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Doença Trofoblástica Gestacional

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1 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP 
Doença Trofoblástica Gestacional 
Definição 
A doença Trofoblástica gestacional é uma anomalia 
proliferativa que acomete as células que compõem o tecido 
trofoblástico placentário. O que ocorre basicamente é que o 
tecido prolifera muito na placenta. 
Fisiologia 
A fecundação ocorre nas trompas e o zigoto segue para a 
cavidade uterina, na qual no momento da nidação já se 
encontra na forma de blastocisto. Na nidação, há um 
conjunto celular (que na imagem encontra-se em roxo mais 
escuro) que passa a se aprofundar ao tecido uterino. Esse 
conjunto celular é chamado de Sinciciotrofoblasto. 
O Sinciciotrofoblasto tem intensa multiplicação, indo em 
busca de nutrição dos vasos para o crescimento. Essas 
células são as responsáveis por produzir o HCG (hormônio 
gonadotrofina coriônica), de modo que, quanto mais células, 
mais HCG. 
Já o citotrofoblasto representam as células mais no interior 
(que na imagem está em azul), que não produzem HCG, a 
exemplo das do citotrofoblasto. Essas células não possuem 
capacidade de multiplicação e produzem o hormônio 
lactogenico placentário. 
 
Vilosidades coriônicas: 
Representam as células do Sinciciotrofoblasto (em rosa na 
imagem) e as células do citotrofoblasto (em azul na imagem). 
- Vilosidade primária ou coriais: ausência de vasos ainda; 
- Vilosidade secundária: interposição de alguns vasos no 
interior; 
- Vilosidade terciária: vasos bem estabelecidos. Processo de 
diferenciação de troca placentária materno-fetal, na qual o 
interior possui estruturas fetais recobertas pelo citotrofoblasto e 
Sinciciotrofoblasto. 
 
Origem da doença Trofoblástica 
A explicação para essa causa é genética. O que ocorre é a 
existência de óvulos “vazios”, sem conteúdo genético 
materno. Dessa forma, todo o conteúdo do zigoto é paterno, 
situação denominada de mola completa ou parcial. 
- Mola completa: é uma aberração com impossibilidade de 
formação do feto. 
 Óvulo vazio fecundado por 1 espermatozoide  
Diploide XX; 
 Óvulo vazio fecundado por 2 espermatozoide  
Diploide XX ou XY. 
- Mola parcial: há presença de conteúdo fetal. 
 Óvulo parcial é aquele fecundado por 2 
espermatozoide  triploide XXX ou XXY. 
OBS: Lembre-se que os pacientes com essa doença com Rh 
negativo devem receber imunoglobulinas se pai Rh positivo. 
Anatomia patológica da Doença Trofoblástica 
O erro genético envia um comando errôneo para o 
Sinciciotrofoblasto, que acabam por funcionar de forma 
desordenada, sem conseguir formar uma estrutura histológica 
esperada. 
As vilosidades funcionam erradamente, permitindo a entrada 
de água, fazendo com que a região de tronco fique 
hidrópico, as chamadas vilosidades hidrópicas. 
 
Na macroscopia, para diferenciar o abortamento da doença 
Trofoblástica é que as vilosidades coriônicas simples e outra 
com vilosidades coriônicas hidrópicas, as quais serão 
representadas por vesículas. 
 
 
2 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP 
 
Quadro Clínico 
O quadro clínico é variável a depender do poder de 
multiplicação das vesículas formadas. Dessa forma, a mola 
parcial possui menos manifestações clínicas do que a mola 
completa (esta possui mais sincício, mais vesículas, mais 
produção hormonal e, portanto, mais sintomas). 
Os sintomas são: 
- Aumento do volume uterino; 
- Excesso de HCG; 
- Náuseas e vômitos, que coincide com pico do HCG; 
- Sangramento intestinal intermitente: a oxigenação vem das 
arteríolas espiraladas das bordas, então as regiões mais 
centrais ficam sem oxigenação, o que acaba necrosando e 
empurrando esse conteúdo; 
- Útero em sanfona: quando o centro é eliminado, o útero 
reduz e vai aumentando com as novas formações celulares, 
assim ele cresce e decresce; 
- Tireotoxicose gestacional: excesso de estímulo à tireoide 
pela porção alfa do Beta-HCG; 
- Cistos tecaluteínicos: por retroalimentação exagerada do 
corpo lúteo. 
 Tratamento: 
 Conservador: retirada do estímulo do HCG; 
 Cirurgia: torção. 
 
Diagnóstico 
O diagnóstico é feito através: 
- Quadro clínico: sinais e sintomas, bem como exame físico; 
- Exames adicionais: 
 USG: 
 
 Beta-HCG; 
 Anatomia patológica; 
 Evolução após tratamento. 
Diagnóstico diferencial: 
 Abortamento 
Prenhez 
Ectópica 
Doença 
Trofoblástica 
Sangramento 
genital 
++ 
++ 
Também 
abdominal 
++ 
Dor 
++ 
Tipo cólica 
+++ 
Difusa 
+ 
Útero 
aumentado 
- Reduzido ++ 
 
Classificação 
Subtipos: 
- Benignas: ambas são situações com muitas mitoses, o que 
pode levar a evolução para malignidade. 
 Mola completa; 
 Mola parcial. 
- Malignas: definida quando não respeita os limites da 
decídua ou quando há metástase, a chamada neoplasia 
Trofoblástica. 
 Mola invasora: mesma vilosidade, porém que invade 
a musculatura; 
 Coriocarcinoma: tem pouca vilosidade, porém 
composto de células indiferenciadas, pequenas e 
primitivas, as quais se reproduzem rapidamente. São 
capazes de gerar necrose, mais sangramento, mais 
HCG e ser mais agressivo; 
 Tumor trofoblástico do sítio de implantação 
placentário: único derivado das células do 
citotrofoblasto, ou seja, possui baixa reprodução e 
sem HCG. Ele nasce e permanece no sítio de 
implantação, porém enraíza e se adere tanto a 
musculatura que precisa ser retirado por 
histerectomia. 
 
3 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP 
 
OBS: Os principais sítios de metástase são pulmão e parte 
externa da vagina, ou seja, metástase hematogênica e não 
por contiguidade. Na clínica observamos metástase por meio 
da: invasão (doppler- buscar no miométrio se há turbilhão 
vascular que avança/ RM- demonstrando invasão do 
miométrio). Podemos ainda observar RX de tórax ou TC para 
ver o pulmão (iremos visualizar nódulos e áreas de necrose), 
fazer o exame especular para ver a vagina (iremos visualizar 
lesão arroxeada, hipervascularizada e friável), bem como USG 
de abdome superior e TC para fígado e SNC. 
 
 
Tratamento 
Benignas: 
Por se tratar de doença localizada, a conduta será: 
- Esvaziamento: 
 Curetagem: precisa de permeabilidade do colo 
para realizar a raspagem; 
 AMIU: aspiração da cavidade uterina, de modo que 
o vácuo auxilia na retirada do conteúdo e o 
transfere a uma seringa; 
 Aspiração: o aspirador seria conectado a um 
sistema coletor maior, sendo indicado para volume 
uterino grande. 
- Histerectomia: para mães em idade avançada, para 
certeza de retirada de toda e qualquer célula. 
O seguimento é feito através de acompanhamento semanal, 
em torno de 6 semanas, até o HCG zerar. 
- Mola hidatiforme parcial: após 1 mês, mensurar novamente; 
- Mola hidatiforme completa: seguir semanalmente até zerar, 
após isso realizar o beta mensal até os 6 meses. 
Se há resposta positiva do beta após o tratamento, significa 
que o material não estava todo na cavidade intrauterina. 
Nesse caso, entende-se que houve progressão para 
malignidade. 
OBS: Em 2018 a Federação Internacional de Ginecologia e 
Obstetrícia vem indicando profilaxia com quimioterapia 
(Metotrexato) para redução de recidiva para pacientes com 
dificuldades de seguimento pós-esvaziamento (pacientes que 
não podem fazer seguimento com análises do Beta) e para 
pacientes com risco clínico alto (beta permanece alto após 
esvaziamento). 
Malignas: 
Para os casos de mola invasora, coriocarcinoma e tumor 
trofoblástico de sítio de implantação placentário: 
- Quimioterapia; 
- Cirurgia. 
Após o diagnóstico da Neoplasia Trofoblástica gestacional é 
preciso estadiar a doença. 
Estágio (FIGO) Descrição 
I 
Tumor estritamente 
confinado ao corpo uterino 
II 
Tumor que se estende para 
anexo ou vacina, mas 
limitada a estrutura genital 
III 
Tumor estendendo a 
pulmões, com ou sem 
envolvimento genital 
IV 
Todos os outros sítios de 
metástase. 
 
OBS: Score prognóstico da FIGO: dá uma ideia da resposta a 
quimioterapia 
 
OBS1: Quimioterapia:Escore Tratamento 
0-4 
Droga única: Actinomicina 
ou Metotrexato 
5-6 
Combinações: Metotrexato 
+ Actinomicina (fazer 2 ciclos 
a mais após zerar o beta) 
7-12 
Poliquimioterapia: EMA-CO 
- Etoposide; 
- Actinomicina; 
- Ciclosporina; 
- Vincristina. 
 
 13 
Quimioterapia de 
salvamento com cautela 
(risco maior de sangramento 
severo, acidose metabólica, 
mielosupressão, septicemia e 
falência de múltiplos 
órgãos). 
 
4 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP 
OBS2: Se tiver lesão de SNC utilizar Metotrexato em dose 
aumentada ou intra-tecal e radioterapia. 
O seguimento é feito com acompanhamento semanal até 
zerar, em torno de 6 semanas. 
- Mola hidatiforme parcial: após 1 mês mensurar novamente; 
- Mola hidatiforme completa: seguir semanal até zerar, após 
isso realizar beta mensal até os 6 meses; 
- Neoplasia: seguir semanalmente até 6 meses, após isso 
realizar beta mensal até 12 meses. 
 
Azul- Benigna/ Vermelho- Maligno.

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