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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 4 2 TOXICOLOGIA- CONCEITOS IMPORTANTES ..................................... 5 2.1 Divisão .............................................................................................. 6 3 ANÁLISES TOXICOLÓGICAS ................................................................ 8 3.1 Classificação química toxicológica dos agentes tóxicos................... 9 3.2 Métodos e suas aplicações ............................................................ 11 4 TOXICOLOGIA ANALÍTICA .................................................................. 13 4.1 Métodos analíticos ......................................................................... 14 5 TOXICOLOGIA OCUPACIONAL .......................................................... 15 5.1 Objetivo, finalidade e importância .................................................. 16 5.2 Legislação pertinente ..................................................................... 17 5.3 Exposição ocupacional ao chumbo ................................................ 18 5.4 Limites de exposição ...................................................................... 19 5.5 Determinação da Carboxihemoglobina no sangue ......................... 20 6 TOXICOLOGIA DE MEDICAMENTOS ................................................. 21 6.1 Testes toxicológicos e a preocupação com a saúde ...................... 22 6.2 Controle terapêutico ....................................................................... 22 6.3 Diferença entre o remédio e o veneno ........................................... 23 6.4 Intoxicações por medicamentos ..................................................... 24 7 TOXICOLOGIA DE ALIMENTOS .......................................................... 25 7.1 Objetivo, finalidade e importância .................................................. 26 7.2 Intoxicação por íon cianeto ............................................................. 29 7.3 Uso de Antídotos ............................................................................ 31 7.4 Determinação de praguicidas organofosforados ............................ 32 3 8 TOXICOLOGIA AMBIENTAL ................................................................ 34 8.1 Bioconcentração, bioacumulação e biomagnificação ..................... 34 8.2 Mecanismos da Biotransformação ................................................. 36 8.3 Sítios de biotransformação ............................................................. 37 8.4 Fases da Biotransformação ............................................................ 38 8.5 Determinação de inseticidas organoclorados na água ................... 39 9 TOXICOLOGIA FORENSE ................................................................... 42 9.1 Objetivos, finalidade e importância ................................................. 42 9.2 Principais técnicas utilizadas .......................................................... 44 9.3 Laudo toxicológico .......................................................................... 44 9.4 Toxicologia Forense: Análises Toxicológicas em Amostras Biológicas 45 9.5 Toxicologia Forense: Triagem da amostra biológica ...................... 45 10 DOSE LETAL 50- DL50 ..................................................................... 46 11 IDENTIFICAÇÃO E PESQUISA DAS PRINCIPAIS SUBSTÂNCIAS VOLÁTEIS 50 11.1 Compostos orgânicos voláteis .................................................... 50 12 PRAGUICIDAS .................................................................................. 52 12.1 Definição e Classificação dos Agrotóxicos .................................. 52 12.2 Inseticidas ................................................................................... 54 12.3 Compostos organofosforados ..................................................... 54 12.4 Carbamatos ................................................................................. 55 12.5 Piretroides ................................................................................... 55 13 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ....................................................... 57 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma ala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 TOXICOLOGIA- CONCEITOS IMPORTANTES Fonte: revistaurbem.com.br Tóxico: Refere-se a efeitos que substâncias de origem ingerida, inalada ou injetada. Causa deficiência orgânica ou funcional ou morte em qualquer corpo. Agente tóxico: A substância química capaz de causar a um sistema biológico, alterando seriamente uma função ou levando-o à morte. Sintoma tóxico: É qualquer sensação ou sinal que indica a presença de um veneno no sistema. Dose: É a quantidade real de um produto químico que entra no corpo. Dose- efeito: Uma dose ou período de exposição (a um produto químico, drogas ou substância tóxica), produzem um impacto (efeito) sobre o organismo exposto. Droga: Substância química capaz de alterar sistemas fisiológicos ou patológicos, utilizada com ou sem intenção de benefício. Fármaco: Droga utilizada em benefício. Intoxicação: É um processo patológico causado por substâncias químicas endógenas ou exógenas e caracterizado por um desequilíbrio fisiológico, em consequência das alterações bioquímicas no organismo. 6 Toxicidade: A propriedade de agentes tóxicos promoverem injúrias às estruturas biológicas, por meio de interações físico-químicas. Substância perigosa: Uma substância perigosa ou um agente perigoso tem a capacidade de causar danos em um organismo exposto. Um exemplo esclarecerá este conceito: a estricnina é uma substância química muito tóxica. Quando está dentro de um frasco perfeitamente fechado pode ser manipulada sem que nenhum efeito tóxico seja produzido. A toxicidade não mudou, mas quando não está em contato com um organismo vivo não é possível evidenciar a sua capacidade de produzir o efeito tóxico (OTTOBONI, 1991). Risco: O risco é a probabilidade de aparecer um efeito nocivo devido à exposição a uma substância química perigosa. 2.1 Divisão Toxicologia possui ramos definidos que contribuem para esclarecer a natureza da ação sob o ponto de vista celular, molecular e bioquímico. Toxicologia química ou analítica: É o ramo da toxicologia que desenvolve técnicas de separação, identificação e quantificação da substância química no ambiente e em material biológico, bem como de seus produtos de biotransformação e as alterações bioquímicas relacionadas com sua ação tóxica. Seu desenvolvimento possibilita o diagnóstico clínico da intoxicação, qualifica e quantifica a cinética e a dinâmica do toxicante, subsidiando o tratamento. Toxicologia clínica: Pela avaliação clínica de sinais e sintomasda intoxicação e de posse dos achados analíticos, torna-se possível acompanhar e controlar a evolução da intoxicação, estabelecendo medidas específicas de proteção, diagnóstico de patologias e o tratamento. Toxicologia experimental: Estuda a toxicidade das substâncias químicas por meio dos experimentos em animais, determinando parâmetros de avaliação de riscos da exposição a um agente tóxico, obedecendo a critérios de similaridade entre o sistema biológico do animal experimentado e o homem, sobretudo em relação ao metabolismo. Fazem parte também da toxicologia experimental os 7 estudos retrospectivos e prospectivos das diversas interações das substâncias nos organismos humanos, animal e vegetal, com vistas à complementação dos dados de toxicidade individualizada e à manutenção da saúde. Aspectos da toxicologia: Com base nos estudos dos três ramos da toxicologia, torna-se possível identificar aspectos que determinam a finalidade da abordagem, o problema e a sua possível resolução. Aspecto preventivo: A partir do reconhecimento dos riscos que uma dada substância oferece, podem se estabelecer padrões de segurança em relação à exposição. É o mais importante aspecto da toxicologia, pois determina os meios de relação segura com substâncias químicas por extrapolação, hipóteses ou fatos, à luz dos conhecimentos existentes, com vistas à prevenção da intoxicação. Como exemplos, cita-se: o estabelecimento de prazos de carência na aplicação de praguicidas nas lavouras até que o alimento chegue à mesa do consumidor, o controle da atmosfera nas grandes cidades, o estabelecimento de concentrações máximas permitidas de aditivos e contaminantes de alimentos e o controle terapêutico de medicamentos de uso prolongado, entre outros. Aspecto curativo: A toxicologia curativa trata o indivíduo de acordo com o tipo de intoxicação. Pelo diagnóstico clínico ou laboratorial, oferece meios de recuperação do intoxicado, identificando as alterações fisiológicas e bioquímicas e restaurando a saúde. Pela toxicologia curativa, faz-se a recuperação de um indivíduo farmacodependente, ou de um trabalhador com alterações da saúde causadas pela exposição a substâncias químicas no ambiente de trabalho, ou ainda a desintoxicação de indivíduos expostos a poluentes ambientais Aspecto repressivo: Estabelece a responsabilidade penal dos indivíduos envolvidos em situações ilegais no uso de substâncias químicas. É o caso da presença de aditivos químicos nos alimentos não permitidos por lei; a utilização de agentes de dopagem em competições esportivas; a emissão de poluentes atmosféricos por uma fonte acima dos limites permitidos, etc. O caráter repressivo da toxicologia está estreitamente relacionado à toxicologia forense, área especializada que estuda os aspectos médico-legais dos danos que as substâncias químicas causam no sistema biológico. 8 3 ANÁLISES TOXICOLÓGICAS Fonte: ceset.com.br A análise toxicológica é requerida sempre que se torna necessário identificar ou confirmar uma intoxicação aguda, ou ainda, dar subsídio no tratamento do paciente intoxicado. Sua principal característica é a exigência de ser realizada em um curto prazo de tempo, de 2 a 24h no máximo (MOREAU, e al., 2008). A análise inicia-se com uma avaliação da anamnese e da síndrome tóxica, buscando direcionar os testes e reduzir o número de possíveis agentes tóxicos (WHO, 2007). O resultado obtido nas análises toxicológicas estabelece a relação de causa e efeito, ou seja, se houve ou não a intoxicação sobre a qual recai a suspeita (ANVISA, 2004). Quando há suspeita de intoxicação aguda, o médico precisa fazer uma série de perguntas a fim de estabelecer um diagnóstico. No caso de um paciente inconsciente (coma), as circunstâncias em que ele foi encontrado e se todos os frascos de comprimido ou outros recipientes (resíduos de cena) estavam presentes pode ser importante. Se o paciente está acordado, deverá ser questionado sobre a presença de substâncias tóxicas em casa ou no local de trabalho. O histórico médico do paciente (incluindo drogas prescritas e qualquer doença psiquiátrica), a 9 ocupação e os hobbies também podem ser relevantes, pois eles podem indicar um eventual acesso a substâncias específicas (FLANAGAN, 2005). Posteriormente, o exame físico do paciente pode indicar a droga ou a classe de drogas envolvida. As características clínicas associadas com algumas das intoxicações mais comuns (VIEIRA, 2012). 3.1 Classificação química toxicológica dos agentes tóxicos Para a classificação do agente, são realizados estudos em humanos e animais, além de serem feitas pesquisas sobre quaisquer aspectos que sejam significantes, como a patologia do tumor, fatores genéticos, metabolismo e toxicologia do agente. Baseada nessas informações, a classificação é feita e o agente é alocado em um dos seguintes grupos: Grupos 1: O agente é carcinogênico a humanos: quando há evidências suficientes de que o agente é carcinogênico para humanos. Grupo 2ª: O agente provavelmente é carcinogênico a humanos: quando existem evidências suficientes de que o agente é carcinogênico para animais e evidências limitadas ou insuficientes de que ele é carcinogênico para humanos. Grupo 2B: O agente é possivelmente carcinogênico a humanos: quando existem evidências limitadas de que o agente é carcinogênico para humanos e evidências insuficientes de que ele é carcinogênico para animais, ou quando não há evidências suficientes em ambos casos, mas há dados relevantes de que ele possa ser carcinogênico. Grupo 3: O agente não é classificado como carcinogênico a humanos: quando as evidências não são adequadas para afirmar que aquele agente é carcinogênico a humanos e animais, ou quando o agente não se encaixa em nenhum outro grupo. Grupo 4: O agente provavelmente não é carcinogênico: quando faltam evidências de que o agente é carcinogênico em humanos ou animais. Hoje a IARC é constituída dos países fundadores, mais a Austrália, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Finlândia, Índia, Irlanda, Japão, Noruega, 10 Holanda, República da Coreia, Rússia, Espanha, Suécia, Suécia, Suíça e Turquia. O Brasil se tornou membro da IARC em 2013. No Brasil, desde 2012, entrou em vigor uma resolução que determina que os veículos a diesel tenham suas emissões reduzidas. Consequentemente, as montadoras devem produzir motores compatíveis com as especificações técnicas do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve P7), equivalente à nova legislação europeia, chamada Euro 5 (menos poluente) – o padrão era o Euro 3 até o fim de 2011. Mesmo assim, muitos veículos ainda utilizam motores com tecnologias inferiores e mais poluentes. Também no início de 2012, começou a venda do diesel S50, que contém 50 partes por milhão (ppm) de enxofre em vez dos 500 ppm (padrão do diesel comumente utilizado nas regiões metropolitanas do país). O S50 é equivalente ao combustível utilizado na zona do euro. Os HPAs, que pertencem a uma classe de compostos químicos complexos, cuja estrutura se apresenta na forma de anéis de benzeno unidos, têm sido considerados como tendo potencial carcinogênico e/ou mutagênico e, dentro desse contexto, a agência de proteção ambiental Estados Unidos (United States Environmental Protection Agency – USEPA) classificou dezesseis HPAs como sendo prioritários: Naftaleno (na): 2 anéis; Acenaftaleno (ac), acenafteno (ace), fluoreno (flu), fenantreno (ph), antraceno (an): 3 anéis; Pireno (py), criseno (ch), fluoranteno (fl), benzo [a] antraceno (baa): 4 anéis; Benzo [b] fluoranteno (bbf), benzo [k] fluoranteno (bkf), benzo [a] pireno (bap), dibenzo [a, h] antraceno (da): 5 anéis; Benzo [g, h, i] perileno (bpe) e indeno [1,2,3-c, d] pireno (ip): 6 anéis. Quanto maior o peso molecular (maior número de anéis), maior a suspeitade carcinogenicidade (BARBIERI, 2018). 11 3.2 Métodos e suas aplicações As análises quantitativas e qualitativas são realizadas de acordo com algumas características físicas e químicas do xenobiótico (analito) em estudo. Os métodos utilizados nas análises instrumentais são vários, porém os mais utilizados nos dias de hoje são os cromatográficos, os espectroscópicos (de ressonância magnética nuclear, fotoacústica, de emissão de UV, por exemplo). Imunoensaios ou ELISA: Teste analítico que utiliza anticorpos. Características: reagem com uma grande variedade de compostos natural- artificiais, biomoléculas, células e vírus, tem excelente especificidade que permite detectar quantidades mínimas do analito, ligação não covalente/covalente forte que resiste aos processos e geração de sinal, alta precisão e exatidão, permite automatização, permite a execução de testes rápidos, pode ser aplicado nas áreas de alimento, no ramo farmacêutico, forense, militar, medicina e veterinária. A geração de sinais pode ocorrer das seguintes maneiras: colorimétrico-limitado ao limite de leitura do espectrofotômetro, fluorimétrico (composto fluorescente) emissão repetida de radiação em curto espaço de tempo, este último por dois tipos: marcação direta e marcação enzimática e revelação fluorescente. Espectrometria de Massas: A espectrometria de massa é uma técnica analítica muito usada para identificar compostos desconhecidos, quantificar materiais conhecidos e elucidar as propriedades químicas e estruturais de moléculas e biomoléculas. A detecção de compostos através desta ferramenta é viável para quantidades pequenas como as de 10-15g e também para um composto de massa de 1000 Dalton. É um método utilizado para fornecer informação tanto por químicos, como físicos, bioquímicos, toxicologistas e biologistas, entre outros. Dentre os tipos de espectrometria de massa podemos destacar o de ionização por electrospray que favorece novas possibilidades na análise de compostos com elevada massa molecular, incluindo proteínas, nucleotídeos e polímeros sintéticos, sendo, portanto, uma técnica amplamente utilizada em estudos biológicos, bioquímicos, farmacêuticos e médicos. 12 Cromatografia: Entre os métodos modernos de análise, a cromatografia é uma das mais utilizadas devido a sua facilidade em efetuar a separação, identificação e quantificação das espécies químicas, por si mesma ou em conjunto com outras técnicas instrumentais de análise, como por exemplo, a espectrofotometria por absorção no visível e ultravioleta ou a espectrometria de massa. Existem alguns tipos de cromatografia como: cromatografia em papel, em camada delgada, cromatografia em coluna, cromatografia gasosa e cromatografia líquida de alta eficiência. A cromatografia em camada delgada (CCD) é a técnica de referência para muitos laboratórios brasileiros porque não necessita de equipamentos caros e é confiável. A CCD permite separação eficaz dos compostos, o que torna este método muito útil na caracterização e a quantificação de compostos químicos pode ser realizado utilizando técnica visual sob luz UV ou a densitometria. Este tipo de cromatografia é muito útil para avaliar casos de intoxicação aguda, principalmente se o toxicante for desconhecido. A cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE ou HPLC) de fase normal e fase reversa em geral, utilizam-se em conjunto com ferramentas de detecção por absorção ultravioleta (UV), fluorescência e espectrometria de massas, entre outros. É o tipo de cromatografia mais utilizada atualmente em laboratórios de pesquisas e de análises por sua versatilidade, sensibilidade, resultados quantitativos, por analisar espécies não voláteis e termo lábeis, e por sua automatização. 13 4 TOXICOLOGIA ANALÍTICA Fonte: agencia.fiocruz.br Voltada para o controle de intoxicações, pode identificar substâncias nocivas no sangue, urina, cabelo, saliva, entre outros. Compreende a detecção, identificação e frequentemente a quantificação de fármacos, mas também de drogas de abuso e exposição química (KLAASSEN, 2012). Essa área pode auxiliar no diagnóstico, tratamento, prognóstico e prevenção de intoxicações. Em relação às drogas terapêuticas, auxilia no acompanhamento e resposta do paciente, sendo que as doses podem ser aumentadas ou reduzidas para otimizar o tratamento. Já na avaliação das drogas de abuso, principalmente nos casos de overdose, é essencial que o agente responsável seja identificado, para que possa ser ministrado o tratamento correto. O uso de drogas para finalidades recreacionais ou de melhora do desempenho é relativamente comum. Nos EUA, o National Institute on Drug Abuse relatou que cerca de 30% da população com mais de 16 a 18 anos de idade já usou alguma droga ilícita (HERNANDEZ, 2017). 14 4.1 Métodos analíticos Apesar da disponibilidade de métodos analíticos modernos de elevada sensibilidade e especificidade, tais como a cromatografia líquida associada à espectrometria de massas em tandem (CL-EM/EM) e espectrometria de massas por tempo de voo (CL-TDV), a maior parte dos laboratórios de toxicologia analítica ainda utilizam métodos clássicos, como a cromatografia em camada delgada (CCD), cromatografia gasosa (CG) com detectores não espectrométricos, como os de ionização em chama (DIC) e nitrogênio-fósforo (DNP), e a cromatografia líquida de alta eficiência com detecção por absorção de radiação ultravioleta (CLAE-UV) (DE ZEEUW, 2004). Considerando a necessidade da existência de sistemas de ATS robustos associados a amplas bases de dados de comportamento analítico, o comitê de análise toxicológica sistemática da "International Association of Forensic Toxicologists" (TIAFT) fomentou estudos de padronização de diversas metodologias para utilização interlaboratorial em ATS, bem como a geração de amplas bases de dados. Como resultado deste trabalho foram publicadas bases de dados com métodos e dados analíticos utilizando CCD e CG. Posteriormente, diversos autores propuseram metodologias de ATS utilizando CLAE, especialmente com detectores de arranjo de diodos (DAD) (OJANPERA, 2005). Na identificação toxicológica baseada em bases de dados, deve-se levar em consideração que somente compostos cujos dados estejam inseridos na base em utilização poderão ser identificados. Também, considerando o grau de especificidade de cada método, bem como a existência de variabilidades interlaboratoriais, representadas pelos desvios-padrões interlaboratoriais de cada sistema analítico, é necessária a associação de dados obtidos em diferentes sistemas para uma identificação efetiva. Também deve se considerar que o número de sistemas necessários para identificação inequívoca aumenta com o número de sustâncias presentes na população tomada em consideração (LINDEN, 2007). Apesar da existência de sistemas altamente reprodutíveis do ponto de vista interlaboratorial, o manuseio dos dados obtidos é problemático. Embora a base 15 teórica da identificação de compostos através da busca em bases de dados esteja estabelecida, sua implementação prática apresenta dificuldades (LINDEN, 2007). 5 TOXICOLOGIA OCUPACIONAL Fonte: newslab.com.br Identifica as substâncias químicas presentes no ambiente de trabalho e os riscos que oferecem, com o objetivo de preservar a saúde do trabalhador. São estudados os agentes tóxicos de matérias-primas, produtos intermediários e produtos acabados. Além de monitorar o ambiente, deve ser realizado também o monitoramento biológico do trabalhador. A identificação precoce da exposição pode permitir a proteção do indivíduo antes que se manifestem efeitos tóxicos graves e, por vezes, irreversíveis. É o que acontece, por exemplo, nos cenários industriais e agrícolas com trabalhadores expostos a agrotóxicos e metais (MOREAU, 2015). 16 5.1 Objetivo, finalidade e importânciaA toxicologia analisa e tenta reduzir as consequências adversas causadas por substâncias químicas. O ser humano sempre está exposto a agentes químicos, seja em casa, no transporte público ou no trabalho. Essas substâncias, que podem estar em forma de gases, vapores e líquidos entram em contato pelas vias respiratórias, pela pele ou pelo trato gastrointestinal. Quando ocorre essa interação química, podem surgir complicações clínicas. A fim de evitar isso, a Toxicologia Ocupacional tem a função de analisar agentes químicos potencialmente tóxicos para ser ponto de partida para ações como: • Definir critérios de segurança para as substâncias que podem ser perigosas; • Eliminar ou reduzir a exposição dos trabalhadores aos produtos químicos; • Monitorar o risco toxicológico. A Toxicologia Ocupacional é muito importante para manter a saúde e segurança no trabalho. Afinal, o seu principal objetivo é prevenir que trabalhadores expostos a agentes químicos e tóxicos sofram alterações no organismo. É um dever legal e social de toda empresa, e esse controle é essencial para garantir a produtividade dos funcionários. Câncer, doenças respiratórias, abortos e problemas cardíacos estão entre os impactos que podem ser causados pela exposição a produtos químicos perigosos. Uma das medidas mais eficazes de se prevenir das ocorrências de intoxicações ocupacionais é a monitorização biológica (DE SIQUEIRA, 1997). Para possibilitar a interpretação dos resultados da análise dos diversos indicadores biológicos (IB), usados na monitorização, constam da Norma Regulamentadora do Brasil, os valores máximos permitidos (Índice Biológico Máximo Permitido-IBMP), abaixo dos quais se supõe que a maioria dos trabalhadores não apresentem efeitos nocivos, e também valores de referência destes parâmetros (DE SIQUEIRA, 1997) . 17 Os valores de referência (VR) são quesitos indispensáveis à monitorização biológica, pois o nível dos indicadores biológicos nos indivíduos expostos, deve ser comparado com o nível deste mesmo indicador em uma população cuja característica principal é a de não estar exposta ocupacionalmente ou por uma situação ambiental especial aos xenobióticos avaliados (DE SIQUEIRA, 1997) . Tais valores devem ser determinados em cada país e/ou região, pois vários são os fatores que afetam o bioindicador, tais como o tipo de alimentação, o local de moradia e de trabalho, os hábitos próprios do indivíduo, a poluição ambiental, entre outros (BERTAZZI, 1988). 5.2 Legislação pertinente Fonte: direitosbrasil.com Existem leis que protegem a saúde do trabalhador. Elas também garantem que o empregador precisa se responsabilizar pela segurança e saúde no trabalho. A Norma Regulamentadora (NR) nº15 apresenta os limites de tolerância de agentes químicos e biológicos, assim como sobre os adicionais trabalhistas devidos a funcionários que atuam expostos a essas substâncias. Também existem respaldos jurídicos para a aplicação da Toxicologia Ocupacional na NR nº 9, que regulamenta ações para o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). 18 O documento considera que o PPRA deve visar “a preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores por meio da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho”. A Norma Regulamentadora nº7, que discorre sobre o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), determina o monitoramento de riscos ocupacionais. O objetivo é prevenir o surgimento ou agravamento de doenças por conta do ambiente de trabalho. 5.3 Exposição ocupacional ao chumbo O chumbo é um metal com uma longa história de uso industrial e com importantes efeitos tóxicos sobre a saúde humana. Estudos epidemiológicos realizados em diversos países do mundo revelam inúmeros casos de intoxicação, notadamente em exposições ocupacionais e ambientais. Apesar do extraordinário conhecimento adquirido nas últimas décadas sobre o mecanismo de toxicidade do metal, das recentes medidas de prevenção, de supervisão médica e principalmente da aplicação de eficientes medidas de higiene industrial, concorrendo para uma considerável redução nos níveis de exposição ocupacional, lamentavelmente ainda continua ocorrendo casos de intoxicação (APOSTOLI, 1992). Elevada exposição ao chumbo e casos de intoxicação têm sido encontrados, notadamente em crianças filhas de trabalhadores de fundição de chumbo e em crianças residentes próximo às fundições primárias de chumbo. Mesmo em áreas sem fonte pontual de emissão de chumbo no meio ambiente, pode haver a contaminação dos seres vivos (MENEZES-FILHO, 1998). Os processos de fundição e refinaria, são provavelmente, entre todas as modalidades de exposição ocupacional, as que apresentam maior risco de exposição ao metal, provavelmente porque envolvem operações nas quais o chumbo fundido e as ligas são aquecidas a temperaturas elevadas com desprendimento de vapores de chumbo (GERHARDSSON, 1992). 19 No ambiente laboral a absorção do chumbo resulta principalmente da inalação de pequenas partículas de tamanho respirável ou dos fumos do metal. Secundariamente, pode ocorrer absorção através da ingestão de alimentos contaminados, água e por hábitos do trabalho, como o de fumar e por contaminação dérmica e do vestuário (GERHARDSSON, 1992). A toxicidade do chumbo se manifesta principalmente em quatro sistemas: gastrointestinal, renal, nervoso e hematopoiético, sendo este último de grande importância no monitoramento biológico à exposição a este metal. O principal efeito do chumbo neste sistema é a redução dos níveis do grupo prostético heme, causado pela inibição de algumas enzimas utilizadas na síntese da hemoglobina, devido a ligação do metal à enzima ácido d-aminolevulínico desidratase (ALA-D), causando o acúmulo do ácido delta aminolevulínico (ALA) no sangue e na urina (PAOLIELO et al., 1993). Sinais e sintomas: Intoxicação por chumbo é frequentemente uma doença crônica e pode não causar sintomas agudos. Os efeitos são eventualmente irreversíveis, com ou sem sintomas agudos (por exemplo: deficiência cognitiva, neuropatia periférica, disfunção renal crônica). Os sintomas da intoxicação por chumbo são relativamente proporcionais aos níveis de chumbo, mas não existem níveis seguros de chumbo. A intoxicação pelo chumbo, frequentemente causa no início discretos sintomas, mas pode haver encefalopatia ou dano irreversível ao órgão, resultando comumente em deficiência cognitiva em crianças. O diagnóstico é dado pelo nível de chumbo no sangue. O tratamento consiste em cessar a exposição ao chumbo e, às vezes, terapia por quelação com succimer ou edetato cálcico dissódico, com ou sem dimercaprol. 5.4 Limites de exposição O risco de deficiência cognitiva aumenta quando o nível total de chumbo no sangue é ≥10 μg/dL (≥ 0,48 mmol/L) por um grande período, apesar do valor de corte poder ser mais baixo. Outros sintomas (por exemplo: cólicas abdominais, https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/t%C3%B3picos-especiais/medicina-integrativa-complementar-e-alternativa/terapia-com-quela%C3%A7%C3%A3o 20 constipação intestinal, tremores e alterações do humor) podem ser observados se o nível sanguíneo de chumbo for > 50 μg/dL (> 2,4 mmol/dL). A encefalopatia é mais provável se o nível de chumbo for > 100 μg/dL (> 4,8 mmol/L). Não existe um nível de chumbo no sangue que não produza efeitos deletérios. Os Centers for Disease Control and Prevention (CDC) recomendam que crianças com níveis de chumbo no sangue > 5 μg/dL devem ser tratadas, fazer novas dosagens e monitoramento seriado, bem como avaliação para deficiência de vitaminas e estado nutricional geral. A exposição ocupacional ao chumbo é representada principalmente pelas minerações, fundições e refinarias dechumbo, fábricas de baterias (acumuladores), indústria cerâmica e fundições de metais não ferrosos encontradas com grande frequência em diversos estados brasileiros, inclusive na Bahia (GERHARDSSON, 1992). 5.5 Determinação da Carboxihemoglobina no sangue Fonte: brasilescola.com.br Interpretação: A dosagem de carboxihemoglobina tem a finalidade de identificar indivíduos expostos ao monóxido de carbono (CO) e também é utilizada como marcador de exposição ambiental a esse gás. O CO é capaz de causar anoxia tissular, uma vez que se liga à hemoglobina com uma afinidade 240 vezes maior do que o oxigênio, dificultando, dessa forma, a oxigenação tissular. Quando a saturação da hemoglobina por CO é superior a 20%, podem surgir sintomas e sinais 21 clínicos como torpor, cefaleia, cansaço, confusão mental e taquipneia. Uma saturação de 60%, que é atingida quando a concentração de CO alcança uma parte a cada 1.000 partes de ar, costuma ser fatal. Fumantes podem ter níveis cronicamente elevados de monóxido de carbono, próximos a 15%. A Norma vigente que regulamenta a monitorização biológica no Brasil preconiza o uso da carboxihemoglobina (COHb), como bioindicador da exposição ao monóxido de carbono (CO), sendo seu IBMP de 3,5%. A escolha de um método analítico a ser usado na monitorização biológica requer, ao lado da exatidão e precisão, praticabilidade, custo não muito elevado, sensibilidade e limite de quantificação que permita seu uso rotineiro na avaliação da exposição ocupacional, bem como na obtenção de valores de referência do bioindicador requerido. Vários são os métodos propostos para a determinação da COHb. Dentre eles, os espectrofotométricos têm sido os mais utilizados pelo seu baixo custo, rapidez e simplicidade. BEUTLER, et al., (1984) publicaram o método espectrofotométrico tendo por base a absorção diferencial da COHb e da hemoglobina reduzida, obtida por tratamento da amostra com ditionito de sódio, havendo necessidade de serem estabelecidos previamente os fatores de calibração do espectrofotômetro usado. 6 TOXICOLOGIA DE MEDICAMENTOS Fonte: terra.com.br 22 Mesmo medicamentos destinados a tratar doenças também podem causar efeitos adversos em pacientes. Efeitos nocivos podem ser menores, como dor de cabeça, ou graves, como câncer e defeitos congênitos (OLSON, 2013). A toxicologia em medicamentos atua na pesquisa e busca novas drogas e fármacos usados no tratamento e prevenção de doenças, assim como suas consequências para o organismo (MOREAU, 2015). 6.1 Testes toxicológicos e a preocupação com a saúde Felizmente, diversas leis e instituições realizam a regulamentação de produtos exigindo a realização de testes antes da liberação para comercialização. No Brasil, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) (Ministério da Saúde) controla a qualidade dos alimentos, medicamentos, saneantes, pesticidas, dispositivos médicos, cosméticos e correlatos (OLSON, 2013). Há testes para determinar se um produto tem potencial para causar câncer, defeitos congênitos, efeitos reprodutivos, toxicidade neurológica entre outros. Assim, a nossa exposição a essas substâncias é limitada, prevenindo ou reduzindo a probabilidade de que uma doença ou outro resultado negativo na saúde ocorra (OLSON, 2013). 6.2 Controle terapêutico No início da terapia medicamentosa, as concentrações dos fármacos sofrem flutuações e, após um período de tempo variável, sua concentração se estabiliza. Espera-se, portanto, que a concentração estabilizada seja eficaz, o que ocorre geralmente após quatro meias-vidas depois da administração inicial. Dosagens realizadas antes deste período podem resultar em valores irregulares e as avaliações das dosagens devem ser feitas com cautela levando em consideração este tempo (PINCUS, et al., 1999). De acordo com esses autores, para se saber qual é a concentração eficaz do fármaco é necessário observar se este será 23 armazenado no tecido adiposo, em outros tecidos ou se o fármaco será distribuído totalmente no sangue. Para isto, é preciso determinar o volume de distribuição do fármaco, ou seja, o volume de líquido biológico onde a droga será dissolvida. Se a droga está presente somente no sangue do paciente, o volume de distribuição é igual ao volume sanguíneo, o qual é determinado a partir de tabelas de conversão relacionando o peso corpóreo ao volume de sangue (CASTRO,2006). No entanto, se a droga for armazenada em outros tecidos, somente uma parte estará presente no sangue e o volume de distribuição será maior, evidenciando que a parte armazenada poderá estar constantemente sendo liberada dos depósitos, os quais podem aumentar de forma anormal a concentração sérica do fármaco o que pode levar o paciente a uma intoxicação, caso sejam administradas doses seguidas (ROZENFELD, 2007). 6.3 Diferença entre o remédio e o veneno A dose da substância é um fator importante na toxicologia, pois tem uma relação significativa com os efeitos sobre o indivíduo. Todas as substâncias têm o potencial de serem tóxicas dependendo das condições e doses administradas. Uma dose pequena de uma substância tóxica pode ser mortal, da mesma forma, uma dose alta de uma substância de baixa toxicidade pode não ter nenhum efeito. É assim que um medicamento, se administrado na dose correta, pode salvar uma vida, mas em grande quantidade pode intoxicar um organismo (MOREAU, 2015). A automedicação, prática comum no nosso país, se deve ao fato da saúde ser precária, a falta de acesso a médicos, dentre outros. Se não bastasse, ainda existem as propagandas por meio do rádio, tv e internet, onde se incentiva essa prática. Existem ainda nas gôndolas das farmácias medicamentos de venda livre, disposição esta, que impulsiona o paciente ao auto consumo. Nesses medicamentos, podem existir substâncias que provocam alergias, como no caso dos corantes, açúcares, dentre outros. 24 De acordo com informações da Organização Mundial da Saúde, estima-se que ocorrem no Brasil, cerca de doze mil casos diários de intoxicação por medicamentos e/ou outras substâncias químicas. Como a previsão é de uma morte a cada mil casos, a conclusão é que cerca de doze brasileiros morrem intoxicados todos os dias. Infelizmente ainda é comum medir a toxicidade de uma substância química, (em animais) antes de ser comercializada (MOREAU, 2015). 6.4 Intoxicações por medicamentos O medicamento representa um símbolo de saúde para a população leiga e é definido pela comunidade científica como uma “droga ou preparação com drogas de ação farmacológica benéfica, quando utilizada de acordo com suas indicações e propriedades” (SILVA, 1998, p.7). Ou seja, o medicamento é uma preparação farmacêutica com fórmula e forma definidas, utilizada com fins curativos, paliativos ou de diagnóstico. Porém, quando utilizado de maneira indiscriminada, seja por leigos ou por profissionais da saúde, o medicamento adquire um potencial muito grande de provocar intoxicações, invertendo sua essência de promoção da saúde do paciente, podendo levar o indivíduo até mesmo ao óbito. Atualmente, o consumo de medicamentos é, erroneamente, livre e exagerado (LINDEN, 2007). Porém, quando utilizado de maneira indiscriminada, seja por leigos ou por profissionais da saúde, o medicamento adquire um potencial muito grande de provocar intoxicações, invertendo sua essência de promoção da saúde do paciente, podendo levar o indivíduo até mesmo ao óbito. Atualmente, o consumo de medicamentos é, erroneamente, livre e exagerado (LINDEN, 2007). Todas as substâncias químicas podem produzir efeitos benéficos ou maléficos. Portanto, todos os medicamentos podem produzir efeitos adversos que são definidos como qualquer efeito indesejável decorrente da utilização da droga (CASOY, 1998). Efeitos colaterais, por sua vez, são efeitos “não desejáveis,mas muitas vezes toleráveis, que aparecem durante a farmacoterapia” e diferem, por sua vez, dos 25 efeitos tóxicos que representam manifestações de efeitos lesivos de maior gravidade, podendo levar até a morte (OGA, 2003, p. 29). Quando estas manifestações estão relacionadas ao efeito farmacológico principal do medicamento, estas reações são previsíveis desde que o mecanismo de ação do fármaco seja bem conhecido. Quando os efeitos não estão relacionados ao efeito farmacológico, também podem ser previstos em determinadas situações, por exemplo, quando utilizados em dose excessiva, durante a gravidez, ou quando o paciente apresenta alguma doença de base como diabetes ou hepatite. Assim, os efeitos nocivos são, na maioria das vezes, produzidos por metabólitos quimicamente reativos do fármaco original que apresentam toxicidade direta ou de natureza imunológica. Em indivíduos suscetíveis, os efeitos adversos podem ter consequências sérias quando utilizados juntamente com outras drogas e alimentos, além da possibilidade de ocorrerem efeitos adversos imprevisíveis e raros (LINDEN, 2007). 7 TOXICOLOGIA DE ALIMENTOS Fonte: docero.com.br A toxicologia de alimentos abrange vários aspectos da segurança alimentar e tem grande importância para indústria, agências governamentais e consumidores. 26 Estuda os mais variados efeitos adversos produzidos por agentes químicos presentes em alimentos, sejam eles naturais ou sintéticos (PASSAGLI, 2018). Qualquer contaminação ou manifestação tóxica pode causar efeitos graves na saúde da população. Por isso, uma das funções mais importantes dessa área é estabelecer as condições nas quais os alimentos podem ser ingeridos sem causar danos (PASSAGLI, 2018). Ela avalia desde substâncias moduladoras de câncer, toxinas microbianas (algas, fungos e bactérias) até os grupos de pesticidas, poluentes orgânicos, metais, materiais de embalagem, hormônios e resíduos de drogas animais. A toxicologia alimentar requer conhecimento de disciplinas científicas, desde química estrutural, biologia molecular, biofísica, agronomia, estatística, entre outros e passando necessariamente por disciplinas de alimentação, como nutrição, química e análise de alimentos (PASSAGLI, 2018). 7.1 Objetivo, finalidade e importância É conveniente diferenciar entre as substâncias xenobóticas que causam danos quando são ingeridos através dos alimentos (aqueles que causam danos diretos a um órgão ou tecido), que interferem na biodisponibilidade de algum nutriente, visto que diversos autores os englobam em um único termo, conhecido como “fator tóxico”. No entanto, pode ser distinguido dois tipos de substâncias nocivas que podem ser ingeridas por meio dos alimentos, que são: agente tóxico e agente antinutricional como mostrado na Tabela abaixo. (LUCAS, 1995). 27 ATIVIDADE NOCIVA DE SUBSTÂNCIA XENOBIÓTICA PRESENTE EM ALIMENTOS Agente toxico Qualquer substância xenobiótica que seja capaz de produzir uma anormalidade fisiológica e / ou anatômica de curto prazo (toxicidade aguda ou subaguda), que não pode ser atenuada por uma simples fortificação ou suplementação do alimento que o contém. ---------- Agente antinutricional Substância presente na comida, que tem a capacidade de reagir ou interferir com um nutriente, diminuindo sua biodisponibilidade a longo prazo (toxicidade crônica) é capaz de produzir uma anormalidade fisiológica e / ou anatômica, que na maioria dos casos, é irreversível. No entanto, o próprio nutriente pode agir como um antagonista; portanto, uma fortificação deste último, na fase inicial de efeito prejudicial, pode atenuar ou eliminar o problema. Antienzimas: Substâncias que inibem a ação de enzimas digestivas endógenas (Inibidores de proteases, amilases, entre outros.) Antivitaminas: Substâncias que inativam ou aumentam a absorção de Vitaminas (anti-tiaminas, ascorbicooxidase, avidina, entre outros.) Sequestrantes de minerais: Substâncias que interferem na assimilação de minerais (anti-tireóide, fitatos, ácido oxálico, ovotransferrina, entre outros.) A classificação de tóxicos é complicada, pois pequenas variações em sua estrutura podem ou não os tornar perigosos. Por outro lado, a origem dos compostos pode contribuir para sua classificação, como por exemplo, acontece no caso das aflatoxinas, que são de origem natural, mas contaminantes em várias comidas (VALLE-VEGA, 1985). Os venenos naturais podem ocasionalmente causar problemas, porque são encontrados inesperadamente em alimentos em concentrações maiores do que os níveis considerados normais. Outro fator de risco em toxinas naturais é confundir espécies inócuas, com tóxicas (como frequentemente acontece com alguns cogumelos comestíveis como Agaricus, com o tóxico Amanita phalloides). Mesmo essas confusões são responsáveis pela morte das pessoas que se dedicam à sua coleção. Ao analisar os diferentes tipos de dieta, alto consumo de açúcar, um 28 alimento aparentemente inócuo, poderia ser considerado, mas com o potencial para promover cárie dentária. Os compostos adicionados intencionalmente são estranhos à comida, adicionados em quantidades conhecidas para atingir uma finalidade específica, como aditivos. Esses compostos não são absolutamente inofensivos, mas são ainda considerados tóxicos por diferentes pesquisadores, o que tem gerado grande polêmica, uma vez que os testes toxicológicos mostraram ser seguro para a maioria dos consumidores nos níveis de uso sugerido (FERNÍCOLA, 1985). No entanto, a dúvida permanece quando são apresentados desconforto em pessoas hipersensíveis. Por outro lado, se não fossem usados aditivos, seria muito difícil poder ter uma grande variedade e quantidade de alimentos nas áreas urbanas, onde o maior percentual da população tem se concentrado nos últimos anos e essa demanda serve para consumir alimento para sua subsistência. Além disso, muitos desses produtos representam uma melhoria no processo ou uma proteção às características dos alimentos, como antioxidantes. Os tóxicos acidentais geralmente representam o maior risco à saúde, uma vez que ao contrário do natural ou intencional, o valor não é conhecido, nem a data em que foi ingerido, muito menos a frequência de ingestão ou o tipo de alimento associado ao veneno. Ou seja, em termos de uma emergência, há um risco maior para a saúde devido ao desconhecimento do composto associado aos desconfortos que surgem. Outro caso é quando há desconfortos associados a um tóxico pouco conhecido, sem possibilidades de diagnóstico adequado, por exemplo Ipomea Marone associada à "batata-doce" ou batata-doce (Ipomea batata). Em outros casos é difícil diagnosticar a causa e efeito, devido à falta de meios analíticos, bem como sistemas para determinar a identidade e concentração desses compostos, ou a apresentação de casos clínicos. Os sintomas geralmente são confundidos com intoxicação produzida por microrganismos. As toxinas geradas por processos, são resultado de sua transformação por meios de diferentes estágios de elaboração, desde seu cozimento, estabilização, formulação, mistura, esterilização, transporte, entre outros. Essas toxinas muitas vezes podem se originar de processos tão simples como é o assado de carnes, 29 durante o qual diferentes hidrocarbonetos são gerados como aromáticos policíclicos, muitos deles com propriedades cancerígenas (SHIBAMOTO, 1980). 7.2 Intoxicação por íon cianeto Fonte: respondeai.com.br O cianeto é uma toxina mitocondrial formada por átomos de carbono e nitrogênio e é uma das intoxicações mais letais conhecidas pelo homem. Usado nos tempos antigos e modernos como um método de execução, o cianeto causa a morte dentro de minutos. Embora seja incomum, o envenenamento significativo por cianeto deve serreconhecido rapidamente para garantir a administração imediata do tratamento potencialmente salvadora de vidas. As características clínicas do envenenamento por cianeto dependem da rota, da duração e da quantidade de exposição. Nas intoxicações leves, os pacientes podem apresentar náuseas, vômitos, cefaleia, confusão mental e tonturas. Em intoxicações moderadas a graves, ocorrem alterações proeminentes de SNC e disfunção do sistema cardiovascular. 30 Principais Sinais e Sintomas da intoxicação por cianeto SNC cefaleia, ansiedade, confusão, vertigem, coma, convulsões. CARDIOVASCULAR taquicardia e hipertensão inicial, bradicardia e hipotensão, bloqueio atrioventricular, arritmias ventriculares. RESPIRATÓRIO taquipneia, inicialmente; depois, bradipneia e edema pulmonar. GASTRINTESTINAL vômito, dor abdominal. DERMATOLÓGICO rubor da pele (cor vermelho-cereja); cianose (achado tardio); dermatite irritativa (prurido, eritema, edema, vesículas resultantes da exposição da pele). RENAL Insuficiência renal com ou sem rabdomiólise Insuficiência hepática por necrose hepatocelular Apesar da hipotensão, apneia e/ou bradicardia, o paciente, geralmente, não aparece cianótico no quadro de envenenamento por cianeto. A cianose ocorre apenas tardiamente. Depois de inalar o cianeto de hidrogênio (HCN), a vítima pode perceber um odor amargo e amarelado (perceptível em, aproximadamente, 60% dos casos) (DESAI, 2018). Inicialmente, a inalação de pequenas quantidades de cianeto causa cefaleia, ansiedade, náusea e gosto metálico. Em contraste, a exposição ao cloreto de cianogênio (CNCl) resulta predominantemente em irritação dos olhos e membranas mucosas e, em seguida, sintomas pulmonares, como broncorreia (produção de mais de 100 ml por dia de escarro aquoso), tosse e dispneia (GRESHAM, 2016). Sobreviventes de intoxicação grave por cianeto podem desenvolver parkinsonismo tardio ou outras sequelas neurológicas. Os gânglios da base são particularmente sensíveis à toxicidade do cianeto. A lesão do gânglio basal pode ser causada por lesão celular direta ou secundária a efeitos hipóxico (DESAI, 2018). A exposição crônica ao cianeto resulta em sintomas vagos, como dor de cabeça, alterações de paladar, vômito, dor torácica, dor abdominal e ansiedade. Pacientes com exposição a cianeto por tabaco podem desenvolver ambliopia, que 31 ocorre predominantemente em homens tabagistas e manifesta-se como perda visual progressiva (GRESHAM, 2016). A neuropatia atáxica tropical (TAN) é outra forma de toxicidade crônica pelo cianeto; trata-se de condição desmielinizante associada ao consumo excessivo de mandioca, geralmente nos pobres e desnutridos. Sinais e sintomas incluem parestesias, ataxia, perda auditiva e atrofia óptica. Por fim, a neuropatia óptica hereditária de Leber é uma perda rara e gradual da visão central que parece ocorrer devido a um defeito no metabolismo do cianeto. Uma deficiência de rhodanesa é um possível mecanismo (GRESHAM, 2016). 7.3 Uso de Antídotos O uso de antídotos deve ser iniciado se possível no ambiente pré-hospitalar com a administração de 5g de hidroxocobalamina (70mg/kg em crianças); em caso de parada cardiorrespiratória, a dose é de 10g de hidroxocobalamina. Nos pacientes que não apresentam resposta, pode-se repetir a hidroxocobalamina até a dose máxima de 10g, e deve-se realizar a infusão de tiossulfato de sódio 25% 1,65mL/kg (dose máxima de 12,5g). A hidroxocobalamina, um precursor da vitamina B12, contém uma porção de cobalto que se liga avidamente ao cianeto intracelular (com maior afinidade que a citocromo oxidase) formando cianocobalamina. Essa molécula é estável e prontamente excretada na urina. Como a hidroxocobalamina age de forma rápida, não afeta negativamente a oxigenação do tecido e é relativamente segura (GRESHAM, 2016). A meia-vida é de 24 a 48 horas. A hidroxocobalamina, quando administrada na dose recomendada, pode causar uma descoloração avermelhada temporária da pele, plasma, urina e membranas mucosas. Essas alterações duram, aproximadamente, 2 a 3 dias. A medicação pode causar erupção cutânea, cefaleia, náusea, desconforto torácico e disfagia, mas a medicação é, em geral, considerada segura e eficaz (GRESHAM, 2016). A dosagem inicial aproximada é: 32 Hemoglobina, 7g/dL, dose de 0,19mL/kg de nitrito de sódio a 3% Hemoglobina, 8g/dL, dose de 0,22mL/kg de nitrito de sódio a 3% Hemoglobina, 9g/dL, dose de 0,25mL/kg de nitrito de sódio a 3% Hemoglobina, 10g/dL, dose de 0,27mL/kg de nitrito de sódio a 3% Hemoglobina, 11g/dL, dose de 0,30mL/kg de nitrato de sódio a 3% Outro antídoto eficaz é o edetato de dicobalto, que é um quelante intravenoso de cianeto, com rápido início de ação, usado no Reino Unido. A dose é de 20mL de uma solução de 1,5% administrada durante um minuto. O seu uso é associado a múltiplos efeitos colaterais graves, incluindo convulsões, anafilaxia, hipotensão e arritmias cardíacas (LAVON, 2010). O dimetilaminofenol (4-DMAP) é outro indutor da metemoglobina. O 4-DMAP é administrado em uma dose de 5mL de uma solução a 5%, durante um minuto. A medicação é potente e de ação rápida, alcançando níveis máximos de metemoglobina em 5 minutos após a administração. Essa rápida ação pode exigir o uso do azul de metileno para reverter a extensão da metemoglobinemia. Outros potenciais efeitos adversos do 4-DMAP incluem reticulocitose, nefrotoxicidade e hemólise (LAVON, 2010). 7.4 Determinação de praguicidas organofosforados Pesticidas são substâncias químicas naturais ou sintéticas, destinadas a exterminar, controlar ou combater de algum modo pragas, no sentido mais amplo: tudo aquilo que ataca, lesa ou transmite enfermidade às plantas, aos animais e ao homem. Adotando-se essa definição, tem-se entre as pragas: insetos, carrapatos, aracnídeos, roedores, fungos, bactérias, ervas daninhas ou qualquer outra forma de vida animal ou vegetal danosa à saúde e ao bem estar do homem, à lavoura, à pecuária e seus produtos e a outras matérias primas alimentares (SILVA, 2011). O Brasil, em 2012 alcançou a marca de 826,7 milhões de toneladas de pesticidas vendidos, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola (Sindag), superando os Estados Unidos, o maior produtor mundial de alimentos, que consumiu 646 milhões de toneladas. 33 Dentre os agrotóxicos utilizados na agricultura merecem destaque os inseticidas organofosforados (OF), que são os que mais causam intoxicações e ainda grande número de morte no Brasil, devido a sua alta toxicidade aguda. São largamente usados na agricultura como inseticidas e podem contaminar uma variedade de produtos agrícolas. Devido sua toxicidade e risco potencial para o consumidor, a quantificação nos alimentos de consumo é de preocupação pública (LAMBROPOULOU, et al., 2003). Os organofosforados, grupo de agrotóxicos inseticidas, causam numerosos efeitos à saúde humana. Para citar apenas alguns, o clorpirifós (classe II), inseticida, mostrou-se neurotóxico conforme a revisão de EATON, et al., (2008) e desregulou o eixo hormonal da tireoide em camundongos quando a exposição ocorre na vida intrauterina (HAVILAND, et al., 2010). Além disso, o clorpirifós também interferiu com o sistema reprodutivo masculino de ratos tratados por via oral, induziu alterações histopatológicas de testículos e levou à diminuição da contagem de espermatozoides e da fertilidade animal (JOSHI, et al., 2007). O modo de ação dos pesticidas organofosforados é pela inibição da enzima acetilcolinesterase nos sistemas nervosos de vertebrados e de invertebrados. O principal sítio de ação dos inseticidas organofosforados é o sistema nervoso na junção neuromuscular, interagindo com a acetilcolinesterase,cuja função é catalisar a hidrólise da acetilcolina (ACh) em ácido acético e colina, interrompendo a transmissão dos impulsos nervosos nas sinapses dos neurônios colinérgicos do sistemas nervosos central e periférico (JOKANOVIC, 2001). A acetilcolina é um mediador químico, necessário para a transmissão dos impulsos nervosos, presente nos mamíferos e insetos. Quando a AChE é inibida acontece paralisia e morte dos insetos (KARCZMAR, 1998). Devido à preocupação com os resíduos de agrotóxicos nos alimentos, são realizadas análises a cada dia em milhares de laboratórios ao redor do mundo. A necessidade progressiva de dados analíticos comparáveis e consistentes é essencial para a eliminação de barreiras técnicas entre os países. Uma vez efetuada a medição, para que ela seja aceita em qualquer país, requisitos legais, 34 de acreditação devem ser observados. As normas nacionais e internacionais do sistema da qualidade destacam a importância da validação de métodos analíticos para a obtenção de resultados confiáveis e adequados ao uso pretendido. Validação de métodos é um aspecto vital da garantia da qualidade analítica (BLASCO, 2002). 8 TOXICOLOGIA AMBIENTAL Fonte: academia.edu.br 8.1 Bioconcentração, bioacumulação e biomagnificação As expressões bioacumulação e biomagnificação descrevem um processo pelo qual a concentração de poluentes nos animais aumenta conforme o aumento do nível trófico (na direção do topo da cadeia alimentar). A diferença entre esses termos é, portanto, muito sutil. Termos e definições: “Bioconcentração é o processo que causa o aumento da concentração de uma substância química em um organismo aquático, em relação a sua concentração na água, devido à incorporação, através de sua absorção, unicamente pela água, a qual pode ocorrer pela superfície respiratória e/ou pela pele”. “Biomagnificação é a acumulação de uma substância na biota em toda a extensão da cadeia alimentar através da alimentação”. 35 “Bioacumulação é o somatório desses dois processos”. Para que esses processos ocorram, a substância deve ser lipossolúvel, ou seja, possuir a propriedade de se dissolver preferencialmente em gorduras, podendo assim fixar-se nos tecidos dos seres vivos e ali permanecer quando persistentes (DUARTE, 2002). A lipossolubilidade é também função do alto grau de cloração dessas moléculas que as faz capazes de atravessar com facilidade a estrutura fosfolipídica das membranas biológicas e de se acumularem no tecido adiposo (KODO, 2006). A propriedade físico-química que mede o grau de solubilidade em gorduras é o coeficiente de partição octanol/água (Kow) que por ter valores muito dispersos é normalmente expresso na forma logarítmica. Recentemente15 esta propriedade foi utilizada para fazer correlações preditivas da bioacumulação de poluentes orgânicos. A importância deste trabalho reside no fato de que a bioconcentração pode ser investigada em laboratório, mas o mesmo não acontece com a bioacumulação, uma vez que ela não inclui o efeito de biomagnificação (KODO, 2006). O fato de esses compostos também terem uma solubilidade relativa na água é que os tornam disponíveis para a bioacumulação nos seres vivos. Caso eles fossem insolúveis em água, eles se depositariam no solo e sedimentos e não podendo se dissolver na água se tornariam indisponíveis para o consumo. As classes de compostos com maior capacidade de bioacumulação são compostos cíclicos, aromáticos e clorados com moléculas grandes, ou seja, pesos moleculares maiores do que 236g/mol. Exemplos de compostos pertencentes a esta classe são o DDT, clordano, lindano, heptacloro, aldrin, dieldrin toxafeno, mirex e clordecona (DUARTE, 2002). Recentemente, foi feito um estudo no México examinando os níveis de DDT diretamente no tecido adiposo de mulheres residentes em regiões de baixa e alta exposição ao DDT. Os níveis de DDT no tecido adiposo das mulheres participantes do estudo foram consistentes com os registros dos volumes de DDT pulverizados no México. Devido a seu caráter lipofílico o DDE, metabólito do DDT, tem sido encontrado no leite materno de populações mexicanas onde a malária é endêmica, 36 em concentrações maiores do que as permitidas pela OMS. O estudo confirmou a amamentação como um mecanismo de eliminação desse inseticida, através da correlação entre o tempo de amamentação e a quantidade de DDT remanescente no tecido adiposo. O consumo de peixe e presunto também está fortemente relacionado com os níveis de DDE no tecido adiposo das mulheres mexicanas, porém DDT também foi encontrado em vegetais, alimentos que não contêm lipídios e os autores sugerem a realização de pesquisas para estabelecer os mecanismos que poderiam ser responsáveis pela incorporação de DDT em vegetais (DUARTE, 2002). A lipossolubilidade desses compostos, aliada à sua estabilidade química, faz com que se concentrem indefinidamente ao longo da cadeia alimentar. Um exemplo muito ilustrativo dessa propriedade pode ser encontrado numa revisão do livro “Our Stolen Future” recentemente publicada: é descrita a viagem hipotética de uma molécula de PCB do seu ponto de fabricação no Alabama, EUA, até o Atlântico Norte, onde sua concentração no tecido gorduroso de um urso polar acaba sendo, segundo o autor, magnificada por um fator de 3 bilhões (KODO, 2006). 8.2 Mecanismos da Biotransformação A biotransformação pode ocorrer através de dois mecanismos: Observação: Mecanismo de ativação ou bioativação: que produz metabólitos com atividade igual ou maior do que o precursor. Exemplo: a piridina é biotransformada no íon N-metil piridínico que tem toxicidade cinco vezes maior que o precursor. O mesmo ocorre com o inseticida paration que é biotransformado em paraoxon, composto responsável pela ação tóxica do praguicida. Observação: Mecanismo de desativação: quando o produto resultante é menos tóxico que o precursor. É comum encontrar-se na literatura científica os termos metabolização e destoxificação como sinônimos de biotransformação. Hoje, no entanto, utiliza-se o termo metabolismo para descrever o comportamento geral das substâncias 37 (endógenas e exógenas) no organismo, o que inclui absorção, distribuição, biotransformação e eliminação. Esse termo é comumente utilizado para se referir à biotransformação, o que é compreensível, visto que os produtos da biotransformação de xenobióticos são conhecidos metabólitos (KODO, 2006). Entretanto, a destoxificação não é sinônimo de biotransformação. Isto porque destoxificação significa diminuição de toxicidade e nem todas as reações de biotransformação, como citado acima, produzirão metabólitos menos tóxicos ou ativos que o seu precursor. É importante ressaltar que, na maioria das vezes: • Nenhum fármaco deixará de ser, no mínimo, parcialmente biotransformado. • Nenhum fármaco sofrerá apenas um tipo de biotransformação. • Duas espécies animais não irão biotransformar um fármaco de maneira idêntica. • Nenhuma biotransformação permanecerá inalterada com doses repetidas do fármaco (KODO, 2006). 8.3 Sítios de biotransformação A biotransformação pode ocorrer em qualquer órgão ou tecido orgânico como, por exemplo, no intestino (flora microbiota), pulmões, rins, pele e mucosas, testículos, placenta, medula óssea, sangue, etc., são as chamadas biotransformações extraepáticas. No entanto, a grande maioria das substâncias, sejam elas endógenas e exógenas são biotransformadas no fígado (DUARTE, 2002). O fígado é o maior órgão do corpo humano com diversas e vitais funções, destacando-se entre elas, as transformações de xenobióticos e nutrientes. Por ser o sítio primário para a biotransformação, o fígado é potencialmente vulnerável à ação tóxica de um xenobiótico que sofre bioativação. A biotransformação é efetuada, geralmente por enzimas, principalmenteaquelas existentes nos chamados microssomas hepáticos (pequenas vesículas presentes no retículo endoplasmático), são as que catalisam a maioria das reações de FASE I e na fração solúvel do citoplasma (citosol), que contém as enzimas responsáveis pela 38 biotransformação de FASE II. As mitocôndrias, núcleos e lisossomas possuem menor capacidade de biotransformação. Assim, as reações de biotransformação são referidas, frequentemente, como microssômicas ou citosólicas, de acordo com as localizações subcelulares das enzimas envolvidas (DUARTE, 2002). 8.4 Fases da Biotransformação As reações de biotransformação são categorizadas não somente pela natureza da reação envolvida (oxidação, redução, entre outros), mas, também pela sequência normal com que elas ocorrem. Essas reações catalisadas pelas enzimas biotransformadoras de xenobióticos são classificadas em reações de fase I (ou pré- sintéticas) e reações de fase II (sintéticas ou de conjugação) (KODO, 2006). A fase I compreende um conjunto de reações de oxidação, redução e hidrólise que preparam os toxicantes para as reações da fase II. Essas reações, geralmente, modificam a estrutura química da substância mediante adição de um grupo funcional (-OH, -NH2, -SH, ou -COOH), o que resulta em um pequeno aumento de hidrofilicidade. As enzimas responsáveis pela FASE I estão localizadas no retículo endoplasmático das células do fígado ligados à membrana reticular (LIMA, 2006). As reações de biotransformação de fase II, também chamadas de reações de conjugação, incluem glicuronidação, sulfonação (mais conhecida como sulfatação), acetilação, metilação, conjugação com glutationa e conjugação com aminoácidos. Os substratos endógenos dessas reações interagem com grupos funcionais presentes na molécula do xenobiótico ou que foram introduzidos ou expostos durante a fase I. Na maioria das reações de conjugação formam-se compostos altamente polarizados e hidrossolúveis que são prontamente excretados pelos rins (DUARTE, 2002). As substâncias que possuem grupos funcionais hidrofílicos sofrem conjugação direta, com formação de produtos facilmente excretáveis. Entretanto, para os compostos lipossolúveis, pouco polares, têm-se sempre as reações pré- 39 sintéticas, como condição para posterior conjugação. Portanto, a velocidade de excreção do agente tóxico está relacionada com sua estrutura química. Um bom exemplo é o fenol que é excretado após conjugação direta, enquanto a biotransformação do benzeno requer ambas as reações, ou seja, ele é inicialmente biotransformado em fenol pela introdução de um grupo hidroxila: (-OH) durante a fase I (oxidação) e, o fenol formado, é então conjugado por uma reação de fase II (sulfatação) em fenil sulfato (DUARTE, 2002). • Reações de Fase I Hidrólise; Oxidação; Redução. • Reações de Fase II Conjugação com ácido glicurônico; Conjugação com sulfato; Conjugação com aminoácidos; Acilação; Metilação; Conjugação com glutationa (DUARTE, 2002). 8.5 Determinação de inseticidas organoclorados na água Fonte: radiowebagroecologia.com.br 40 O grande emprego de pesticidas orgânicos na agricultura desde 1940 promoveu, além de colheitas com qualidade, um aumento na produtividade possibilitando o atendimento da demanda alimentícia na maioria dos países (RISSATO, 2004). Apesar dos benefícios que trazem os pesticidas, o problema de intoxicações por defensivos agrícolas preocupa as autoridades, especialmente pelo fato de que essas intoxicações acontecem pela ingestão gradativa destes produtos que contaminam a água, o solo e uma variedade de alimentos. O uso de muitos destes compostos foi proibido devido à constatação do efeito cumulativo e prejudicial, que ocorre pela transferência de pequenas quantidades ao longo das cadeias alimentares (JORGENSON, 2001). O emprego de pesticidas organoclorados, nas últimas décadas, tem produzido acumulação de resíduos tóxicos em vários ecossistemas em todo mundo. A concentração destes compostos tem alcançado níveis tóxicos em vários organismos terrestres, como pássaros e mamíferos, assim como em organismos aquáticos. Os resíduos de pesticidas organoclorados têm se tornado parte intrínseca dos ciclos biológicos, geológicos e químicos da Terra e têm sido detectados no ar, água, solo, plantas, invertebrados marinhos e mesmo, na neve e em pinguins da Antártica e do Ártico onde eles não são empregados (LI, 2003). Os pesticidas organoclorados são relativamente inertes e sua alta estabilidade está relacionada às ligações carbono-cloro. Estes compostos são muito estudados devido à alta toxicidade, baixa biodegradabilidade e biossolubilidade em tecido lipídico. Alguns destes compostos podem persistir por 15 a 20 anos no solo e parte destes serem arrastados pelas chuvas (por lixiviação) para o interior dos cursos de água, que também recebem estes compostos através de efluentes industriais, de esgotos, de sedimentos, da atmosfera e por contaminação direta durante a aplicação. Assim, tanto as águas de mananciais de rios e represas que abastecem as populações, quanto os peixes que se alimentam de materiais retirados do fundo desses locais apresentam concentração de agrotóxicos, mesmo anos após a cessar a aplicação destes em regiões vizinhas. A avaliação de efeitos cumulativos de pesticidas em ecossistemas aquáticos tem sido realizada através de 41 testes de laboratório, utilizando testes agudos (LC50) e crônicos (BCF). Pesquisas demonstraram que o fator de bioconcentração (BCF) para compostos lipofílicos, como os organoclorados, apresentam valores mais elevados em organismos que ocupam níveis tróficos maiores (STEVENS, 2003). Apesar de parte destes micropoluentes se acumularem ao longo da cadeia alimentar, grande parte ainda permanece nos corpos da água podendo contaminá- la, tornando-a imprópria para consumo (STEVENS, 2003). Pesticidas organoclorados em água potável podem aumentar os riscos de ocorrência de câncer, bem como causar danos aos sistemas nervoso, cardíaco, endócrino e reprodutivo. Como as águas superficiais são fontes vitais de água potável, a qualidade da água tem recebido considerável atenção nas legislações ambientais. Por exemplo, a União Europeia (EU) preconiza que a concentração de pesticidas individuais em água potável não deve exceder 0,1 mg/L. Os níveis máximos de contaminantes ("Maximum Contaminant Level, MCL") têm sido estabelecidos pelo "Environmental Protection Agency (EPA)" para muitos pesticidas, incluindo os organoclorados (EPA, 2003). Os tratamentos de água convencionais são inefetivos na remoção de pesticidas organoclorados e, em muitos casos, a concentração desses pesticidas na água de consumo é similar à dos mananciais (EPA, 2003). Os sistemas de tratamento alternativo de águas, tais como filtração (usando carbono ativado granular), poderiam ser utilizados para melhorar a qualidade da água potável, entretanto, além de custo elevado, muitas vezes não atingem os padrões satisfatórios de qualidade (EPA, 1992). Além disso, os pesticidas organoclorados podem ser adsorvidos por partículas de argila, as quais geram turbidez em águas naturais, sendo que ultimamente estes compostos têm sido removidos por sedimentação e filtração (BADRIYA, 2003). 42 9 TOXICOLOGIA FORENSE Fonte: clicsoledade.com.br A toxicologia forense surgiu a partir do contato do homem com a natureza. Foi nesse ambiente que se descobriu que compostos podiam gerar danos à saúde do ser humano. Foi somente após a descoberta dessas substâncias tóxicas que se iniciaram os estudos a respeito das características desses compostos. Eles foram denominados posteriormente de venenos (PASSAGLI, 2018). Envolve a aplicação da toxicologia com finalidade legal. Tem como objetivo principal a busca de uma evidência que irá permitir a identificação da presença de uma substânciaquímica (agente tóxico) na investigação criminal, seja para causa de morte, danos à saúde ou ao patrimônio (OLSON, 2013). 9.1 Objetivos, finalidade e importância A toxicologia é a ciência que visa estudar os efeitos prejudiciais de substâncias químicas, como drogas e fármacos em organismos vivos. A toxicologia forense tem como objetivo principal detectar e identificar agentes tóxicos em uma investigação criminal (ALVES, 2005). 43 O código penal brasileiro enquadra a morte por intoxicação no âmbito de mortes violentas, sendo assim, exige a necessidade de autópsia médico legal e, consequentemente, avaliações toxicológicas (ALVES, 2005). Uma variedade de amostras pode ser analisada na toxicologia forense, como, órgãos retirados de necropsia, fluídos biológicos, substâncias químicas naturais, sintéticas, orgânicas e inorgânicas, líquidas e sólidas. O exame toxicológico visa encontrar a presença de qualquer substância exógena presente na amostra periciada (PASSAGLI, 2013). Dependendo do caso é feito a escolha e a coleta da amostra mais adequada, a essas não pode ser acrescentado nenhum tipo de conservante ou preservante (ALVES, 2005). No caso de morte com suspeita de intoxicação é essencial que ocorra uma descrição minuciosa dos achados na necropsia, uma vez que cada substância tóxica apresenta um mecanismo próprio de ação, órgãos-alvo, tipo de lesão, entre outras características que as diferencia das demais (PASSAGLI, 2013). A metodologia de investigação de um agente tóxico passa por diversas fases: rastreio, identificação, confirmação, quantificação e interpretação. Inicia-se por testes genéricos, que identifica um grupo de substâncias, fazendo uma triagem dos casos negativos, após isso são realizados os testes confirmatórios (PASSAGLI, 2013). Uma amostra só é legítima se observados alguns critérios, principalmente com relação à forma em que ela é obtida (AIELLO, 2011). Em qualquer perícia criminal é essencial utilizar a “cadeia de custódia” (CC), procedimento necessário para garantir a confiabilidade da investigação sendo esta usada para manter a história cronológica das provas. As amostras devem ser analisadas de forma cuidadosa, para evitar futuras alegações de adulteração (FERRARI, 2012). Na toxicologia, geralmente as amostras são únicas, a perda das mesmas acarreta grandes prejuízos, podendo inviabilizar ou prejudicar a análise toxicológica. A CC serve para minimizar essa possibilidade de extravio ou dano das amostras (LOPES, 2006). 44 9.2 Principais técnicas utilizadas As principais técnicas de análise toxicológica incluem desde os clássicos métodos não instrumentais, como os testes colorimétricos, até outros mais sofisticados, sendo o caso dos imunoensaios e da cromatografia (cromatografia em camada delgada-CCD), cromatografia gasosa (CG) e cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) (OSSELTON, 2004). Os testes podem ser rápidos, fáceis de se realizar e de baixo custo, ou complexos e de alto custo, normalmente não sendo utilizados como técnicas de triagem (CUNHA et al., 2001). 9.3 Laudo toxicológico O resultado das perícias constitui o Laudo de Análise Toxicológica, no qual devem constar, entre outros, a identificação do processo ou inquérito e da entidade requisitante, o método analítico utilizado, o especialista responsável pela execução das análises e os níveis de detecção e de quantificação (ALVES, 2005). O laudo deve ser elaborado no prazo de 10 dias, como consta no CPP (Lei nº. 3689/41). O Governo Federal vem ampliando investimento em um programa de políticas públicas, que tem como objetivo primordial, a prevenção do uso das substâncias psicoativas, além de ter em seu foco o tratamento e a posterior reinserção social do sujeito que passou pelo tratamento de abandono das drogas, para que a chance de voltar a se tornar um usuário daquela substância psicotrópica, no futuro, se torne mínima (BRASIL, 1941). Em 2006 foi criada a lei 11.343, conhecida como Lei das Drogas que instituiu o Sistema Nacional de Política Sobre Drogas (SISNAD), com o objetivo, em síntese, de criar programas de prevenção e reinserção do usuário na sociedade (DIAS, 2012). 45 9.4 Toxicologia Forense: Análises Toxicológicas em Amostras Biológicas A coleta de amostras é uma das fases mais difíceis e delicada do processo de exame toxicológico. As amostras de fios de cabelo e pelos são as mais complicadas de serem executadas, devido à complexidade da matriz. Para garantir o resultado preciso dos exames toxicológicos, é necessária a boa execução do trabalho do coletador. Ele deve ser ético e ter cuidado para não alterar o material colhido. Então, existe um protocolo que deve ser respeitado, começando pela correta identificação do doador por meio de documento oficial com foto e etiquetagem correta. Além disso, deve-se ter cuidado com a transferência segura da amostra até o laboratório de análise. Tudo isso para que possa comprovar a rastreabilidade da amostra coletada. Após garantir a devida condição para análise, contendo a assinatura do responsável pela coleta com a embalagem vedada sem sinais de alteração, o analista pode iniciar o exame para averiguar substâncias toxicológicas na amostra. 9.5 Toxicologia Forense: Triagem da amostra biológica No geral, o ensaio imunoenzimático é utilizado para a realização da triagem da amostra. Quando há necessidade de realização de mais um teste, este geralmente é realizado em cromatografia líquida ou gasosa, pois esse tipo de equipamento possui a sensibilidade necessária para a confirmação de substâncias toxicológicas presentes na amostra (PLANETA, 2005). Um passo importante é garantir a extração adequada das substâncias de interesse da amostra, para isso são utilizadas técnicas específicas para a detecção dessas substâncias, variando de acordo com o analito a ser monitorado e de acordo com o tipo de amostra a ser analisada. Esse tipo de procedimento tem essa metodologia empregada de acordo com os parâmetros internacionais, onde necessita-se de validação do método e garantia da exatidão e reprodutibilidade do dado encontrado, evitando assim erros e falsos positivos que podem comprometer o doador da amostra coletada. 46 Em relação ao resultado após a análise das amostras, é importante saber interpretar o resultado obtido do teste. Para isso, se torna importante a interpretação de alguém que possua conhecimento no assunto para analisar o resultado, averiguando se houver biotransformações do analito na amostra. Um fato importante é que para cada tipo de amostra, há um tipo de mecanismo químico e bioquímico diferente, portanto é importante ter o conhecimento desses mecanismos, a fim de monitorar possíveis intermediários do analito que podem ser metabolizados e transformados pelo corpo. Dessa forma, é importante garantir que a execução da coleta da amostra, assim como o emprego das técnicas analíticas de extração e detecção dos compostas sejam executadas conforme está estabelecido nos critérios de qualidade que avaliam os resultados obtidos, evitando assim resultados divergentes (PLANETA, 2005). 10 DOSE LETAL 50- DL50 Uma informação muito utilizada é aquela denominada Dose Letal 50 – DL50 que é a quantidade de uma substância química que quando é administrada em uma única dose por via oral, expressa em massa da substância por massa de animal, produz a morte de 50% dos animais expostos dentro de um período de observação de 14 dias (SWANSON, 1997). Na tabela abaixo temos a classificação das substâncias baseadas no valor da DL50. DL50 AGUDA PARA ALGUMAS SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS SUBSTÂNCIA QUÍMICA DL50 RATO MACHO, VIA ORAL; MG/KG DE PESO CORPORAL Etanol 7000 Cloreto de sódio 3000 47 Sulfato de cobre 1500 DDT 100 Nicotina 60 Tetradotoxina 0,01 Dioxina (TCDD) 0,02 Outro valor é a Concentração
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