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Universidade Federal do Rio de Janeiro • Instituto de Química Metabolismo Capítulo Oitavo Metabolismo Instituto de Química • UFRJ 219 METABOLISMO m ser vivo se alimenta para obter energia para todas as suas funções vitais; portanto, ele transforma a energia química dos alimentos em energia sob a forma de ATP, que poderá então ser utilizada para todos os trabalhos que constituem a vida, assim como: síntese de macromoléculas, contração muscular, piscar de um olho, por exemplo. Portanto, metabolismo é conjunto de reações químicas que se passa numa célula visando a transformação de energia contida nos alimentos em energia acumulada sob a forma de ATP e a posterior utilização desta energia para as reações necessárias à sobrevivência da célula. O metabolismo apresenta duas fases: Catabolismo é um conjunto de reações químicas que visa a degradação da matéria e a obtenção de energia sob a forma de ATP. Anabolismo é um conjunto de reações químicas que, utilizando a energia acumulada em ATP, visa obter as macromoléculas estruturais e de reserva da célula viva. O metabolismo pode ser aeróbico ou anaeróbico. No caso do aeróbico, as reações ocorrem em presença de oxigênio e, obrigatoriamente, na presença de mitocôndrias desenvolvidas na célula eucariótica; neste caso, a matéria ingerida é levada a termos finais de CO2 e H2O. Este processo é denominado respiração. Quando a degradação não vai até os produtos finais de CO2 e H2O e o metabólito intermediário é excretado, temos a fermentação; este processo independe da mitocôndria, ou seja, a fermentação pode ser aeróbica ou anaeróbica. Por exemplo: a fermentação alcoólica pela célula de levedura ocorre em anaerobiose e o álcool é excretado para o meio de cultura. No caso da produção de ácido cítrico, a fermentação é aeróbica e ocorre, obviamente, na presença da mitocôndria, porque é dentro dela que se forma o ácido cítrico que depois é excretado. U Cursos Práticos em Bioquímica UFRJ • Instituto de Química 220 Para cada molécula de glicose consumida, uma célula obtém um rendimento energético em ATP, através da respiração total, 18 vezes maior do que no processo glicolítico, anaeróbico. É óbvio, portanto, que no caso de respiração, a célula pode sobreviver consumindo muito menos glicose, para se manter viva, que no processo anaeróbico, em que o consumo de glicose precisa ser maior para suprir as necessidades energéticas da célula. Este fenômeno foi observado pela primeira vez, no século passado, por Pasteur, e chamado de efeito Pasteur, ou seja, a inibição ou a diminuição do consumo de glicose em presença da respiração. Hoje são perfeitamente conhecidas as bases moleculares do efeito Pasteur. São os produtos da respiração produzidos no ciclo de Krebs (ácido cítrico e ATP) que inibem as enzimas chave da glicose, como a fosfofrutoquinase e a hexoquinase, fazendo com que o consumo de glicólise seja diminuído. Portanto, o efeito Pasteur é, na sua simplicidade, a inibição do consumo de glicose pela respiração, ou seja, pelo consumo de oxigênio. Por outro lado, podemos também verificar, que a glicose exerce um efeito oposto, ou seja, concentrações elevadas de glicose inibem a formação da mitocôndria, portanto, impedem os fenômenos relacionados à respiração. A metabolização da glicose, através da via glicolítica, permite à célula obter todas as reservas, todas as moléculas estruturais e toda a energia necessária à sua manutenção; a glicose é, portanto, suficiente do ponto de vista econômico da célula, e exerce um efeito inibitório sobre a síntese das enzimas que não são necessárias ao seu próprio consumo. Assim, as enzimas da cadeia respiratória e de transporte de elétrons não são sintetizadas em presença de glicose: este efeito é chamado de repressão catabólica ou efeito glicose. As células de levedura da espécies Saccharomyces prestam-se sobremodo para o estudo do fenômeno da repressão catabólica sobre a mitocôndria ou seja, sobre a cadeia respiratória. Cultivando a levedura em meio de cultura contendo glicose e em presença de O2, o crescimento da célula apresenta duas fases: na 1a - em presença de glicose - a célula não desenvolve a mitocôndria e nem a cadeia respiratória, e fermenta a glicose consumida, excretando o álcool, por não poder oxidá-lo na falta da mitocôndria. Segue-se uma fase de transição, uma fase de adaptação ao metabolismo oxidativo durante a qual a mitocôndria se desenvolve, são sintetizadas as enzimas do ciclo de Krebs e da cadeia respiratória . Ao fim desta fase adaptativa, ocorre uma 2a fase de crescimento, agora para utilização do etanol, antes excretado, e respiração do mesmo até os produtos finais CO2 e H2O. Para a célula de levedura as duas fases de crescimento distinguem-se, principalmente, pelo rendimento energético: na 1a fase o rendimento da via glicolítica é de 2 ATP, portanto, é preciso consumir muita glicose; na 2a fase o rendimento energético é de 36 ATP por molécula de glicose, logo o consumo de glicose tende a baixar. Do ponto de vista do homem, que se utiliza do metabolismo de levedura, estes dois mecanismos de metabolização da glicose são aproveitados industrialmente: no 1o caso, ou seja, na fermentação alcoólica, temos a utilização de matérias primas glicídicas para a obtenção de álcool para combustão, e de álcool na forma de bebidas alcoólicas: vinhos, cervejas, por exemplo. No 2o caso temos a produção de biomassa, ou seja, fermento para panificação. As condições industriais para que as duas formas de metabolização ocorram da forma econômica, são as seguintes: No caso da fermentação alcoólica utilizam-se dornas altas e fechadas para que não haja aeração e o produto excretado, o etanol, não seja respirado. Neste caso, também devem ser usadas altas concentrações de glicose. No caso de obtenção de uma grande massa de células, utiliza-se um processo contínuo em que o teor de glicose é baixo e a tensão de oxigênio é alta para que a concentração de glicose não reprima a síntese de mitocôndrias e o etanol formado possa ser oxidado a termos finais, com o rendimento máximo de energia para a célula, o que permite uma multiplicação, portanto, um bom rendimento da biomassa. Metabolismo Instituto de Química • UFRJ 221 No laboratório é possível estudar o comportamento distinto da levedura colhendo células da fase inicial de crescimento, ainda em presença de glicose, e colhendo células após a fase de transição, na segunda fase de crescimento, quando as mitocôndrias já estão bem desreprimidas. Se assim o fizermos e colocarmos estas células (colhidas das duas fases distintas do ciclo celular), em condições não proliferantes, em presença de glicose e tampão, incubando em ambos os casos com agitação à temperatura de 28oC, poderemos analisar o consumo de glicose, tomando alíquotas de tempos em tempos e determinando o teor de glicose residual no meio de cultura. O que se observa, é que as células da 1a fase "log" consumirão a glicose numa velocidade muito maior do que as células colhidas na 2a fase "log”. Assim, temos experimentalmente comprovado que no 1o caso células de 1a "log" não possuem mitocôndrias e, portanto, precisam consumir muita glicose para obter o ATP necessário para sua manutenção e suas biossínteses, e no 2o caso observamos o efeito Pasteur ou seja, a diminuição do consumo de glicose já que as células possuidoras de cadeia respiratória operante obtêm um rendimento muito superior. É preciso levar em consideração ainda que nem todas as moléculas que existem na natureza servem para a alimentação de microrganismos. Em certos casos, as macromoléculas não podem ser absorvidas