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AULA 2 Colonialismo e Antropologia

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Colonialismo e Antropologia
sábado, 19 de fevereiro de 2022
15:46
 
Os processos de colonização europeia dos séculos XVI ao XIX se caracterizaram pela introdução violenta da cultura dos povos dominantes.
Os colonizadores inculcavam aos dominados sua própria cultura, religião, língua e tradições, restringindo e, às vezes, proibindo determinados rituais e práticas nativas que consideravam estranhas ou antagônicas a seus valores políticos e religiosos.
Em algumas colonizações do século XIX, a Antropologia teve um papel fundamental na manutenção do poder colonial.
Portanto, o surgimento da Antropologia não pode ser analisado independentemente desse contexto político, já que muitos desses povos distantes e primitivos, que eram objeto principal de suas pesquisas, estavam ou começavam a estar sob o domínio colonial. 
Assim, se na origem a Antropologia contribuiu para o processo da colonização, posteriormente ela também desempenhou papel fundamental para os processos de descolonização ao mostrar que a diferença cultural não significa “atraso”.
 
A era da colonização 
A colonização está associada à ocupação de uma terra estrangeira, à sua exploração econômica e à instalação de colonos no território conquistado.
 
Os processos de colonização se iniciaram no século XV com as viagens do Descobrimento e se estenderam até o século XX, quando a maioria dos países colonizados concluiu seus processos de emancipação.
 
Portanto, o colonialismo é um processo de expansão territorial em que uma nação instala seu poderio e parte de sua população, em outra nação ou território que perde sua autonomia. 
 
Segundo essa concepção econômica, em voga durante os
séculos XVI e XVIII, a riqueza das nações não estava sustentada em sua produção (no Produto Bruto Interno ou PIB, como diríamos hoje), mas derivava do acúmulo de prata e ouro. Portanto, a procura e exploração de prata e de ouro se converteram em atividades econômicas básicas do Império espanhol e português na América.
A encomenda era um sistema de trabalho adotado pelo Império espanhol durante a colonização da América em que os indígenas pagavam tributos ao colono através do trabalho nas minas.
 
A mita também era um sistema de trabalho em que os indígenas recebiam salário durante alguns meses para realizarem trabalhos fora de suas aldeias.
Nas colônias da Espanha, os indígenas não foram escravizados, mas sim submetidos a formas de trabalho quase compulsórias, como o sistema de encomenda e a mita.
 
A nova fase da colonização, baseada na plantation e realizada com mão de obra escrava trazida da África, foi a base do sistema colonial de Portugal na América e também nas colônias inglesas do sul dos Estados Unidos. 
 
A Europa exportava suas manufaturas (armas, pólvora, tecidos, ferro e rum) e, com isso, adquiria escravos da África que, por sua vez, eram a moeda com que os europeus pagavam os produtos coloniais vindos da América e das Antilhas, para não precisar despender os metais preciosos, fundamento de toda a política mercantilista.
Existiram dois tipos de colonização: a colonização de
exploração e a de povoamento. Na colonização de exploração, o interesse principal era explorar as riquezas das colônias.
 
Na colonização de povoamento, os colonizadores buscam
desenvolver e habitar a região colonizada
 
 
Desde o século XVI ao XIX, existiram diversas correntes de
colonização na América, África e Oceania. A seguir, indicamos as principais correntes de colonização:
 
 – Colonização da América: os Estados Unidos foram colonizados por ingleses; o Canadá foi colonizado pelos ingleses e franceses; o Brasil foi colonizado pelos portugueses e os países da América Central e América do Sul (Argentina, México, Peru, Bolívia, Equador, Venezuela, Uruguai, Paraguai, Colômbia, Chile, entre outros) foram colonizados pela Espanha.
 
 – Colonização da África: o Portugal colonizou Angola, Moçambique e Cabo Verde; a África do Sul foi colonizada pelos ingleses, e Marrocos e Argélia foram colonizados pela França. 
 
– Colonização da Oceania: tanto Austrália quanto a Nova Zelândia foram colonizadas pela Inglaterra.
 
Antropologia e colonização 
A Antropologia surge no século XIX ainda no contexto desses processos de colonização.
 
Portanto, pode-se dizer que a Antropologia contribuiu com o poder colonial, mas foi uma contribuição ambígua: precisou do poder colonial para legitimar e financiar pesquisas em locais distantes, mas não foi em suas origens, nem continua sendo, uma ciência a serviço da colonização.
 
Entretanto, essa dependência da Antropologia à política
colonial começa a mudar no século XX. Com a consolidação da Antropologia nas primeiras décadas do século XX, alguns antropólogos começaram a questionar essa participação direta nos assuntos coloniais. James Frazer, antropólogo inglês que foi o primeiro a assumir, em 1908, a cátedra de Antropologia Social em uma universidade inglesa, disse em um discurso na presença de funcionários coloniais.
 
Evolucionismo e Antropologia
Darwin não se preocupou exatamente com a teoria da herança genética, e sim com o processo de transformação das espécies, chegando à engenhosa teoria da evolução por seleção natural, em que a descendência com modificações ao acaso constitui a base sobre a qual operava a seleção natural, gerando a diversidade de espécies.
 
A Antropologia do século XX deixou de ter o evolucionismo como teoria de referência e passou a questionar a própria ideia de que existam leis na sociedade. 
 
hoje em dia, tanto nas Ciências Sociais como na Antropologia, não utilizada a teoria do Evolucionismo, mas essa teoria também perdeu vigência por sua visão Etnocêntrica: valorizava uma única via de desenvolvimento que culminava na “civilização europeia” e ainda considerava essa via como a única forma de progresso.
 
Etnocentrismo 
É um conceito utilizado na Antropologia para questionar o fato de as pessoas ou pesquisadores verem outras culturas somente através dos valores e hábitos de sua própria forma de viver.
A perspectiva etnocêntrica é preconceituosa na medida em que considera seu modo de vida como o mais correto e o mais natural, e os outros como “atrasados”, “bárbaros” ou “inferiores”. A alterativa oferecida pela Antropologia é pensar a diferença, o que implica tentar ver as culturas diferentes através do ponto de vista delas.
As ideias principais do evolucionismo social são as
seguintes:
 
1. Todas as sociedades humanas passam pelas mesmas fases de evolução, começam em um estágio primitivo até alcançarem um estágio mais avançado, desenvolvendo-se de modo linear.
 
2. A evolução está regulada por leis das quais nenhuma sociedade pode fugir.
 
3. O estágio mais avançado das sociedades é a civilização. 4. O progresso da ciência e da técnica conduz à civilização.
 
Lewis Morgan, um dos fundadores da Antropologia americana do século XIX,
 
Distinguiu três estágios da evolução cultural: selvagem, barbárie e civilização. Os selvagens eram caçadores e coletores e não tinham organização familiar; os bárbaros eram povos agrícolas que começaram a possuir formas de organização familiar e os civilizados seriam os que finalmente consolidaram o modelo de família monogâmica considerado pelo autor como sendo o mais evoluído.
 
 
 
A Antropologia norte-americana surge nesse contexto, quando povos indígenas estavam sendo extintos com o avanço da colonização. Morgan, além de defensor dos direitos indígenas, realizou também pesquisas de campo sobre os iroqueses junto aos quais viveu durante anos.
 
Seguindo esse esquema, Morgan observa que a família teria seguido um padrão evolutivo, de acordo com a perspectiva evolucionista. A primeira forma de família representava o mais baixo nível na escala da evolução, que o autor situa no período pré-histórico. Nesse estágio, os homens dificilmente se distinguiam dos animais e não conheciam o casamento, pois viviam em hordas.
 
Diversas famílias habitavam na mesma morada, constituindo uma comunidade e praticando um modo de vida que ele chamou de comunista.
O antropólogo americano Lewis Morgan não teve uma
relaçãodireta com os colonizadores. Não participou da colonização do Oeste e inclusive, como apontamos anteriormente, foi defensor dos direitos dos indígenas americanos. Entretanto, sua teoria contribuiu para a colonização no sentido de atribuir um papel “civilizador” às sociedades colonizadoras. Os “outros” povos, aqueles que não tinham atingido esse estágio de organização, foram considerados por ele como bárbaros e atrasados.
 
Os povos da América e as fontes documentais
Os colonizadores destruíram grande parte dos objetos
e textos sagrados dos indígenas da América por considerá-los profanos, mas alguns foram conservados, permitindo o desenvolvimento de pesquisas antropológicas com base nessas fontes documentais.
 
A linguagem simbólica é uma constante dessas narrativas indígenas que contêm ritos de iniciação religiosa e profecias. Historiadores e antropólogos reconstruíram, por meio dessas fontes documentais, a história das dinastias maias e diferentes aspectos de sua cultura.
 
A divindade maior, inspirada no Sol, era Hutzilopochtili,
deus da guerra. Em sua homenagem, os astecas construíram a principal pirâmide de Tenochtitlan e, em sua honra, faziam sacrifícios humanos.
 
Os incas, assim como os astecas, eram expansionistas e guerreiros, mantendo um exército que exercia o controle sobre grande parte dos Andes. Eram politeístas e adoravam várias divindades. O Sol era a principal divindade e algumas de suas profecias, que conclamavam a chegada de deuses de outras terras, contribuíram à conquista.
 
Colonialismo e miscigenação 
Vimos que a colonização se caracterizou pela migração de
populações dos países colonizadores aos países colonizados, o que gerou uniões sexuais entre diferentes raças e etnias. Essa mistura de raças, ou miscigenação, motivou, tanto nas colônias como na metrópole, diferentes reações e debates, que foram motivos de estudos antropológicos.
 
A sociedade brasileira teve miscigenação entre brancos e
negros em muito maior medida que nos Estados Unidos, mas nem por isso pode-se dizer que não exista preconceito.
 
Os primeiros cientistas a realizar estudos antropológicos
sobre cultura negra no Brasil durante as primeiras décadas do século XX tiveram uma perspectiva eugenista, isto é, pretendiam, como depois o nazismo, o desenvolvimento de supostas “raças puras”.
 
 
Será na década de 1930, com a publicação de Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, que a cultura negra será valorizada no Brasil e a miscigenação será considerada um fato positivo para a nação em termos de promover relações raciais harmoniosas e democráticas. Essa posição defendida por Freyre é conhecida como o mito da democracia racial, que posteriormente, na década de 1950, foi questionado por outros antropólogos e sociólogos.
 
Freyre foi influenciado pelo antropólogo americano Franz
Boas, que substituiu a noção biológica de raça pela noção de cultura. Segundo Boas, não existem “raças” definidas por fatores biológicos ou genéticos, e sim diferentes culturas. Explicava que a condição social dos negros não podia ser atribuída à “inferioridade” biológica, como diziam os eugenistas.

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