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DIREITO CIVIL *DICA: prazos de PJ são decadenciais de 3 anos* - Pessoas que querem executar uma finalidade comum, com um objetivo em comum e que unem esforços para alcançá-lo - Personalidade ao grupo, distinta da de cada um de seus membros - Ente de existência ideal - Características: capacidade de direito e capacidade de fato; estrutura organizativa artificial; objetivos comuns dos membros que a formam; publicidade de sua constituição COM PERSONALIDADE JURÍDICA: tem direitos e deveres previstos em lei. Pessoa natural (a partir do nascimento com vida) e Pessoa Jurídica (a partir do registro) Tem direitos e deveres previstos em lei - aptidão genérica para titularizar direitos e deveres Princípio da legalidade: quem tem personalidade jurídica pode tudo que a lei não proibir SUJEITO DE DIREITO SEM PERSONALIDADE JURÍDICA Nascituro; Condomínio; Massa falida; herança/espólio; órgãos públicos; sociedade irregular ou de fato Não tem aptidão genérica para titularizar direitos e deveres Princípio da legalidade: quem NÃO tem personalidade jurídica só pode atuar quando a lei permitir TEORIAS EXPLICATIVAS/ACERCA DA NATUREZA JURÍDICA DA PJ 1) Corrente negativista: Brinz, Bekker, Planiol, Duguit. Nega a figura da PJ 2) Corrente afirmativista: aceita e reconhece a PJ como sujeito de direito a) Teoria da ficção: Savigny e Windscheid. A PJ é uma técnica do direito; a PJ só existe porque o direito estabeleceu que é assim; tem uma existência totalmente abstrata e ideal. É um ente abstrato fruto de uma técnica jurídica totalmente pura, sem nenhuma existência social; não tem realidade e nenhuma vivência no mundo social b) Teoria da realidade objetiva ou organicista/orgânica: Beviláqua. A PJ não é fruto de uma técnica jurídica, e sim um organismo social vivo e de interação na sociedade. A PJ é um corpo social que o direito não cria, mas se limita a declarar existente. A PJ não possui relação com o direito, tratando-se apenas de um organismo social c) Teoria da realidade técnica – adotada no BRASIL: Ferrara. A PJ é fruto do direito, mas é um ente social. A PJ é personificada pela técnica do direito, e integra relações sociais de forma autônoma; há atuação social. CC – “Art. Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.” O CC adota a teoria da realidade técnica pois o seu art. 45 dispõe que “começa a existência”, ou seja, começa a vivência social + “... com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro”, ou seja, parte de uma realidade técnica CLASSIFICAÇÃO - PJ de Direito Público (interno e externo) e PJ de Direito Privado CC – “Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado. Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: I - a União; DIREITO CIVIL II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios; IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código. Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações. IV - as organizações religiosas; V - os partidos políticos. § 1 o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. § 2 o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. § 3 o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica.” 1) PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO a) Interno: União, Estados, Municípios, DF, Territórios (adm. direta) e autarquias (adm. indireta) – obs: inclui-se aqui também as fundações públicas de direito público, pois são autarquias fundacionais b) Externo: Estados Estrangeiros e órgãos internacionais 2) PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO: o art. 44 do CC traz um rol exemplificativo de PJDPrivado, dividindo-se em associações/fundações e EIRELI/sociedades a) Sem fins lucrativos: associações e fundações. Associação é o conjunto de pessoas e fundação é o conjunto de bens (patrimônio personificado). São associações as organizações religiosas, o sindicato, os partidos políticos b) Com fins lucrativos: EIRELI e sociedade Enunciado 142 JDC: Os partidos políticos, os sindicatos e as associações religiosas possuem natureza associativa, aplicando-se-lhes o Código Civil Enunciado 143 JDC: A liberdade de funcionamento das organizações religiosas não afasta o controle de legalidade e legitimidade constitucional de seu registro, nem a possibilidade de reexame pelo Judiciário da compatibilidade de seus atos com a lei e com seus estatutos Enunciado 144 JDC: A relação das pessoas jurídicas de Direito Privado, constante do art. 44, incs. I a V, do Código Civil, não é exaustiva (é um rol exemplificativo) - OBS: “corporação” é caracterizada por ser formada por um conjunto de pessoas, portanto, são corporações as associações e as sociedades - OBS: fim lucrativo/não lucrativo ≠ fim econômico/não econômico. Embora o CC mencione fins não econômicos, deve entender-se como fins não lucrativos. Quando se diz que as associações e as fundações não podem ter fins lucrativos, não significa que o lucro não pode existir: ele até pode existir, mas deve ser voltado para a própria associação/fundação. Enunciado 534 JDC: As associações podem desenvolver atividade econômica, desde que não haja finalidade lucrativa - OBS: as fundações públicas de direito privado, empresas públicas e sociedades de economia mista integram a administração indireta, mas são PJDPrivado (regidas pelas normas do direito privado), com interesse público CRIAÇÃO DA PJ - Requisito para criação: vontade humana criadora, objeto lícito e ato constitutivo DIREITO CIVIL - U/E/DF/M: decorre da descentralização política - Autarquias: criadas por lei CC – “Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.” - Toda PJDPrivado é criada pelo registro do ato constitutivo. No caso da fundação pública de direito privado, empresa pública e sociedade de economia mista, o registro é precedido de autorização por lei - Fundação Pública de Direito Privado, Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista: autorizadas por lei + registro do ato constitutivo PERSONALIDADE DA PJ - Requisitos para aquisição da personalidade: ato constitutivo e registro. A PJ passa a existir com o registro (teoria da realidade técnica). O registro possui natureza constitutiva (efeito ex nunc) - OBS: A pessoa natural passa a existir com o nascimento com vida (surge a personalidadejurídica com o nascimento com vida) – teoria natalista. A certidão de nascimento possui natureza declaratória (ex tunc). A pessoa jurídica passa a existir com o registro – teoria da realidade técnica. O registro possui natureza constitutiva (ex nunc) Portanto, a natureza jurídica do registro da PJ é diferente da natureza jurídica da certidão de nascimento da PN - Diferentemente da pessoa natural, é possível anular o nascimento de uma PJ, de descumpridos os requisitos legais de sua instituição. Decai em 3 anos o direito de anular a constituição de PJDPrivado: CC – “Art. 45, p.ú. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.” - O prazo é decadencial, portanto, se passar esse prazo, perde-se o próprio direito REGISTRO DA PJ - Denominação, fins, sede, tempo de duração e fundo social (quando houver) - Nome e individualização dos fundadores/instituidores e dos diretores - Forma de administração e representação ativa e passiva, judicial e extrajudicial - Possibilidade e modo de reforma do estatuto social - Previsão da responsabilidade subsidiária dos sócios pelas obrigações sociais - Condições de extinção da PJ e o destino do seu patrimônio 1) Associações e Fundações – Estatuto – no Cartório de Registro de Pessoa Jurídica 2) EIRELI e sociedades – Contrato social – na Junta Comercial - OBS: partidos políticos, além de registrar o estatuto no CRPJ, devem também possuir registro especial no TSE; sindicatos, além de registrar o estatuto no CRPJ, devem também possuir registro especial no Ministério da Justiça PRESENTAÇÃO DA PJ CC – “Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo.” Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude. DIREITO CIVIL Art. 48-A. As pessoas jurídicas de direito privado, sem prejuízo do previsto em legislação especial e em seus atos constitutivos, poderão realizar suas assembleias gerais por meios eletrônicos, inclusive para os fins do disposto no art. 59, respeitados os direitos previstos de participação e de manifestação. Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á administrador provisório.” - Por não poder atuar por si própria, a PJ, como ente da criação da lei, deve ser presentada (ou representada) por uma pessoa natural, exteriorizando sua vontade, nos atos judiciais ou extrajudiciais - Em regra, a pessoa que irá praticar os atos da PJ (atos e poderes) será indicada no ato constitutivo da PJ (estatuto ou contrato social). Na sua omissão, a presentação será exercida por seus diretores - Se a PJ tiver administração coletiva, as decisões serão tomadas pela maioria dos votos, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso Prazo decadencial de 3 anos para anular decisões tomadas pela maioria dos votos, em PJ de administração coletiva, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude - Todos os atos negociais exercidos pelo presentante, dentro de seus poderes estabelecidos no estatuto social, obrigam a PJ. Se o presentante extrapolar esses poderes, responderá pessoalmente pelo excesso CPC – “Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente: I - a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão vinculado; II - o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores; III - o Município, por seu prefeito ou procurador; IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do ente federado designar; V - a massa falida, pelo administrador judicial; VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador; VII - o espólio, pelo inventariante; VIII - a pessoa jurídica, por quem os respectivos atos constitutivos designarem ou, não havendo essa designação, por seus diretores; IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus bens; X - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil; XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico.” ASSOCIAÇÃO E FUNDAÇÃO 1º Setor: Estado 2º Setor: Particular que visa o lucro (EIRELI/sociedades) 3º Setor (terceiro setor): Particular que “quer o bem” (associações de atividade interna, que são entidades de interesse social e as fundações) - O STJ entende que para PJs sem fins lucrativos, de natureza filantrópica, basta a simples declaração da hipossuficiência para concessão da justiça gratuita, com presunção juris tantum (assim como as PF) - Ambas são PJDPrivado - Conjunto de pessoas (pelo menos 2); pode ser de atividade interna (atividade dentro da associação, com finalidade interna) ou externa (atividade para fora da associação, é uma entidade de interesse social); fins não lucrativos - PJDPrivado - CF garante a liberdade de associação (direito positivo) e que ninguém é obrigado a associar-se (direito negativo) - Não há entre os associados direitos/obrigações recíprocas - A associação pode ter lucro ou exercer atividades produtivas, desde que o objetivo não seja de distribuição de lucro social (os ganhos devem ser revertidos para a própria associação) DIREITO CIVIL Enunciado 534 JDC: As associações podem desenvolver atividade econômica, desde que não haja finalidade lucrativa - Os associados devem ter direitos iguais, mas o estatuto pode instituir categorias com vantagens - A expulsão de um associado se dá por processo administrativo destinado a esse fim (contraditório e ampla defesa) - Em regra, a qualidade de associado é intransmissível, mas o estatuto pode prever de forma diversa - O estatuto é redigido pelos próprios associados - Formação da associação: diretoria + assembleia geral CC – “Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos. (leia-se: não lucrativos) Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: I - a denominação, os fins e a sede da associação; II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; III - os direitos e deveres dos associados; IV - as fontes de recursos para sua manutenção; V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais. Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário. Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto. Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela formaprevistos na lei ou no estatuto. Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral: I – destituir os administradores; II – alterar o estatuto. Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembléia especialmente convocada para esse fim, cujo quorum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores. Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 (um quinto) dos associados o direito de promovê-la. Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. § 1 o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação. § 2 o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União.” - Conjunto de bens (móveis ou imóveis, que sejam livres e suficientes); somente pode ser de atividade externa; fins não lucrativos; os requisitos para a criação são o patrimônio e o fim DIREITO CIVIL Enunciado 9 JDC: Deve ser interpretado de modo a excluir apenas as fundações com fins lucrativos - PJDPrivado (atenção: as fundações públicas de direito público são autarquias – autarquias fundacionais – portanto não são de direito privado); - Existe o instituidor, que pode instituir a fundação em vida por meio de escritura pública ou pós-morte por testamento - Na instituição, seu instituidor deve designar o patrimônio que a compõe. Quando forem insuficientes os fundos para constituir a fundação, os bens a ela serão incorporados a outra fundação com fim igual ou semelhante, se o instituidor não dispuser de outra forma - Se a fundação for criada por atos entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial - O estatuto é redigido de forma direta, pelo instituidor, ou de forma fiduciária, por um terceiro designado. Após a redação do estatuto, o MP deve aprová-lo - Caso o estatuto não seja elaborado no prazo designado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em 180 dias, a incumbência caberá ao MP (a quem cabe zelar e fiscalizar as fundações) - Se a fundação for no DF ou em território, caberá ao MPDFT. Se a fundação ultrapassar mais de um estado, caberá o encargo a cada MP estadual, e não ao MPF - ALTERAÇÃO DO ESTATUTO DAS FUNDAÇÕES – requisitos: deve ser deliberada por 2/3 dos competentes para gerir e representar a fundação; não pode contrariar ou desvirtuar seu fim; deve ser aprovada pelo MP no prazo máximo de 45 dias – caso não seja aprovado pelo MP ou caso se passe o prazo de 45 dias, o juiz pode suprir, a requerimento do interessado - Alterações no estatuto somente após aprovação do MP - Formação da fundação: conselho de curador (conselho de administração/conselho superior) + diretoria executiva + conselho fiscal - EXTINÇÃO: quando os bens forem insuficientes ou quando a fundação for extinta, os bens serão destinados a outra fundação de igual ou semelhante atuação CC – “Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: I – assistência social; II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; III – educação; IV – saúde; V – segurança alimentar e nutricional; VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; IX – atividades religiosas; Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante. Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial. Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz. Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público. DIREITO CIVIL Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas. § 1 º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. § 2º Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público. Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma: I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação; II - não contrarie ou desvirtue o fim desta; III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado. Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias. Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.” DANO MORAL CC – “Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.” Súmula 227 STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. Enunciado 286 JDC: Os direitos de personalidade são direitos inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos - PJ pode sofrer dano moral - PJ não tem direitos de personalidade, mas tem proteção análoga – a PJ não tem direitos de personalidade mas pode sofrer dano moral. - Honra: PJ pode sofrer dano moral por violação de honra objetiva (a honra que está ligada ao que as pessoas pensam), mas não pode sofrer dano moral por violação de honra subjetiva (a honra relacionada ao sentimento que a pessoa carrega de si mesma) - STJ entende que a pessoa jurídica de direito público NÃO tem direito à indenização por danos morais relacionados à violaçãoda honra ou imagem (U/E/DF/M/autarquias/fund. pública de direito público) DESCONSIDERAÇÃO DA PJ - Disregard of the legal entity (desconsideração da PJ); disregard doctrine (doutrina da desconsideração); outpiercing the corporate veil (perfurando/rasgando o véu da corporação ou da PJ); outlifting the corporate veil (levantando o véu da corporação ou da PJ) - Desconsideração da PJ ≠ Despersonificação: na desconsideração da PJ, o afastamento da personalidade da PJ é temporário, com o objetivo de atingir o patrimônio pessoal do sócio/administrador que cometeu ato abusivo; enquanto a despersonificação é a extinção da PJ - Teoria “ultra vires societatis” (art. 1015 CC): é nulo o ato praticado pelo sócio que extrapole os poderes que lhe foram concedidos pelo contrato social – o ato praticado não vincula a sociedade Enunciado 284 JDC: As pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos ou de fins não econômicos estão abrangidas no conceito de abuso de personalidade jurídica - Desconsideração direta (desconsidera a personalidade da PJ para atingir o sócio) OU desconsideração indireta (desconsidera a personalidade do sócio para atingir a PJ – caso do pai, devedor de alimentos, que passa todos os seus bens para a empresa) - CC - teoria maior: necessário o requisito subjetivo (abuso da personalidade jurídica, pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial) + requisito objetivo (prejuízo ao credor) - CDC/dir.ambiental: teoria menor: basta o requisito objetivo (demonstração de insolvência da PJ, ou seja, o prejuízo ao credor/consumidor); não é necessária a prova do desvio de finalidade ou confusão patrimonial DIREITO CIVIL 1) Desconsideração direta: desconsidera a personalidade da PJ para atingir o sócio 2) Desconsideração inversa/invertida: desconsidera a personalidade do sócio para atingir a PJ – desconsideração da PJ visando atacar o patrimônio transferido pelo devedor original com o objetivo de fraudar a execução daquele que tenha crédito exigível da pessoa do sócio – caso do pai, devedor de alimentos, que passa todos os seus bens para a empresa 1) Desconsideração indireta/econômica: quando há uma sociedade controladora ou coligada (grupo econômico) que se vale das sociedades controladas para praticar fraudes ou abusos; desconsidera-se a personalidade jurídica da sociedade controlada para serem atingidos os seus bens para a efetiva satisfação do crédito a ser executado 2) Desconsideração expansiva: quando busca-se levantar o véu para atingir o “sócio oculto”, o “laranja” 1) Autodesconsideração: quando a própria PJ invoca sua desconsideração; quando há uma deliberação pela maioria dos sócios com o objetivo de indicar os bens de determinado sócio que, à revelia dos demais, incidiu no abuso CC – “Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. § 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. § 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por: I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice- versa; II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. § 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica. § 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput deste artigo não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica. § 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica.” CDC – “Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. § 1° (Vetado). § 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. § 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. § 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa. § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.” CPC – “Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da DIREITO CIVIL parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo. § 1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos previstos em lei. § 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica. Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial. § 1º A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao distribuidor para as anotações devidas. § 2º Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica. § 3º A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na hipótese do § 2º. § 4º O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais específicos para desconsideração da personalidade jurídica. Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias. Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por decisão interlocutória. Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno. Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havida em fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente.”
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