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Resumo de Norma Jurídica

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL 
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS 
CAMPUS DE GRAVATAÍ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NORMA JURÍDICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gravataí, Novembro de 2007. 
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Turma 8002 
 
Propedêuticas Profissionais 
 
Prof. José Mauricio Loff Barcelos 
 
 
Participantes do Grupo 5: 
 
Anaclélia Elizandra da Conceição 
Diego Costa dos Santos 
Douglas Costa dos Santos 
Renan Rojahn 
Suelen Regina Lemos Barth 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
4. INTRODUÇÃO 
6. INSTITUTO JURIDICO 
6. ESTRUTURA LÓGICA DA NORMA JURIDICA 
15. CONCEITO BÁSICO DE DIREITO 
15. CARACTERÍSTICAS DA NORMA JURÍDICA 
16. FONTES DO DIREITO 
18. PRINCIPAIS RAMOS DO DIREITO 
19. VALIDADE, EXISTÊNCIA E EFICÁCIA 
25. RELAÇÃO ENTRE NORMA E SANÇÃO 
30. A NORMA COMO OBJETO DA CIÊNCIA 
32. NORMA E VALOR 
34. CONCLUSÃO 
35. BIBLIOGRAFIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Página 4 de 35 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 O objetivo deste trabalho é apresentar, de forma clara, o conceito, 
estrutura e particularidades que cercam a NORMA JURÍDICA, tema tão 
controverso entre os juristas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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NORMA JURÍDICA 
 
Normas jurídicas são, essencialmente, regras sociais, isso significa que 
a função das normas jurídicas é disciplinar o comportamento social dos 
homens. Existem diversas outras normas que também disciplinam a vida 
social. Vejamos exemplos: 
 
Normas Morais – se baseiam na consciência moral das pessoas (conjunto de 
valores e princípios sobre o bem e o mal que orientam o comportamento 
humano). 
 
Normas Religiosas – se baseiam na fé revelada por uma religião. 
 
Tanto as normas morais como as religiosas se aplicam à vida em 
sociedade. Então, como distinguir as normas jurídicas dessas outras normas 
sociais? A distinção pode ser resumida nas características que veremos a 
seguir 
 
Na teoria Geral do Direito o estudo da norma jurídica é de fundamental 
importância, porque se refere à substância própria do Direito objetivo. Ao dispor 
sobre fatos e consagrar valores, as normas jurídicas são os pontos culminantes 
do processo de elaboração do Direito e o ponto de partida operacional da 
Dogmática Jurídica, cuja função é a de sistematizar e descrever a ordem 
jurídica vigente. Conhecer o Direito é conhecer as normas jurídicas em seu 
encadeamento lógico e sistemático. As normas ou regras jurídicas estão para o 
Direito de um povo, assim como as células para um organismo vivo. 
 
Para promover a ordem social, o Direito Positivo deve ser prático, ou 
seja, revelar-se mediante normas orientadoras das condutas interindividuais. 
Não é suficiente, para se alcançar o equilíbrio na sociedade, que os homens 
estejam dispostos à prática da justiça; é necessário que se lhes indique a 
fórmula de justiça que satisfaça a sociedade em determinado momento 
histórico. A norma jurídica exerce justamente esse papel de ser o instrumento 
de definição da conduta exigida pelo Estado. Ela esclarece ao agente como e 
quando agir. O Direito Positivo, em todos os sistemas jurídicos, compõe-se de 
normas jurídicas, que são padrões de conduta social impostos pelo Estado, 
para que seja possível a convivência dos homens em sociedade. São fórmulas 
de agir, determinações que fixam as pautas do comportamento interindividual. 
Pelas regras jurídicas o Estado dispõe também quanto à sua própria 
organização. Em síntese, norma jurídica é a conduta exigida ou o modelo 
imposto de organização social. 
 
As expressões norma e regra jurídicas são sinônimas, apesar de alguns 
autores reservarem a denominação regra para o setor da técnica e, outros, 
para o mundo natural. Distinção há entre norma jurídica e lei. Esta é apenas 
uma das formas de expressão das normas, que se manifestam também pelo 
Direito costumeiro e, em alguns países, pela jurisprudência. 
 
 
 
Página 6 de 35 
 
 
INSTITUTO JURÍDICO 
 
Instituto Jurídico é a reunião de normas jurídicas afins, que rege um tipo 
de relação social ou interesse e que se identifica pelo fim que procura realizar. 
É uma parte da ordem jurídica e, como esta, deve apresentar algumas 
qualidades: harmonia, coerência lógica, unidade de fim. Enquanto a ordem 
jurídica dispõe sobre a generalidade das relações sociais, o instituto se fixa 
apenas em um tipo de relação ou de interesse: adoção, pátrio poder, 
naturalização, hipoteca etc. considerando-os análogos aos seres vivos, pois 
nascem, duram e morrem, lhering chamou-os de corpos jurídicos, para 
distingui-los da simples matéria jurídica. Diversos institutos afins formam um 
ramo, e o conjunto destes, a ordem jurídica. 
 
ESTRUTURA LÓGICA DA NORMA JURÍDICA 
 
A visão moderna da estrutura lógica das normas jurídicas tem o seu 
antecedente na distinção kantiana sobre os imperativos. Para o filósofo 
alemão, o imperativo categórico, próprio dos preceitos morais, obriga da 
maneira incondicional, pois a conduta é sempre necessária. Exemplo: deves 
honrar a teus pais. O imperativo hipotético, relativo às normas jurídicas, 
técnicas, políticas, impõe-se de acordo com as condições especificadas na 
própria norma, como meio para alcançar alguma outra coisa que se pretende. 
Exemplos: se um pai deseja emancipar o filho, deve assinar uma escritura 
pública. 
 
Concepção de Kelsen – Segundo o autor da Teoria Pura do Direito, a estrutura 
lógica da norma jurídica pode ser enunciada do modo seguinte. 
“Em determinadas circunstâncias, um sujeito deve observar tal ou qual 
conduta; se não a observa, outro sujeito, órgão do Estado, deve aplicar ao 
infrator uma sanção.” 
 
Da formulação Kelseniana, infere-se que o esquema possui duas partes, 
que o autor denomina por “norma secundária” e “norma primária”. Com a 
inversão terminológica efetuada em sua obra Teoria Geral das Normas, 
publicada post mortem, a primeira estabelece uma sanção para a hipótese de 
violação do dever jurídico. A primária define o dever jurídico em face de 
determinada situação de fato. Reduzindo a formula prática, temos: 
Norma Secundária: “Dado ñP, deve ser S” – Dada a não prestação, dever ser 
aplicada à sanção. Exemplo: o pai que não prestou assistência material ao filho 
menor deve ser submetido a uma penalidade. 
 
A norma jurídica tem sido objeto de profundos estudos por parte de 
juristas de escola. No último século, produziu-se um valioso legado doutrinário 
acerca da norma jurídica, que pela sua amplitude e variedade, vai influenciar 
gerações, em matéria de Ciência do Direito. 
 
Nosso estudo não pretensão de tratar da matéria de forma exauriente. 
Destina-se, sim, a apresentar um breve resumo informativo, que revela a 
ausência de uniformidade quanto à formulação de classificações para as 
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normas jurídicas. Da multiplicidade de classificações existentes, detivemo-nos 
nas que melhor delinearam os contornos das normas jurídicas sob seus 
diversos enfoques e prismas de observação. 
 
O campo do normativo, conforme se infere das assertivas de CARLOS 
ALCHOURRÓN y EUGENIO BULYGIN, encontra-se distante da 
homogeneidade e, em conseqüência, se podem distinguir diversos tipos de 
normas. No bojo de suas considerações, os autores observam que VON 
WRIGHT distingue seis tipos de normas, sendo três principais (prescrições, 
regras técnicas e regras determinativas) e três secundários ou intermediários 
(que seriam as normas morais, os costumes e as regras ideais). Para os 
autores mexicanos, os critérios de classificação de VON WRIGHT são 
discutíveis, cabendo adotarem-se outras classificações, dada à ambigüidade 
do termo "norma" e mesmo limitando-se o termo ao âmbito das normas de 
conduta, como enunciados que prescrevem certas ações ou atividades, ainda 
resta um resquício de ambigüidade, ainda que mais sutile menos perigoso. 
 
O termo "norma", portanto, é daqueles que enfrentam o problema da 
polissemia, por sua multiplicidade de significados. Mesmo que venhamos a 
restringir seu significado, acrescentando-lhe um complemento e tornando-o um 
termo composto, como propõem os autores acima (no caso, norma de conduta, 
ou mesmo norma jurídica), ainda assim restará um laivo de imprecisão, dada à 
largueza semântica, que continua a comportar ambigüidades. 
A despeito dessas dificuldades, muitas são as propostas de classificação para 
as normas jurídicas. 
 
Buscando elucidar a estrutura do ordenamento jurídico, partindo de uma 
definição de caráter geral, pela qual "o ordenamento jurídico é um conjunto de 
normas", NORBERTO BOBBIO refere-se a modalidades normativas ou 
deônticas de regras de conduta, traduzidas no "obrigatório", no "proibido" e no 
"permitido". Assim, tem-se que, segundo a forma, as normas jurídicas podem 
ser imperativas, proibitivas ou permissivas. 
 
Propõe, ainda, três critérios de avaliação, asseverando que, frente a 
qualquer norma jurídica se possa examiná-la por uma tríplice ordem de 
problemas: 1) se a norma é justa ou injusta; 2) se é eficaz ou ineficaz; e 3) se é 
válida ou inválida. (4) 
 
Antes, porém, de adentrarmos na essência da norma jurídica, mister se 
faz observar que a multiplicidade facetaria do termo norma comporta as mais 
variadas classificações, que são diferentemente dispostas segundo a ótica de 
cada autor. 
 
ARNALDO VASCONCELOS afirma que tal diversidade classificatória 
não decorre de meras razões pessoais de ordem doutrinária e que, mesmo 
restritas ao meio acadêmico tais classificações não perdem sua importância, já 
que se tornam indispensáveis do ponto de vista da prática jurídica, por motivos 
metodológicos de ordenação dos conhecimentos. (5) 
 
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Buscando identificar as classificações da norma que se afiguram mais 
relevantes, o autor elege os seguintes critérios: quanto à destinação (normas 
de Direito e normas de Sobredireito), quando ao modo de existência (normas 
explícitas e normas implícitas), quanto à fonte (teorias de Kelsen e Savigny, 
apontando como formas de expressão do Direito ou normas jurídicas, a lei, o 
costume, a jurisprudência, a doutrina e os princípios gerais do direito), quanto à 
matéria (normas de Direito Público, normas de Direito Privado e normas de 
Direito Social). 
 
Segundo MIGUEL REALE "(...) há regras de direito cujo objetivo 
imediato é disciplinar o comportamento dos indivíduos, ou as atividades dos 
grupos e entidades sociais em geral; enquanto que outras possuem um caráter 
instrumental, visando a estrutura e funcionamento de órgãos, ou a disciplina de 
processos técnicos de identificação e aplicação de normas, a fim de assegurar 
uma convivência juridicamente ordenada". 
 
Quando propõe a dogmática analítica ou a ciência do direito como teoria 
da norma, TÉRCIO SAMPAIO FERRAZ JUNIOR passa a identificar o direito 
como expressão normativa, que é um conceito nuclear para a dogmática 
analítica e um fenômeno complexo. As normas que interessam peculiarmente 
ao jurista, no universo múltiplo de normas, são as jurídicas. 
 
Com fins didáticos, TÉRCIO SAMPAIO FERRAZ JUNIOR oferece-nos 
algumas classificações dos diversos tipos de normas jurídicas, alertando que 
não há critérios rígidos nem um sistema classificatório, no sentido lógico da 
expressão. 
 
A classificação das normas jurídicas, idealizada por FERRAZ JUNIOR 
afigura-se como uma das mais completas e revela critérios que podem ser 
adotados como modelo, em face do que cuidaremos de especificá-la em seus 
pontos essenciais, embora de forma resumida. 
 
Seus critérios são estabelecidos segundo um ponto de vista semiótico 
(teoria dos signos – signos lingüísticos das palavras) das noções de relação 
sintática, semântica e pragmática. 
 
Quanto aos critérios sintáticos, o autor classifica as normas pela sua 
relevância, pela subordinação e pela estrutura. O critério da relevância 
classifica as normas em primárias e secundárias. No passado, a doutrina 
atribuía o epíteto de normas primárias àquelas que estabelecem um preceito 
para a ação e, de secundárias, às que prevêem sanção. TERCIO SAMPAIO 
FERRAZ JUNIOR observa que Kelsen inverteu essa ordem classificatória, 
priorizando em relevância as normas dotadas de previsão sancionatória. Para o 
notável jurista austríaco, primárias são as normas dotadas de sanção, podendo 
ser classificadas em termos secundários aquelas que apenas contêm o 
mandamento, sem prever sanção. Atualmente, segundo FERRAZ JUNIOR, a 
avaliação da importância cedeu lugar à mera relação inclusiva: se uma norma 
tem por objeto outra norma, ela é secundária; se tem por objeto a própria ação, 
é primária. 
 
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O critério da subordinação as classifica em normas-origem (primeiras de 
uma série, remontando até a norma fundamental) e normas-derivadas (que são 
as demais normas decorrentes da primeira); o critério da estrutura aponta a 
existência de normas autônomas (que têm por si um sentido completo) e 
normas dependentes (que exigem combinação com outras normas para 
expressar seu sentido). 
 
O critério semântico, por sua vez, segundo TÉRCIO SAMPAIO FERRAZ 
JUNIOR, leva em conta o âmbito de validade das normas e reporta-se aos 
destinatários, à matéria, ao espaço e ao tempo. No âmbito dos destinatários, 
classificam-se em gerais (comuns – destinadas à generalidade das pessoas) e 
individuais (particulares – que disciplinam o comportamento de uma pessoa ou 
grupo); quanto à matéria, as normas podem ser gerais-abstratas (que têm por 
facti species um tipo genérico), especiais (disciplinam o tipo genérico de forma 
diferente) e excepcionais (contidas nas gerais-abstratas, mas que excepcionam 
seu conteúdo). 
 
O critério do espaço diz respeito ao limite espacial de incidência da 
norma (nacional, estadual, municipal – local, etc.). Já o critério do tempo diz 
respeito à vigência, classificando as normas em permanentes (quando a lei não 
atribui prazo de vigência – vigem indefinidamente) e provisórias ou temporárias 
(aquelas para a qual a lei prevê previamente um prazo de cessação). Quanto 
ao tempo, ainda podem ser irretroativas (em princípio todas o são), ou 
retroativas (retroagem para beneficiar o agente), de incidência imediata (cujo 
início de vigência se dá a partir da publicação) ou de incidência mediata 
(sujeitas à vacatio legis). 
 
Há ainda o critério da finalidade, segundo o qual as normas jurídicas 
classificam-se em normas de comportamento (disciplinadoras da conduta) e 
normas programáticas (que expressam diretrizes, intenções, objetivos). 
 
Pelo critério pragmático, a asserção pode ser modalizada por funtores. 
As normas distinguem-se pelo funtor. O termo funtor vem da lógica. Trata-se de 
operadores lingüísticos que nos permitem mobilizar as asserções. Assim, diz 
Tércio, a asserção "isto é comprar" pode ser modalizada por funtores como: é 
proibido comprar, é permitido comprar, é obrigatório comprar. 
 
Já MARIA HELENA DINIZ cataloga as normas jurídicas segundo 
critérios diferenciados, dentre os quais relacionamos: quanto à imperatividade, 
quanto ao autorizamento, quanto à hierarquia, quanto à natureza de suas 
disposições, quanto à aplicação, quanto ao poder de autonomia legislativa e 
quanto à sistematização. 
 
Quanto à imperatividade as normas podem ser impositivas (ou de 
imperatividade absoluta), ordenando a ação ou abstenção de conduta, sem 
qualquer alternativa ou opção diferenciada, ou dispositivas (de imperatividade 
relativa), que por sua vez subdividem-se em permissivas, supletivas ou 
também impositivas por interpretação doutrinária ou jurisprudencial. 
 
Página 10 de 35 
 
Quanto ao autorizamento, classificam-se em mais que perfeitas (que 
autorizam duas sanções – nulidade do ato e restabelecimento do status quo, 
com aplicação de pena ao violador), perfeitas (autorizam a declaração do ato 
que as viola, mas não a aplicação de pena ao violador),menos que perfeitas 
(autorizam a aplicação de pena ao violador, mas não a nulidade do ato) e 
imperfeitas (cuja violação não acarreta qualquer conseqüência jurídica). 
 
Quanto à hierarquia, a autora as classifica como normas constitucionais, 
leis complementares, leis ordinárias, delegadas, medidas provisórias, decretos 
legislativos e resoluções, decretos regulamentares, normas internas e normas 
individuais. Quanto à natureza das suas disposições as normas podem ser 
substantivas (definem e regulam relações jurídicas, criam direitos e impõem 
deveres – normas de direito material) e adjetivas (regulam o modo ou processo 
de efetivar as relações jurídicas – normas de direito processual). Quanto à 
aplicação podem ser classificadas em de eficácia absoluta (insuscetíveis de 
emenda e com força paralisante total da lei que as contraria), de eficácia plena 
(apresentam todos os requisitos necessários para disciplinar as relações 
jurídicas), de eficácia relativa restringível (de aplicabilidade imediata, mas 
passíveis de redução de sua eficácia pela atividade legislativa – eficácia 
limitada), e de eficácia relativa complementável (possibilidade mediata de 
produzir efeitos, dependendo de norma posterior – eficácia contida). 
 
Finalmente, as classificações quanto ao poder de autonomia legislativa, 
onde as normas podem ser nacionais e locais (embora oriundas da mesma 
fonte legiferante, podem vigorar em todo o país ou só em parte dele), federais, 
estaduais e municipais (conforme se tratem de leis da União, dos Estados 
federados ou dos municípios); e quanto à sistematização: esparsas ou 
extravagantes (se editadas isoladamente), codificadas (corpo orgânico sobre 
certo ramo do direito em códigos) e consolidadas (reunião de leis esparsas 
vigentes sobre determinado assunto). 
 
Além destas, muitas outras classificações são oferecidas pela doutrina, 
revelando que inexiste uniformidade ou um padrão rígido de exigência de 
adoção de critérios metódicos para classificar as normas jurídicas. Todas as 
classificações idealizadas são válidas no sentido de apresentar focos de visão 
da norma jurídica, conforme a ótica em que esteja sendo investigada, daí 
porque a função didática de tais proposições é voltada ao processo cognitivo, 
de apreensão do objeto do conhecimento, que é a norma jurídica 
cientificamente estudada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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NORMA JURÍDICA no contexto do livro "TEORIA DA 
SOBERANIA COM PROBLEMA DA NORMA JURIDICA E DA 
DECISÃO” 
 
Segundo o livro “TEORIA DA SOBERANIA COM PROBLEMA DA 
NORMA JURIDICA E DA DECISÃO”, de Autor Ari Marcelo Sola, de 1997 Porto 
Alegre. 
 
De modo, o problema de longa data da limitação do Estado pelo direito 
não é resolvido, as eliminado, pois o ní-górdio do dilema Estado-Direito é 
cortado pela raiz. 
 
Deixando o Estado de ser de um produto histórico ou uma força social 
anterior ao direito e que a ele tem de se submeter, não se pode deixar de impor 
sua identidade com o direito, pois qualquer situação criada pelo Estado será 
fixada por normas jurídicas. Pág. 52 
 
Segundo ainda o livro citado acima, a especificidade do Estado e do Direito não 
é investigada com os métodos das ciências naturais, orientadas para 
explicação do real através da lei da causalidade. Em lugar do nexo de 
causalidade, o conceito central da teoria jurídica é o de norma jurídica, que 
vincula certas condições (uma ação humana) a determinadas conseqüências 
(um ato coativo) em termos de imputação. 
 
A partir desta premissa, tanto o Estado como o Direito formam um complexo 
normativo, que não pode ser analisado desde uma perspectiva jurídica, na 
esfera da realidade natural do “ser”, mas sim, no plano normativo ideal do 
“dever-ser”. Com isto, toda a gama de conceitos clássicos da dogmática do 
direito público será redefinida em termos de categorias puramente normativas. 
Dogmática esta que dizia ser insubstituível a abstração dos fenômenos 
jurídicos das normas, mas que se converteu em uma doutrina do poder do 
Estado, entendido como dominação ou coação fática. 
 
Seguindo o livro vemos que Kelsen também reviu radicalmente sua 
posição sobre lógica do Direito, passando a sustentar que “um conflito de 
normas não se pode comparar a uma contradição lógica, mas a uma situação 
em que duas forças atuam em direções opostas”. 
 
Quanto ao princípio “lex posterior”, aceitou que “não existe no campo da 
lógica nada análogo. Não é nenhum princípio lógico na medida em que entram 
em consideração normas jurídicas - mas um princípio jurídico positivo; não é, 
também, um princípio lógico análogo de pensamento jurídico, nenhum princípio 
de interpretação. Somente pode ser aplicado pela interpretação se um princípio 
jurídico positivo, ou seja, um princípio válido dentro de uma norma jurídica for 
norma de direito positivo”. 
 
Não deixa de ser espantoso o fato de Schmitt considerar que o conceito 
formal de lei do Estado de direito repousa sobre a idéia de “norma jurídica” 
entendida não como “voluntas” mas como “ratio”. 
 
Página 12 de 35 
 
É verdade que algumas obscuridades da obra de Kelsen tenham 
contribuído para deixar a impressão de uma separação entre o normativo e o 
volitivo: a censura sofrida pela noção imperialista de norma jurídica em suas 
primeiras obras em favor de sua concepção como juízo hipotético; a distinção 
posterior entre normas Jurídicas como imperativos das proposições jurídicas 
como juízos hipotéticos e, por fim, a defesa apaixonada da norma fundamental, 
durante anos a fio, como sentidos de um ato de pensamento e não de vontade. 
 
Bobbio, seguindo seu mestre, distinguiu dois tipos de fundamento de 
validade da norma jurídica: 1-validade formal, quando a norma é derivada de 
uma norma superior válida; validade material, quando a prescrição é 
logicamente coerente com as outras normas válidas do ordenamento. O velho 
professor discordou tanto de uma como de outra! “No que concerne à primeira, 
não se pode concordar com ela, porque Bobbio pressupõe evidentemente que 
a validade da norma inferior resulta logicamente da validade da norma superior 
(...) Contra a regra 2, deve-se observar que Bobbio aqui admite existir entre 
duas normas não coerentes uma contradição lógica, o que não é o caso. Duas 
normas jurídicas, em conflito uma com a outra, podem ambas valer. Conflitos 
de normas são possíveis e efetivamente existentes, enquanto não afastadas 
em virtude de determinação jurídico-positiva”. 
 
Ross, em termos análogos, comenta que para Kelsen “a norma em si 
mesma, de acordo com seu conteúdo imediato, expressa o que os indivíduos 
devem fazer. O que significa dizer, então, que os indivíduos devem fazer o que 
devem fazer?”. 
 
 “A opinião prevalecente na doutrina dogmática é de que a norma 
jurídica é uma espécie de imperativo despsicologizado, isto é, um comando no 
qual não se identifica o comandante, nem o comandado (...). É a posição entre 
outros de Olivecrona, de Bobbio e, num certo sentido, também de Kelsen”. 
 
Por outro lado, também só se justifica como obstinação a persistência 
dos realistas jurídicos em desconsiderar a norma jurídica nas leis, nos 
procedentes judiciais ou em outras fontes de direito como misteriosas 
entidades supra-sensíveis e em construir a ciência do direito apenas a partir de 
proposições fáticas sobre o comportamento humano, suscetíveis de 
observação empírica, como se não soubessem que a realidade do mundo 
externo é problemática. 
 
Normas, “diretivos”, “imperativos de existência”, “dever-ser”, talvez 
algum destes termos seja mais apropriado para indicar o objeto do direito. 
Pág. 189 
 
O cerne da objeção de Olivecrona é que> “as normas não são 
‘declarações de vontade’ ou comandos de uma única vontade suprema, mas 
imperativos independentes que provêm de diferentes fontes”. Ele dá alguns 
exemplos para justificar sua oposição â idéia da vontade. O primeiro é o do 
direito costumeiro inglês, que levou centenas de anos para se formar, não se 
sabendo a origem de muitasde suas regras. 
 
Página 13 de 35 
 
O segundo é tomado do processo legislativo da monarquia constitucional 
em seu próprio país: É possível a aprovação de uma lei pelo parlamento a 
partir de um projeto elaborado por juristas não parlamentares e sua 
promulgação pelo rei sem conhecer-lhe o texto. 
 
Ver, que a norma, nas diferentes teorias, participe ora de formas 
hipotéticas, ora de formas imperativas, que dela se diga ser sempre 
interpretável, albergando múltiplos sentidos, mas também imponível sem 
discussões, sendo premissa de discussões. 
 
Normas jurídicas são decisões. Através delas, garantimos que certas 
decisões serão tomadas. Elas estabelecem assim controles, isto é, pré-
decisões, cuja função é determinar outras decisões. Embora isto não signifique 
uma redução de norma a norma processual, o ponte de vista pragmático não 
deixa de ressaltar este aspecto procedimental do discurso normativo. 
 
As formas analógicas, contudo são de uma sintaxe relativamente pobre, 
por isso mesmo formas de expressão conotativas, que desconhecem recursos 
sintáticos elementares, como o uso do não para a negação. Por isso, o uso da 
farda pelo policial pode também assinalar prepotência, abuso de autoridade, e 
serão as condições situacionais que poderão diminuir a conotatividade, 
indicando se o policial, numa sociedade corrupta, ao mostrar o caderno de 
multas não estaria antes sugerindo o suborno. 
 
Normas Jurídicas são entendidas como discursos, portanto, do ângulo 
pragmático, interações em que alguém dá a entender a outrem alguma coisa, 
estabelecendo-se, concomitantemente, que tipo de relação há entre quem fala 
e quem ouve. Ou seja, o discurso normativo não é apenas constituído por uma 
mensagem, mas, também, por uma definição das posições de orador e ouvinte. 
 
Ao nível sintático da análise, a idéia mais comum é de que as normas 
permissivas não existem como normas independentes, isto é, não é um tipo à 
parte das normas de obrigação/proibição. Assim, quando o editor normativo 
usa a expressão “permitir” o faz apenas para descrever o fato de que uma ação 
não está nem proibida nem é obrigatória, portanto, que não há norma sobre 
aquela ação. Esta tese se funda na pressuposição de todo sistema normativo 
admitir a chamada “norma de clausura”, segundo a qual tudo o que não esteja 
juridicamente proibido ou não seja obrigatório, estaria automaticamente 
permitido. 
 
Entre as normas permissivas independentes costumam-se incluir as 
declarações de direitos humanos constantes nas modernas Constituições. Von 
Wright reconhece-as como normas permissivas, mas não sem pôr em relevo o 
seu “peculiar aroma moral”, pois eles parecem, de um lado, garantir a liberdade 
do sujeito contra a intervenção de terceiros, de outro, uma autoproibição, que a 
própria autoridade se dá a si mesma de interferir, uma espécie de 
autocompromisso dificilmente compatível com o sentido prescritivo das normas 
jurídicas; por isso mesmo, reconhece igualmente o caráter não satisfatório da 
solução. 
 
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 A) Normas de obrigação/proibição: através dos operadores “é proibido” e 
“é obrigatório” uma determinada ação ou omissão é qualificada juridicamente 
como obrigatória ou proibida; com isso dá-se igualmente uma determinação 
jurídica da relação entre emissor e receptor como relação complementar 
imposta; 
 
 B) Normas permissivas que constituem exceção a uma norma geral de 
obrigação/proibição: através do operador “é permitido, porém, que” 
determinada ação ou omissão é qualificada juridicamente como facultativa ou 
permitida, tendo em vista uma proibição ou obrigação geral; a determinação 
jurídica da relação como simétrica depende de uma imposição de 
complementaridade geral, da qual constitui uma exceção; 
 C) Normas permissivas independentes: através do operador “é 
permitido” uma determinada ação ou omissão é qualificada como facultativa ou 
permitida, sem que haja, sobre o mesmo conteúdo, norma geral de 
obrigação/proibição; a relação entre emissor e receptor é determinada, 
juridicamente, como relação simétrica imposta ou pseudo-simétrica; 
 
 D) Ausência de norma: o silêncio do editor torna uma ação ou omissão 
nem obrigatória, nem proibida, nem permitida ou facultativa, mas, 
juridicamente, indecidível; a relação entre emissor e receptor pode ser, então, 
indiferente simétrica ou complementar, não ocorrendo, em nenhum dos casos, 
nem imposição de complementaridade, nem pseudo-simetria. 
Por fim, temos os seguintes operadores normativos básicos: obrigatório que, 
proibido que, permitido que; os seguintes comportamentos: obrigatório, 
proibido, permitido. As seguintes relações: complementaridade imposta, 
pseudo-simetria. A combinação de operadores, comportamentos e relações 
nos dá, por fim, as seguintes qualificações, conforme o quadro abaixo: 
 
OPERADORES COMPORTAMENTOS RELAÇÃO QUALIFICAÇÃO 
Obrigatório 
que 
Obrigatório Complementaridade 
imposta 
Obrigatoriedade 
Proibido que Proibido Complementaridade 
imposta 
Proibição 
Permitido que 
 
Permitido Pseudo-Simétrica Permissão 
Silêncio 
normativo 
Indecidível Indeterminada Inqualificação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CONCEITO BÁSICO DE DIREITO 
 
De forma simples e concisa, podemos elaborar a seguinte conceituação: 
“Direito é um conjunto de regras obrigatórias que disciplinam o convívio social 
humano”. 
Essas regras obrigatórias são chamadas de normas jurídicas. A norma 
jurídica é elemento fundamental para a constituição e existência do direito. 
 
 
CARACTERÍSTICA DA NORMA JURÍDICA 
 
Entre as principais características da norma jurídica podemos citar: 
 
 A) COERCIBILIDADE: é a possibilidade de a conduta transgressora 
sofrer coerção, isto é, repressão, uso da força. As normas jurídicas 
destinguem-se pelo tato de contagem com as força coercitiva do Estado para 
impor-se sobre as pessoas. O mesmo já não ocorre nas regras extra jurídicas 
(que estão fora do mundo jurídico). Assim, se alguém desrespeita uma norma 
religiosa (exemplo: o católico que não vai a missa), sua conduta ofende apenas 
aos ensinamentos de sua religião. O estado não reage as esta ofensa, já que, 
no Brasil vivemos num regime de liberdade de crenças e convicções. A norma 
religiosa não possui coercibilidade. Entretanto, se uma pessoa mata alguém, 
sua conduta fere uma conduta prevista no código penal, e essa conduta 
tipificada provocará a reação punitiva do estado. Em resumo: resguardando o 
direito, existe a coerção (força) potencial do estado, que se concretiza com 
alguma forma de sanção (punição). A sanção deve ser aplicada à pessoa ou 
instituição que transgrediu a norma jurídica. Caracterizando-se somente em 
sanções nos casos de desobediência ou transgressão do dever jurídico. 
 
 B) SISTEMA IMPERATIVO ATRIBUITIVO: em decorrência da 
coercibilidade, a norma jurídica assume uma característica imperativa e 
atributiva. Imperativa, porque tem o poder de imperar, a impor a uma parte o 
cumprimento de um dever. Atributiva, porque atribuí à outra parte o direito de 
exigir o cumprimento do dever imposto pela norma. E por isso que se costuma 
dizer: “o direito de um, é o dever do outro”. 
 
 C) PROMOÇÃO DA JUSTIÇA: conteúdo da norma jurídica deve ter 
como finalidade estabelecer justiça entre os homens. Justiça é a virtude de dar 
a cada um o que é seu, solucionando de modo equilibrado os interesses em 
conflito. A prática da justiça é a alimentação pelos ideais de ordem e 
segurança, poder e paz, cooperação e solidariedade. 
No plano teórico, costuma-se reconhecer que a normas jurídicas tendem a 
realizar os ideais da justiça. Ou seja, a justiça seria o objeto que dá sentido à 
existência na norma jurídica. Do contrário, ela não seria uma norma legítima, e 
sim arbritrária. 
Em termos práticos, entretanto, sabemos que a forma jurídica e o 
processo judicial que visa a sua aplicação ainda estão distantes de realizar, a 
contento, os ideais de justiça. 
Infelizmente,permanece viva a contundente advertência do jurista Rui 
Barbosa (18409-1923): “Em nosso país, a lei não exprime o consentimento da 
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maioria; são as minorias, as oligarquias mais acanhadas, mais impopulares e 
menos respeitáveis, as que põem, e dispõem; as que mandam, e desmandam 
em tudo”. 
 
 
FONTES DO DIREITO 
 
A palavra fonte tem o significado comum de lugar de onde a água surge, 
nasce ou jorra. É nesse sentido que se diz: a praça desta cidade tem uma bela 
fonte. 
Mas podemos usar essa palavra num sentido amplo quando falamos, 
por exemplo, em fontes do direito ou fontes da norma jurídica. Nesse caso, 
queremos saber qual é a origem do direito, de onde provém às normas. 
 
São quatro as fontes formais clássicas do direito: 
 
 A) A lei 
 B) O costume jurídico 
 C) A jurisprudência 
 D) A Doutrina Jurídica 
 
 
A LEI 
 
A lei é a mais importante fonte formal do direito. Entende-se por lei a 
norma jurídica escrita emanada de poder competente. A lei está presente na 
legislação, que é conjunto das leis vigentes em um país. 
 
A apresentação escrita da lei está relacionada à própria origem 
etimológica desta palavra, pois lei vem do latim Légere, que significa ler. 
Portanto, lei é o texto escrito, feito para ser lido. 
 
Em sentido técnico estrito, a lei é a mesma norma jurídica ordinária 
elaborada pelo poder legislativo. Distingui-se, por exemplo, dos decretos, dos 
regulamentos e das portarias expedidos pela administração pública (Poder 
executivo). 
 
 
COSTUME JURÍDICO 
 
O costume é a norma que não faz parte da legislação. É criado 
espontaneamente pela sociedade, sendo produzido por uma prática geral, 
constante e prolongada. 
 
Nas sociedades primitivas o costume era a principal fonte do direito. Não 
existiam leis escritas. As normas se fixavam pelo uso repetido de uma regra 
que se transmitia oralmente de geração a geração. 
 
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Nos dias atuais, o costume deixou de ser principal fonte do direito. 
Entretanto, ainda mantém seu valor como forma alternativa ou suplementar, 
nos casos em que a lei for omissa, isto é, na falta da lei. 
 
O costume também é utilizado quando a própria lei expressa o autoriza. 
 
Devemos salientar que o costume não poderá ser aplicado se for 
contrário de uma determinação expressa em lei. Do ponto de vista legal, 
somente uma nova lei pode revogar a lei antiga, mas, na prática, sabemos que 
há casos de leis que não são efetivamente aplicadas, por serem contrária aos 
hábitos tradicionais da comunidade. 
 
A aplicação do costume varia conforme o ramo do direito. Em direito 
comercial o costume tem considerável importância. Já no direito penal, o 
costume, com força de lei, é radicalmente proibido. 
 
Segundo o código penal, não há crime sem lei anterior que o defina. 
Dessa maneira, ninguém pode ser criminalmente condenado por ter 
desrespeitado apenas um costume. 
 
 
 
 
 
JURISPRUDÊNCIA 
 
Jurisprudência é o conjunto de decisões judiciais reiteradas (repetidas) 
sobre determinadas questões. A jurisprudência é dinâmica: vai-se formando a 
partir das soluções adotadas pelos órgãos judiciais ao julgar casos jurídicos 
semelhantes. Ao longo do tempo, o sentido dos julgados varia, adequando o 
direito à s mudanças histórico-siciais. Além disso, conforme a situação, não há 
consenso dos julgados, mas apenas uma tendência que vai formando uma 
jurisprudência dominante. 
 
DOUTRINA JURÍDICA 
 
A doutrina jurídica é o conjunto sistemático de teorias sobre o direito 
elaborado pelos juristas. A doutrina é produto da reflexão e do estudo que os 
grandes juristas desenvolvem sobre o direito. 
Assim como ocorre com a jurisprudência, a doutrina é dinâmica e em 
muitas situações, permite enfoque plural. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PRINCIPAIS RAMOS DO DIREITO 
 
O direito pode ser dividido em dois ramos básicos: Direito Público e 
Direito Privado. Essa famosa classificação do direito já era, de certa forma, 
conhecida na antiga Roma. Podemos conceituar esses dois ramos do direito, 
basicamente, do seguinte modo: 
 
Direito Público – regula os interesses predominantes da sociedade, 
considerada como um todo. Nas relações de direito público, o estado participa 
como sujeito ativo (titular do poder jurídico) ou como sujeito passivo 
(destinatário do dever jurídico), mas sempre como órgão da sociedade e, 
portanto, sem perder a posição de supremacia ou poder de império. Exemplo: 
Cobrança de impostos, ação criminal, matéria constitucional etc. 
 
Direito Privado – regula as relações entre particulares. Nas relações 
jurídicas de Direito Privado, o Estado pode participar como sujeito ativo ou 
passivo, em regime de coordenação com os particulares, isto é, dispensando 
sua supremacia ou poder de império. Exemplo: locações de bens, cobrança de 
dívidas, casamento etc. 
 
Na verdade, não existe uma diferença tão rígida entre Direito Público e 
Direito Privado. Entre os juristas que se dedicam ao tema há muita controvérsia 
sobre os critérios satisfatórios para se delimitar, com exatidão as fronteiras 
entre esses dois ramos. 
 
De modo geral, podemos agrupar os princípios ramos do direito da 
seguinte maneira, com base na distinção entre Direito Publico e Privado. 
 
 
NOÇÃO GERAL DOS RAMOS DO DIREITO 
 
DIREITO PÚBLICO 
 
Direito Constitucional – regula a estrutura básica do Estado fixada na 
constituição, que é a lei suprema da Nação. 
 
Direito Administrativo – regula a organização e funcionamento da 
administração Pública e dos órgãos que executam serviços públicos. 
 
Direito Penal – regula os crimes e contravenções, determinando as penas e 
medidas de segurança. 
 
Direito Tributário – é o setor do direito financeiro que se ocupa dos tributos, 
como, por exemplo, os impostos e as taxas. 
 
Direito Processual – regula as atividades do poder judiciário e das partes em 
conflito no decorrer do processo judicial. 
 
Direito Internacional Público – regula as relações entre estados, por meio de 
normas aceitas como obrigatórias pela comunidade internacional. 
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DIREITO PRIVADO 
 
Direito Civil – Regula de um modo geral, o Estado e a capacidade das pessoas 
e suas relações no que se refere à família, às coisas (bens), às obrigações e 
sucessão patrimonial. 
 
Direito Comercial – regula a prática de atos mercantis pelo comerciante e pelas 
sociedades comerciais. 
 
Direito do Trabalho – regula as relações de trabalho entre empregado e 
empregador, preocupando-se, ainda, coma condição social dos trabalhadores. 
 
Direito do Consumidor – regula as relações jurídicas entre fornecedor e 
consumidor. 
 
Direito Internacional Privado – regula os problemas particulares ocasionados 
pelo conflito de leis de diferentes países. 
 
A NORMA JURÍDICA NOS PLANOS DA VALIDADE, EXISTÊNCIA 
E EFICÁCIA 
 
Segundo assevera TÉRCIO SAMPAIO FERRAZ JUNIOR, a questão da 
validade jurídica das normas e do próprio ordenamento jurídico é uma questão 
de zetética, logo, uma questão aberta. Do ângulo dogmático, porém, é uma 
questão fechada, portanto, diferente, pois não se pergunta que é validade e 
como se define, mas sim, busca-se identificar a validade das normas dentro de 
um dado ordenamento jurídico. 
A doutrina aponta, com base em Kelsen, a existência de duas teorias 
que têm lugar conforme o conhecimento jurídico-científico dirija-se às normas 
que devem ser aplicadas ou aos atos de produção e aplicação, quais sejam: a 
teoria estática e a teoria dinâmica. Para a primeira, o Direito afigura-se um 
sistema de normas, estudado em seu estado de repouso. As normas de direito 
positivo são confrontadas entre si, numa unidade coerente e sistemática, sob o 
enlace dedutivo de preceitos normativos e da norma básica, mostrando o uno 
(sistema) no múltiplo (pluralidade de normas). 
 
Para a teoria dinâmica, o Direito é estudado em movimento, tendo por 
objeto o processo jurídico em que é produzido e aplicado, só interessando à 
CiênciaJurídica os atos de produção e aplicação do Direito, enquanto formam 
o conteúdo das normas jurídicas. 
 
HANS KELSEN situa os fatos e acontecimentos da vida no campo 
ontológico do ser, ao passo que a norma, que empresta ao fato o caráter de ato 
jurídico ou antijurídico quer significar algo que deve ser. Diz KELSEN que, 
"Com o termo ‘norma’, se quer significar que algo deve ser ou acontecer, 
especialmente que um homem se deve conduzir de determinada maneira”. (24) 
O ato de vontade, segundo a ótica kelseniana, fixa a norma e quando dirigido 
como um comando regulador da vontade de outrem estabelece um "dever ser", 
uma prescrição. 
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Considerando que a norma resulta da emanação da vontade de seu 
criador ou constituinte, conclui-se que esta norma manifesta-se como o sentido 
subjetivo dos atos que a prescrevem. E nessa ótica vem a afirmativa de que "o 
sentido subjetivo de um ato humano dirigido à conduta de outrem só é 
interpretado como o sentido objetivo desse ato se for uma norma válida”. 
 
PLANO DA VALIDADE 
 
Na visão da dogmática jurídica, uma norma, para ser válida, deve 
primeiramente estar integrada no ordenamento jurídico, onde se cumprirão 
seus processos de formação e produção, em conformidade com as diretrizes e 
requisitos do próprio ordenamento. "Cumprido esse processo", diz TERCIO 
SAMPAIO FERRAZ JUNIOR, "temos uma norma válida." (...) "Sancionada a 
norma legal, para que se inicie o tempo de sua validade, ela deve ser 
publicada. Publicada a norma, diz-se, então, que a norma é vigente. (...) 
Vigente, portanto, é a norma válida (pertencente ao ordenamento) cuja 
autoridade já pode ser considerada imunizada, sendo exigíveis os 
comportamentos prescritos”. 
 
Mas não é este o único sentido que se atribui à validade da norma. LUIZ 
ANTONIO RIZZATTO NUNES, assevera que a validade tanto pode referir-se 
ao aspecto técnico-jurídico ou formal quanto ao aspecto da legitimidade. "No 
primeiro caso, fala-se de a norma jurídica ser válida quando criada segundo os 
critérios já estabelecidos no sistema jurídico (...). No outro, fala-se do 
fundamento axiológico, cuja incidência ética seria a condição que daria 
legitimidade à norma jurídica, tornando-a válida”. 
Induzem à reflexão as ponderações lançadas por REINALDO DE 
SOUZA COUTO FILHO, ao dizer que no ordenamento jurídico nacional, a 
validade de uma norma jurídica depende do critério adotado pelo titular do 
Poder Constituinte, seja originário ou derivado, não pelo jurista que representa 
apenas um agente interpretador dos critérios de validade adotados pela norma 
jurídica, sem qualquer poder real de criação do Direito. 
 
Segundo o autor, os que têm uma visão do Direito como linguagem 
afirmam que o jurista tem um papel fundamental no preenchimento do 
conteúdo semântico de uma norma, mas, ainda assim, o mesmo não tem o 
poder de criar, pois ninguém nega que o Direito, hodiernamente, se origina 
basicamente do Estado. E complementa: "A validade da norma jurídica pode 
ser vista como o vínculo estabelecido entre a proposição jurídica, considerada 
na sua totalidade lógico-sintática e o sistema de Direito posto, de modo que ela 
é válida se pertencer ao sistema, mas para pertencer a tal sistema dois 
aspectos devem ser observados: a adequação aos processos anteriormente 
estabelecidos para a criação da proposição jurídica (exceto no caso da 
recepção pela Constituição) e a competência constitucional do órgão criador. 
 
Por isso, o jurista não tem o condão de criar uma norma jurídica válida. 
 
No mesmo diapasão, que vincula a validade da norma à condição de 
emanar de uma autoridade superior e mediante o processo legislativo próprio, 
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é o ensinamento de MIGUEL REALE, quando afirma: "Para empregarmos uma 
expressão popular, densa de significado, a primeira impressão que nos dá a lei 
é de algo feito ‘para valer’, isto é, de uma ordem ou comando emanado de uma 
autoridade superior.” 
 
NORBERTO BOBBIO, ao tratar da solução dos conflitos gerados pela 
antinomia de duas normas válidas, aponta a existência de quatro âmbitos 
distintos de validade da norma jurídica: temporal, espacial, pessoal e material. 
 
Este mesmo entendimento é esposado por ANDRÉ FRANCO 
MONTORO, quando afirma que "Toda norma jurídica tem, assim, um âmbito 
temporal, espacial, material e pessoal, dentro dos quais ela tem vigência ou 
validade”. 
 
PAULO DE BARROS CARVALHO situa a questão da validade como 
relação de pertinência da norma com o sistema e assevera: "Se partirmos do 
postulado segundo o qual o sistema é formado pelo conjunto das normas 
válidas, a validade passou a ser critério indispensável para pensar-se o sistema 
de direito positivo. Mas os conceitos fundantes são sempre de difícil 
delimitação e a validade experimenta forte instabilidade significativa entre os 
vários modelos conhecidos. Daí porque Diego Martin Farrell declare que ‘Las 
normas jurídicas se consideran válidas cuando concuerdan con el critério 
adoptado por el jurista. Puede decirse, entonces, que la validez no es una 
propiedad de las normas, sino una relación entre la norma y el criterio elegido: 
cuando la norma se ajusta al criterio se la considera válida”. 
 
E conclui PAULO DE BARROS CARVALHO: “... ao dizermos que uma 
norma ‘n’ é válida, estaremos expressando que ela pertence ao sistema ‘S’. Ser 
norma é pertencer ao sistema, o ‘existir jurídico específico’ a que alude 
Kelsen". 
 
Assim, para que uma norma possa ser considerada válida é necessário, 
primeiramente, que tenha integrado o ordenamento jurídico vigente, através de 
processo legítimo de criação normativa. 
 
PLANO DA EXISTÊNCIA OU VIGÊNCIA 
 
Segundo KELSEN, "com a palavra ‘vigência’ designamos a existência 
específica de uma norma. Quando descrevemos o sentido ou o significado de 
um ato normativo dizemos que, com o ato em questão, qualquer conduta 
humana é preceituada, ordenada, prescrita, exigida, proibida; ou então 
consentida, permitida ou facultada. Se, como acima propusemos, 
empregarmos a palavra ‘dever ser’ num sentido que abranja todas estas 
significações, podemos exprimir a vigência (validade) de uma norma dizendo 
que certa coisa deve ou não deve ser, deve ou não ser feita". 
 
Há outras considerações importantes lançadas pelo notável autor 
alemão, para explicitar que a existência de uma norma positiva torna-se 
autônoma e independente em relação à existência da vontade que a criou, 
afirmando KELSEN que, em verdade, quando a norma entra em vigor, o ato de 
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vontade de seu instituidor já deixou de existir. (36) A norma, portanto, expressa 
sua força e impõe a conduta, mesmo que seu instituidor já não queira que isso 
ocorra e continua valendo mesmo quando este já não mais figure no rol dos 
vivos. 
 
A propósito, segundo KARL LARENZ, "a teoria ‘objectivista’ da 
interpretação afirma não apenas que a lei, uma vez promulgada pode, como 
qualquer palavra dita ou escrita, ter para outros uma significação em que não 
pensava o seu autor – o que seria um truísmo -, mas ainda que o juridicamente 
decisivo seja, em lugar do que pensou o autor da lei, uma significação 
‘objectiva’, independente dele e imanente à mesma lei. Com o que se sustenta, 
antes de tudo, que há uma oposição fundamental entre a interpretação jurídica 
e a histórico-filosófica. Enquanto esta procura descobrir nas palavras o sentido 
que o autor lhes ligou, o fim da interpretação jurídica será patentear o sentido 
racional da lei olhada como um ‘organismo espiritual’, no dizer de Kohler. As 
opiniões e intenções subjectivas do legislador, dos redactores da lei ou das 
pessoas singulares que intervieram na legislação, não têm relevo; a lei é ‘mais 
racional’ do que o seu autor e, uma vez vigente, vale por si só." 
 
Para PAULO DE BARROS CARVALHO, "Viger é ter força para 
disciplinar, para reger, cumprindo a norma seus objetivos finais. A vigência é 
propriedade das regras jurídicas que estão prontas para propagar efeitos, tão 
logo aconteçam,no mundo fático, os eventos que elas descrevem. Há normas 
que existem e que, por conseguinte, são válidas no sistema, mas não dispõem 
dessa aptidão. A despeito de ocorrerem os fatos previstos em sua hipótese, 
não se desencadeiam as conseqüências estipuladas no mandamento. Dizemos 
que tais regras não têm vigor, seja porque já o perderam, seja porque ainda 
não o adquiriram". 
 
Pode-se de tais excertos inferirem, portanto, que o termo "vigência" 
traduz a existência específica de uma norma e que não se confunde com 
validade. Uma norma pode ser válida, se regularmente completou o processo 
de integração ao ordenamento jurídico, cumprindo os requisitos de produção 
para que sua gênese atendesse às exigências do ordenamento, mas pode 
ainda não ser vigente, por depender da verificação de condição suspensiva ou 
de vacância, ou mesmo ter tido sua vigência exaurida ou encerrada. 
 
Ao contrário, toda norma vigente haverá que ser necessariamente 
válida, posto que a validade seja sinônimo de integração ao ordenamento, que 
por sua vez é pressuposto para a vigência. 
 
Da mesma forma, uma norma pode ter vigência, mas não ser dotada de 
eficácia, posto que vigência e eficácia também constituem características 
diferentes da norma jurídica. 
 
A vigência de uma norma pode ser temporária ou indeterminada, 
conforme disponha o seu instituidor no momento da elaboração. Se fixado um 
período delimitado de vigência, esta cessará ao término do mesmo, quando 
chegará ao seu termo final. Na ausência de fixação de prazo de vigência, 
presume-se a indeterminação. 
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A vigência também poderá ser obstada pela ocorrência de revogação, 
seja na hipótese de ab-rogação (supressão total da norma anterior), ou 
derrogação (supressão parcial da norma anterior). No primeiro caso a norma 
perde seus efeitos totalmente, enquanto que, no segundo, apenas em relação 
à parte regulada por nova lei ou cujos efeitos tenham sido expressamente 
revogados. 
 
Dependendo, ainda, no momento em que a norma ingressa no mundo 
jurídico ou faz incidir seus efeitos, poderemos falar em vigência imediata, 
vigência futura, ou mesmo em vigência retroativa, que se dá quando as 
disposições da norma jurídica alcançam um fato ocorrido no passado. 
 
O ordenamento pátrio aceita a retroatividade da norma, em certos casos. 
A regra, entretanto, é que a norma em vigor tem efeito imediato e geral, 
valendo para o futuro, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a 
coisa julgada. 
 
PLANO DA EFICÁCIA 
 
Quando falamos em eficácia da norma, devemos tomar a expressão em 
dois sentidos, que são a eficácia social e a eficácia jurídica. 
 
A eficácia social, segundo JOSÉ AFONSO DA SILVA, "designa uma 
efetiva conduta acorde com a prevista pela norma; refere-se ao fato de que a 
norma é realmente obedecida e aplicada; nesse sentido, a eficácia da norma 
diz respeito, como diz Kelsen, ao ‘fato real de que ela é efetivamente aplicada e 
seguida, da circunstância de uma conduta humana conforme a norma se 
verificar na ordem dos fatos’. É o que tecnicamente se chama efetividade da 
norma. Eficácia é a capacidade de atingir objetivos previamente fixados como 
metas". 
 
Tratando-se de normas jurídicas, complementa o autor, a eficácia 
consiste na capacidade de atingir os objetivos nela traduzidos, que vêm a ser, 
em última análise, realizar os ditames jurídicos objetivados pelo legislador. Por 
isso é que se diz que a eficácia jurídica da norma designa a qualidade de 
produzir em maior ou menor grau, efeitos jurídicos, ao regular, desde logo, as 
situações, relações e comportamentos de que cogita; nesse sentido, a eficácia 
diz respeito à aplicabilidade, exigibilidade ou executoriedade da norma, como 
possibilidade de sua aplicação jurídica. 
 
MARIA HELENA DINIZ aponta a seguinte distinção: "Como se vê, a 
eficácia é condição da validade. A eficácia de uma norma consiste em que esta 
é, em geral, efetivamente cumprida e, se não cumprida, é aplicada. A validade 
consiste em que a norma deve ser cumprida, ou, se não o for, deve ser 
aplicada. Assim, se uma norma proíbe matar animal de uma certa espécie, ao 
ligar a tal matar uma pena como sanção, perderia sua validade se aquela 
espécie de animal desaparecesse e, por conseguinte, não fosse possível nem 
o cumprimento nem a aplicação da norma jurídica." 
 
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Vigência, validade e eficácia, portanto, podem até interagir no que diz 
respeito à norma, mas constituem qualidades distintas da mesma e não 
precisam necessariamente coexistir em todas as hipóteses. 
 
Tanto é assim que uma norma pode ser válida, vigente e eficaz; pode 
ser válida e vigente e não ter eficácia; pode ser válida e não possuir vigência 
nem eficácia, como também pode apresentar-se destituída de todas essas 
qualidades, não possuindo validade, nem vigência, nem eficácia. 
 
Assim, por exemplo, se uma determinada norma, editada segundo o 
processo técnico-normativo, portanto válida, devidamente sancionada e 
publicada, logo vigente, que disponha que todos os carros deverão possuir 
obrigatoriamente um determinado item de segurança, que por força da quebra 
ou desativação da única indústria que o produzia, deixou de existir no mercado, 
será ineficaz quanto a esta imposição. 
 
HANS KELSEN assinala que uma norma jurídica é considerada como 
objetivamente válida apenas quando a conduta humana que ela regula lhe 
corresponde efetivamente, pelo menos numa certa medida e que, se uma 
norma nunca é aplicada nem respeitada em parte alguma, não será 
considerada como norma válida. 
 
Contra esta assertiva insurge-se FERRAZ JUNIOR, para quem a 
ineficácia de uma norma, faltando-lhe o mínimo de eficácia a que se refere 
Kelsen, nem assim deixaria de ser válida, posto que a norma editada 
validamente entrou para o ordenamento jurídico, ainda que nunca tenha 
produzido efeitos. Lembra, ainda, que a eficácia social ou efetividade de uma 
norma não se confunde com sua observância, já que há normas que nunca são 
obedecidas e mesmo assim guardam relevância social. As que não são 
observadas por longo tempo caem no desuso, podendo falar-se na perda de 
seu sentido normativo, mas não da validade. 
 
A eficácia, no sentido jurídico, diz respeito com a capacidade da norma 
de produzir efeitos. Essa capacidade possui uma larga faixa de incidência, 
podendo ser total ou parcial e, ainda, cabendo falar-se em normas que são 
apropriadas a produzir efeitos mais ou menos intensos e relevantes. 
 
Em sede de Direito Constitucional, costuma-se dizer que a eficácia 
social precede a eficácia jurídica, pois uma constituição que não atende aos 
anseios de seu povo e não merece observância jamais chega a ser respeitada 
como uma Lei Maior. 
 
No campo das legislações ordinárias, entretanto, ocorre o inverso, a 
nosso ver. Só após integrar o ordenamento jurídico e tornar-se apta a produzir 
efeitos, logo, dotada de validade, vigência e eficácia, é que uma lei poderá 
passar pelo crivo da observância social, para ter eficácia social. Neste caso, a 
eficácia jurídica é que precede à social. 
 
Finalmente, a eficácia de uma norma pode ainda sofrer limitações ou 
mesmo depender de outra norma para se realizar. É o caso das normas de 
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eficácia limitada ou de eficácia contida, que a despeito de erigirem previsão de 
conduta, asseveram que determinado conceito ou fator será ditado por norma 
complementar, ou nos termos da lei, quando a lei ainda não foi editada. 
 
Obviamente, por estar umbilicalmente dependente da validade, qualquer 
fator externo que alcance a norma para invalidá-la ou obstar seus efeitos, total 
ou parcialmente, como ocorre nos casos de revogação, declaração de 
inconstitucionalidade ou suspensão de efeitos por liminar dotada de amplitude 
erga omnes, atingirá na mesma intensidade a sua eficácia. 
 
 
RELAÇÃO ENTRE NORMA E SANÇÃO 
 
Os autores, como Kelsen, da segunda fase, que sustentam esta ligação, 
são obrigados a reconhecer uma distinçãoentre normas independentes (que 
prevêem a sanção) e dependentes (que tem a sanção em outra norma). Esta 
distinção tem dois defeitos: primeiro, ela confunde as relações entre as normas 
num “sistema” (de validade) com as “conexões” entre elas, independentemente 
do sistema (conexão entre a previsão de uma conduta com a previsão de 
sanção para o comportamento contrário); segundo, ela acaba por sustentar que 
na sanção está a causalidade genética do direito, o que nos conduz a 
dificuldades no sentido de se distinguir entre normas jurídicas e normas que 
representam uma ordem particular e sem caráter geral, como a ordem de um 
bandoleiro, que ameaça sua vítima, para que lhe entregue algo. Assim, por 
exemplo, Kelsen, depois de reconhecer a sanção como elemento essencial da 
norma e de distinguir entre normas independentes e dependentes, acaba por 
recorrer a uma norma última, hipotética, não sancionadora, que deve fundar 
toda a ordem jurídica. 
 
Podemos reconhecer que uma das características da norma jurídica está 
em que nelas a sanção é sempre prevista ou por ela mesma ou por outra 
norma, sem que isto nos obrigue a afirmar que na sanção esteja à causalidade 
genética do direito. 
 
A ameaça de sanção aparece na norma ao nível do relato. Assim, uma 
norma prescreve: “é obrigatório cumprir o contrato”, o conteúdo do relato é 
“cumprir o contrato”, cuja negação interna é “não cumprir o contrato”, que seria 
condição de aplicação de uma prescrição de sanção: “é obrigatório pagar a 
multa”. Note-se que, na prescrição da sanção, “pagar multa” é o conteúdo do 
relato da norma sancionadora. Assim, tanto a norma que manda cumprir o 
contrato, como a que manda pagar a multa, definem relações meta-
complementares, de autoridade e sujeito, o que se determina através dos 
operadores ou funtores, mas não pelo conteúdo do relato. Em outras palavras, 
a relação meta-complementar não é constituída pela sanção, mesmo numa 
norma que se esgote em prescrevê-la. Na realidade, a ameaça de sanção faz 
parte da norma no seu aspecto dialógico e não no seu aspecto monológico. 
Neste sentido, ela é argumento de persuasão, consistindo para o endereçado – 
o sujeito normativo- a autoridade. 
 
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Em determinadas circunstâncias. Trata-se, pois, de elemento de ligação 
para o controle de um discurso superveniente: dado um comportamento do 
sujeito, seguir-se-à uma reação do editor, que pode ser a aplicação da sanção, 
ou novo procedimento discursivo, que levará àquela aplicação ou ainda à 
edição de nova norma, este último caso, como observa Capella, ocorrendo com 
freqüência nas transgressões do direito internacional. 
 
Isto é, se tomamos um contrato em que A esteja obrigado a pagar 1.000 
a B e B a entregar X a A, o que chamamos de aspecto-cometimento meta-
complementar da norma, não é a relação entre A e B, mas a que ocorre entre 
ambos e o editor da norma contratual que eventualmente são os próprios 
sujeitos, mas enquanto assumem, graças a uma norma permissiva, a posição 
de editores (autonomia privada). Ou seja, entre as partes contratantes pode 
haver uma relação de simetria que, como tal, não é jurídica, mas, em face da 
norma contratual que os une, se torna jurídica. 
 
A questão da validade das nos jurídicas é tema de muitas facetas. Nele 
estão implicados problemas relativos ao fundamento da ordem jurídica, que 
relevam, por sua vez, discussões em torno dos conceitos de legalidade e 
legitimidade. Validade também se toma no sentido de afetividade, de 
cumprimento e de aplicação das normas. Não se podem esquecer ainda as 
discussões em torno da validade, como termo primitivo da lógica deôntica, ou 
as especulações sobre o sentido lógico-transcendental do valer como categoria 
básica do pensar normativo. A Dogmática Jurídica costuma assumir o termo 
nas suas implicações práticas, girando suas discussões em torna da 
capacidade de norma em resolver tais e tais conflitos, criando-se, então 
conceitos como direito vigente, direito eficaz, normas em vigor, suspensão da 
vigência, da eficácia, que procuram enquadrar questões como a do âmbito de 
aplicação, retroatividade e irretroatividade, nulidade e anulabilidade, etc. 
 
É verdade que o objetivo temático de nossa análise cumpre já uma 
função limitadora. Estamos interessados na norma como discurso normativo. 
Isto nos obriga de princípio, a discutir a validade como uma qualidade 
lingüística do discurso. Não se trata, porém, de opção meramente 
epistemológica, ditada pelo ângulo da abordagem. Capella observa que os 
fatos reais, em razão dos quais predicamos “validez” das normas jurídicas, têm 
a peculiaridade de ser fatos relativos a linguagem. Assim, “vermelho” ou 
“quente” são predicáveis a objetos cuja matéria não é linguagem. Ao contrário, 
“ter sílabas” é predicável a objetos cuja “matéria” é linguagem. Isto significa que 
a própria linguagem, além de ser veículo de expressão, pode ser ela própria 
objeto. Distinguimos, pois entre entidades não-lingüísticas (a casa é vermelha), 
entidades lingüísticas (“vermelho” é uma palavra) e propriedades de relações 
entre entidades lingüísticas (“vermelho” tem três sílabas). Neste último caso, 
está “validade”, termo que se refere a propriedades de entidades lingüísticas. É 
claro que isto pressupõe que as normas jurídicas, que são válidas ou inválidas, 
sejam entidades lingüísticas. 
 
Para Ross, a norma é um “diretivo” que se encontra em relação de 
correspondência com certos fatos sociais. Para designar esta relação de 
correspondência, utiliza-se ele do termo “validade”. “Validade” distingue-se da 
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mera “regularidade” do comportamento referido, isto é, norma “válida” não é, 
necessariamente, aquela que é “regularmente” obedecida, mas a que é 
obedecida com consciência de seguir uma regra e da obrigação de fazê-lo 
assim. Ross fala em “experiência de validade”. Esta “experiência” qualifica 
peculiarmente a norma, podendo haver casos em que diretivos são obedecidos 
– por medo de sanção, por oportunismo – sem que se os considerem normas 
“validas”. Não se trata de uma relação entre a norma e a realidade jurídica, as 
da relação entre a norma e o aparelho sancionador: normas são regras sobre o 
uso da sanção, donde a norma “válida” ser aquela que prevê a atividade da 
“maquinaria jurídica”. 
 
Enquanto na discussão, no exemplo da hipótese científica, a 
manutenção das regras do diálogo implica uma prontidão do orador para 
modificar as suas asserções primárias, correlata do comportamento crítico do 
ouvinte homólogo em conceder ao orador a possibilidade de retomar a 
experiência fracassada, na discussão contra, de estrutura em princípio 
dialógica, pode ocorrer uma passagem para a estrutura monológica (como é o 
caso da norma jurídica), que implica uma recusa em modificar as asserções 
primárias, mesmo quando o decurso da discussão parece exigi-lo. Isto é já 
intuitivo quando vemos que uma norma jurídica é válida, mesmo que 
desrespeitada. A imunização do discurso normativo jurídico se caracteriza por 
ser conquistada a partir de outro discurso normativo, o que faz da validade uma 
relação pragmática entre normas, em que uma imuniza a outra contra as 
reações do endereçado, garantindo-lhe o aspecto-cometimento meta 
complementar. Isto é, cada norma, através dos funtores, define a relação entre 
orador e ouvinte, consideramos válida a norma, cujo aspecto-cometimento não 
apenas está definido como meta-complementar, mas está imunizado contra 
críticas através de outra norma. Se um ladrão, numa rua escura, exige de 
alguém o seu dinheiro, dizendo: “passa-me a carteira”, o funtor no caso - você 
está obrigado a passar-me a carteira – define a relação como complementar (o 
ladrão, nas condições, se determina como superior ao endereçado, podendo 
ameaçá-lo, inclusive com sanção). Mas a esta norma falta a relação de 
imunização, que não se funda na capacidade do ladrão de ameaçar com 
sanção, mas no caráter atribuído ao editor de autoridade. O ladrão é superior(pois pode usar de violência), mas não é autoridade, posição que, inclusive, 
excluí o uso da violência e não admite argumentação. 
 
Na teoria jurídica encontramos dois conceitos diferentes relacionados à 
afetividade das normas, que nem sempre são usados com a devida 
especificação. Do ângulo lingüístico, podemos dizer que há concepções 
meramente sintáticas da efetividade, caso em que a doutrina usa, embora com 
certa indecisão, o termo eficácia, no sentido de aptidão para produzir efeitos 
jurídicos por parte da norma, independentemente da sua efetiva produção. 
Chamemos esta noção de sintática, no sentido de que a efetividade está ligada 
à capacidade de o relato de uma norma dar-lhe condições de atuação ou 
depender de outras normas para tanto. Por outro lado, há concepções 
meramente semânticas da efetividade, como encontramos em Kelsen, segundo 
as quais a norma efetiva é a cumprida e aplicada concretamente em certo grau. 
Chamemos esta noção de semântica, no sentido de que se estabelece como 
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critério a relação entre o relato da norma com o que sucede na realidade 
referida. 
 
O problema da imperatividade é um dos mais complexos da literatura 
jusfilosófica. Com ele pisamos no controvertido chão do fundamento da 
validade, isto é, do caráter vinculatório das normas jurídicas. 
 
Na verdade, qualquer tentativa de fundar a imperatividade das normas 
jurídicas exige a presença de proposições das quais ela decorra. Se o discurso 
normativo fosse do tipo discussão, seria possível contentar-se com a 
consistência das conexões dedutivas, o que excluiria a indagação da 
imperatividade das próprias premissas, pois isto seria exigir proposições 
capazes de dizer algo sobre si próprias, o que nos poria dentro de uma 
antinomia semântica. A fundamentação de uma decisão tem uma função 
diferente da fundamentação de uma hipótese científica. Enquanto esta visa a 
produzir no ouvinte um sentimento de convicção, que se funda na verdade, a 
fundamentação do discurso-contra não exige que o ouvinte se renda, mas 
apenas que este reconheça que o autor da fundamentação está seguro do que 
diz (fundamentação persuasiva), donde ser função da fundamentação de uma 
decisão constituir um elemento de ligação e de controle de uma discussão 
superveniente, ou seja, fornecer indicações para o seu comportamento (por 
exemplo, numa decisão judicial, se desta deve ou não ser recorrida). Daí 
decorre para o problema da imperatividade esta situação paradoxal, que exige, 
não só a demonstração do caráter vinculatório das normas, mas das próprias 
premissas em que nos apoiamos. 
 
Normas são entendidas como discursos, portanto, interações em que 
alguém dá a entender a outrem alguma coisa, fixando-se, concomitantemente, 
a relação entre quem fala e quem ouve. Do ângulo da pragmática, é importante 
esta concepção do discurso como relação entre orador e ouvinte, enquanto 
mediados por mensagens. Os discursos normativos constituem um sistema 
interacional no sentido de que comunicadores normativos estão, ao falar, num 
processo constante de definição das suas relações, que determinam as suas 
falas como quaestiones. 
 
Note-se que normas não se confundem com os seus relatos, mas 
incluem os cometimentos. Normas jurídicas são discursos heterológicos, 
decisórios, estruturalmente ambíguos, que instauram uma meta-
complementaridade entre orador e ouvinte e que, tendo por quaestio um 
conflito decisório, o solucionam na medida em que lhe põem um fim. Assim, o 
objeto dos sistemas normativos são normas (especificadas por seus atributos: 
validade e efetividade). O que dá a coesão do sistema, como um todo, são as 
relações entre elas. As relações são de imunização contra certas reações dos 
endereçados e de produção de certas reações (exigência e obediência). As 
relações, por sua vê, são reguladas por certas regras que dão ao sistema o seu 
parâmetro: imperatividade. 
 
O sistema normativo jurídico é do tipo aberto, estando em relação de 
importação e exportação de informações com outros sistemas (o dos conflitos 
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sociais, políticos, religiosos, etc.), sendo ele próprio parte do subsistema 
jurídico (que não se reduz a normas, mas incorpora outros modos discursivos). 
 
Concluindo-se com Capella que o critério de validade de uma norma é a 
efetividade e não a validade da norma que regula o ato de sua edição. 
 
É possível reconhecer que a inefetividade da norma derivada afeta a 
efetividade da norma-origem no sentido de que o sistema, globalmente, 
modifica a sua regulagem chegando até o clímax de uma nova situação ou 
novo estado. 
 
Em primeiro lugar, conforme as noções de validade/invalidade 
distinguem dois tipos básicos de normas: normas-origens e normas-derivadas. 
As origens são normas que guardam eventualmente, entre si, relações de 
invalidade, mas que, em si, não são nem válidas nem inválidas, mas apenas, 
efetivas, conforme as regras de calibração do sistema. As normas derivadas 
são, em relação às suas normas-origens, normas válidas, podendo ser 
inválidas em relação a outras normas-origens; em si, elas são efetivas ou 
infetivas. Enquanto a validade das normas derivadas não depende da sua 
efetividade das suas normas derivadas. Isto explica que, entre validade e 
efetividade, haja certa independência e certa dependência. Assim, uma norma 
derivada que é inefetiva não perde, por isso, a sua validade, mas, como isto, 
afeta a efetividade da norma-origem, ela pode tornar-se inválida em função da 
ivefetividade de sua norma-origem. 
 
Por último, a questão da legitimidade surge diante do caráter ideológico 
da própria calibração jurídica. O problema no contexto pragmático em que 
examinamos a norma jurídica refere-se não ao modo como o sistema 
normativo estabelece a sua imperatividade, mas a justificação do próprio modo 
como isto é feito. 
 
Numa linguagem icônica, quando fala em vontade mais forte e mais fraca, 
contribuindo, no contexto, para derivações patéticas e românticas. Apesar 
disso, em torno destas derivações muita tinta correu nos tinteiros doutrinais, 
aparecendo questões em larga escala que, assumindo o termo vontade numa 
forma hipostasiada de coisa, de algo que se tem, propuseram de modo 
equívoco o problema do endereçado da norma (os cidadãos? Um grupo? Os 
aplicadores?) – ma também do editor normativo (o povo? Seus 
representantes? Grupos de pressão?), do conceito de soberania (vontade 
última? Regulada?) de interpretação (vontade da lei? Do legislador?), etc. o 
modelo, além disso, tem que se haver com casos que parecem escapar-lhe 
como, por exemplo, os das declarações de princípios constantes nas modernas 
constituições, onde o caráter de comando é pouco visível, obrigando a doutrina 
a distinções do tipo normas primárias e secundárias ou independentes e 
dependentes, etc. 
 
Diz Kelsen, as ciências explicativas são as que tratam do ser, que tem por 
objeto realidade como ela é. As suas leis são as leis naturais e suas relações 
respectivas são de casualidade (A será B), necessárias, compondo elos 
infinitos. Enfim, a sua finalidade é teórica. Voltada pelo intelecto, consistindo na 
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contemplação da essência do objeto. Por outro lado, as ciências normativas 
tratam do dever ser, tendo por objeto a realidade como deve acontecer. As 
suas leis (proposições jurídicas) são normas de conduta, sendo as suas 
relações, pois, de imputação (se A deve ser B), obrigatórias, compondo elos 
finitos. A sua finalidade é pratica, voltada para a analise da ação humana 
dotada de vontade. Do exposto, advém que o direito é uma ciência normativa. 
 
 
 
A NORMA COMO OBJETO DA CIÊNCIA 
 
Kelsen faz um recorte epistemológico estabelece a norma como objeto da 
ciência do direito. Teoria Pura do Direito é a teoria pura do direito positivo. 
Expurgados os elementos meta jurídicos, excluídos conceitos indeterminados e 
juízos de valor, limitam a Jurisprudência à incidência de sua visualização às 
condições de validade e às relaçõeslógicas entre conceitos de natureza 
formal. Afirmada, pois, a cientificidade do Direito pela sua intencionalidade, 
pelo seu método e pelo seu objetivo. A ciência do Direito é uma atividade 
descritiva, cuja função é a de enunciar as normas jurídicas positivas, através da 
formulação de propostas jurídicas. 
 
No que tange à norma jurídica positiva, objeto da ciência jurídica temos 
que ela se apresenta como um esquema de interpretação e como um sentido 
de dever ser. 
 
Os fatos realizam-se no tempo e no espaço. Contudo, eles por si mesmos, 
como fatos da natureza, não tem uma significação jurídica. A norma positiva é 
que lhes da uma coloração jurídica, um sentido jurídico, transformando-os em 
fatos jurídicos (lícitos ou ilícitos). Tomando o exemplo de um homem que se 
encontre sob a mira de uma arma em um batalhão, temos que o fato por si só 
não se explica. Tanto pode se tratar-se de um homicídio, quanto de uma 
execução de sentença. A única atitude hábil para solucionar a questão é 
recorrer ao ordenamento jurídico. Neste sentido, o juízo em que se enuncia que 
um ato de conduta humana constitui um ato jurídico ou antijurídico é o 
resultado de uma interpretação normativa. 
 
Por outro lado, funciona a norma jurídica positiva como um sentido 
objetivo de dever ser oriundo de um ato de vontade, dirigido à vontade de 
outrem, isto é, como um mandamento vinculativo da conduta de outrem. O 
Direito é um sistema de normas que regula a conduta humana. Assim a norma 
é o sentido de um ato através do qual uma conduta é prescrita, permitida ou 
facultada. 
 
Segundo Kelsen, ser e dever ser são dados aprendidos imediatamente 
pela nossa consciência. A norma é um dever ser e o ato de vontade de que ele 
constituiu o sentido de ser. Da circunstancia de algo ser se não segue algo 
deva ser, assim como da circunstancia de que algo deve ser se não segue que 
algo seja. Desse modo, de um ser não decorre um dever se, e de um dever ser 
não decorre de um ser. Um sociólogo afirma que há crime na sociedade, mas o 
jurista assim não entende. Para esta, do fato de que exista crime na sociedade, 
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não decorre que deva existir. Pelo contrario, embora exista crime na sociedade, 
não deveria existir. Mas, observe-se, o dever ser não é completamente 
independente de um ser. O estabelecimento de uma norma efetiva-se sob o 
pressuposto de que seja possível um ser a ela correspondente. A conduta 
devida na norma e a existente na realidade são coisas diferentes, mas algo que 
é pode corresponder a um dever ser (substrato modalmente indiferente). 
 
A divisão do dever ser em dever ser em sentido subjetivo e dever ser em 
sentido objetivo. O primeiro diz respeito ao ato de vontade de um indivíduo que 
visa à conduta de outro. Seu único fundamento é à vontade de que impõe a 
realização do ato, revelando arbítrio. Este dever-ser não é vinculativo. Um 
ladrão que me ordena que entregue meu dinheiro não deva esperar de mim o 
cumprimento de sua ordem, pois esta não contém um fundamento de validade 
que me obrigue a tal ato. Isso mostra que nem toda ordem é uma prescrição. 
Por sua vez, no dever ser objetivo, o ato de vontade é qualificado por uma 
norma objetivamente valida, que tem seu fundamento em um outro dever ser, 
superior. Assim, a vontade de realização do ato esta fora do sujeito. O fiscal do 
imposto de renda, então, é um veiculo através do qual se exterioriza a vontade 
da norma, e uma ordem sua de confisco, por exemplo, deve ser cumprida vez 
que vinculante. 
 
A norma jurídica positiva é um sentido objetivo de dever-ser, que vincula 
os seus destinatários. 
 
Só pode impor uma norma quem esta autorizado por outra norma externa 
e superior, dentro de limites de competência. Uma norma procede de outra até 
chegar à constituição. Um dever ser decorre sempre de outro dever ser. 
Indaga-se, então, de onde vem o fundamento de validade de norma 
constitucional. 
 
A NORMA FUNDAMENTAL 
 
A norma fundamental (grundnorm) é o pressuposto de validade objetivo. 
Trata-se de uma norma fictícia (no sentido da vaihingeriana Filosofia do Como-
Se: Contradiz a realidade e a si mesma), pressuposta por um ato de 
pensamento, pelo intelecto, e não posta por um ato de vontade. É algo sem o 
que não se explica a ordem jurídica sob a perspectiva cientifica, e as 
explicações não passariam do aspecto teleológico (causal). Ela existe no ponto 
onde já não mais cabe indagação acerca da razão da validade. Por isso, 
“devemos obedecer ao pai da Constituição”. Então, ela representa o supremo 
fundamento de validade de todas as normas jurídicas que formam o 
ordenamento jurídico. 
 
Deste modo, o fundamento de validade de norma positiva é forma, 
decorrente da forma de criação; pelo ato de fixação a norma entra em validade, 
admitindo-se a sua existência. Validade é a especifica existência da norma, no 
sentido de que deve ser cumprida e aplicada. Não imporá a legitimidade. Pode 
ser de um ato tirano ou de uma Assembléia, mas deve ser cumprido pelo 
simples fato de que é valida, isto é, porque existe e a validade de uma norma 
vai decorrer de outra, que lhe dá fundamento, assim por diante. 
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Uma norma só é considerada objetivamente valida quando a conduta 
humana por ela regulada lhe é efetivamente correspondente. Disso decorre a 
eficácia, como aplicação efetiva de atos coativos ou a observância de condutas 
capazes de ensejar a aplicação dos atos coativos, é condição de validade da 
norma. Daí que a norma deixa de ser considerada valida quando perde a sua 
eficácia. Assim como a eficácia é condição de validade, a norma precisa ser 
valida para ser eficaz (desuetudo). A observância e a aplicação do direito são 
as medidas de eficácia de ordem jurídica. 
 
Verifica-se, a validade da ordem jurídica tem seu fundamento na norma 
fundamental e, na eficácia, a sua condição de validade. 
 
 
 
NORMA E VALOR 
 
No que se refere à norma, igualmente necessita menção a sua relação 
com o valor. 
 
O valor pode implicar numa apreciação subjetivista, numa idéia de relação 
sujeito-coisa, num movimento dialético produzindo um conhecimento universal 
ou valor do objeto em si. Aqui nos interessa este último, relativo à norma 
jurídica positiva, produzida através de um juízo deôntico, ou seja, relativo a 
conduta humana, ao modo do dever-ser, e não por um juízo alético (do ser) ou 
axiológico (do valor). 
 
Para a teoria tridimensional, a norma deve pautar-se em um valor, pois o 
direito visa de modo imediato ao bem social e aos valores de convivência, 
possibilitando a afirmação de cada ser humano segundo sua virtude pessoal. O 
direito masca e reflete as tendências do espírito, na tutela e na realização de 
valores. 
 
Em concepção diversa, Kelsen afirma que da norma decorre o valor, e 
valor não implica uma relação entre realidade e norma, entre ser e dever ser. 
Valor é a relação de igualdade entre o substrato modalmente indiferente do ser 
e o substrato modalmente indiferente do dever ser, isto é, uma relação de 
conteúdos. Desta forma, o juízo de valor que exprime uma relação de uma 
conduta humana com uma norma presente como válida não se confunde com 
um juízo de valor subjetivo, que expressa a relação entre dois fatos reais. 
 
A norma funciona como um juízo de valor. Uma conduta determinada 
como devida pela norma pode corresponder a ela ou contrariá-la. Se uma 
conduta corresponde à norma objetivamente válida, é justa, valiosa, e o juízo 
segundo o qual uma conduta é como deve ser é um juízo de valor positivo. 
Contudo, se uma conduta determinada não corresponde ao dever ser, é 
injusta, desvaliosa, e o juízo de valor respectivo é negativo. 
 
Ressalte-se que o juízo de valor deve ser distinguido da norma 
constitutiva do valor. Os juízos de valor são verdadeiros ou falsos, conforma 
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existam ou não normas correspondentes à conduta real do ordenamento 
jurídico. A norma em si não é verdadeira ou falsa, mas válida ou não válida, 
vigente

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