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1 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 07/03/2022 – Aula 4 O que é a asma?? A asma corresponde a um grupo de doenças pulmonares (inflamatória crônica) que é conhecido pela obstrução recorrente e reversível do fluxo de ar, associado a hiperresponsividade da célula muscular lisa brônquica, que tem como causa reações de hipersensibilidade imediata e reações alérgicas de fase tardia. A asma é uma doença heterogênea e complexa com diferentes fenótipos e endótipos. Vamos entender o que são esses termos? Os fenótipos da asma correspondem as características observáveis nesse paciente. Os fenótipos inflamatórios mais frequentes incluem a asma eosinofílica ou não eosinofílica e asma alérgica ou não alérgica. O endótipo diz respeito ao mecanismo molecular ou fisiopatológico subjacente ao fenótipo. Quanto aos endótipos podemos pensar no endótipo da inflamação do tipo 2 (T2) alta e baixa. A T2 alta se refere ao paciente que apresenta asma de início precoce, mais grave, e associada a atopia/IgE e a eosinofilia na via aérea e sistêmica, respondendo bem ao uso de corticoide e drogas que inibem a inflamação T2. Já os pacientes que tem asma com T2 baixa começam a apresentar sintomas de forma mais tardia, sem eosinofilia nas vias aéreas e sistêmica e responsividade reduzida ao tratamento com corticoides. Paciente asmático O paciente asmático na clínica, na maioria das vezes, não estará diagnosticado da maneira correta, muitos relatam episódios de bronquite, mas negam asma. E, com isso, o paciente asmático sem diagnóstico não alcança um tratamento que possa lhe proporcionar o controle dessa doença. Assim, o profissional de saúde tem a função de realizar o diagnóstico do paciente asmático e de explicar detalhadamente a importância de seguir todos os passos do tratamento (direcionado pelos sintomas) para que o paciente possa controlar e impedir a progressão dessa doença. Vale salientar que a maioria dos asmáticos são portadores de doenças do tipo concordante, isto é, à medida que aumenta a inflamação das vias aéreas, aumentam os sintomas, por isso o tratamento é direcionado pela sintomatologia do paciente. A asma (hiperresponsividade das vias áreas inferiores) apresenta uma história de sintomas respiratórios: sibilos, dispneia, opressão torácica retroesternal e tosse, estes sintomas variam com o tempo e a intensidade, e estão associados à limitação variável do fluxo aéreo. Tal hiperresponsividade pode ser reversível espontaneamente (tosse seca) ou com tratamento adequado. Leitura do caso clínico V.C.R.B, 6 anos, primeira consulta janeiro 2022, com história de secreção fácil e tosse recorrente após 1 ano de idade. Para as crises de secreção e tosse fazia uso frequente de antialérgico, nem sempre com resolução do quadro, e por vezes associava ao corticoide oral. Relata também uso de antibióticos recorrentes quando o quadro respiratório se arrastava mesmo com as medicações utilizadas com aparecimento de secreção espessa e escura. (sinusites e otites). Nos últimos 2 anos a frequência das infecções diminuiu (1 por ano), mas a secreção e tosse recorrente persistiam. Fez 6 meses de uso contínuo de montelucaste, sem controle do quadro respiratório com 1 ano e 3 meses. Procura atendimento pois apresentou a primeira crise de asma há 15 dias com internação no CTI por 48 horas, mais 7 dias no quarto. H. familiar- pai com rinite e asma. Nega tapete, cortina ou animais em casa, quarto arejado, com sol, sem umidade, mas dorme no colchonete no chão no quarto dos pais. Escola após 1 ano de idade. Vacinação em dia, nega reações adversas pós vacinais. Seio materno até 6 meses exclusivo, nega intercorrências no desmame. Considerações: dificuldades de diagnóstico na criança pequena, necessidade de investigação precoce, a rinite é um fator predisponente para asma, atenção á história familiar. ➔ Comentários relacionados ao caso clínico Lembrar do conceito de via aérea única, isto é, uma inflamação no trato respiratório superior não tratada pode evoluir para um quadro de inflamação no trato respiratório inferior. De forma mais clara, a rinite não tratada/tratada de forma inadequada poderá evoluir para um quadro de asma. A rinite alérgica é um fator predisponente para a asma, quando a rinite não é tratada de forma adequada e há história de asma na família. Até o gotejamento pós nasal recorrente pode desencadear o quadro asmático. É recomendado o uso de capa antiácaro para colchões e travesseiros, principalmente para alérgicos. Criança começou os sintomas precocemente. É difícil fechar o diagnóstico de atopia nessa fase (antes dos dois anos). Investigação de alergia à proteína do leite? Montelucaste é um agonista de receptores de leucotrienos que atua bloqueando a broncoconstrição e reduzindo a inflamação da via aérea. Esse medicamento é prescrito associado ao corticoide inalatório (CI) e é incluído como uma opção ao tratamento da asma nas etapas II a IV da GINA. Pode ser utilizado associado a CI + LABA no controle da asma na etapa IV, podendo ser uma opção ao uso de SABA na asma Asma alérgica 2 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 induzida por exercícios. – Tentativa de frear o quadro repetitivo de asma em associação com outros medicamentos. A dose recomendada para asmáticos de 2 a 5 anos de idade é de 4 mg; de 6 a 14 anos é de 5 mg; e ≥ 15 anos é de 10 mg, uma vez ao dia. Controle do quadro asmático: corticoide inflamatórios. Característica fisiopatogênica A asma é uma doença inflamatória crônica na mucosa dos brônquios (hiperresponsividade das vias aéreas inferiores). Esse conceito guia o tratamento e o diagnóstico do paciente, bem como seu prognóstico (sequelas). Figura 1: Brônquio normal X Brônquio inflamado – espessura da mucosa fica muito maior. No paciente com crise de inflamação com uso de broncodilatador vai gerar um alívio, mas esse medicamento não vai controlar a inflamação. Se a inflamação não for controlada com uso de corticosteroides, por exemplo, o paciente pode entrar no ciclo vicioso, fisiopatogenia da bronquiectasia, ou passar a ter um DPOC. A hiperresponsividade da asma pode ser desencadeada por fatores alérgico, mas temos que lembrar que essa doença não é exclusivamente de causa alérgica. Ar frio chegando aos brônquios pode gerar broncoespasmo → asma. Exercícios físicos levam ao aumento do fluxo de sangue no brônquio, o que pode gerar broncoespasmo → asma Como já foi dito, existe limitação variável ao fluxo aéreo. É reversível, espontaneamente ou com o uso de medicamento (tratamento). Pode ocorrer tosse seca quando o paciente faz exercício, o que sugere hiperresponsividade brônquica. Fase imediata na asma alérgica A resposta inflamatória alérgica é iniciada pela interação de alérgenos ambientais com células apresentadores de antígenos ao sistema imunológico, mais especificamente os linfócitos Th2. Linfócitos Th2 produzem citocinas responsáveis pelo início e manutenção do processo inflamatório. A interleucina (IL)-4 tem papel importante no aumento da produção de anticorpos IgE específicos ao alérgeno Vários mediadores inflamatórios são liberados pelos mastócitos (histamina, leucotrienos, triptase e prostaglandinas) - hiperreativiade brônquica, broncoespasmo. Fase tardia da asma alérgica AÇÃO DE CITOCINAS, MEDIADORES INFLAMATÓRIOS LIBERADOS POR LINFÓCITOS, MACRÓFAGOS, EOSINÓFILOS: fator de necrose tumoral – TNF alfa, IL-6, óxido nítrico, IL-2, IL-3, IL-4, IL-5, fator de crescimento de colônia de granulócitos, proteína básica principal, elastase, óxido nítrico. Resultado: lesões e alterações na integridade epitelial, hipersecreção de muco, anormalidades no controle neural autonômico, alterações na permeabilidade vascular, mudanças na funçãomucociliar e aumento da reatividade do músculo liso da via aérea, dano e ruptura do epitélio. Consequência: proliferação de células epiteliais e miofibroblastos, o espessamento da membrana basal e as lesões irreversíveis que podem ocorrer em alguns pacientes com asma. hipertrofia e hiperplasia do músculo liso; REMODELAMENTO BRÔNQUICO - irreversibilidade de obstrução que se observa em alguns pacientes. Esse remodelamento é resultado de um processo inflamatório crônico que promovem alterações estruturais irreversíveis e perda progressiva e irreversível da função pulmonar (alteração do epitélio pulmonar). Como identificar o paciente que vai evoluir para esse remodelamento ou não?? Não há resposta para essa pergunta. Por isso, o médico deve ficar sempre atento aos sinais e sintomas do paciente asmático frente ao tratamento e acompanhamento individualizado. Lembrar que a asma é uma doença heterogênea. Sintomas 1. Episódios recorrentes de sibilância, dispneia, aperto no peito e tosse. 2. Piora a noite e pela manhã, por vezes ao esforço. Quando você (médico) for fazer o diagnóstico de asma, algumas questões devem ser feitas na anamnese. Dispneia, tosse crônica, sibilância, aperto no peito ou desconforto torácico, particularmente à noite ou nas primeiras horas da manhã; sintomas episódicos; melhora espontânea ou pelo uso de medicações específicas para asma (broncodilatadores, anti-inflamatórios esteroides); A asma se caracteriza também pela recorrência, três ou mais episódios de sibilância no último ano. Geralmente, tem história família positiva para asma ou atopia. História sazonal – piora dos sintomas no inverno e outono. Para o diagnóstico clínico da asma, diagnósticos alternativos precisam ser excluídos. 3 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 50% a 80% das crianças asmáticas desenvolvem sintomas antes do quinto ano de vida. O diagnóstico pode ser difícil nessa faixa etária. A asma é uma doença com diversos fenótipos. Diferentes evoluções clínicas = tratamento individualizado. O GINA diz para o médico o protocolo para o tratamento da asma. Asma alérgica ou não alérgica Asma eosinofílica (padrão de eosinófilos aumentados tanto na mucosa quanto no hemograma) ou não eosinofílica. Asma alérgica começa na infância (80% da asma alérgica). Quando a asma se inicia tardiamente, em adultos, normalmente (50%) não é alérgica. Tende a ter um início precoce (antes de 12 anos de idade), tem uma evolução mais benigna. A asma alérgica é associada a uma história pessoal e familiar de outras doenças atópicas. Exacerbações relacionadas aos aero alérgenos, aumento sérico de IgE, e presença de IgE específica. A asma não alérgica tende a iniciar-se mais tarde. Ocorre principalmente no sexo feminino. Tem maior associação com Polipose nasal, ou hipersensibilidade a AINEs. Geralmente, não é comum ter história pessoal ou familiar de alergia ou atopia. A asma não alérgica tem um declínio mais precoce da função pulmonar, está mais sujeita a ocorrência de remodelamento brônquico, quando comparada à asma alérgica. FENÓTIPOS ALÉRGICO E NÃO ALÉRGICO DIFERENTES EVOLUÇÕES CLÍNICAS = TRATAMENTO INDIVIDUALIZADO Avaliação do fenótipo da inflamação do paciente Asma com inflamação do tipo 2 = eosinofilia (alérgica e algumas não alérgicas) Asma não alérgica: mais comum a infiltração de neutrófilos, maior porcentagem de declínio da função ao longo do tempo, os mecanismos envolvidos na asma não alérgica não estão elucidados. A classificação da asma nos tipos alérgico e não alérgico tem implicações no prognóstico e tratamento. Anamnese Tem ou teve episódios recorrentes de falta de ar (dispneia)? Tem ou teve crises ou episódios recorrentes de chiado no peito (sibilância)? Tosse persistente, particularmente à noite ou ao acordar? Tosse após atividade física é muito sugestivo de asma. Acorda com tosse ou falta de ar? Tem tosse, sibilância ou aperto no peito após atividade física? Apresenta tosse, sibilância ou aperto no peito após exposição a alérgenos como mofo, poeira domiciliar ou animais, após resfriados, alterações emocionais como riso ou choro? Usa alguma medicação quando os sintomas ocorrem e com que frequência? e se melhora. Tem antecedentes familiares de doença alérgica ou asma? Tem ou teve sintomas prévios de alguma atopia especialmente rinite ou dermatite atópica? História pregressa?? Comorbidade (DRGE promove uma inflamação local que pode acentuar o quadro asmático). O risco de asma em uma criança na qual um dos pais seja asmático é de cerca de 25%. Se ambos os pais forem asmáticos, o risco dobra. Importância da interface genética/meio ambiente, o risco em gêmeos monozigóticos (75%) é, mas não é 100%. A exposição ambiental está associada a modificações epigenéticas envolvidas. Teoria da higiene Quanto maior a carga de endotoxinas e maior a exposição a microrganismos ambientais durante a infância menor será o risco de desenvolvimento de asma e atopia. - Uma comunidade de microrganismos habita as vias aéreas inferiores e contribui tanto para a saúde como para a doença. Diagnóstico funcional O volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) é a quantidade de ar eliminada no primeiro segundo da manobra expiratória forçada e é a medida de função pulmonar mais útil clinicamente. A espirometria permite a determinação da limitação ao fluxo de ar e estabelecimento do diagnóstico de asma. – Redução do VEF1. O teste de função pulmonar mede a gravidade da limitação ao fluxo aéreo, sua reversibilidade com intervenção farmacológica (inalação de beta-2 agonista), além de confirmar o diagnóstico de asma. Quando disponível a prova de função pulmonar para controle pode ser feita a cada 3 a 6 meses, mesmo não estando incluída essa recomendação nos consensos. O objetivo do tratamento no paciente com asma é controlar os sintomas e a inflamação das mucosas. O controle é clínico e funcional, está relacionado com os parâmetros de inflamação das mucosas. 4 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Os testes cutâneos correspondem à pesquisa de IgE total e IgEs específicas. Idealmente pode-se a avaliação de marcadores laboratoriais de inflamação. Mas, a disponibilidade desses é difícil, ainda mais quando se consideram os elevados custos dos métodos de medida da inflamação (escarro induzido ou óxido nítrico exalado), o que tornam os parâmetros impraticáveis para o controle na prática clínica diária. GINA – consenso que disponibiliza instrumentos para o controle da asma. Atualmente, além do questionário de controle da asma da Global Initiative for Asthma (GINA), dispomos de outras ferramentas para a monitoração da asma, já adaptadas culturalmente para uso no Brasil, incluindo o Questionário de Controle da Asma e o Teste de Controle da Asma. Antes de 2020 a asma seguia a seguinte classificação de gravidade: INTERMITENTE: atividades habituais normais, sintomas menos que 1 vez por semana, e leves PERSISTENTE LEVE: limitações para grandes esforços, sintomas mais que 1 vez por semana, crises infrequentes PERSISTENTE MODERADA: atividades moderadas prejudicadas, sintomas diários, crises frequentes PERSISTENTE GRAVE: limitação diária, sintomas diários, crises frequentes ANTES DE QUALQUER CLASSIFICAÇÃO AVALIAR DEVEMOS AVALIAR A ADESÃO AO TRATAMENTO, USO CORRETO DA TÉCNICA DE ADMINISTRAÇÃO DA MEDICAÇÃO E A PRESENÇA DE COMORBIDADES (DRGE, USO DE BETABLOQUEADORES, INCLUSIVE COLÍRIOS, AAS E OUTROS AINES) A classificação de gravidade que se utiliza HOJE é: A prova de função respiratória não é parâmetro para classificar a asma como controlada ou não. - Devemos classificar a asma em controlada totalmente, parcialmente ou se não é controlada.Quando a asma não é controlada o paciente apresenta 3 a 4 destes sintomas nas últimas 4 semanas: limitação de alguma atividade, despertar noturno, sintomas diurnos mais de 2 vezes por semana e/ou necessidade de medicação de resgate mais de 2 vezes por semana. – Instrumento de avaliação GINA, 2020. Princípios de tratamento O controle da asma expressa a intensidade com que as manifestações da asma são suprimidas pelo tratamento, apresentando variações em dias ou semanas, sua gravidade refere-se à quantidade de medicamentos necessária para atingir o controle, refletindo uma característica intrínseca da doença e que pode ser alterada lentamente com o tempo. GINA, 2020. Controlar a doença e prevenir as exacerbações. Na hora de prescrever temos que conversar com o paciente sobre quais medicamentos ele está disposto a usar. A introdução precoce do tratamento anti-inflamatório associado à corticosteroides inalatórios (CI) pode preservar a função pulmonar em longo prazo e, eventualmente, prevenir ou atenuar o remodelamento das vias aéreas. O paciente precisa entender sobre a doença, e saber que se ele seguir o tratamento de maneira comprometida a qualidade de vida do paciente irá melhorar mais rápido. O paciente precisa ser orientado sobre a necessidade de eliminar e/ou controlar os fatores desencadeantes. O médico precisa deixar claro ao paciente sobre as diferenças do tratamento com broncodilatador sintomático e o tratamento de manutenção. O paciente tem que ter um plano de ação escrito para quando entrar em crise, além de saber realizá-lo. Todo paciente merece uma abordagem personalizada, incluindo, além do tratamento farmacológico, a educação do sobre a asma, o plano de ação (SOS) por escrito, o treinamento do uso do dispositivo inalatório e a revisão da técnica inalatória a cada consulta. O tratamento consiste em evitar a crise e saber o que fazer quando o paciente apresenta crise. O tratamento ideal é o que mantém o paciente controlado e estável com a menor dose de medicação possível. Uma vez obtido o controle sintomático por um período mínimo de três meses, pode-se reduzir as medicações e suas doses. Atenção!!! Se o controle esperado não for obtido, antes de quaisquer mudanças terapêuticas deve-se considerar: a adesão do paciente ao tratamento; os erros na técnica de uso dos dispositivos inalatórios; a presença de fatores desencadeantes e/ou agravante como rinite persistente, sinusite crônica, doença do refluxo gastroesofágico, exposição a alérgenos, tabagismo, e transtornos psíquicos e sociais. 5 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Dispositivos: spray oral, turbuhaler; aerolizer; diskus, handidaler, nebulizador. Medicamentos Corticoide inalatório: orientar o paciente a fazer higiene oral após o uso, a fim de impedir o desenvolvimento de candidíase oral, disfonia e tosse crônica por irritação das vias aéreas superiores. São reduzidas se a recomendação de higiene oral for seguida. É recomendado o uso de espaçador em aerossol. O risco de efeitos adversos diminui com o emprego de inalador pressurizado dosimetrado com espaçador e com higiene oral após a inalação de cada dose do CI. O CI é o principal medicamento utilizado no tratamento de manutenção. Reduz a frequência e a gravidade das exacerbações, reduz o número de hospitalizações e de atendimentos nos serviços de emergência, além de melhorar a qualidade de vida e a função pulmonar do paciente asmático. Figura 2: Equipotência dos corticoides inalatórios. Corticoides inalatórios (CI) Beclometasona (Miflasona, Clenil) Budesonida (Miflonide, Busonid) Fluticasona (Flixotide) Mometasona (Oximax) Ciclesonida (Alvesco) Long-acting β2 agonist (LABA, β2-agonista de longa duração) – corresponde a base do tratamento medicamentoso da asma. O LABA corresponde ao formoterol e ao salmeterol e deve ser associado ao corticoide inalatório. Paciente não pode usar um broncodilatador isolado porque a mucosa está inflamada, necessitando do corticoide associado necessariamente para controlar a infecção. A associação dos LABA ao CI pode ser utilizada como terapia inicial na asma classificada como moderada ou grave. Os efeitos adversos com o uso de LABA não são comuns (efeitos pelo estímulo cardiovascular, tremores de extremidades e hipocalemia). Formoterol tem um rápido início de ação (1 a 3 minutos, mais rápido que o salmeterol) e sua ação se mantém por 12 horas. Seus efeitos adversos estão relacionados a palpitações, dor de cabeça e tremores. Não é recomendado seu uso em criança com menos de 6 anos. A partir de 4 anos pode usar o Salmeterol associado aos CI, quando estes forem insuficientes para promover o controle da asma. O formoterol tem uma apresentação de 6 microgramas que pode ser usado em crianças a partir de 6 anos. Beta agonista de ultra ação prolongada só serve para manutenção e somente em adultos. Tem duração de ação de 24 horas. → INDACATEROL E VILANTEROL. Short-acting β2 agonist (SABA, β2-agonista de curta duração) – Salbutamol/Albuterol (Aerolin®). Aplicação uso para resgate. Na criança pequena quando o corticoide inalatório não for capaz de reverter o quadro e é necessário usar um beta agonista se usa um SABA. Hoje, no GINA 2021, ocorreu uma atualização. Quando o paciente está usando formoterol com corticoide inalatório e tem uma crise, não se usa o SABA (Aerolin), se usa o Formoterol (LABA) mais vezes ao dia. Para resgate o uso de inaladores pressurizados pode ser acoplado ou não a espaçadores. A nebulização está indicada apenas nos casos mais graves, com necessidade de administração simultânea de oxigênio. Se o paciente usa como medicação de controle o Salmeterol com corticoide, na crise se usa o Aerolin (SABA). Antileucotrienos Uso oral, pode ser feito a partir de 6 meses de vida. É usado de forma adicionar a associação LABA + CI. O uso pode levar à sibilância recorrente após bronquiolite viral aguda em lactentes. - Montelucaste Asma grave Como identificar??? Descartar comorbidades, fatores agravantes, adesão ao tratamento, uso correto do dispositivo inalatório. A asma grave é definida como aquela que permanece não controlada com o tratamento máximo otimizado ou que necessita desse tratamento para evitar que a doença se torne não controlada (na tentativa de reduzir a dose de CI ou CO), apesar da supressão ou minimização dos fatores que pioram o controle da asma. O tratamento máximo significa o uso de doses altas de CI e de um segundo medicamento de controle 6 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 no ano anterior ou o uso de CO em ≥ 50% dos dias no ano anterior. Imunobiológicos precisam ser fenotipados (escolha do anticorpo monoclonal ideal para cada paciente), a escolha do imunobiológico depende do fenótipo da asma. Todos injetáveis. São seguros, praticamente não tem efeitos colaterais porque atuam sobre moléculas específicas (terapia-alvo), o que aumenta a qualidade de vida do paciente. São medicamentos de alto custo. MEPOLIZUMABE, BENRALIZUMABE, OMALIZUMABE, DUPILUMABE. Imunobiológicos disponíveis no SUS → Omalizumabe, Mepolizumabe e o Benralizumabe. Conhecendo mais sobre os imunobiológicos... Omalizumabe (anti-IgE) foi adicionado as recomendações da GINA em 2002, o mepolizumabe (anti-IL-5) em 2016, o reslizumabe (anti-IL-5) e benralizumabe (anti-IL-5R) em 2017 e, a partir de 2019, também foi incluído o dupilumabe (anti- IL-4R). O Omalizumabe é um anticorpo monoclonal humanizado anti-IgE, aprovado no Brasil, e indicado na etapa V para o tratamento da asma alérgica grave. O mepolizumabe é um anticorpo monoclonal humanizado que inibe a IL-5 de se ligar aos seus receptores nos eosinófilos e, consequentemente, reduz a inflamação eosinofílica.O benralizumabe é um anticorpo monoclonal humanizado IgG1-kappa, indicado como terapia adicional em portadores de asma eosinofílica grave. O dupilumabe é um anticorpo monoclonal contra o receptor alfa da IL-4 indicado para o tratamento da asma grave com inflamação T2 alta, caracterizada por eosinófilos e/ou fração exalada de óxido nítrico elevados, para pacientes > 12 anos de idade. Metilxantinas Aminofilinas e teofilinas – já foram prescritos, mas não se usa mais. No século XVIII, usava-se café forte. LAMA – Antagonistas da acetilcolina, Anticolinérgicos Correspondem aos brometos de ipatrópio e de tiotrópio. Tem poucos efeitos colaterais (boca seca, retenção urinária), ou seja, é uma medicação segura. Nos casos de asma grave, é utilizado em associação ao CI + LABA (ação sinérgica). Duovent® e Atrovent® Usados somente na asma mais grave. Quando já se pensa em imunobiológicos tenta-se associar o LAMA que é o ipatrópio inalatório. Essa medicação é mais usada no DPOC, mas pode ser usada no asmático também. Broncodilatadores Beta agonista Curta duração Salbutamol Longa duração Salmeterol Formoterol Ultra longa duração Indacaterol Vilanterol Anticolinérgico Curta duração Brometo de ipatrópio Longa duração Brometo de tiotrópio Resumo das atualizações do GINA 2021 Visão de via aérea comum Paciente que veio tratar a asma, você tem que fazer perguntas objetivas sobre a rinite (acorda com nariz entupido?), para que o médico trate a rinite junto com o início do tratamento da asma. PS.: No SUS não tem disponível o LABA. Mas, com a LMA, receita para medicações especiais que tem no posto de saúde, pode ser usada para prescrever o LABA associado ao CI. Na farmácia popular o paciente pode pegar gratuitamente o Salbutamol e o Clenil® (dipropionato de beclometasona) om dose de 50 a 200 mcg/ml, basta ter a receita. O importante é que o paciente fique controlado, que não tenha crise. Casos clínicos Primeiro caso clínico A.L.C, 9 anos, atendido ambulatório com “cansaço e tosse” HDA- Há 4 dias vem apresentando tosse com expectoração, dificuldade de realizar atividades diárias, principalmente pela manhã. Afirma que o filho já teve outros quadros assim e que era sempre tratado com nebulização. Antecedentes pessoais, familiares: parto a termo, sem complicações, desenvolvimento normal, vacinas em dia. Nega internações prévias. Nega asma. Resfriados frequentes desde 2 anos de idade. Mãe teve bronquite na infância. EF: BEG, taquipneico, taquicárdico, afebril, acianótico. Rinoscopia coriza hialina, 7 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 edema de cornetos (comum na rinite alérgica). Murmúrios vesiculares audíveis e sibilos difusos, sem esforço respiratório. Esse fenótipo provavelmente é de uma asma alérgica, história familiar positiva, já teve crise de broncoespasmo, já usou Aerolin®, mas não se classifica como asmático. Segundo caso clínico M.L.S, 45 anos com diagnóstico de asma, início após 25 anos, faz uso de corticoide inalatório associado a broncodilatador de longa inalatório, diariamente. Apresenta nos últimos 2 meses, episódios recorrentes de agudização do broncoespasmo, especialmente após resfriados, ou com alterações de clima. Rinite na infância, mãe teve bronquite na infância. Anamnese dirigida: comorbidades? uso de medicamentos? Rinite não controlada! Sinusite? Controle de ambiente? Investigação: dosagens de imunoglobulinas específicas, PFR, TC tórax. A rinite pode ter descompensado, paciente tem história família positiva, lembrar do conceito de via aérea única (rinite mal tratada pode levar a hiperresponsividade brônquica). Tem que investigar a comorbidade no paciente, se usa medicamento para pressão, se tem DRGE, se interrompeu o tratamento para rinite ou se está esquecendo de tomar os medicamentos. Convivência com tabagismo, animais? Tem que investigar asma alérgica, embora de início tardio, investigar o que aconteceu com o paciente para que desencadeasse essa exacerbação? Terceiro caso clínico M.L.S, 25 anos com diagnóstico de asma, início aos 8 anos de idade, permaneceu assintomático dos 15, com retorno dos sintomas há 1 ano. Rinite diária matinal não tratada. ANAMNESE? → Fazer perguntas sobre fatores desencadeantes. INVESTIGAÇÃO? → Iges específicas para fazer a fenotipagem. TRATAMENTO? → Medicação de manutenção (CI + LABA de forma contínua) e orientação sobre o controle do ambiente, controle da rinite e o plano de ação do paciente. Referência e leitura obrigatória: https://www.scielo.br/j/jbpneu/a/jbyyhBv98bWq3WksvBqnD Bn/?lang=pt# https://www.scielo.br/j/jbpneu/a/jbyyhBv98bWq3WksvBqnDBn/?lang=pt https://www.scielo.br/j/jbpneu/a/jbyyhBv98bWq3WksvBqnDBn/?lang=pt 8 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1
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