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1 1 Fisiopatologia II | 5º semestre | Débora Sousa | 02/02/2022 Fisiopatologia da dor DEFINIÇÃO DE DOR “Sensação e experiência emocional desagradável associada à lesão tecidual, real ou potencial, ou descrita em termos desta lesão” 1ª causa de consulta: saúde mental; 2ª causa: dor Sinal de alarme de algum dano/lesão ocorrendo no organismo -> permite que mecanismos de defesa/fuga sejam adotados Tabela de termos utilizados ASPECTOS HISTÓRICOS PUNIÇÃO POR PECADOS PRENÚNCIO DA MORTE ▪ Grito da morte: 2 patologias (AVC hemorrágico – cefaleia extrema c/ grito {fatal, artéria rompe} e Infarto fulminante) MEDICINA EXERCIDA POR SACERDOTES MECANISMO DOR NOCICEPTIVA Não tem dano em estrutura, é tecidual. Ex.: murro DOR NEUROPÁTICA Há acometimento de nervo DOR NOCIPLÁSTICA Literatura vaga -> não tem lesão em tecido, em nervo/fibra, e o paciente ainda assim tem uma dor exagerada Relaciona-se com a transdução. A sensibilidade do pcte é aumentada CLASSIFICAÇÃO DA DOR TEMPORAL AGUDA Apresenta valor biológico fundamental, pois constitui um alerta para a possibilidade de uma lesão tecidual vir a se instalar ou já estar instalada, além de induzir reações de defesa, fuga ou remoção do agente causal. CRÔNICA Despe-se do valor biológico, pois é constituída especialmente por reações musculoequeléticas e psicocomportamentais que induzem incapacidade e repercussões biopsicossociais desfavorável CLASSIFICAÇÃO TOPOGRÁFICA ➢ DOR EM PARTE ESQUERDA ➢ DOR EM PARTE DIREITA ➢ DOR EM SEGMENTO CEFÁLICO ➢ DOR EM REGIÃO TORÁCICA Somática | psicológica | referida do abdome e trato gastrintestinal ➢ DOR EM REGIÃO ABDOMINAL Neurológica | visceral | doenças generalizadas | psicológicas ➢ DOR EM MEMBROS SUPERIORES Vascular | colágeno | funcional vasodilatadora | insuficiência arterial | psicológica ➢ DOR EM MEMBROS INFERIORES Vascular | colágeno | funcional vasodilatadora | insuficiência arterial | psicológica | musculoesquelética | neurológica ETIOLOGIA ➢ Transtornos congênitos ou genéticos ➢ Trauma, cirurgias e/ou queimaduras ➢ Infecciosa e/ou parasitária ➢ Inflamatória ➢ Neoplásica ➢ Tóxica, metabólica e/ou por irradiação ➢ Mecânica e/ou degenerativa ➢ Disfuncional ➢ Desconhecida ➢ Psicológica HIPERESTESIA Sensibilidade aumentada à estimulação Ex.: Ensolação HIPERALGESIA Dor aumentada por estímulo normalmente doloroso Ex.: Torção de tornozelo HIPOALGESIA 2 2 Fisiopatologia II | 5º semestre | Débora Sousa | 02/02/2022 Diminuição da dor em resposta a um estímulo normalmente doloroso Ex.: Torção de tornozelo após relaxamento e diminuição da dor HIPERPATIA Resposta anormal a um estímulo doloroso, principalmente um estímulo repetitivo, assim como um limiar aumentado Ex.: Fratura de fêmur (ou qualquer osso) -> os nociceptores produzem fatores pró inflamatórios que são repetitivos ALODÍNIA Dor provocada por um estímulo que normalmente não provoca dor Relaciona-se com a dor nociplástica. Ex.: encosta na pessoa e ela sente muita dor Nociceptor: neurônio sensitivo do SN somatossensitivo capaz de transduzir e codificar um estímulo Sensibilização: aumento da responsividade dos neurônios sensitivos FISIOLOGIA DO ESTÍMULO DOLOROSO Nociceptor na extremidade -> transdução (capacidade de pegar esse estímulo e gerar um impulso no SNC) -> transmissão (capacidade de levar esse estímulo da região periférica até o tálamo. Passa pela região posterior da medula espinhal (lesão nesse local pode produzir muita dor ou perder a sensibilidade) -> modulação (processo de levar essa informação) -→ sensibilização é todo esse conjunto Pauta-se nas vias ascendentes e aferentes (vias que entram p/ SNC) Inicia na periferia (receptores) SNP SNC. EXISTEM 3 TIPOS DE FIBRAS: Quanto mais grossa, quanto mais mielina, mais precisa e eficiente ela é Fibras com mielinas são as rápidas, da dor aguda A que não possuem mielina são difusas Toda reação no organismo produz substâncias inflamatórias. Há glutamato, que é excitador do SNC (neurotransmissor). Permeabilizam a membrana celular, daí há troca iônica/ de cargas e provoca a dor BETA (AΒ) Mais grossa. Capaz de responder ao estímulo até 100m/s. relaciona-se com dor neuropática As fibras Aβ relacionadas aos receptores tácteis medeiam as sensações mecânicas de baixa intensidade, mas veiculam informações nociceptivas após a ocorrência de lesão tecidual ou ao se sensibilizarem por substâncias inflamatórias DELTA (AΔ) Relaciona-se com dor nociceptiva. Dor aguda, na dor local. Possui mielina Medeiam a dor rápida, bem delineada e localizada e descrita como picada Causa: química, térmica e mecânica Os nociceptores relacionados às fibras Aδ reagem às estimulações mecânica e térmica. C Relaciona-se com a dor nociceptiva. Não tem mielina, ela se propaga; há sensibilidade aumentada Medeiam a dor lenta, descrita como queimor ou peso vagos Aproximadamente 80% a 90% das fibras nervosas periféricas do grupo C são ativadas por receptores polimodais inespecíficos (receptores químicos) Possui 2 corpúsculos. Um é responsável pela dor e outro pelo calor/frio A maioria das fibras C reage à estimulação termomecânica, ao calor e ao frio intensos e número menor à estimulação mecânica de baixa intensidade na faixa não nociceptiva Síndrome do túnel do carpo: desmielinização do nervo. Era pra ser local, mas começa a se propagar (fibra C) RECEPTORES PARA A DOR E SUA ESTIMULAÇÃO Nociceptores terminações nervosas livres. Eles existem dispersos nas camadas superficiais da pele e em certos tecidos internos. Maioria de outros tecidos profundos: esparsamente suprida com terminações nervosas para a dor lesões teciduais extensas podem se somar e causar dor lenta e crônica na maioria dessas áreas Nociceptores mecanossensíveis Aδ pressão 3 3 Fisiopatologia II | 5º semestre | Débora Sousa | 02/02/2022 Nociceptores mecanotérmicos Aδ pressão e calor (acima de 45ºC) | frio (<5ºC) Nociceptores polimodais pressão, calor e fatores químicos Essas terminações utilizam duas vias separadas para a transmissão de sinais dolorosos p/ SNC: via para a dor pontual rápida | via para a dor lenta crônica CANAIS TRP (Potencial Receptor Transiente): Lembram canais de potássio dependentes de voltagem / canais ativados por nucleotídeo cíclicos Condições de repouso: poro fechado Estágio ativado: poro aberto influxo de sódio e cálcio que inicia a geração de potenciais de ação nas fibras nociceptivas. Receptor baunilhoide VR-1 ou TRPV1 Fibras C e Aδ Ativado por calor moderado (45ºC) e capsaicina (ingrediente das pimentas ardentes responsável pelo familiar formigamento/sensação de queimação de comidas muito temperadas) Receptor baunilhoide VRL-1 ou TRPV2 Limiar de resposta mais alta ao calor (52ºC) Fibras Aδ Não sensível à capsaicina ESTÍMULOS QUE EXCITAM OS RECEPTORES DA DOR A dor pode ser desencadeada por diversos tipos de estímulos: mecânicos, térmicos e químicos. Em geral, a dor rápida é desencadeada por tipos de estímulos mecânicos e térmicos, enquanto a dor crônica pode ser desencadeada pelos três tipos de estímulo. Algumas das substâncias que excitam o tipo químico de dor são: bradicinina |serotonina| histamina | íons potássio | ácidos | acetilcolina | enzimas proteolíticas. Além disso, as prostaglandinas e a substância P aumentam a sensibilidade das terminações nervosas, mas não excitam diretamente essas terminações. As substâncias químicas são, de modo especial, importantes para a estimulação do tipo de dor lenta e persistente que ocorre após lesão tecidual TIPOS DE DOR E SUAS QUALIDADES Divide-se em dor rápida, que é sentida, dentro de 0,1 segundo, após a aplicação de estímulo doloroso e dor lenta, que começa somenteapós 1 segundo ou mais, aumentando lentamente durante vários segundos e, algumas vezes, durante minutos DOR RÁPIDA dor pontual | dor em agulhada | dor aguda | dor elétrica | fibras Aδ Ex.: agulha introduzida na pele | pele cortada por faca | pele agudamente queimada | pele é submetida a choque elétrico. A dor pontual rápida não é sentida nos tecidos mais profundos do corpo | nociceptores mecanossensíveis e mecanotérmicos DOR LENTA dor em queimação | dor persistente | dor pulsátil | dor nauseante | dor crônica | fibras C Esse tipo de dor geralmente está associado à destruição tecidual | nociceptores polimodais A dor lenta pode levar ao sofrimento prolongado e quase insuportável e pode ocorrer na pele e em quase todos os órgãos ou tecidos profundos. TRATO NEOESPINOTALÂMICO E O TRATO PALEOESPINOTALÂMICO Ao entrar na medula espinal, os sinais dolorosos tomam duas vias para o encéfalo, pelo (1) trato neoespinotalâmico; e (2) trato paleoespinotalâmico. TRATO NEOESPINOTALÂMICO PARA DOR RÁPIDA 4 4 Fisiopatologia II | 5º semestre | Débora Sousa | 02/02/2022 As fibras dolorosas Ad (dor rápida) dores mecânica e térmica agudas. Elas terminam, em sua maioria, na lâmina I (lâmina marginal) dos cornos dorsais, e excitam os neurônios de 2ª ordem do trato neoespinotalâmico. Neurônios de 2ª ordem: dão origem às fibras longas cruzam imediatamente para o lado oposto da medula espinal pela comissura anterior e ascendem para o encéfalo nas colunas anterolaterais. Algumas fibras do trato neoespinotalâmico: terminam nas áreas reticulares do tronco cerebral, mas a maioria segue até o tálamo sem interrupção terminando no complexo ventrobasal com o trato da coluna dorsal–lemnisco medial para sensações táteis. Algumas fibras terminam também no grupo nuclear posterior do tálamo. Dessas áreas talâmicas, os sinais são transmitidos para outras áreas basais do encéfalo, bem como para o córtex somatossensorial. Glutamato, o Provável Neurotransmissor das Fibras Dolorosas Rápidas do Tipo Ad Acredita-se que o glutamato seja a substância neurotransmissora secretada nas terminações nervosas para a dor do tipo Ad da medula espinal. O glutamato é um dos transmissores excitatórios mais amplamente utilizados no SNC, em geral com duração de ação de apenas alguns milissegundos. VIA PALEOESPINOTALÂMICA PARA A TRANSMISSÃO DA DOR CRÔNICA LENTA A via paleoespinotalâmica é um sistema muito mais antigo e transmite dor sobretudo por fibras periféricas crônicas lentas do tipo C, apesar de transmitir alguns sinais das fibras do tipo Ad também. Nessa via, as fibras periféricas terminam na medula espinal quase inteiramente nas lâminas II e III dos cornos dorsais, que, em conjunto, são referidas como substância gelatinosa, pelas fibras da raiz dorsal do tipo C mais laterais. Em seguida, a maior parte dos sinais passa por um ou mais neurônios de fibra curta, dentro dos cornos dorsais propriamente ditos, antes de entrar principalmente na lâmina V, também no corno dorsal. Aí, os últimos neurônios da série dão origem a axônios longos que se unem, em sua maioria, às fibras da via de dor rápida, passando primeiro pela comissura anterior para o lado oposto da medula e depois para cima, em direção do encéfalo, pela via anterolateral. A via paleoespinotalâmica crônica lenta termina, de modo difuso, no tronco cerebral. Somente entre um décimo e um quarto das fibras ascende até o tálamo. A maioria das fibras termina em uma entre três áreas: (1) nos núcleos reticulares do bulbo, da ponte e do mesencéfalo; (2) na área tectal do mesencéfalo profundamente até os colículos superior e inferior; ou (3) na região cinzenta periaquedutal, que circunda o aqueduto de Sylvius. De áreas do tronco cerebral: vários neurônios de fibras curtas transmitem sinais ascendentes da dor pelos núcleos intralaminar e ventrolateral do tálamo e em direção de certas regiões do hipotálamo e outras regiões basais do encéfalo. 5 5 Fisiopatologia II | 5º semestre | Débora Sousa | 02/02/2022 Substância P, o Provável Neurotransmissor Crônico Lento das Terminações Nervosas do Tipo C Pesquisas sugerem que os terminais de fibras para dor do tipo C que entram na medula espinal liberam tanto o neurotransmissor glutamato quanto a substância P. O glutamato atua instantaneamente e persiste apenas por alguns milissegundos. A substância P é liberada muito mais lentamente, com sua concentração aumentando em período de segundos ou mesmo minutos. De fato, foi sugerido que a sensação “dupla” de dor, sentida após agulhada, resulte parcialmente do fato do neurotransmissor glutamato gerar sensação de dor rápida, enquanto o neurotransmissor substância P gera sensação mais duradoura. A despeito de detalhes ainda não conhecidos, parece claro que o glutamato é o neurotransmissor mais envolvido na transmissão da dor rápida para o sistema nervoso central, e a substância P está relacionada à dor crônica lenta. PONTOS INTERESSANTES CAPACIDADE FRACA DO SISTEMA NERVOSO DE LOCALIZAR PRECISAMENTE A FONTE DE DOR TRANSMITIDA PELA VIA CRÔNICA LENTA A localização da dor transmitida pela via paleoespinotalâmica é imprecisa. Por exemplo, a dor crônica lenta em geral só pode ser localizada em uma parte principal do corpo, como no braço ou na perna, mas não em ponto específico do braço ou da perna. Isso se deve à conectividade multissináptica difusa dessa via. Esse fenômeno explica porque os pacientes, em geral, têm sérias dificuldades em localizar a fonte de alguns tipos de dor crônica. FUNÇÃO DA FORMAÇÃO RETICULAR, TÁLAMO E CÓRTEX CEREBRAL NA AVALIAÇÃO DA DOR A remoção completa das áreas somatossensoriais do córtex cerebral não evita a percepção da dor. Portanto, é provável que os impulsos dolorosos que cheguem à formação reticular do tronco cerebral, do tálamo e outras regiões inferiores do encéfalo causem percepção consciente de dor. Isso não significa que o córtex cerebral não tenha relação com a avaliação normal da dor; o estímulo elétrico das áreas somatossensoriais corticais faz com que o ser humano perceba dor leve em cerca de 3% dos pontos estimulados. Entretanto, acredita-se que o córtex desempenhe papel especialmente importante na interpretação da qualidade da dor, mesmo que a percepção da dor seja função principalmente dos centros inferiores. CAPACIDADE ESPECIAL DOS SINAIS DOLOROSOS EM DESENCADEAR UMA EXCITABILIDADE GERAL DO CÉREBRO A estimulação elétrica das áreas reticulares do tronco cerebral e dos núcleos intralaminares do tálamo, áreas onde terminam os sinais da dor lenta, tem forte efeito de alerta sobre a atividade neural de todo o encéfalo. De fato, essas duas áreas constituem parte do principal “sistema de alerta”. Isso explica porque é quase impossível para a pessoa dormir nos casos de dor grave. INTERRUPÇÃO CIRÚRGICA DAS VIAS DOLOROSAS Quando a pessoa apresenta dor grave e intratável (algumas vezes, resultante de câncer de disseminação rápida), é necessário aliviar a dor. Para proporcionar alívio da dor, as vias neurais da dor podem ser cortadas em um entre vários pontos. Se a dor se localizar na parte inferior do corpo, a cordotomia, na região torácica da medula espinal, em geral alivia a dor durante algumas semanas ou meses. Para realizar uma cordotomia, a medula espinal, no lado oposto ao da dor, é parcialmente cortada em seu quadrante anterolateral para interromper a via sensorial anterolateral. A cordotomia nem sempre é bem-sucedida no alívio da dor por dois motivos. Primeiro, muitas fibras dolorosas, da parte superior do corpo, não cruzam para o lado oposto da medula espinal até que tenham atingido o encéfalo, de modo que a cordotomia não transecciona essas fibras. Segundo, a dor com frequência retornavários meses depois, em parte, como resultado da sensibilização de outras vias que normalmente são muito fracas para serem eficientes (p. ex., vias esparsas na medula espinal dorsolateral). Outro procedimento cirúrgico experimental para aliviar a dor é a cauterização de áreas dolorosas específicas nos núcleos intralaminares no tálamo, o que geralmente alivia os tipos de dor crônica, mantendo intacta a avaliação da dor “aguda”, importante mecanismo protetor. 6 6 Fisiopatologia II | 5º semestre | Débora Sousa | 02/02/2022 DOR NOCICEPTIVA Dano tecidual, sem comprometimento de nervo É A dor que apresenta a característica de transitoriedade na resposta aos estímulos nociceptivos bem definidos, com o a dor pós- operatória, a da queimadura, entre outras. A dor nociceptiva é geralmente descrita com o uma dor em peso ou latejante e tende a ser bem localizada. A dor nociceptiva é o resultado da ativação dos nociceptores por estímulo mecânico, químico ou térmico. Essa dor é o resultado de incisão nos tecidos, sinalizando a presença, a localização, a intensidade e a duração do estímulo doloroso e deveria cessar com o término deste. 3 CAUSAS: MECÂNICA Por meio do impacto propriamente dito TÉRMICA Temperatura aumentada provoca a abertura de canais iônicos QUÍMICA Exógena: é irritante. Ácidos e tem a interna, como ingestão de água sanitária que provoca muita dor. Endógena: como medicamentos correndo na veia de maneira rápida e com diluição incorreta -> queima e dói. FISIOPATOLOGIA É gerado um potencial de ação na membrana neuronal que é conduzido por fibras nervosas especializadas, de elevado limiar de excitabilidade, que constituem a porção periférica do sistema somatossensorial. Esse sistema propicia a progressão do sinal nociceptivo em direção ao sistema nervoso central por meio da medula, tálamo e córtex cerebral, sendo o córtex o local em que a sensação dolorosa é percebida e localizada topograficamente (córtex S1 e S2). Essa progressão do sinal doloroso sofre vários tipos de processamento (facilitação, inibição, bloqueio, etc.) em diferentes segmentos da via nociceptiva. Quando ativado o sistema somatossensorial com esse tipo específico de estímulo nociceptivo percepção da dor e possibilidade de prevenção de situações lesivas ou potencialmente lesivas ao organismo. O estímulo mecânico (trauma periférico) | estímulo químico (H+) | as substâncias algogênicas (bradicininas e serotoninas) | alterações da microcirculação podem modificar a atividade de receptores periféricos caracterizando o fenômeno de sensibilização periférica (Fig. 26.3). SNP e SNC representam a maior via de condução dos estímulos nociceptivos. Sinais algogênicos: primariamente conduzidos de maneira aferente ao SNC por meio de fibras A-delta e fibras C em direção à substância gelatinosa (localizada nas lâminas II e III do corno dorsal da medula). A ascensão do estímulo nociceptivo em direção à corticalidade, no caso da dor nociceptiva aguda, acontece preferencialmente pelo feixe neo- espinotalâmico (fibras mielinizadas A-delta) anatomofisiologicamente caracterizado com o monossináptico (Fig. 26.2). Em contrapartida, no caso das crônicas feixe paleoespinotalâmico (fibras amielinizadas C) polissináptico distribui a informação nociceptiva para vários níveis do SNP e SNC Esse tipo de distribuição da informação nociceptiva resulta em ativação de vários mecanismos de processamento do sinal nociceptivo: sistema reticular ativador reação de estresse | substância cinzenta periaquedutal sistema analgésico central (opióides endógenos) e córtex frontal reação afetiva à dor. A atividade eferente adrenérgica pode elevar a sensibilidade dos receptores nociceptivos periféricos por meio da noradrenalina liberada após estímulo algogênico. 7 7 Fisiopatologia II | 5º semestre | Débora Sousa | 02/02/2022 Por outro lado, a substância P altera a permeabilidade vascular periférica, mantendo as substâncias algogênicas no local da lesão tecidual. Na dor nociceptiva, o sistema somatossensorial é apenas ativado e, quando o estímulo nociceptivo desaparece, ele volta a funcionar normalmente, não apresentando nenhum tipo de disfunção. Por outro lado, a perda ou a ausência desse tipo de função protetora da integridade do organismo pode resultar em situações de automutilação, perda de ponta de dedos, úlceras de com pressão, queimaduras graves, entre outras. TRATAMENTO Sendo assim, o tratamento efetivo da dor nociceptiva deve ser instituído de maneira adequada durante situações de trauma, queimaduras, lesão cirúrgica, procedimentos médicos dolorosos, visando a profilaxia da disfunção do sistema somatossensorial. Deve-se seguir as recomendações da escada analgésica da OMS, utilizando-se inicialmente os analgésicos convencionais e, depois, se necessário, os opióides fracos e os opióides fortes. Em qualquer etapa do tratamento, podem -se acrescentar as drogas adjuvantes. Neuroquímica da dor HISTAMINA: mensageiro químico gerado, principalmente, nos mastócitos. responsável por mediar respostas celulares, como reações alérgicas e inflamatórias. É liberada em praticamente todos os tecidos corporais se o tecido for lesado, tornar-se inflamado, ou se passar por reação alérgica. A histamina exerce potente efeito vasodilatador nas arteríolas e, como a bradicinina, tem a capacidade de aumentar muito a porosidade capilar, permitindo o extravasamento de líquido e de proteínas plasmáticas para os tecidos (pode causar edema) SEROTONINA: é secretada por núcleos que se originam na rafe mediana do tronco cerebral e se projetam para diversas áreas encefálicas e da medula espinal, especialmente para os cornos dorsais da medula espinal e para o hipotálamo. A serotonina age como inibidor das vias da dor na medula espinal, e acredita-se que sua ação inibitória nas regiões superiores do sistema nervoso auxilie no controle do humor do indivíduo, possivelmente até mesmo provocando o sono. FATOR DE NECROSE TUMORAL ALFA: O TNF- α pode ser produzido por macrófagos ativados, linfócitos ou monócitos8. O principal estímulo para a sua produção é a presença de lipopolissacarídeos que compõem a membrana das bactérias gram negativas. O principal efeito fisiológico do TNF- α é promover a resposta imune e a inflamatória por meio do recrutamento de neutrófilos e monócitos para o local da infecção, além de ativá-los. Para isto, o TNF- α provocará uma série de efeitos no organismo. PROSTAGLANDINAS: São lipídios formados a partir do ácido araquidônico. Estão ligadas aos 4 sinais cardinais típicos do processo inflamatório: calor, tumor, rubor e dor. Durante todo o processo inflamatório salienta-se as suas capacidades na indução de vasodilatação, quimiotaxia e quimiocinese dos leucócitos, indução da secreção de outros mediadores e ainda a sensibilidade das terminações nervosas, provocando sensações dolorosas. SUBSTÂNCIA P: Neuropeptídeo da família das taquicininas que regula numerosas funções biológicas por meio da ligação ao seu receptor altamente específico neuroquinina-1 (NK-1R). A substância P facilita processos inflamatórios, vômito, ansiedade e nocicepção (resposta a dor). Pode ser encontrado tanto no sistema nervoso central quanto no periférico. É um dos mais potentes vasodilatadores conhecidos, sendo 100 vezes superior à histamina em idênticas concentrações molares. Referências JOSÉ, M. et al. Fisiopatologia da Dor. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://www.aped- dor.org/images/biblioteca_dor/pdf/Fisiopatologia_ da_Dor.pdf>. PETROV, P. Alan Fein. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://health.uconn.edu/cell-biology/wp- content/uploads/sites/115/2017/10/nociceptores_ tradutpo_2012_fein.pdf>. PURVES, D. etal. Neurociências. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. NETO, O. A. et al. Dor: princípios e práticas. 1ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. HALL, J. E.; GUYTON, A. C. Tratado de Fisiologia Médica. 13ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017 8 8 Fisiopatologia II | 5º semestre | Débora Sousa | 02/02/2022 VITALE, R. F.; RIBEIRO, F. DE A. Q. O papel do Fator de Necrose Tumoral Alfa (TNF-alfa) no processo de erosão óssea presente no colesteatoma adquirido da orelha média. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, v. 73, n. 1, p. 123–127, fev. 2007. KALIL-GASPAR, P. Neuropeptídeos na pele. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 78, n. 4, p. 483–498, ago. 2003. BRENER, S. Expressão da substância P e de seu receptor Neuroquinina-1 em carcinomas espinocelulares de boca e sua implicação na atividade proliferativa tumoral. 2022. SUBSTÂNCIA P, PLASMA. Disponível em: <https://www.smartlabis.com.br/guia-de-exames- 1/subst%C3%A2ncia-p%2C- plasma#:~:text=Subst%C3%A2ncia%20P%20(SP)%20% C3%A9%20um,nervoso%20central%20quanto%20no%2 0perif%C3%A9rico.>. Acesso em: 7 fev. 2022.
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