alcoólica deve ser limitada a 30 g de álcool/dia = 1 garrafa de cerveja (5% de álcool, 600 mL); = 2 taças de vinho (12% de álcool, 250 mL); = 1 dose (42% de álcool, 60 mL) de destilados (uísque, vodca, aguardente). Fatores psicossociais: controle do estresse emocional 3 Suplementos alimentares: As substâncias cuja suplementação tem alguma evidência de discreta redução da PA são: vitamina C, peptídeos bioativos derivados de alimentos, alho, fibras dietéticas, linhaça, chocolate amargo (cacau), soja, nitratos orgânicos e ômega 3.38,47,69 As suplementações de magnésio, vitaminas combinadas, chá e coenzima Q10 não demonstraram redução significativa da PA. Tabagismo: o fumo é o único fator de risco totalmente evitável de doença e morte cardiovasculares, e seu enfrentamento precisa ser feito. 3 É também importante a proteção contra a exposição ao fumo passivo que também implica maior risco. (OMS: evitar que o jovem experimente cigarro, pois, ao fazê-lo, terá probabilidade superior a 50% de tornar-se dependente). Espiritualidade: significa um conjunto de valores morais, emocionais, de comportamento e atitudes com relação ao mundo, temos evidências crescentes de seus benefícios em termos de risco CV, mortalidade e, particularmente, controle pressórico. Qual a estratégia para a implementação das medidas preventivas? - São importantes programas contínuos de educação em saúde dirigidos a alunos de escolas profissionalizantes; alunos de primeiro e segundo graus; equipes de instituições; empresas; e comunidade. - Ações de conscientização são estratégias importantes, por meio de mídia; campanhas temáticas periódicas (Dias Municipal, Estadual e/ou Nacional de Prevenção e Combate à HA – lei federal 10.439 de 30/04/2002, Semana da HA, May Measurement Month da International Society of Hypertension etc.); - Ações adicionais: incorporação das ações de prevenção, detecçãoe controle da HA nos programas de atenção primária à saúde, incluindo crianças e adolescentes e, particularmente, programas de saúde escolar; implementação de programas de assistência multiprofissional; - Fortalecimento de normas governamentais para reduzir o conteúdo de sódio e gorduras saturadas dos alimentos industrializados; 4 - Aperfeiçoamento na rotulagem do conteúdo nutricional dos alimentos; e monitorização das ações de prevenção e controle da HA RELEMBRANDO DOS REGULADORES DA PA A pressão arterial é uma função do DÉBITO CARDÍACO e da RESISTÊNCIA VASCULAR PERIFÉRICA, ambas influenciadas por múltiplos fatores genéticos e ambientais. O débito cardíaco é uma função de VOLUME SISTÓLICO (Pressão de enchimento→ homeostase do sódio e seu efeito no volume sanguíneo) e da FREQUÊNCIA CARDÍACA (Sistema alfa e beta adrenérgico/ SRRA). A resistência periférica com estímulos neurais (Reflexos) e hormonais (o equilíbrio entre vasoconstritores [incluindo angiotensina II, catecolaminas e endotelina] e vasodilatadores [incluindo cininas, prostaglandinas e óxido nítrico]) → Os rins e o coração contêm células que sentem alterações no volume ou na PA A renina é produzida pelas células justaglomerulares renais, células mioepiteliais que envolvem as arteríolas aferentes glomerulares. Sendo liberada como resposta à baixa pressão arterial em arteríolas aferentes, a níveis elevados de catecolaminas da circulação ou a baixos níveis de sódio nos túbulos contorcidos renais. A renina cliva o angiotensinogênio plasmático em angiotensina I, que por sua vez é convertida em angiotensina II pela enzima conversora de angiotensina (ECA), produzida pelo endotélio vascular. A angiotensina II aumenta a pressão arterial por (1) induzir a contração vascular (2) estimular a secreção de aldosterona pela glândula suprarrenal (3) aumentar a reabsorção tubular de sódio. 5 A aldosterona da suprarrenal eleva a pressão arterial aumentando a reabsorção de sódio (e também de água) nos túbulos contorcidos distais, resultando no aumento do volume sanguíneo. Peptídios natriuréticos miocárdicos são liberados do miocárdio atrial e ventricular em resposta à expansão do volume; isto inibe a reabsorção de sódio nos túbulos renais distais, resultando na excreção do sódio e diurese. Eles também produzem vasodilatação sistêmica. Quais os tipos de hipertensão? Hipertensão primária ou essencial Advém dos diversos fatores que interferem Hipertensão secundária Elevação da pressão arterial em consequência de alguma outra condição patológica, alguns dos distúrbios que causam hipertensão secundária podem ser corrigidos ou curados por intervenção cirúrgica ou tratamento clínico específico. A hipertensão secundária tende a ocorrer nos pacientes com menos de 30 ou mais de 50 anos. Entre as causas mais comuns de hipertensão secundária estão doenças renais (Hipertensão renovascular), doenças do córtex suprarrenal (Hipertensão adrenal) 6 feocromocitoma e coarctação da aorta. Quais os valores de referência da PA? Indivíduos com PAS ≥ 140 mmHg e PAD < 90 mmHg são definidos como portadores de HA sistólica isolada, enquanto a presença de níveis de PAS < 140 mmHg e PAD ≥ 90 mmHg caracteriza a HA diastólica isolada. Tanto a HA sistólica isolada quanto a HA diastólica isolada apresentam maior prevalência de HA do avental branco (HAB). Como funciona a fisiopatologia da hipertensão? A HA parece ter causa multifatorial para a sua gênese e manutenção. Tanto que podemos dividir em primária e secundária, pode ser qualquer alteração que interfira nas variáveis que determinam a PA, ou seja, o débito cardíaco e a resistência periférica. 7 Podem ser a soma ou a unidade de um dos mecanismos= Mecanismo neurais + Mecanismos renais + Mecanismos humorais + Mecanismos genéticos + Fatores dietéticos e ambientais A principal característica dos pacientes com HA essencial é a combinação do aumento do DC e da RVP. Mas nem sempre são os dois fatores, como em pacientes idosos com HA, que tem RVP aumentada e DC normal ou reduzida, por muitos serem portadores de aterosclerose, a diminuição da complacência da aorta e o aumento reflexo da onda de pulso causam elevação da PA, contribuindo para hipertrofia ventricular esquerda. Muitos pacientes com HA essencial apresentam frequência cardíaca de repouso mais elevada que o normal. Isso pode sugerir alterações na sensibilidade dos barorreceptores nos pacientes com HA. Aumento na liberação, sensibilidade e excreção de norepinefrina em hipertensos, notadamente naqueles com HA borderline e com menos severidade da doença. Nem sempre os componentes da pressão arterial (DC e RVP) são diretamente proporcionais, desta maneira, existem algumas variações nas causas deste aumento de pressão. 1) Hipertensão e aumento do débito cardíaco. Alguns hipertensos, principalmente jovens, apresentam a síndrome da hipertensão hemodinâmica, que é definida pelo aumento do DC e diminuição da RVP, estudos mostram que 5% dos pacientes com HA essencial estão dentro deste subgrupo. A causa dessa condição decorre do estímulo excessivo ao sistema nervoso simpático no miocárdio, pacientes com diabetes e insuficiência renal crônica também tem a tendência de serem encontrados nessa situação. Entre os seus sinais e sintomas característicos, estão entre eles, taquicardia em repouso, aumento da PA sistólica e elevado volume sanguíneo sistólico. 2) Hipertensão e alterações hemodinâmicas mistas. Este é o subgrupo que contém a maior parte dos pacientes, que tem como combinação o aumento do DC e da RVP. Esse perfil hemodinâmico tem associação com a idade, enquanto os jovens apresentam DC elevado, um grande número de idosos com HA apresenta DC reduzido, correspondendo a maior parte da população hipertensa. No geral, se resume a um aumento proporcional desses dois âmbitos que compõem a PA. 3) Hipertensão e aumento da resistência vascular periférica. Estes pacientes também são conhecidos como portadores de HA maligna ou acelerada, têm severa vasoconstrição arterial com um consequente aumento da RVP e DC normal ou reduzida. Nesses indivíduos, o volume sanguíneo pode estar reduzido entre 30-40%. A vasoconstrição acentuada é mediada pelo aumento da atividade do sistema nervoso simpático, do SRAA, e pode depender em partes da falência do endotélio em promover a vasodilatação compensatória. Além de ser o subgrupo com relação intrínseca com a aterosclerose. 8 Quais as principais complicações da HAS? Níveis elevados de tensão arterial por tempo prolongado são agentes agressores potentes para o coração e os vasos sanguíneos, logo ocorre um momento de adaptação das estruturas a esse estímulo estressor, causando alteração funcional. No primeiro pela sobrecarga que a hipertensão arterial determina ao miocárdio (aumento da força de contração) e nos segundos pela ação física exercida sobre a parede vascular. 9 Coração→ A sobrecarga no miocárdio, que tem que trabalhar mais, e em primeiro momento ele se adapta a sobrega, e depois ocorre uma alteração de estruturas temporária e logo em seguida permanente. E as modificações cardíacas constituem em uma cardiopatia hipertensiva. Vasos sanguíneos → lesões são diferentes conforme a constituição e o calibre dos vasos. Nas artérias de grande e médio calibres, a HA favorece a aterosclerose. Nas pequenas artérias e arteríolas, surge a arteriolosclerose, que pode ser de dois tipos: ● Arterioloesclerose hialina. Consiste na deposição de material hialino na parte íntima do vaso, com redução da luz. Esta lesão, mais comum nos rins, aparece também em indivíduos idosos normotensos ou em diabéticos. ● Arteriolosclerose hiperplásica. Hiperplasia das células musculares e de duplicação da membrana basal, o que resulta em estreitamento da luz. Tais lesões são mais frequentes e têm maior importância em: (1) rins, onde se associam à nefrosclerose vascular. (2) sistema nervoso, responsáveis por lesões isquêmicas variadas (lesões de pequenos vasos cerebrais) e associadas à hemorragia cerebral parenquimatosa. (3) retina, onde provocaa retinopatia hipertensiva. As lesões retinianas podem ser vistas ao exame de fundo de olho, o que constitui elemento semiológico muito importante no acompanhamento clínico dos indivíduos hipertensos. Hipertrofia cardíaca Disfunção cardíaca caracterizada por insuficiência cardíaca (sistólica ou diastólica), arritmias e estimulação neuro-hormonal. É o aumento da massa cardíaca devido a um crescimento dos miócitos e/ou do estroma conjuntivo. Existem dois tipos de hipertrofia 10 cardíaca, a concêntrica e excêntrica, podendo ser patológica ou fisiológica. E os principais motivos para essa adaptação no organismo é: - Necessidade metabólica que impõe o aumento do débito cardíaco (exercício físico, resposta hormonal, anemia e fístulas arterio venosa) - Aumento da carga pressórica ou de volume (HAS, estenose ou coartação de aorta) - Resultante de mecanismo intrínsecos de natureza genética Hipertrofia concêntrica- ocorre um aumento da massa ventricular diante de uma sobrecarga de pressão ou da resistência de ejeção, aumentando a espessura da parede ventricular, e ocorrendo a deposição de sarcômeros em paralelo, o que leva a diminuição do diâmetro da cavidade, e assim o músculo consegue exercer uma maior pressão por volume sanguíneo. Neste tipo de ação, ocorre a adição de sarcômeros dentro dos miócitos, porém em paralelo. Hipertrofia excêntrica- ocorre um aumento da massa ventricular e da espessura da parede ventricular, mas com um aumento dos diâmetros cavitários, ocorrendo diante uma sobrecarga de volume. Esta adaptação permite uma fração de ejeção maior, mesmo que diminua em partes a pressão. Neste tipo de ação, ocorre a adição de sarcômeros dentro dos miócitos, estes em série, aumentando seu comprimento. Fisiopatologia da hipertrofia O aumento de miocárdio não é acompanhado por aumento de capilares, causando estresse no tecido. O consumo de oxigênio do músculo hipertrofiado é maior (metabolismo anormal do miocárdio). Frequentemente associada a deposição fibrosa, considerando as fibras de maior rigidez, pode causar uma diminuição da complacência da parede ventricular, tornando deficitário o relaxamento do miocárdio, o que leva ao aparecimento de insuficiência diastólica. Ocorre alterações genéticas (reprogramação gênica) programa gênico fetal, caracterizando de uma vista bioquímica o miócito hipertrofiado. Os miócitos são reprogramados e passam a exprimir um padrão fetal de composição proteica: → Neste padrão estão inclusos genes que modificam a composição dos sarcômeros, genes que aumentam o metabolismo energético e genes que aumentam a expressão dos componentes do SRAA (mais ANG II no miocárdio). Tudo isso citado ocorre em uma fase precoce. → Mais tardiamente quando o indivíduo está transicionando para uma insuficiência cardíaca, certos genes envolvidos na homeostase iônica dos miócitos se alteram, expressão aumentada nos genes codificadores do fator natriurético e do trocador de Na+/Ca+. → Potentes estimulantes na síntese proteica e indutores de hipertrofia- agonistas do beta-adrenérgicos, hormônios tireoidianos, ANG II, TGF- beta, IGdF-1 e endotelina-1. 11 → Diante da grande variação de modificação gênica, e estímulos até então não conhecidos, existem muitos diferentes fenótipos tanto morfológicos como funcionais em diferentes fases do crescimento hipertróficos. - Apoptose dos miócitos - Alterações na utilização intracelular de cálcio: Ocorre um prolongamento do potencial de ação. Diminuição da recaptação de cálcio para o retículo De forma secundária, diante da hipertrofia, ocorre uma aumento na área total da membrana do miócito, mas os canais do Tipo L, que são os “Portões de Ca+” não aumentam na mesma proporção, ou seja, em grande hipertrofias, pode contribuir para o prolongamento do potencial de ação, e reduzir a eficiência contrátil. De forma primária e principal, ocorre uma redução ou retardo nas correntes de saída, não é conclusivo como, mas sabe-se que podem ter alterações de corrente, de inativação, de ativação e sinergia. Produção de proteínas anormais, redução da proteólise: Malefícios Benefícios Indução da insuficiência coronária Aumento da capacidade de trabalho ventricular Diminuição da complacência ventricular Normalização do estresse na parede Diminuição da contratilidade Como calcular o risco cardiovascular (RC)? A PA atua de forma sinérgica com outros fatores de risco (FR) para DCV, e seu efeito pró-aterogênico será tanto maior quanto maior for o número e a intensidade desses fatores adicionais. A classificação do risco CV depende dos: níveis da PA, dos FR associados, da presença de lesões em órgãos-alvo (LOA) e/ou da existência de DCV ou doença renal estabelecidas. Diferentes escores foram desenvolvidos e vêm sendo aplicados para classificar os pacientes hipertensos em categorias de baixo, moderado e alto riscos. Como o escore de Framingham. 12 13 14 Como funciona o diagnóstico da HAS? A avaliação inicial de um paciente com hipertensão arterial (HA) inclui a confirmação do diagnóstico, a suspeita e a identificação de causa secundária, além da avaliação do risco cardiovascular (CV). As lesões de órgão-alvo (LOA) e as doenças associadas também devem ser investigadas. Fazem parte dessa avaliação: - A medida da pressão arterial (PA) no consultório e/ou fora dele, a obtenção de história médica (pessoal e familiar), a realização de exame físico e a investigação clínica e 15 laboratorial. Propõem-se avaliações gerais a todos os hipertensos e avaliações complementares apenas para grupos específicos. O diagnóstico da HAS consiste na média aritmética da PA maior ou igual a 140/90 mmHg, verificada em pelo menos três dias diferentes com intervalo mínimo de uma semana entre as medidas. Automedida da Pressão Arterial (Ampa): é realizada por pacientes ou familiares, não profissionais de Saúde, fora do consultório, a principal vantagem da Ampa é a possibilidade de obter uma estimativa mais real dessa variável, tendo em vista que os valores são obtidos no ambiente em que as pessoas passam a maior parte do dia. Na suspeita de Hipertensão do Avental Branco (HAB) ou Hipertensão Mascarada (HM), sugerida pelas medidas da Ampa, recomenda-se a realização de: Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (Mapa): é feita por aparelhos validados que empregam o método oscilométrico. Afere a pressão por dezenas de vezes nas 24 horas, registrando o comportamento da pressão arterial durante o período do sono. Monitorização Residencial de Pressão Arterial (MRPA): é feita, preferencialmente, por manômetros digitais pela própria pessoa ou familiares. Recomendam-se três medidas pela manhã, antes do desjejum e da tomada de medicamento, e três à noite, antes do jantar, durante cinco dias, ou duas medidas em cada sessão durante sete dias. * Normotensão verdadeira (NV) como as medidas da PA no consultório e fora do consultório normais, a HA sustentada (HS) quando ambas são anormais, a HAB quando a PA é elevada no consultório, mas é normal fora dele, e HM quando a PA é normal no consultório, mas é elevada fora dele. Hipertensão do Avental Branco (HAB): quando um(a) paciente não é hipertenso, ou 16 seja, tem pressão arterial controlada em casa ou no trabalho mas, no consultório, a pressão está elevada. Os dados epidemiológicos são imprecisos, mas estima-se que ocorrem em aproximadamente 15 a 30% dos casos. Hipertensão Mascarada (HM): se caracteriza por PA normal no consultório acompanhada de elevação da PA na MAPA ou nas medidas domiciliares. Esses pacientes são semelhantes aos hipertensos sustentados em risco cardiovascular. 17 Como se dá o tratamento da has? A menos que a hipertensão seja muito grave ou apresente repercussões evidentes sobre órgãos alvo, esse objetivo pode ser alcançado de forma gradual e, inicialmente, devem ser tentadas medidas não farmacológicas. Estas têm se mostrado eficazes na redução da PA, embora sejam limitadas pela perda de adesão que ocorre em médio e longo prazo. - Em hipertensos no estágio 1 com moderado ou baixo riscocardiovascular, a terapia não farmacológica deve ser tentada por 3 e 6 meses, respectivamente. Ao término desse período, se a PA não estiver controlada, inicia-se o tratamento farmacológico. - Pacientes com PA ≥ 160/100 mmHg e/ou portadores de risco CV estimado alto, mesmo no estágio 1, devem iniciar de imediato o tratamento medicamentoso associado à terapia não medicamentosa. 18 Medidas não farmacológicas incluem mudanças de hábitos de vida – redução de peso, exercícios aeróbicos, intervenções dietéticas e combate ao estresse. 19
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