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1 1 Fisiopatologia II | 5º semestre | Débora Sousa | 23/02/2022 Fibromialgia Síndrome dolorosa idiopática, crônica e não articular, com pontos dolorosos generalizados Relaciona-se com saúde mental, sono e rigidez matinal + proeminente em mulheres, entre 40-60 anos FISIOPATOLOGIA Não é muito bem estabelecida | Sensibilização central Anormalidades no processamento sensitivo no SNC Hipoatividade serotoninérgica, à hiperatividade p- érgica e às anormalidades funcionais hipotalâmicas. Estudos com líquor medular: encontrou-se aumento de substância P (via ativadora – fibras C -> dor lenta e prolongada) e diminuição de serotonina (via inibitória) Estudou-se, também, que os receptores de serotonina, em pacientes portadores de fibromialgia, possuem funções distorcidas ou estão diminuídos A liberação exagerada de noradrenalina reflete desregulação do controle do sistema nervoso neurovegetativo simpático, o que reforça o conceito de que a SFM seja produto de disfunção primária do SNC e do mecanismo do estresse. CLÍNICA: CORRELAÇÃO COM O SONO: boa noite de sono melhora significativa da dor dorme bem | noite mal dormida piora da dor – dorme mal. DESORDENS DEPRESSIVAS E/OU ESTRESSE: apresentam, frequentemente, distúrbios em seus ritmos circadianos, sono-vigília etc Dor difusa (sintoma cardinal) e crônica, envolvendo esqueleto axial e periférico Dor articular, lesão muscular, inflamação e dor visceral. 3 LOCAIS COMUMENTE ENVOLVIDOS: cabeça, braço, tórax DOR COM LOCALIZAÇÃO DIFUSA: o pcte não sabe identificar se é de origem óssea, muscular ou articular RIGIDEZ MATINAL pode interferir no diagnóstico, pois está presente também em outras doenças reumáticas -> AR / polimialgia reumática Fadiga generalizada sensação de falta de energia, exaustão, fatigabilidade durante a execução de exercícios físicos triviais, esforço mental e mediante estressores psicológicos; c/ expressão durante todo o dia, podendo melhorar pela manhã ou manifestar- se como cansaço extenuante com o passar das horas durante o dia Parte dos pacientes possuem déficits de atenção, depressão e/ou ansiedade e alteração do humor, com mudança de comportamento A fibromialgia pode estar associada a afecções do tecido conectivo, como AR, LES, síndrome de Sjõgren, artropatias soronegativas, como também a condições inflamatórias em que as citocinas produzidas pelas células T desempenhem algum papel. DIAGNÓSTICO Predominantemente clínico Dor crônica e difusa | fadiga | alteração do sono durante, aproximadamente, 3 meses | c/ exame físico com a presença de dor em pelo menos 11 dos 18 pontos sensíveis a pressão de 4kg HISTÓRIA CLÍNICA: dor generalizada localizada no hemicorpo direito e esquerdo, acima e abaixo da cintura, além do eixo axial (região cervical, face anterior do tórax, dorso e região lombar) com duração superior a três meses. EXAME FÍSICO: dor à palpação digital com 4 kg/cm em áreas denominadas pontos dolorosos (tender points) em 11 ou mais dos seguintes pontos (bilateralmente): ➢ Inserção dos músculos suboccipitais na nuca ➢ Ligamentos dos processos transversos da quinta à 7ª vértebra cervical ➢ Bordo rostral do trapézio ➢ Músculo supra-espinal 2 2 Fisiopatologia II | 5º semestre | Débora Sousa | 23/02/2022 ➢ Junção do músculo peitoral com a articulação costocondral da segunda costela ➢ Dois centímetros abaixo do epicôndilo lateral do cotovelo ➢ Quadrante látero-superior da região glútea, abaixo da espinha ilíaca ➢ Inserções musculares no trocanter femoral ➢ Dois centímetros rostralente à linha articular do côndilo mediai do fêmur Quando o número de pontos dolorosos é inferior a 11, mas há concomitância de outros sinais e sintomas ainda pode ser fibromialgia! TRATAMENTO Inclui o controle da dor e da fadiga, a melhora do padrão do sono, o controle das anormalidades do humor, a melhora da funcionalidade e a reintegração psicossocial. Priorização de medidas não farmacológicas -> atividade física (no momento vai melhorar – endorfina aumenta e diminui expressão da subst. P, e serotonina também aumenta) Medicina física, terapia cognitivo- comportamental, programa educativo FARMACOLÓGICO: antidepressivos tricíclicos | antiinflamatórios não-hormonais (AINHs) | miorrelaxantes | ansiolíticos | sedativos | opioides alguns podem ser usados como terapia primária e outros como coadjuvante (corrigindo anormalidades do sono, a ansiedade, a depressão e a fadiga) Caso tenha associação com quadro de ansiedade -> fluoxetina (dia), certralina (dia), amitriptilina (noite), pregabalina (noite) 3 3 Fisiopatologia II | 5º semestre | Débora Sousa | 23/02/2022 ENSAIOS CONTROLADOS, CEGOS, DE AGENTES FARMACOLÓGICOS Antidepressivo Nº ensaios Dose Grupo- controle Eficácia Amitripitilina 4 10- 40mg /dia Placebo Sim Ciclobenzapina 3 10- 40mg /dia Placebo Sim Fluoxetina 2 20mg /dia Placebo Sim Dotiepina 1 75mg /dia Placebo Sim Sertralina 1 ? Placebo Sim Citalopram 1 20- 40mg /dia Placebo Não Trazodona 1 ? Placebo Sim S- adenosilmetionina 2 2 200- 400 mg/ dia 600- 800 mg/ dia Placebo Placebo Sim Não Benzodiazepínico Alprazolam 1 0,5- 3mg/ dia Placebo Não Bromazepam 1 3mg/ dia Placebo Não Temazepam 1 15- 30mg /dia Placebo Sim Hipnótico Zopiclone 2 7,5m g/dia Placebo Sim Zolpidem 1 5- 15mg /dia Placebo Sim AINHs Ibuprofeno 1 600 mg/ dia Placebo Não Prednisona 1 15mg /dia Placebo Não Naproxeno 1 1.00 mg/ dia Placebo Não Tenoxican 1 20mg /dia Placebo Não Analgésico Tramadol 2 50- 400 mg/ dia Placebo Sim Fonte: Dor: Princípios e práticas, 2009. (Yunus e Inanici, 2001) Referências: NETO, O. A. et al. Dor: princípios e práticas. 1ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. HEYMANN, R. E. et al. New guidelines for the diagnosis of fibromyalgia. Revista Brasileira de Reumatologia (English Edition), v. 57, p. 467–476, 2017.
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