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Tatiane Lira - Med UFPE ASA IX HIV e AIDS ● O HIV é o vírus da imunodeficiência humana: - É um retrovírus→ um vírus de RNA c/ fita simples - Dentro dele, existem as enzimas replicativas (p/ ajudar no processo de fazer cópias de si mesmo) - O envelope lipoproteico do vírus é muito parecido c/ a membrana celular → s/ ele, o vírus é incapaz de infectar qualquer cél do organismo ● HIV é o vírus e AIDS é a dç que o indivíduo desenvolve por estar infectado pelo vírus (conjunto de consequências que surgem por conta da ação do HIV no corpo humano) OBS.: A população c/ HIV têm probabilidade maior de adquirir câncer do que a população s/ a dç ● Origem: - Síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA) → em inglês: acquired immunodeficiency syndrome (AIDS) - Surgiu em 1981, nos EUA, em um grupo de usuários de drogas injetáveis e de homens homossexuais → Pneumonia por fungo Pneumocystis carinii e Sarcoma de Kaposi nessas populações - Foi descoberto em 1983 por dois grupos de pesquisa independentes liderados por Robert Gallo e Luc Montagnier Science → o 1º chamou o vírus recém isolado de HTLV-III e o 2º de “lymphadenopathy-associated virus”, LAV ● Conceito: - Centro de controle de prevenção de dçs (CDC) definiu, em 1993: ○ Evidência laboratorial da infecção (teste anti-HIV reagente) ○ CD4 < 200 céls/mm3 ○ Dçs definidoras de AIDS → ex.: Sarcoma de Kaposi ○ Linfócitos ≤ 14% ● Taxonomia: - Família: Retroviridea - Subfamília: lentivírus → têm replicação lenta: se um pcte infectado por HIV não for tratado, após cerca de 10a ele desenvolverá AIDS - Tipos: ○ 1 (+ comum no Brasil e no mundo) ○ 2 (restrito aos países da África Central → Camarões, Costa do Marfim) - Grupos: M, N, O - Subtipos ● Proteínas do HIV: - As proteínas do envoltório são a gp120 e gp41→ faz o vírus se ligar aos linfócitos e adentrar a cél - Além delas, há protease, integrase - O vírus também possui como proteína a transcriptase reversa (pega um RNA e forma um DNA) → esse DNA se integra ao núcleo da nossa cél e passamos a trabalhar p/ ele ● Ciclo viral: - P/ o vírus entrar na cél (mas especificamente, no linfócito CD4) precisa de receptores: ○ CCR5 (recebe a cepa do vírus R5) → no início da infecção a cepa que atua é R5 (+ lentas, é como se matasse as céls c/ faquinha) Tatiane Lira - Med UFPE ASA IX ○ CXCR4 (recebe a cepa do vírus X4) → em algum momento, há mutação e a cepa que atua é X4 (torna-se + citopático, é como se matasse as céls c/ um fuzil) - E correceptores→ s/ eles a partícula viral não consegue adentrar a cél - C/ a ligação aos receptores e correceptores, a proteína gp41 muda sua conformação e introduz o material genético do vírus na cél - Quando entra na cél, começa o processo de síntese do DNA pró-viral pela transcriptase reversa que será integrado ao genoma (pois o RNA viral não é legível pelo nosso corpo) OBS.: O 1º remédio utilizado contra o vírus, em 1985, foi a Zidovudina (AZT) → agia exatamente nessa enzima - Quem integra o DNA produzido no genoma da cél é a integrase - A partir disso, é produzida uma molécula de RNA mensageiro que pode ser lida em proteínas virais - Mas são formadas proteínas gigantes (não funcionais) que precisam ser clivadas → pela protease - Se expressam na superfície celular por brotamento c/ capsídeo (”arrasta consigo um pedacinho da membrana celular”) e, então, há um novo víron do HIV - No total, são muitas partículas virais levando um pedaço da membrana celular e cél nenhuma vive s/ membrana → isso leva a morte da cél ● Transmissão: - Sexual: ○ Mulher tem 7-15x + chance de adquirir o HIV que o homem → pela sua anatomia ○ Na hierarquia, a maior chance é: ■ Receptivo anal → cria fissuras, mucosa + fina e, principalmente, grande nº de céls dendríticas (+ fácil de infectar) ■ Insertivo anal ■ Teceptivo vaginal ○ Circuncisão protege o insertivo pela mudança do epitélio (fica + grosso) ○ A transmissão sexual p/ o parceiro acontece, sobretudo, na fase inicial da infecção → o indivíduo ainda está hígido, mas tem milhões de cópias virais, portanto, maior risco (quando o indivíduo está com AIDS, já está mais debilitado) - Sangue e hemoderivados: ○ Fase de Eclipse (em torno de 4-5d) - Materno-fetal (vertical) - Outros líquidos corporais OBS.: Suor e urina NÃO transmitem!!! ● Patogênese: - O principal alvo viral é o linfócito T CD4→ chamado maestro da resposta imune (toda vez que o organismo é invadido por um patógeno, tem que ser apresentado a ele → a partir disso, ele orquestra a proteção c/ a produção de imunoglobulinas, etc) - Esse linfócito é “sequestrado”, transformado numa máquina produtora de HIV e morto → pcte desenvolve infecções e neoplasias oportunistas (não teria se não fosse a presença do vírus) → Isso configura a AIDS - O corpo fica o tempo inteiro em contato com partículas estranhas (Ag virais) → é como se o sistema imune do pcte não descansasse → então surge um fenômeno de ativação imune crônica (inflamação crônica) - Além disso, o pcte desenvolve dçs em idade + precoce do que a população s/ HIV (ex.: aterosclerose, neoplasias) → envelhecimento precoce (é como se o vírus, por conta da inflamação, acelerasse o surgimento de certas dçs) OBS.: O uso precoce de antirretrovirais retarda esse envelhecimento precoce ● Evolução: Tatiane Lira - Med UFPE ASA IX Inicialmente, o CD4 (azul) é destruído (pode chegar a 300-350) e a carga viral (vermelho) é bastante alta → nessa fase o sistema de defesa e o vírus estão se degladiando, de forma que têm pctes que, nessa fase, apresentam a sd retroviral aguda Depois, há certo equilíbrio na latência pela produção de uma resposta específica contra o HIV; o CD4 se recupera um pouco (600-650) Mas se não fizer nada, o CD4 cai e entra na sd - Primoinfecção: ○ Fase da infecção inicial ○ Há disseminação do HIV → indivíduo está hígido, c/ vida sexualmente ativa e carga viral muito alta ○ Há replicação viral quase que s/ controle→ a partir do 10º dia de infecção, já se consegue encontrar o vírus circulante no corpo (então pode solicitar a carga viral) ○ O teste não positiva p/ HIV→ até o organismo produzir uma resposta mensurável contra o vírus leva +/- 30d (janela imunológica) → por isso essa fase é também chamada de fase de soroconversão - Estabelecimento da infecção crônica e persistente: ○ Entra em latência clínica→ vírus entra em certa “harmonia” c/ o organismo (que produz uma resposta parcial específica p/ o HIV) ○ O CD4 se recupera um pouco e a carga viral atinge um equilíbrio (set-point viral) ○ Manifestações clínicas desaparecem por completo → fase assintomática ○ Mas essa resposta não é perfeita → se fosse, a infecção estaria curada; ela apenas freia a replicação viral ○ Quanto maior for o set-point da carga viral, maior a velocidade de progressão da dç (ela quem dita se a AIDS vai se desenvolver em muitos ou poucos anos) OBS.: Existem pessoas que conseguem controlar a replicação viral mesmo s/ tto (deixam a carga viral indetectável) → controladores de elite ○ Mas o vírus continua se replicando lentamente e a contagem de CD4 vai caindo (cerca de 50 céls/ano) ○ Existe um momento, antes da fase de AIDS, que o CD4 já está + baixo e o pcte começa a apresentar manifestações inespecíficas - Doença avançada pelo HIV: ○ +/- 10 anos após a infecção, quando o CD4 atinge níveis < 200→ AIDS ○ Sem tto, do início dessa fase até o óbito são +/- 1a4m ● Diagnóstico: - HIV: ○ ≤ 18m→ solicita carga viral: ■ Ac doados da mãe p/ o bb podem ser encontrados até 1 ano e meio de vida → se o teste der positivo, não sabemos se são Ac da mãe ou do bb ■ Então, faz-se o PCR p/ o RNA do HIV ■ Confirmado c/ 2 resultados positivos ○ > 18m ■ Testes imunológicos→ que procuram Ac contra o vírus ❖ Teste rápido (TR) ou teste de imunoensaio (IE) ➢ 2 resultados positivos em momentos diferentes confirmam o diagnóstico ➢ Mas basta 1 negativo p/ descartar a infecção → são testes altamente sensíveis OBS.: Se vier negativo mas o indivíduo tiver suspeita de infecção, deve-se repetir em 30d ➢ IE: é o tradicional, mas demora p/ sair o resultado; ELISA, Western Blot, Imunoblot, quimioluminescência,etc Tatiane Lira - Med UFPE ASA IX ➢ TR: resultado sai mais rápido, então é importante em algumas situações especiais → gestante s/ pré-natal no pré-parto, campanhas de testagem no carnaval, acidente c/ material pérfuro-cortante ➢ No caso de testes discordantes, recorre ao teste + específico → Western Blot ou Imunoblot ■ Se houverem 2 resultados positivos, o próximo passo é solicitar a carga viral - AIDS: ○ Infecção pelo HIV; E ○ CD4 “defininor de AIDS” (muito baixo) → < 200 cél/mm3; E/OU ○ Dç que o pcte não manifestaria se não fosse a infecção pelo HIV: ■ Cândida esôfago/via aérea, pneumocistose pulmonar, histoplasmose disseminada ■ TB extrapulmonar ■ Citomegalovirose (exceto em fígado, baço e linfonodos → é o normal), leucoencefalopatia multifocal progressiva (pelo vírus JC) ■ CA cervical invasivo, Kaposi (pelo vírus HHV8), linfoma não-Hodgkin ■ Neurotoxoplasmose, Chagas aguda ● Acompanhamento: - É realizado por CD4 e carga viral: ○ Os linfócitos T CD4 são os principais alvos do vírus ○ Carga viral é o nº de cópias do RNA do vírus (“cédula de identidade viral”) que se tem por mL de sangue ■ Quanto maior for a carga viral, menor a contagem de CD4 ■ Se CD4 estiver > 350, passa a pedir apenas a carga viral ● Manifestações clínicas: - Sd retroviral aguda (2-4s) → das pessoas que se manifestam, 70% têm um quadro idêntico a mononucleose infecciosa ○ Febre, cefaleia, astenia, mialgia ○ Linfadenopatia ○ Faringite ○ Hepatoesplenomegalia ○ Exantema maculopapular simétrico: ○ Diarreia ○ Sd de Gillain-Barré - Estágio assintomático (fase de latência clínica): ○ Inicialmente, assintomática ou c/ linfadenopatia generalizada persistente !!!! → aumento de linfonodos em 2 ou + cadeiras extrainguinais por 3 meses ou + ○ Ao final, apresenta manifestações inespecíficas: ■ Herpes labial, candidíase oral, pneumonia e outras infecções recorrentes → que não ocorreriam se a pessoa não estivesse infectada pelo vírus Candidíase oral pela Candida albicans ■ Astenia, febre, perda de peso, herpes zóster, tuberculose - Doença sintomática→ AIDS propriamente dita DOENÇAS FÚNGICAS ○ Candidíase pulmonar ou traqueal ○ Candidíase de esôfago ○ Coccidioidomicose disseminada ○ Criptococose extrapulmonar como neurocriptococose: ■ Meningite pelo Cryptococcus neoformans ■ Fisiopatogenia: não tem linfócitos CD4 suficientes p/ organizar uma resposta imune intensa causando inflamação e graves sintomas; o grande problema aqui é o Tatiane Lira - Med UFPE ASA IX aumento grave da PIC→ o agente meio que “entope” o ralo do líquor ■ Clínica: subaguda → febre, cefaleia, raros sinais meníngeos, paralisia do 6º par (parte do trajeto é próximo a calota craniana) ■ Diagnóstico: punção lombar p/ estudo do líquor Achados gerais Achados específicos Aumento da pressão liquórica Aumento de céls linfomononucleares Aumento de ptn Diminuição da glicose Visualização do fungo (c/ Tinta Nanquim → sua cápsula impede que o corante entre na cél) Cultura (leva alguns dias p/ positivar) Ag criptocócico (é fácil encontrar) ■ Imagem: ■ Tto: Anfotericina B (em monoterapia, em muitos casos, causa resistência) + flucitosina; se pressão de abertura > 25 cmH2O, indica-se punção lombar de alívio (p/ diminuir cefaleia e evitar herniação cerebral) ○ Histoplasmose disseminada: ■ Copia muito a TB miliar ○ Pneumocistose pulmonar (PCP): ■ Pneumonia pelo fungo Pneumocystis carinii (também chamado de Pneumocystis jirovecii) → principal pneumonia do pcte na fase AIDS ■ Fisiopatogenia: o fungo atrapalha a troca gasosa inflamando a membrana alveolocapilar de pctes imunossuprimidos ■ Clínica: tosse seca e dispneia arrastadas + ausculta normal ■ Laboratório: gasometria arterial (hipoxemia e alcalose respiratória por hiperventilação) + lactato desidrogenase (LDH > 500; aumenta nos casos de guerra imune e lesão tecidual) ■ Imagem: infiltrado intersticial bilateral difuso (que não acomete muito os ápices pulmonares, diferente da TB que geralmente é apical), pneumatoceles (cavidades aeradas), etc OBS.: SEM adenopatia hilar ou derrame pleural ■ Diagnóstico: isolamento do escarro com coloração por prata metenamina ou de Grocott ■ DD: TB ■ Tto: sulfametoxazol (SMX) + trimetoprima (TMP) por 21d (chamado bactrim; graves: IV, leves: VO); mas se a gasometria mostrar PaO2 ≤ 70 → faz corticoide (prednisona) ■ Profilaxia primária: CD4 < 300 OU candida oral OU febre > 2s sem diagnóstico; p/ evitar que o pcte adoeça faz SMX + TMP DOENÇAS VIRAIS ○ Citomegalovirose: ■ Geralmente causa um quadro igual a mononucleose infecciosa → aumento de linfonodos, hepatoesplenomegalia ■ Mas no HIV, o CMV consegue ir além → atinge retina (pode causar uveíte), vias respiratórias, SNC (pode levar a encefalopatia do HIV) Tatiane Lira - Med UFPE ASA IX OBS.: A causa + comum de uveíte no pcte c/ HIV é o CMV → pcte perde a visão rapidamente e bilateralmente. Então, se paciente HIV+ tem queixa visual, trata como CMV primeiro e depois faz exames p/ confirmar ○ Herpes simples crônica (+ de 1 mês de duração) ou disseminada ○ Leucoencefalopatia multifocal progressiva (LEMP): ■ O vírus JC só consegue provocar dç quando a guarda imune está escancarada ■ Fisiopatogenia: é uma dç da substância branca do encéfalo, que surge em múltiplos centros e acaba progredindo pois as lesões tendem a coalescer ■ Clínica: pcte soma vários déficits focais, é como se tivesse “múltiplos AVCs” ■ Diagnóstico: imagem (RM mostrando hiperintensidade em T2*) *Sabe que está em T2 por visualizar líquor branco (hiperintenso) ■ Tto: TARV p/ tentar freiar a lesão (mas os axônios que morreram não voltam +) ○ Leucoplasia pilosa: ■ Causada pelo vírus Epstein-Barr DOENÇAS PARASITÁRIAS ○ Criptosporíase intestinal ○ Isosporíase intestinal crônica ○ Neurotoxoplasmose: ■ Encefalite c/ lesão focal → se o indivíduo tem HIV e convulsionou, trata como se fosse neurotoxoplasmose logo e só depois faz o exame de imagem p/ confirmar pois ela é a principal causa ■ É uma dç por reativação do Toxoplasma gondii ■ Fisiopatogenia: manifesta-se tal qual um abscesso (“bolinha” de pus crescendo no encéfalo → inflamação e compressão) em pctes com guarda imune escancarada ■ Clínica: subaguda → febre (por conta da inflamação), déficit neurológico focal súbito (hemiparesia), convulsão, cefaleia ■ Imagem: TC de crânio em corte axial c/ contraste → lesões hipodensas (escuras; principalmente nos gânglios basais) + realce de contraste em anel (ao redor das lesões, na carapaça inflamatória, há captação do contraste) + edema perilesional (halo hipodenso ao redor da lesão) ■ Diagnóstico: clínica + imagem ■ DD: AVC, linfoma primário do SNC ■ Tto: sulfadiazina* + pirimetamina* + ácido folínico** *Matam o protozoário **As duas 1ªs são tóxicas p/ medula e podem causar anemia por deficiência de folato (por um problema no metabolismo do folato, inibindo sua transformação em ác. folínico) → então a usa p/ evitar a toxicidade Tatiane Lira - Med UFPE ASA IX ■ OU pode fazer bactrim (SMX + TMP) ■ Profilaxia primária: CD4 < 100 + IgG (+) p/ toxo ○ Forma aguda da Dç de Chagas DOENÇAS BACTERIANAS ○ Infecção disseminada por Mycobacterium avium complex ○ Tuberculose extrapulmonar ○ Tuberculose pulmonar: ■ Pelo Mycobacterium tuberculosis em qualquer contagem de CD4 ■ É o principal DD de PCP ■ Imagem: lesões apicais ■ Tto: iniciar RIPE e, 2s depois, TARV ○ Pneumonias recorrentes ○ Sepse pela bactéria Salmonela NEOPLASIAS ○ Sarcoma de Kaposi: ■ Neoplasia típica da AIDS → tumor de céls endoteliais (tumor vascular) ■ Dç pelo herpesvírus humano tipo 8 ■ Pode causar lesões violáceas no rosto: ○ Linfoma não-Hodgkin como linfoma de Burkitt e linfoma primário do SNC: ■ Encefalite c/ lesão focal com mortalidade que eira os 100% ■ Causado pelo vírus Epstein-Barr ■ Clínica: semelhante à neurotoxo, s/ melhora após 14d de tto ■ Diagnóstico: exames de triagem (CD4 < 50, PCR (+) p/ EBV no líquor, RM c/ lesão única) e exame definidor (biópsia) ■ Tto: radioterapia paliativa → só é indicado c/ diagnóstico histopatológico formalizado ○ CA cervical invasivo: ■ Não pode ser CA de colo uterino insitu OUTRAS ○ Sd consumptiva do HIV→ emagrecimento do HIV ○ Complexo demencial da AIDS: ■ Encefalite c/ lesão difusa (principalmente cortical) ■ Fisiopatogenia: perda de função cognitiva causada pelo próprio HIV ■ Clínica: demência + alteração comportamental + motora ■ Imagem: RM mostrando encéfalo atrofiado + sulcos cerebrais enormes ■ Diagnóstico: clínica + imagem ■ Tto: TARV → começar p/ quem não fazia e reforçar a adesão p/ quem fazia ● Tto: - Terapia anti-retroviral (TARV): ○ Mudou o paradigma do HIV e houve redução da incidência de dçs oportunistas em infectados ○ Não é emergência médica→ depende do pcte estar motivado ■ Mas existem situações que terá que começar a terapia p/ evitar que uma pessoa que se expôs ao vírus acabe adoecendo pelo HIV → violência sexual, acidente ocupacional ○ Uso contínuo→ se interromper, dá brecha p/ o vírus se tornar resistente ○ No mínimo, 3 drogas→ precisa interferir em 3 etapas do ciclo viral p/ evitar que ele continue se replicando: ■ Inibidores da transcriptase reversa: 1. Tenofovir (TDF)*# 2. Lamivudina (3TC)*# 3. Efavirenz (EFV)* Tatiane Lira - Med UFPE ASA IX 4. Zidovudina (AZT) → quase não se usa +, por ser muito tóxica p/ medula óssea (causando anemia), TGI (causando toxicidade gastrointestinal), etc OBS¹.: No início, usavam os * p/ tto → “3 em 1” OBS².: Quase todos os esquemas da TARV usam os # ■ Inibidores da integrase: 1. Dolutegravir (DTG) → tem barreira contra resistência muito grande; é extremamente potente e muito bem tolerado 2. Raltegravir (RAL) → menos usado no Br; era usado p/ gestantes, mas prioridades mudaram ■ Inibidores da protease: 1. Atazanavir c/ ritonavir (ATV/r) 2. Lopinavir c/ ritonavir (LPV/r) OBS.: O ritonavir potencializa os efeitos de todos os outros inibidores de protease ○ Indicação: ■ P/ toda pessoa que tem o vírus HIV: apesar do benefício só ser claro e solidificado p/ pctes c/ CD4 < 500 → ZERA a transmissão sexual!!!! ■ Inclusive gestantes c/ HIV → evita-se que o feto se infecte ○ Objetivo: chegar a uma carga viral indetectável (< 20 cópias/mL de sangue) em 6m ○ Esquemas de partida (início da TARV): Situação Combo Efeitos colaterais* População geral TDF + 3TC + DTG TDF → nefrotoxicidade (deve ser evitado em pctes c/ algum grau de lesão renal), perda de massa óssea (todo pcte deve fazer exercício c/ peso, eventualmente suplementar vit. D) DTG → cefaleia EFV → neuropsiquiátricos (facilita o surgimento de TAG, depressão; sonolência; sonhos intensos; lentidão ao acordar), rash (micropapular, que melhora com anti-histamínicos) HIV + tuberculose Trata 1º a tuberculose e começa a TARV em 2s, após realização de genotipagem TDF + 3TC + EFV Gravidez (começa o tto assim que dá o diagnóstico) < 13s: TDF + 3TC + EFV ≥ 13s: TDF + 3TC + DTG *É muito melhor do que o efeito colateral de não fazer o tto; são autolimitados (passam em semanas) OBS¹.: a Rifampicina interage muito com o DTG, reduzindo seus níveis séricos → então, se tiver que utilizá-lo (genotipagem mostrou resistência do EFV), tem que ser em dose DOBRADA até terminar o tto da tuberculose ● Profilaxia p/ infecção pelo HIV: - Profilaxia pós-exposição (PEP): ○ Avaliar o acidente: ■ Tempo: tem até 72h p/ iniciar os remédios (ideal: até 2h) ■ Material infectante: sangue, fluido genitsal, líquidos (serosa, líquor…) ■ Acidentes de risco: percutâneos, mucosos, em pele não íntegra ○ Fonte e exposto: ■ Teste rápido: Tatiane Lira - Med UFPE ASA IX ❖ Exposto (+) ou fonte (-): não fazer profilaxia ❖ Exposto (-) e fonte (+) ou desconhecida: profilaxia por 28d ○ Esquemas: ■ Os mesmos p/ o tto - Profilaxia pré-exposição (PrEP): ○ Consegue reduzir o risco de infecção pelo HIV em até 96% ○ Indicações: ■ Homens que fazem sexo com homens (sexo anal tem maior risco de infecção pelo HIV) ■ Transexuais ■ Profissionais do sexo ■ Casais sorodiscordantes ○ Esquema: ■ TDF + entricitabina (FTC) → toma 1cp todos os dias ● Cura: - Não existe!!! - Timothy Ray Brown foi por muito tempo conhecido apenas como o “pcte de Berlim”, o único homem no mundo até hoje considerado curado do vírus da AIDS → ele fez 2 ttos p/ linfoma c/ quimioterapia pesada e transplante de medula óssea (que foi feito c/ uma cél que era totalmente resistente ao vírus) → mas é um tto muito arriscado (tem alta mortalidade), além de ser caro!
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